Com as costas das mãos cocei meus olhos e soltei um grande bocejo fazendo com que meus olhos enchecem de água. Soltei um breve suspiro e logo bocejei novamente. Dei uma pequena esticada na cama e levantei da própria cambaleando que nem bêbada e indo em direção ao banheiro.

Nem ao menos me atrevi ao olhar para o espelho. Eu não precisava de comprovar o que eu já sabia, afinal eu sabia que estava descabelada, com o rosto todo amassado e com olheiras fundas.

Cocei meus olhos novamente e retirei meu pijaminha de criança lentamente. Senti meus olhos pesar e bocejei novamente logo entrando debaixo do chuveiro. Estava sem paciência para esperar a banheira encher e sem paciência para colocar aquelas coisinhas que faziam espuma na água. Na verdade, paciência é uma coisa que nunca tive e muito provavelmente nunca vou ter.

Anna Broken, me chamo Anna Broken. Sim, Broken. Nunca entendi por quê motivos Broken porque significa quebrado e é algo muito nada a ver comigo. Tenho 15 anos, não sou velha mas também não me considero nova. Sou meio termo. Sou filha única, nunca desejei ter um irmão (a) pelo que me lembre. Nunca foi minha praia ter alguém para brigar pelo controle remoto ou por uma bala, nunca.

Sou meio que muito solitária, não tenho tantos amigos. Isso mesmo, não sou de fazer amizades e nem de confiar em alguém. Meu único amigo é o Justin. Tenho certeza que está se lembrando do Justin Bieber, então é esse bobão que é meu amigo pirado que se diz ser normal todo santo dia.

Eu não o via muito. Ele vivia ocupado com a carreira, suas Beliebers e com a Selena, e agora que está preparando os preparativos para a sua nova Tour mundial chamada "Believe Tour" ele não conseguia nem ao menos me ligar as vezes. A Tour começaria dia 29 de Setembro desse ano mesmo e terminará dia 26/01/2013 então como eu já previa ele não viria em meu aniversário de 16 anos que é no dia 28 de Setembro e também eu não o veria mais.

Suspirei com meus pensamentos em baixo d'água e passei a mão pelos meus cabelos logo desligando o chuveiro e me enrolando em uma toalha branca. Sai do box e me arrepiei toda quando meu corpo sentiu o frio que estava no banheiro.

Me coloquei de frente ao espelho e passei a mão pelo meu rosto que ainda estava molhado. Desviei meus olhos para meu pulso e notei que ainda as malditas cicatrizes estavam ali e estariam para toda a vida. Maldita hora que eu havia me deixado levar pela opinião das pessoas sobre mim e que eu havia me apaixonado. Maldita.

Sabe, eu não sou a "Garota legal" e muito menos a gostosona do pedaço. Eu me incômodo com meu corpo, sou extremamente magra e não tenho seios. Eu não tenho seios cara, e todas nós mulheres sabemos que quando chega em uma certa idade começamos a nós importar mais sobre a opinião dos homens sobre nós.

Deixei me levar por uma paixão boba de quando ainda tinha meus 13 anos e isso doeu e dói até hoje. Essas marcas fraquinhas em meu pulso é a prova de tudo que passei por amar um otario que nunca havia me dado valor e sempre ria quando eu falava que o amava. Eu havia caido sim, e havia me machucado feio. Mas eu me levantei, eu sai do chão. Não o esqueci e ainda falo oi para ele sempre que o vejo pelas ruas movimentadas de L.A, só que eu não sofri por anos e anos. Eu levantei e o provei que estava tudo bem quando o vi com outra garota e sorrindo. Mas isso não vêm ao caso, essas cicatrizes é passado, apenas isso.

Encarei meu rosto no reflexo do espelho. Olhos grandes e caramelados, um rostinho redondo com algumas pintinhas espalhadas, sombrancelhas medianas, bochechas palidas como a grande maioria das vezes e um sorriso fraco e amarelo no rosto. Nada que chamasse atenção em algum garoto e nada que as garotas tivesse inveja. Apenas a Anna Broken de sempre.

Caminhei até um pequeno closet e tirei uma roupa qualquer, não estava afim de ficar arrumada em casa. Agora é férias e hoje eu não pretendo sair. Caminhei com passos lentos novamente até o banheiro e fiz uma trança um pouco amarrotada em meu cabelo castanho claro. Calçei meu vans cinza, passei perfume e um batom apenas para dar um pouquinho de vida ao meu rosto e desci as escadas para comer algo.

Como sempre, não havia ninguém em casa. Não tinhamos empregada, então eu que ia pro fogão para fazer algo pro meu almoço. Meus pais não paravam em casa nem nos finais de semana e quando jantavamos juntos ( o que era muito raro de se acontecer) eles discutiam e ficavam naquele bláblá de sempre. Por isso sempre achei melhor ficarmos longe, para não gerarmos uma briga que provavelmente seria motivos de lágrimas mais tarde vindo de minha parte.

Coloquei um avental para não sujar minha blusa, já que sou meio desastrada e fui preparar meu almoço, o prato do dia seria macarrão ao molho. Aprendi a cozinhar quando tinha apenas 10 anos e não perdi a pratica até hoje.

Soprei a franja que caia em meus olhos e passei meus olhos pelo relógio vendo que já era 14:17 da tarde, meu almoço já estava pronto e já estava em meu estômago a alguns minutos. Liguei a TV enquanto me sentava no sofá e fui diretamente para um canal de fofoca sobre famosos.

Havia fotos de um casal se pegando, ou melhor, praticamente se comendo em uma praia. Analisei bem e notei que era Justin e Selena, como em quase todas as fotos que eles estavam juntos em um momento descontraido havia a mão boba de Justin e a própria Selena rindo da situação.

Não odiava Selena, mas também não ia com a cara dela. Não acho que ela estragou a carreira de Justin e nem que ela está com ele só por causa de fama. Mas ela era as vezes irritante, ciumenta e mimada ao extremo, o que me dava uma certa raivinha dela já que odeio pessoas assim.

Senti meus olhos pesarem e me deitei no sofá. O sono ainda me dominava naquela tarde e o dia estava tão lindo pelo que pude notar pela janela. Não quis sair hoje e não quero sair nas férias, ficar em casa sempre me deu uma certa paz. Soltei um gemido abafado quando escutei o som do Bieber saindo do meu celular que estava em meu quarto no segundo andar.

Como uma ninja me levantei correndo e subi as escadas em um tempo record, logo adentrei meu quarto e encontrei meu celular jogado em uma poltrona que ficava de frente a janela. Era Justin, meu amigo que eu acabara de ver na TV com a mão boba em Selena. Quando fui atender, ele desligou. Retornei a ligação e no segundo toque Justin já atendeu, pude notar que ele me parecia feliz apenas com o suspiro que ele deu quando atendeu.

— Oi. — Falei animada enquanto sentia meu coração bater rápido por ter corrido.

— Oi dude. Cara, que saudades de você Anna, não deu notícias. Pensei que havia morrido. — Ouvi a voz do bocó do outro lado da linda e logo começou a rir pelo comentario que havia feito sobre minha "morte".

— Não me chama de "dude", odeio quando você me chama de "dude". Pois eu não morri, é você que anda ocupado demais para vim até a casa da sua MELHOR AMIGA de infancia. — Falei reclamando dando ênfase no "melhor amiga" enquanto me deitava na cama e fitava o teto branco.

— Dude, dude, dude, dude. Desculpa Aninha, é que a agenda anda lotada. — Ele falou fazendo vozinha de bebê e me irritou com tanto "dude", mas vou deixar passar.

— Mentira seu chato. Você tem tempo pra ir para uma praia com a Sel e não pode nem ao menos me ligar?! — Falei fingindo estar ofendida.

— Como ficou sabendo que fui a uma praia com a Sel? — ele me perguntou rindo.

— Você é famoso bocó e eu adoro canais de fofoca sobre famosos.— falei o obvio e logo soltei uma risada no final da frase, sendo acompanhada por ele.

— Juro que passo ai hoje de noite, viu?! — ele falou rindo.

— Claro que vai passar aqui hoje senhor. Você está em L.A que eu sei, e você pode muito bem vir me visitar. — falei apoiando o celular em meu ombro e fechando a janela. Iria chover em Los Angeles hoje.

— Juro que vou te visitar hoje ás 19:00. Tenho que desligar, Scooter quer falar comigo. — ele falou soltando um suspiro que agora parecia ser de cansaço.

— Okay, mas se me der um cano eu te esguelo ouviu?! Fala pro pessoal que eu mandei um beijo e que estou morrendo de saudades. Tchau Jus, eu te amo.

— Não vou te deixar esperando, falo sim Aninha. Tchau, te amo. — ouvi ele falando e logo desligando e encerrando a chamada de apenas alguns minutos.

Eu estava feliz. Iria matar a saudades do meu melhor amigo de infancia.