Depois de ser acordada de um modo meio anormal eu esperei Bianca sair do banheiro e fui tomar meu banho e fazer minha higiene pessoal. Depois que sai do chuveiro e vesti uma roupa, sai do banheiro. Calcei uma sandália e desci com Bianca para irmos tomar café. Graças a Deus ela não questionou nada sobre a cena que acontecera instantes antes.

Assim que chegamos na sala de jantar vi que todos ainda estavam sentados a mesa. Depois de um ‘bom dia’ generalizado, eu puxei uma cadeira e me sentei ao lado de Bianca. Comecei a comer enquanto todos conversavam sobre variados assuntos até todos acabarem de tomar café. Depois disso ficamos na varanda conversando por um tempo, depois jogamos alguns jogos e assim passamos o resto da manhã.

Depois do almoço eu subi para o meu quarto arrumar minhas coisas. Peguei tudo e coloquei dentro da minha mochila e desci as escadas com ela. É, estava na hora de partir. Quando cheguei na sala todos estavam lá. Meu pai, Sally e Percy já estavam com seus pertences a posto e começavam a se despedir de Hades, Maria, Nico e Bianca, Apolo e Ártemis, que haviam dormido aqui também.

Assim que os alcancei me despedi deles também, me certificando de dar um último abraço em Apolo antes de pegar minhas coisas. Depois todos nós caminhamos em direção a entrada da casa e trocamos mais uma vez palavras de despedida.

- Ah, e Annie, - Apolo disse – muita, mas tipo muita mesmo, paciência pra você, porque pra aguentar meu sobrinho aqui todo dia só a mãe dele mesmo. – ele disse rindo e todos o acompanharam.

- E olhe lá hein! – Sally disse brincando.

- Mãe! – Percy exclamou, mas Sally apenas deu uma risada para mostrar que estava brincando e passou um braço em torno de seu ombro.

Depois disso nós guardamos tudo no carro e entramos para seguir viagem.

Bom, eu não posso dizer que a viagem de volta foi pior do que a de ida, mas se você considerar o fato de que a de ida não foi lá essas coisas, a de volta também não foi um mar de rosas.

Nada muito diferente do que antes aconteceu. Percy implicava comigo, eu implicava com ele, meu pai ou Sally reclamavam, nós parávamos e depois começávamos tudo de novo, voltando para o início desta frase. Ficamos nesse círculo até que eu acabei dormindo e só fui acordar na porta de casa.

Assim que cheguei em casa subi logo pro meu quarto, joguei minha mochila no chão e deitei na cama. Ah, como eu sentia falta dela. Coloquei um pé sobre o outro, apoiei minha cabeça no travesseiro e fiquei assim por alguns instantes, depois disso peguei meu notebook e fui abrir meu Facebook.

Assim que dei login apareceu o que era praticamente uma avalanche de notificações vermelhas mostrando as mensagem que as pessoas tinham me enviado.

Ou eu me tornei popular da noite pro dia, ou alguém morreu ou tá todo mundo louco procurando por ingressos para a festa do sinal.

Eu realmente espero que não seja a segunda opção e acho muito provável que seja a última.

Assim que comecei a ler cada mensagem vi que eram sim pessoas procurando pelas pulseiras. Bom, de acordo com isso essa festa vai com certeza perfeita. Assim que respondi tudo mundo (no modo Ctrl+C e Ctrl+V funcionando apenas com a mensagem “Segundo no colégio irei vender as pulseiras. 40 reais cada”) desliguei meu computador e guardei as roupas que estavam na minha mochila.

Depois disso nada de muito interessante aconteceu hoje. Jantamos pizza, eu fui tomar banho e fazer as tarefas que eu não tinha feito nesse final de semana e depois fiquei assistindo um filme até ir dormir. Uma noite bem tediosa, devo acrescentar.

...

Como todo dia hoje eu acordei com o despertador berrando no meu pé do ouvido às seis horas da manhã. Mas hoje eu não levantei logo e acabei voltando a dormir, quando despertei de novo já eram quase seis e vinte. Levantei da cama com um pulo e andei até o banheiro. Assim que cheguei lá me despi e fui logo tomar um banho morno. Quando sai do chuveiro puxei a toalha do gancho onde eu a penduro e me enrolei nela, soltando os meus cabelos (que estavam presos em um coque, para não molhá-los) e fui escovar meus dentes, desembaçando o espelho antes de fazer isso. Quando acabei caminhei em direção a porta e a abri, na hora que ia saindo quase ia trombando com Percy e derrubando nós dois no chão, o que não seria uma coisa tão boa se você levar em consideração o fato que eu estou apenas de toalha.

Recuei um passo fazendo com o que eu não batesse nele e esperando que ele desse passagem para eu sair do banheiro, mas ele simplesmente ficou parado como uma estátua de mármore na porta do meu banheiro. Bufei e disse:

- Não vai deixar eu passar?

Ele pareceu considerar a pergunta por alguns segundos e depois respondeu:

- Hum... Não, não. Não tou com muita vontade, sabe...

- Ah, não?

- Não.

- Então sai da frente sem vontade mesmo! – eu disse impaciente.

- Olha, ela está nervosinha! A essa hora da manhã não faz bem, sabia? – ele disse irônico.

Depois de eu ter bufado, revirado os olhos mais uma vez e cruzado os braços, ele segurou meus ombros e deu um passo para dentro do banheiro, me virando para o lado oposto. Quando fiquei fora do banheiro ia começando a caminhar para o meu quarto quando ouço a voz dele me chamando.

- Ah, Annie!

- Quê? – me virei de mal humor.

- Bom dia! – ele disse com um sorriso cínico.

Respirei bem fundo para não voar em cima dele e disse também com um sorriso cínico no rosto.

- Bom dia, Percy!

Dito isso, entrei no meu quarto, fechei a porta e fui vestir uma roupa para ir pra aula. Acabei pegando um short e uma blusa. Quando eu já estava pronta desci as escadas para ir tomar café da manhã. Como já estava meio tarde só tomei um copo de suco rápido. Subi as escadas, me despedindo de meu pai e Sally (que já estavam saindo) e fui pegar minha mochila.

Assim que desci as escadas novamente vi que Percy já estava na porta da saída, indo em direção ao carro.

- ESPERA! – eu berrei do fim da escada. Ele parou na porta e se virou em minha direção.

- Oi?

- Eu vou com você. – eu disse ofegante devido a minha correria para chegar a tempo na porta de casa.

- Vai? Tem certeza? – ele disse com um sorriso de lado, mas eu apenas lancei um olhar sério pra ele.

- Tenho. E nem pense em fazer alguma brincadeirinha. – eu acrescentei enquanto saíamos de casa e entrávamos no carro.

O percurso de ida para o colégio foi, por incrível que pareça, tranquilo. Ficamos em silêncio o tempo todo, exceto quando Percy resolveu brincar um pouquinho.

- Ah, Annie, eu esqueci, a gente vai dar carona pra mais alguém, viu?

- Quem? – eu perguntei sem tirar os olhos da rua.

- Pra Drew.

Virei meu rosto em direção a ele com uma expressão indignada no rosto.

- O quê?! – eu perguntei, mas ele apenas deu um riso.

- Pra Drew.

- Não mesmo!

- Por que não?

- Por que... por que eu não quero, oras. Deixa aquela chata ir andando! Você não dar carona a ela, vai?

- Vou.

- Não!

- Brincadeirinha! Só queria saber qual seria sua reação. – ele disse e eu revirei os olhos.

- Patético. – eu disse, e dessa vez quem olhou pra mim indignado foi ele, mas eu apenas dei de ombros com um riso.

Depois disso voltamos ao nosso silêncio, até por que já estávamos entrando no estacionamento do colégio.

Nada de muito excepcional aconteceu hoje nas aulas, exceto o fato de eu ser interrompida a cada cinco minutos por alguém querendo comprar as pulseiras da festa. Só hoje eu vendi 60 pulseiras (o que me dá 2.400 reais. Tô me sentido rica andando com esse dinheiro).

Quando chegou na hora do almoço passei pela pilastra onde estavam as listas de esportes e olhei para Thalia (que estava do meu lado).

- Então, vai se inscrever em quê?

- Sei lá... Já que é obrigatório, acho que em Vôlei mesmo. E você?

- Também. – eu disse e nós escrevemos nossos nomes na lista de vôlei.

Quando entramos no refeitório vi Luke sentado na nossa mesa, caminhamos até lá e nos sentamos também.

- Então, preguiçosas, resolvera jogar alguma coisa?

- Não, resolvemos nos inscrever em alguma coisa. Jogar é outra história. – eu disse e nós três rimos.

...

Assim que o último sinal tocou eu caminhei em direção ao estacionamento, na intenção de voltar com Percy para casa. Mas como o carro dele estava rodeado de seus amiguinhos populares e metidos a besta eu simplesmente passei direto e caminhei até o carro da Thalia, voltado pra casa de carona com ela.

Quando paramos no sinal vermelho ela perguntou:

- Então, o que rolou nesse fim de semana na festa da vovó?

Tentei disfarçar meu súbito desespero devido a essa pergunta e respondi:

- Nada. Nadinha. Ué, o que poderia acontecer? Não aconteceu nada. – eu praticamente falei isso sem uma pausa e ela ergueu uma sobrancelha.

- Mesmo? E por que você tá mais corada do que alguém que exagerou no blush e acabou fazendo um cosplay do Bozo?

- Eu tô?

- Tá.

- Por nada... É só que... Olha, o sinal abriu! – eu disse numa tentativa de mudar o assunto. Ela deu partida no carro e, graças a Deus, não tocou mais nesse assunto.

Quando cheguei em casa subi direto pro meu quarto. Larguei minha bolsa no chão, peguei uma roupa mais folgadinha e fui tomar um banho, pois eu tava morrendo de calor.

Tá, não literalmente “morrendo”, mas enfim, você entendeu.

Assim que sai do chuveiro vesti a roupa que eu tinha pego, um shortinho preto e uma blusa branca folgada. Peguei a toalha de rosto e comecei a secar meus cabelos enquanto descia as escadas em direção à cozinha. Agora que o calor passou eu estou com fome – o que não é tão novidade assim.

Quando terminei de descer as escadas vi uma figura estranha na sala e me arrependi de ter visto.

Lá estava, vestida nas suas roupas rosa e seus saltos altos, Drew, parada na minha sala de estar. Antes mesmo que eu pudesse ao menos perguntar o que ela estava fazendo ali Percy apareceu tomando um copo de água.

- O que ela tá fazendo aqui? – a vaca (ou Drew, como queria chamar) perguntou ao Percy se referindo a mim.

- Primeiro, eu que pergunto, o que você tá fazendo aqui? 

- A gente tem um trabalho de história pra fazer. – Percy respondeu, provavelmente prevendo uma 3ª Guerra Mundial se a Drew respondesse alguma coisa errada.

- E você, o que tá fazendo aqui? – Drew repetiu na sua voizinha irritante.

- Eu moro aqui.

- Percy? – ela o chamou.

- Sim.

- Você mora com ela?!

- Sim.

- Como assim você mora com ela?!

- Morando...?

- Eu não vou fazer o trabalho na casa dela. – Drew disse cruzando os braços.

- Porta da rua serventia da casa. – eu respondi com um sorriso cínico indicando a porta com a minha mão.

- Qual é o problema de fazer o trabalho aqui? Essa continua sendo minha casa também.

- Na verdade, é mais minha do que sua. – eu disse só para aumentar a discussão o que fez Percy me lançar um olhar como que diz “Se não vai ajudar fica calada”. - Quê? Eu moro aqui a mais tempo. – acrescentei.

- Annabeth! Dá pra cooperar e ficar no seu quarto?! – ele disse perdendo algum resquício de paciência que ali restava.

- Tá bom, Percival, eu fico. – eu disse com um sorriso cínico subindo as escadas de novo.

Pude sentir o olhar dele me fuzilando enquanto eu subia as escadas e pude ouvir os pequenos resmungos de Drew ainda não querendo fazer o trabalho aqui.

Mas de uma coisa eu tenho certeza, se depender de mim ela não vai sair daqui com esse trabalho pronto, ou então eu não me chamo Annabeth Chase.