Opposite escrita por Giovana Marques


Capítulo 6
Viagem


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, finalmente consegui terminar. Me avisem se tiver errado alguma coisa. Espero que gostem do capítulo :3



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Tenho de empurrar uma mulher enorme para conseguir me locomover. Ela me encara com ódio, então eu peço desculpas e saio correndo atrás de Jeremy.

Estamos em um dos aeroportos de New York, que está completamente lotado, o que me deixa para lá de irritada.

– Então, para onde estamos indo mesmo? – Pergunto, confusa. Como se não bastasse ter saído de casa, aparentemente já estou saindo do país.

– Para Opposite, é claro. – Jeremy responde, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Luke e Nina foram comprar nossas passagens, então eu e Jeremy esperamos. Cansada de esperar de pé, no meio de tanta gente, sento-me no banco mais próximo assim que as pessoas que estão nele se levantam para sair. Jeremy me segue, mas não se senta. Fica apoiado na parede, bem ao meu lado.

– Claro. – Concordo, com ironia.

– Você não sabe o que é Opposite, não é? – Jeremy pergunta, rindo. Ao contrário de seu primo Luke, tem um ótimo humor.

Balanço a cabeça de modo negativo. É claro que estou envergonhada! Como posso não saber de nada?

– Opposite é como se fosse uma “outra dimensão”, uma outra espécie de mundo. – Explica calmamente. – Existem várias ilhas, em Opposite. Nós feiticeiros, habitamos algumas dessas ilhas. Mas é claro que a maioria vive em Kingswood, onde fica a realeza. Lá é onde os jovens treinam e os adultos trabalham em diferentes ramos. Resumindo, Opposite é como se fosse o mundo dos humanos, mas envolvendo nossa magia e dividido em inúmeras ilhas.

Milhões de perguntas enchem minha mente e admito que fico um pouco nervosa. Quer dizer, como haviam esquecido de me avisar que viviam em uma “outra dimensão”? Isso sim é um detalhe muito importante.

– Entendo. Mas vocês podem vir sempre que quiserem ao mundo dos humanos?

– Na verdade, não. É proibido vir ao mundo dos humanos. A menos que esteja em alguma missão, como é o nosso caso, ou até mesmo à trabalho. Opposite também é habitada por outros seres, esses sim podem transitar pelo mundo humano quando quiserem, afinal, não seguem as mesmas leis que os feiticeiros.

Apoio minha cabeça em minha mão, pensativa. Se é como uma outra dimensão como chegaremos lá de avião? Isso não faz nenhum sentido.

– E como vamos chegar lá? Quer dizer, de avião? – Pergunto, fazendo uma careta.

Jeremy dá uma risadinha e tropeça nos próprios pés. Esbarra, sem querer, na garota ao nosso lado. Ela o encara e ele pede desculpas envergonhado. Sem querer ofender, mas acho que finalmente encontrei alguém mais desastrado do que eu.

Jer, como Nina costuma chamá-lo, ainda está corado e eu tenho que segurar uma risada.

– Ahn, do que estavamos falando mesmo? – Ele se atrapalha. – Claro, sobre como chegar à Opposite. Luke e Nina estão comprando as passagens do próximo voo para a Inglaterra. Lá está o único portal que liga Opposite ao mundo humano.

Lembro-me de ter aprendido na escola sobre a Idade Média na Europa. Na época, muitas pessoas inocentes julgadas bruxas eram muitas vezes torturadas ou até queimadas vivas. Vai ver eram realmente feiticeiros. E talvez isso confirme a existência do portal na Inglaterra.

– Mas, como assim, portal? – Pergunto.

– Existe há muitos anos. – Jeremy diz, coçando a cabeça. – Ele está em formato de... Bem, como eu posso explicar? Você verá.

Olho para ele confusa, mas balanço com a cabeça em afirmação.

***

Me sinto culpada ao ler as várias mensagens em meu celular. Foram mandadas por Rachel e ela esteve preocupada pelo meu repentino sumiço. Me sinto levemente preocupada e Nina, que está sentada ao meu lado no avião, percebe.

– Não se preocupe, Emy. Rachel vai ler sua carta e então vai entender. Quer dizer, vai quase entender.

Depois de sair do meu apartamento, passamos na casa de Rachel. Estava vazia e eu insisti para que esperassemos ela chegar. Ficamos lá por uma hora e meia, até Luke se irritar e dizer que tinhamos que ir logo.

Então escrevi uma carta rápida e resumida, dizendo que ficaria fora por alguns dias e que voltaria a ligar. Disse que havia descoberto muita coisa sobre o meu passado e que estava indo atrás de tudo e claro, me desculpei por ter desaparecido assim.

– Espero que sim. – Suspiro, chateada.

Olho por cima do ombro e vejo Luke e Jeremy nas poltronas atrás de mim. Jeremy dorme feito um bebê e Luke está lendo o mesmo livro que lia em minha casa há algumas horas. O livro parece ser bem velho, com o título “Antigos Feitiços” já gastos pelo tempo.

Luke parece estar realmente interessado, já que não tira os olhos do livro por nenhum segundo sequer. Ainda está vestindo sua usual jaqueta de couro preta e que fica tão bem nele. Se bem, que acho que qualquer coisa ficaria bem nele.

Olho para seus magníficos olhos verdes e me perco por um instante em seus movimentos tão suaves e tão perfeitos.

Para a minha infelicidade, Luke percebe que estou olhando, para de ler seu livro, levanta seus olhos e me encara, curioso. Fico extremamente sem reação, já que ele já me pegou “admirando a paisagem” e seria pior ainda se eu virasse o rosto sem dizer nada.

– S-Sobre o que está lendo? – Gaguejo colocando as mãos no meu rosto, em uma estúpida tentativa de esconder o rubor em minhas bochechas.

– “Antigos Feitiços”. – Ele diz o nome do livro, uma resposta mais do que óbvia, fazendo-me sentir mais envergonhada ainda.

E para a minha surpresa, um sorrisinho brinca no canto de seus lábios.

– Claro, que besteira a minha de perguntar. – Digo a primeira coisa que vem a mente, querendo morrer.

Luke sorri e eu não consigo deixar de retribuir o sorriso, mesmo que esteja extremamente envergonhada.

Viro-me para frente, almaldiçoando a mim mesma pelo que havia feito. Mas ao mesmo tempo estava feliz, Luke havia sorrido para mim.

Sinceramente, qual é o meu problema?! – Praguejo em minha mente.

***

É estranho dizer onde estou. Só sei que me encontro deitada algum lugar bem familiar. Parece um quarto infantil, cheio de prateleiras com roupas e brinquedos.

Tudo é vago e distante e então escuto alguém cantando uma canção de ninar. A voz da pessoa é muitíssimo familiar, mas o que mais me enlouquece é que não consigo reconhecê-la.

Sei que é uma mulher, que anda de um lado para o outro e de repente chega cada vez mais perto de mim. Não sei como, mas sinto com todas as minhas forças que a mulher é minha mãe.

Ela continua cantando e me sinto relaxada e protegida, como se nada pudesse me atingir.

Levanto meu rosto para poder finalmente vê-la, mas me surpreendo ao não conseguir enxergar nada além da fumaça que aparece repentinamente.

A música para e ao contrário de me sentir relaxada, fico preocupada. A fumaça enche meus pulmões cada vez mais e escuto minha mãe gritar.

Entro em pânico e faço de tudo para conseguir me mover, mas não acontece. Estou completamente paralisada.

Escuto minha mãe pedir por ajuda e as coisas em meu quarto caírem no chão, de forma violenta.

Para a minha surpresa, alguém segura meus dois braços e ri maléficamente. Aquilo me fazer pular de susto e arrepiar, já que não posso fazer nada. A risada é sinistra e parece vir de um homem, não muito familiar desta vez.

E então, a risada maldosa se transforma na voz de Nina, o que não faz sentido algum.

– Ei, Emily! Acorde, menina.

Abro os olhos e quase posso jurar que a claridade queima meus olhos. Espregui-ço me, agradecendo por ser apenas mais um pesadelo sem sentido algum.

A parte mais estranha é que eu havia reconhecido minha mãe, disso eu tenho certeza.

Devo estar em péssimo estado, porque Nina dá uma risadinha ao olhar para mim. E então passa a mão em meus cabelos, ajeitando-os.

– Chegamos, dorminhoca.

***

Londres parece ser uma cidade bem legal, quando você vai até ela para fazer coisas normais. Mas como ser “normal” é praticamente impossível para mim, não fico ansiosa, muito menos feliz por estar ali.

Já estamos na estação de trêm, London Waterloo, e vamos pegar o próximo para Salisbury, uma cidadezinha na região sul da Inglaterra. Segundo Luke, o portal fica próximo à ela. Já são cinco horas da manhã e tenho impressão de que estou parecendo um zumbi.

– São quantas horas daqui até Salisbury? – Pergunto à Luke.

– Uma hora. Sim, dá para você continuar com o seu sono mortal que estava tendo no avião. – Ele responde, grosseiro. Pelo jeito, o mau humor de Luke havia voltado. Infortúnio.

Cruzo os braços, cheia por suas grosserias e coloco para fora:

– Se está de mau humor vá descontar em outra pessoa, não em mim. Estou aqui à pedido de você mesmo! E você está falando assim porque mal sabe que o meu “sono mortal” me ajudou à lembrar sobre minha mãe, idiota.

Nina estremece ao meu lado e Jeremy finge não estar ouvindo. Não me sinto totalmente satisfeita por ter falado apenas aquilo, mas tudo bem.

– Idiota?! Pelo menos eu... – Luke começa a falar, mas ele se da conta do que eu disse. – O que você acabou de falar? Lembrou de sua mãe? Como?

Tenho vontade de rir, mas é claro que me contenho. Sempre acabando comigo, mas sempre precisando de mim. Esse é o Luke.

– Sonhei com minha mãe. – Digo, suspirando. – E antes que diga alguma coisa, eu tenho certeza de que era ela.

Nina e Jer parecem mais interessados na conversa. Explico sobre meu insano sonho e todos parecem pensativos quando termino, é claro que não dizem nada por um minuto.

– Estranho... – Nina diz. – Mas não deve ser ignorado, claro.

– Obrigada.

***

– Já sabe o que vamos fazer ao chegar em Opposite? – Pergunto a Luke, que aparentemente é o líder da missão.

Já estamos no trêm para Salisbury e apesar de eu estar morrendo de cansaço, não vou dormir. Não quero dar o gostinho da vitória para Luke, não mesmo.

– Vamos atrás do seu passado. – Ele diz, confiante. – Seus pais devem saber sobre Blake Darkbloom, isso facilitaria.

Aquilo me pega totalmente de surpresa, como um soco na boca do meu estômago. Meu passado? Eu achei que o meu passado estivesse em segundo plano.

– Por isso fiquei assustado quando disse que lembrou sobre sua mãe.

Luke está ao meu lado, me encarando de mais perto, o que me deixa sem graça. Nina e Jeremy estão sentados nos assentos da frente.

– Entendo. Bom, mas pensei que procuraríamos saber sobre o meu passado depois de encontrarmos a “garota perdida”.

Luke baixa os olhos, como se eu tivesse o pegado em um ponto fraco. Espero realmente que seu mau humor não volte.

– Sim, era realmente esse o plano. Mas acontece que eu não sei mais o que fazer para encontrar a “garota perdida”. – E então ele volta a me encarar. – Você é a minha última saída.

Confesso que fico bem sem graça com tudo aquilo, mas não deixo transparecer. Apenas dou de ombros.

– Fico feliz em ser útil.

Pelo menos para alguma coisa.” – Completo dramaticamente em meu na minha cabeça.

Ficamos em silêncio por um momento e então Nina ri, lembrando-se de algo.

– Foi bem difícil hipnotizar o cara da bilheteria do trêm. No aeroporto foi bem mais fácil... Sinceramente, achei que teriamos de ir de outro jeito até o portal, afinal, estamos sem dinheiro dos humanos.

Hipnotizar? Já sabia que podiamos controlar os elementos, mas hipnotizar? Aquilo era bem diferente.

– É verdade, ele não olhava em seus olhos de jeito algum. – Luke diz, entre as risadas.

Mas acabo com o momento com outra pergunta, para variar.

– Hipnotizar? Não sabia que...

– É, temos esse dom. Mas só funciona com os humanos. – Nina me explica. – E eles devem estar olhando em nossos olhos. Isso, no geral, é o que mais dificulta.

– Interessante. – Digo, sorrindo de forma maldosa. Não sei por que, mas logo pensei em Stacey Richards. Seria bem legal hipnotizá-la.

***

– Por favor, pare bem ali. – Nina diz ao taxista apontando para uma árvore enorme próxima à um poço.

Já são quase oito horas da manhã e estamos naquele táxi por quase duas horas. Estranho o fato de o taxista não ter reclamado da distância do local que precisamos que ele nos leve, mas me lembro que foi hipnotizado por Nina.

Estamos em uma estradinha de terra bem longe da cidade, o que é bem estranho, mas desisto de tentar encontrar sentido algum nisso tudo que vem me acontendo.

A verdade é que ainda estou cansada e já teria dormido e me apoiado na porta do carro, se estivesse perto dela. Estou no meio de Jeremy e Luke e acho que apoiar minha cabeça em algum deles não seria a coisa mais ideal a se fazer.

O taxista segue as ordens de Nina e para o carro bem próximo do grande e velho poço. Luke e Jer pulam para fora do carro, então eu os imito.

Nina demora um pouco para sair então tento ver o que está fazendo. Ela está inclinada sob o motorista de táxi, como se fosse beijá-lo, o que é estranho já que o cara aparenta ter uns cinquenta anos. Ela encara seus olhos e diz algo que consigo pegar pela metade:

–...quero que depois que chegar em sua cidade esqueça de tudo. Esqueça de nós e que nos trouxe até aqui. E claro, que pense ganhou isso de uma passageira muito rica e generosa. – Nina pega uma pedra brilhante de dentro do bolso de seu casaco e entrega ao motorista, que concorda com a cabeça. – Obrigada.

Finalmente pula para fora do carro, com um sorriso que vai de uma bochecha à outra.

– Adoro fazer boas ações. – Diz, pegando minha mochila no porta-malas.

O taxi sai e o vejo sumir em meio a estrada, como Nina ordenou. Isso é mesmo muito estranho, hipnotizar humanos. Pode ser legal, mas continua sendo estranho.

Olho para trás e me deparo com Luke, Nina e Jeremy olhando para o poço. Faço uma careta, quer dizer, aquilo ali não pode ser...

– Não me diga que esse é o portal. – Digo, decepcionada.

Luke olha para mim confuso, como se não entendesse minha decepção.

– O que esperava? Um monumento?

– Algo por aí.

– Monumentos chamam atenção, o que precisamos é ser discretos. – Nina explica, com um sorrisinho em sua face. – Esse poço existe há anos e o portal está embaixo dele. Está enfeitiçado, ou seja, qualquer humano que o toca pensa em algo mais importante para fazer, esquecendo do poço. Isso serve para evitar a entrada de humanos em Opposite. Não seria nada legal se isso acontecesse.

Balanço a cabeça, concordando. Aquilo faz muito sentido, afinal, não estava achando mesmo muito normal um poço no meio do nada.

Ficamos em silêncio por um segundo e então Luke diz:

– Estão esperando o que? Um convite formal?

Por um minuto me lembro que Nina e Jeremy ainda nunca voltaram para Opposite usando o poço, apenas chegaram ao mundo humano.

Jer é o único que se mexe. Ele apoia sua perna direita em cima do poço e olha para Luke, confuso.

– É só... Me jogar?

– Só se jogar. Não se preocupe, não vai se machucar.

Olho de soslaio para Nina e ela está completamente branca. Devo ficar assustada?

Jeremy pula, em silêncio, e ficamos esperando por alguma reação. É claro que nada acontece e Luke nos chama.

– Meninas... – Diz, apontando para o poço.

Nina faz uma coisa que me surpreende. Anda para trás, como se estivesse nervosa e diz:

– Não quero pular, Luke. Você sabe que eu tenho medo de altura e...

– Se pensar bem, vai estar pulando para baixo da terra que nem é tão alto assim. – Ele diz dando uma risadinha, mas depois fica sério. – Nina, sério, tem o portal lá em baixo. Você não vai se machucar.

É claro que nunca esperava aquilo de alguém como Nina, quer dizer, ela se mostrou totalmente corajosa ao longo dos dias e agora, isso. Se bem que todos nós temos uma fraqueza.

Acho a situação um pouco tensa, então decido ir na frente. Embora esteja tão assustada quando Nina.

– Eu vou. – Digo, assustando aos dois que discutem.

Eles param e ficam me olhando, como se eu fosse fazer algo errado.

Ando em direção ao poço e quando chego, coloco uma de minhas pernas para dentro. Tento evitar olhar para baixo, mas é impossível. Olho, temerosa e me espanto mais ainda com o que vejo. É realmente fundo e escuro, tanto que não dá nem para ver o fim.

Fecho os olhos e coloco as mãos nos bolsos do meu casaco. E sem esperar mais um momento, me jogo na escuridão.

Sinto meu corpo despencar cada vez mais fundo. Fico com medo, portanto não abro os olhos. Meu cabelo deve estar uma coisa bem pior do que já estava, mas tudo bem.

Já estou caindo por quase um minuto, então resolvo abrir os olhos. Não vejo nada, absolutamente nada. Está muito escuro, afinal.

Então vejo finalmente, literalmente, uma luz no fim do túnel. Mesmo que isso tenha soado muito clichê, é sério. Continuo com os olhos abertos e consigo ver o portal, ou pelo menos o que eu penso ser o portal.

E me decepciono novamente. Realmente não é como eu imaginava, o portal quero dizer. Na verdade, parece mais um espelho iluminado, já que consigo ver meu reflexo, abaixo de mim. Não é nada brilhante e sinistro como eu havia imaginado.

Fecho meus olhos esperando um impacto ou alguma coisa, mas nada.

Sinto que estou em um lugar mais claro, e já não escuto mais o som de estar caindo. Na verdade, escuto alguns pássaros cantarem, pessoas falando e alguém rir. Esse alguém é Jeremy.

– Pode abrir os olhos, medrosa. – Ele zomba, me deixando aliviada.

Abro os olhos e posso jurar que estão quase sendo queimados pela segunda vez no dia, devido à claridade.

Estou dé pé (O que realmente me surpreende, já que estava caindo.) e em um lugar bem... Diferente.

Nem tão diferente assim, já que o local que me encontro parece muito com aqueles templos gregos, que sempre tive vontade de conhecer. É um lugar bem amplo, sustentado por colunas. Algumas colunas pretas, outras brancas, que provavelmente devem representar os feiticeiros brancos e negros. Olho para cima e vejo uma placa escrito “Área de Desembarque”.

Jeremy pega em minha mão e me puxa, assustando-me.

– Não fique aí parada! Luke e Nina estão para chegar, e não seria agradável se caíssem em cima de você.

Não tenho forças para responder, pois ainda estou muito admirada pelo local. É claro que não está tão lotado, já que é proibido para os feiticeiros transitar pelo mundo humano à qualquer hora.

Na “Área de Desembarque” só estamos eu e Jer. Na entrada, estão alguns balcões, onde algumas feiticeiras olham os documentos das poucas pessoas na fila para o embarque. A “Área de Embarque” fica em uma salinha fechada, distante da qual estamos. É guardada por feiticeiros enormes, usando armas e armaduras maiores ainda.

– Isso aqui é tipo um... Aeroporto? – Digo a primeira coisa que vem à mente, mas para minha felicidade, Jeremy entende o que quis dizer.

– Sim... Mas é só para o uso do portal, vamos assim dizer. – Ele explica.

Olho curiosa para o casal uniformizado que termina de mostrar os documentos às feiticeiras do balcão. Eles andam até a “Área de Embarque” e mostram algo para os “seguranças” na entrada. Os “seguranças” olham por uns segundos e os deixam entrar.

– O que tem dentro da “Área de Embarque”? E o que as pessoas precisam mostrar para poder entrar?

– O portal para ir ao mundo humano. Ele é bem diferente do que o de volta, pelo que passamos agora. Parece mais um espelho... E para poderem passar, precisam mostrar uma espécie de documento assinado pelo rei. Quer dizer, feiticeiros negros precisam da assinatura de Therion Darkbloom e brancos precisam da assinatura de Hélio Lightlair.

Concordo com a cabeça, encerrando o assunto. Não adianta perguntar à Jeremy. Ele é tão inexperiente quanto eu, em relação à esses portais.

Logo Nina aparece, descabelada e confusa. E anda, desajeitada até eu e Jer e logo Luke surge também.

– Demoramos, mas conseguimos. – Ele diz e depois olha para Nina. – Doeu?

– Um pouco. – Ela contraria, rindo de leve.

Andamos até o balcão e uma feiticeira com um crachá escrito “Edeline” aparece, pedindo por nossos documentos. Os três pegam as papeladas assinadas pelo rei Therion e eu fico sem saber o que fazer. Luke, para a minha felicidade, explica minha presença e a feiticeira nos deixa sair.

Saímos do que eu chamo de “estação de portal” e na saída, me deparo com uma placa que está escrita exatamente o que Nina diz.

– Bem-vinda à Opposite!


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