El Beso Del Final escrita por Ms Holloway


Capítulo 11
Ortiz: Veloz e Furiosa




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Capítulo 11


 


Ortiz: Veloz e Furiosa


 


 


                  Lembranças.Voltar àquela casa depois de tanto tempo despertava sentimentos até então esquecidos dentro de Dominic. Era a casa dos padrinhos de Letty, onde ela foi morar quando tinha apenas três anos, depois que a mãe dela morrera de overdose. Letty nunca conhecera seu pai, pelo que ouvira dizer ele fora o homem errado com quem sua mãe se metera.


                O irmão de sua mãe, Carlos Ortiz, seu padrinho, ficou com a guarda dela e junto com a esposa Amália a criaram com todos os mimos que uma criança merecia ter, embora Letty nunca tivesse gostado de ser mimada e esse era o maior motivo de conflitos com os tios. Eles eram extremamente super protetores, agindo dessa forma eles pretendiam evitar que ela terminasse como sua mãe.


              Dom se lembrava da noite em que foi à casa dos padrinhos dela pedir permissão para namorarem. Ele tomou essa decisão depois de ter transado com ela na festa de aniversário de Mia e ser pego por seu pai. Naquele momento ele percebeu que não tinha ficado com Letty porque estava se aproveitando da bebedeira dela na festa ou algo assim. Ele realmente queria ficar com ela, só não sabia como fazer isso. Eles se conheciam há tanto tempo, ele era quatro anos mais velho do que ela e conhecia os padrinhos dela o suficiente para saber que se ele se aproximasse de Letty querendo namorar, não ia ser nada fácil convencê-los. Mesmo assim, o inevitável aconteceu e Dom se aproveitou da situação para namorar Letty, coisa que ele queria há muito tempo. Sabia que diante do fato consumado, os padrinhos dela não negariam seu pedido.


            Letty pensava o contrário. Ela não queria que Dom assumisse um compromisso com ela por ter sido seu primeiro homem. Ela achava tudo isso muito ridículo. Porém, mesmo com as negativas dela, Dominic foi fazer o pedido oficial de namoro ao tio dela, como Carlos e Amália esperavam que fosse. Carlos aprovou a corajosa e responsável atitude de Dom e abençoou o relacionamento que entre algumas idas e vindas se tornou duradouro desde então.


          Dominic tinha apenas vinte anos quando começou seu relacionamento com Letty e durante muito tempo foi alvo de chacotas e piadinhas por parte da turma com quem costumava andar. Simplesmente ninguém acreditava que um homem como ele, com fama de durão nas pistas de LA, corredor nato e chamariz de mulheres bonitas, quisesse viver uma relação séria ao invés de estar dormindo com uma mulher por noite. Ele nunca se importou com os comentários e as únicas vezes em que dormira com outras mulheres que não fossem Letty, tinha sido quando estiveram separados pelas brigas e o ciúme constante de ambos. Ainda assim, nenhuma dessas mulheres significou nada para ele, nenhuma delas era Letty.


      Ele se pegou olhando alguns retratos antigos de família na sala de estar quando entrou na casa com a Sra. Ortiz. Inevitavelmente sua mente viajou no tempo. No tempo em que ele tinha 14 anos, cabelos crespos e já apresentava mais músculos que qualquer outro garoto de sua idade. Letty era uma menina franzina, de 10 anos de idade, cabelos muito lisos, franja que lhe cobria os olhos e pernas finas. Ainda assim, ela tinha o sorriso mais meigo do mundo, isso quando não estava tentando irritá-lo só por diversão.


 


Los Angeles, 1988


 


    Dominic sorriu vendo toda a agitação das pessoas ao redor da mesa. Era 4 de julho e seus pais tinham convidado amigos e vizinhos para um churrasco de final de tarde no quintal. Sua mãe, Cibelle Toretto e mais duas vizinhas serviam a mesa com porções generosas de arroz, purê de batata e salada, enquanto seu pai preparava carne, frango e salsicha na grelha.


   Mia agitava uma pequena bandeira dos Estados Unidos no ar. Dom sabia que ela estava ansiosa pelos fogos de artifício logo mais à noite. Também o que mais poderia interessar a uma menina de oito anos?


   Vince, seu melhor amigo, tinha acabado de chegar com seus pais. E a mãe dele já estava ajudando a mãe de Dom com os preparativos para o almoço.


- E aí, Dom?


   Dom não pôde conter o riso. Vince usava uma ridícula camiseta com a estampa de ET, o extraterrestre. O filme já tinha sido lançado há anos, mas Vince era um grande fã.


- Que porcaria de camiseta é essa, irmão?- Dom indagou, rindo.


- Qual é o problema com a minha camiseta? È camiseta de homem!


- Dominic! Dominic!- gritou uma voz de menina, porém com um timbre ligeiramente rouco que era impossível não saber de quem se tratava.


- Aí vela, meu irmão!- debochou Vince. – Vai ser babá dela hoje outra vez?


    Letícia Ortiz. A afilhada de um dos melhores amigos de seu pai. A menina simplesmente tinha grudado nele desde o dia em que se conheceram. O nome dele era doce na boca de Letty e a menina o estava sempre questionando sobre o funcionamento dos carros. Dom gostava da companhia dela, mas costumava fingir que não porque seria muito vergonhoso para um garoto de 14 anos admitir que gostava de conversar com uma garota de apenas dez anos de idade.


- E aí, meninos?- ela os saudou com seu jeito maduro demais para os seus dez anos. Era um interessante contraste, especialmente naquela tarde em que ela vestia um vestido cor de rosa com babados na saia e um laço de fita da mesma cor nos cabelos, porém a franja continuava caindo nos olhos. Dom e Vince riram muito do vestido dela.


- Letty, o que você está vestindo, garota? Isso não tem nada a ver com você.- disse Dominic.


- Você está por fora, homem!- ela rebateu apontando seu magro dedinho para ele. – Eu estou usando este traje ridículo porque tio Carlos me prometeu cinqüenta pratas. È só para agradar à tia Amália porque hoje é 4 de julho!


- Ahhhhh, entendi!- disse Dominic. Vince continuava rindo. – E eu aposto que ela não ia gostar se você sujasse os babados do seu vestido, não é mesmo?


          Letty balançou a cabeça negativamente, afastando a franja por alguns segundos de seus olhos, só para que ela voltasse a cair novamente, quase cobrindo-os.


- Não, ela não gostaria nada.


- Que pena!- retrucou Dom. – Logo hoje que eu queria te mostrar uma peça nova que coloquei embaixo do carro do meu pai.


       Os olhinhos de Letty brilharam.


- Que tipo de peça?


- Não tem como eu te explicar. Você teria que ver com seus próprios olhos!


- Então me mostre!


- De jeito nenhum, garota! Usando esse vestido? Ah, fala sério! Por que não vai brincar de bonecas com a Mia?


- Brincar de boneca é coisa de mulherzinha!- Letty retrucou, irritada.


- Como esse vestido aí?- indagou Vince, rindo mais ainda.


      Letty colocou as mãos na cintura e disse:


- Me mostre logo a maldita peça!


- Não devia falar assim, Letty. Seu tio não ia gostar. Além disso, como pretende ir para debaixo do carro sem amassar o seu vestido?


- Quer apostar?


    Dois minutos depois eles estavam na garagem. Dominic admirou a coragem dela porque quando dona Amália soubesse que Letty estava prestes a destruir seu vestido de babados embaixo de um carro sujo de graxa, ela teria um ataque cardíaco com toda a certeza.


- E então, onde está?- Letty indagou se abaixando diante do carro e rasgando parte da meia calça. Vince não conseguia parar de rir.


         Mas antes que ela engatinhasse para debaixo do carro e sujasse todo o vestido de graxa, Dominic a parou.


- Hey, Letty, não tem peça nenhuma. Eu só estava brincando com você.


- O quê?- ela retrucou zangada e partiu pra cima dele.


      Dominic deu um passo atrás, rindo. Ele era obviamente mais velho, mais forte e mais alto do que ela, mas isso não parecia intimidá-la.


- Eu vou acabar com você!- Letty disse com raiva.


   Dizendo isso, ela chutou a canela dele com força e Dominic gritou de dor antes de puxar a fita do cabelo dela e bagunçar seus cabelos. Letty então o atacou com um soco no estômago dele, que é claro não fez nenhum efeito.


- Eu aposto na Letty, cara!- disse Vince se divertindo com a situação toda.


   Dom a segurou pelos punhos, porém sem machucá-la, mas Letty usou de golpe baixo e fez cócegas embaixo do braço dele. Ele começou a rir e ela conseguiu empurrá-lo no chão.


- Venci!- ela gritou empolgada colocando um dos pés calçados nos delicados sapatinhos brancos em cima da barriga dele. Foi quando Amália apareceu na garagem e olhou desesperada para o estado em que se encontrava sua afilhada. Os cabelos desgrenhados, a meia calça rasgada, o laço de trás do vestido desfeito.


- Mas o que aconteceu aqui?


- Foi tudo culpa do Dominic, tia Amália!- Letty gritou imediatamente.


    Dominic se ergueu e disse:


- Não, Sra. Ortiz, a culpa foi dela, foi ela quem começou!


- Você devia ter vergonha, Dominic!- Amália bradou. – Um rapaz de 14 anos brigando com uma menininha de 10 anos!


- Ela não é só uma menininha!- Dom retrucou. – È um pequeno demônio disfarçado!


- Como se atreve a dizer isso da minha pequena Letty?- Amália estava enfurecida. – Eu vou conversar com o seu pai agora mesmo...


 


- Dominic?- Amália chamou vendo que ele olhava distraído para uma foto que estava sobre o armário de louças na sala de estar.


               Ele sorriu e se voltou para ela, dizendo:


- Eu só estava me lembrando daquele 4 de julho que vocês estiveram na casa dos meus pais.


- Foi um dia maravilhoso!- Amália comentou com doçura. – Nossa Letty sempre conseguia tirá-lo do sério, não?


- È o que eu sempre gostei nela.- acrescentou ele.


- Vamos para a cozinha. Carlos não está e vamos poder conversar com privacidade.


              Na cozinha, Amália preparou café para ambos e eles sentaram-se ao redor de uma pequena mesa redonda que havia perto da janela que dava para o quintal.


- Eu sei por que está aqui.- disse Amália, assoprando o café de sua caneca antes de sorver um gole. – Está procurando pela minha afilhada.


- Eu esperava que a senhora pudesse me dizer algo sobre o paradeiro dela.- Dominic admitiu. – Para ele, não era nenhuma surpresa que Amália soubesse que eles estavam separados. Mesmo depois que Letty saíra de casa brigada com o padrinho depois que resolveu ir morar com Dom após ele ter saído de Longpoc, ela continuou mantendo contato com a tia a quem amava como se fosse sua mãe.


- Sinto desapontá-lo, Dominic. Mas isso é algo que eu estou querendo saber há um ano. Letty me escreveu a última da República Dominicana um ano atrás dizendo que você a tinha deixado. Então eu me perguntei s valera a pena ela ter saído de casa daquele jeito, desistido da faculdade, cortando relações com o Carlos só para ir viver com você.


              Dom abaixou a cabeça ,envergonhado, sabia que ela tinha razão.


- Eu quis protegê-la, Sra. Ortiz. Estar ao meu lado ficou perigoso para ela.


- Mais perigoso do que deixá-la para trás? Eu não sei no que a minha menina se envolveu dessa vez, Dominic. Mas sinto que ela está precisando de ajuda. Ela me pareceu muito magoada quando me escreveu dizendo que você tinha ido embora e que não conseguia encontrá-lo. Letícia não me escreveu mais desde então.


- Sra. Ortiz, eu não vou mentir para a senhora. Letty se envolveu num assunto barra-pesada porque queria limpar o meu nome para que eu pudesse voltar aos Estados Unidos. Mas as coisas deram errado e agora eu preciso encontrá-la!


- Você se atreveu a pedir a ela que se sacrificasse por você?- Amália estava indignada.


- Não. Eu jamais pediria isso a ela! E não vou me perdoar se algo tiver acontecido com ela por minha causa. Eu nunca deveria tê-la deixado e vou consertar o meu erro!


- Acredito em você, Dominic. Embora o Carlos nunca o tenha perdoado por ter espancado aquele homem que causou a morte do seu pai, eu compreendo você e sei que ama a minha Letty. Traga-a de volta para mim! Não me importa se vocês vão precisar partir logo em seguida. Mas eu gostaria de ver minha menina outra vez.


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- Você vai encontrar o Dom?- Vince perguntou curioso, depois de Leon ter revelado que ele estava de volta aos Estados Unidos.


- Não, é muito perigoso. Eu não posso ir simplesmente atrás dele.- disse Letty. – Além do mais, não sei por qual motivo ele poderia ter voltado à LA. Ele sabia que seria suicídio. O Bryan me garantiu que os tiras estão atrás dele.


- E por qual outro motivo o Dom poderia ter voltado senão pra encontrar você?- retrucou Leon.


- Ele não faz a menor idéia de que eu estou aqui. E por que ele viria me procurar se me deixou sozinha na República Dominicana?- disse Letty com um tom de mágoa na voz.


- Meu, acho que você e o Dom precisam conversar, tem muito mal entendido entre vocês dois.- sugeriu Leon. – E já que ele não sabe da existência da pequena Nina... – ele apontou para Caterina que agora estava sonolenta no colo da mãe.


- Esquece, Leon, não é seguro nós dois nos encontrarmos! Alguém do Braga pode descobrir que eu estou em LA. Acabei de dizer pra você que estou sendo vigiada. A mulher no banheiro do aeroporto não pode ter sido apenas uma coincidência. Ela mencionou o pai da Nina, eu fiquei intrigada.


- Intri- o quê?- indagou Vince.


- Estou dizendo que suspeitei dela, Vince.


- Ah tá!- disse ele, incerto se tina mesmo entendido.


- Mas talvez haja um jeito seguro de vocês se encontrarem. Lembram da corrida que eu mencionei quando cheguei aqui?- perguntou Leon.


- O racha na Hollywood Boulevard esta noite?- questionou Vince.


- Esse mesmo! Eu acho que você devia correr, garota! Eu posso falar com o Loiro e fazer com que o Dom esteja lá também!


- Sinceramente, Leon, eu não acho uma boa idéia. Se eu estou me escondendo do Braga e de seus capangas, não acha que o lugar mais óbvio em que eu poderia estar seria numa corrida?


- Exatamente por isso.- Leon acrescentou. – Baby, os caras do Braga não vão esperar encontrá-la numa corrida. Foi você mesma quem disse que o cara recruta pilotos para transportar o bagulho dele, mas ele faz isso em corridas específicas, não em rachas como esse.


- Mas tem os olheiros!- Letty retrucou. – Ou você não acha que ele deve mandar alguém para ficar de olho nos melhores pilotos para trabalhar para ele?


- Eu não acho que o cara ia se queimar assim, gata. Ele deve preferir que os pilotos vão até ele querendo participar da corrida dele a sumir com um piloto muito conhecido!


- O Leon tem razão!- Vince se pronunciou. – E você não vai se preocupar em ser descoberta pelos olheiros se estiver disfarçada.


                 Letty ergueu uma sobrancelha.


- Olha só, o meu plano é o seguinte... – Vince começou a dizer enquanto Letty e Leon ouviam atentamente.


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                Bryan deixou o Instituto Médico Legal e seguiu para o quartel general do FBI. Tinha recebido uma mensagem dizendo que seu superior precisava vê-lo. Quando chegou lá, foi interceptado pela agente responsável pelas investigações externas do caso.


- Bryan! Eu consegui a informação que você me pediu!


- Manda!- disse Bryan sem parar de caminhar pelo corredor em direção à sala de seu superior.


               Ela segurava algumas pastas nas mãos e apertou o passo de seus pequenos pés para alcanças as passadas das longas pernas de Bryan.


- Há um ano atrás, no dia especificado, embarcaram no aeroporto de LAX cinco Marias Fernandez. Duas delas pegaram um vôo direto para o México, outra pegou um vôo de conexão com destino à França; teve uma que embarcou apenas com a bagagem de mão para Santo Domingo na República Domincana e a última foi para...


              Bryan parou de caminhar e fez um gesto com a mão para que ela parasse também.


- Você disse Santo Domingo?


- Sim.- disse a agente. – Maria Luisa Fernandez, embarcou sem registro de bagagem no aeroporto de LAX, vôo do meio dia, sem conexão para Santo Domingo...


              Bryan sorriu.


- O que seria da minha vida sem você?


- Ah, pare de me bajular e me leve pra jantar qualquer dia desses.- disse ela sorrindo, o que deixava seus pequenos olhos ainda menores.


            Ele sorriu de volta e continuou seu trajeto até a sala de seu superior pensando no que sua amiga tinha descoberto. A tal Maria Fernandez só podia ser Letty. Ela tinha lhe dito que estivera na República Domincana antes. Por que não pensou nisso?


            Ao chegar à sala do diretor-assistente, Bryan bateu à porta e foi autorizado a entrar. Dentro da sala, além do diretor, estavam mais três agentes, incluindo o antipático Stasiak.


- Bem-vindo O’Conner.- disse o diretor. – Acabei de ficar sabendo sobre sua aventura no necrotério.


- Perdão?- Bryan retrucou fingindo não saber do que se tratava.


- Um funcionário do Instituto Médico Legal chamado Travis ligou para o FBI para falar sobre uma suposta patologista a quem você levou ao necrotério hoje mais cedo para mostrar o corpo da jovem assassinada. Inclusive, um funcionário desta médica a acompanhou em sua visita. O estranho que esta doutora chamada Elizabeth Forrester não possui registro no Conselho de Medicina.


- Senhor, eu posso...


- È melhor não se dar ao trabalho de tentar explicar, Bryan.- disse o diretor. Stasiak não escondeu um sorrisinho. – Uma das câmaras de segurança registrou a presença de Dominic Toretto no local. Bryan, o que diabos está pretendendo?


- Senhor, a garota em questão era namorada do Toretto. Acredito que o senhor já sabia disso porque limpar o nome dele foi a condição dela quando aceitou nos ajudar no caso Braga.


- Ela falhou Bryan e não só isso! Ela quebrou os protocolos do FBI ao desligar a escuta enquanto estava em serviço. O FBI não se resonsabiliza...


- Como o FBI não se responsabiliza?- Bryan retrucou enfurecido. – Ela estava grávida, senor!


- E você aceitou que uma mulher grávida colocasse sua vida em risco?- indagou o diretor.


- Eu não sabia que ela estava grávida, senhor.


- Bryan, nós precisamos avançar neste caso e isso não está acontecendo. Sinto muito pela garota, mas Mia Toretto não identificou o corpo como sendo dela e assim que tivermos o resultado da autópsia, seja positivo ou negativo, seguiremos em frente e encerraremos o caso do desaparecimento de Letícia Ortiz.


- Não podem fazer isso!- Bryan protestou. – As evidências dizem que aquele corpo no necrotério não é de Letícia Ortiz!


- Agora não importa mais, Bryan!- disse o diretor. – Enquanto estamos aqui ocupados com isso, o Braga continua agindo. Precisamos pará-lo.


- Com todo o respeito, senhor, continuarei as investigações sobre o desaparecimento de Letícia Ortiz por minha conta.


- Não tem jurisdição pra isso, Bryan, e devo lembrá-lo que Dominic Toretto é procurado. Se nós o encontrarmos de bobeira, ele será preso e não haverá nada que você possa fazer. Se insistir nisso será banido da polícia, dessa vez para sempre!


                Bryan suspirou. Dessa vez estava mesmo de mãos atadas.


- Com licença, desculpem o atraso.- disse uma agente entrando na sala nesse exato momento.


- Bryan, eu acredito que já conheça a agente Mônica Fuentes.


               Ela olhou para ele. Já fazia alguns anos, mas ela não tinha mudado nada desde a última vez em que a vira na Flórida. Mônica sorriu para ele. Os óculos escuros extravagantes prendiam mechas dos cabelos cor de chocolate para que não lhe caíssem sobre os olhos. Ela usava uma blusa padrão branca de agentes do FBI, combinada com uma calça jeans informal e botas. Era o estilo Mônica de ser dizendo que sim, ela era uma policial, mas não podia deixar de mostrar que seguia os ditames da moda.


- Olá, Bryan.- disse ela, com um sorriso satisfeito no rosto.


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- O Dominic tá vindo aí!- avisou Loiro para Leon ao avistar Dom atravessando a rua para entrar na oficina dele. – Ainda bem que acabei de terminar o carro dele. Ficou só o filé!


- È isso aí, meu chapa!- disse Leon sorrindo. Depois de sair da casa de Vince, ele fora direto para a oficina do Loiro para falar com Dom e dar procedimento ao plano que tinham arquitetado para que ele se encontrasse com Letty. Leon e Vince queriam muito que os dois se acertassem e voltassem a ficar juntos como antes.


- E aí, Dominic?- disse Loiro quando Dominic entrou na oficina.


- E aí?- Dom respondeu sem emoção. – E o meu carro?


- O motor dele tava frito, meu camarada. Mas eu soldei uma peça aqui, outra ali. Dei uma calibrada geral no equipamento e teu carro agora tá pronto pra outra!


                Ele conduziu Dom até onde estava o carro e Leon apareceu casualmente. Ele tinha combinado com Loiro que não contasse a Dom que ele estava ali.


- Dominic é você? Cara, eu não acredito!


               Dom ficou feliz em ver Leon e trocou um abraço caloroso com o amigo.


- E aí, irmão? Quanto tempo!


- Eu acabei de ficar sabendo que tu tinha voltado pra LA. Cara, nem acreditei! O que tu tá fazendo aqui?


- Negócios.- disse Dom. – E o Vince? Eu estava pensando em procurá-lo depois que eu resolvesse uns assuntos.


- Vince tá na boa! Ele ia gostar muito de te ver! Aliás, esta noite nós vamos a um racha lá na Hollywood Boulevard.


- Mano, ouvi dizer que esse racha vai ser sinistro!- disse Loiro.


- Por que tu não encontra a gente lá?- indagou Leon.


- Não.- disse Dom. – Eu estou muito ocupado com outras coisas no momento.


- Que conversa é essa, Dom?- retruco Leon. – Parece papo de almofadinha. Vamo lá! Pelos velhos tempos!


            Dom ia responder, mas pensou por alguns segundos, então puxou Leon pelo braço, se afastando de Loiro para conversarem em particular por alguns instantes.


- Leon, eu voltei pra LA para encontrar a Letty. Você sabe onde eu poderia achá-la?


- A Letty? Cara, eu pensei que ela tivesse vindo com você. Eu já ia agora mesmo perguntar por ela.- mentiu Leon.


- Não, nós nos separamos há 1 ano e eu não tive mais notícias dela.


- Se separaram? Eu não acredito!


- Leon, algo muito ruim pode ter acontecido com ela e eu preciso encontrá-la! Vou precisar da sua ajuda e da do Vince para encontrá-la!


- Vai ter toda a ajuda que precisar, cara. Eu sempre me amarrei na Letty e falo isso por mim e pelo Vince.- Leon fez uma pausa e então falou: - Olha, tem certeza de que não quer ir à corrida esta noite? Se está procurando pela Letty, esse seria um excelente lugar pra você procurar.


          Dom refletiu a respeito. Talvez Leon tivesse razão. Se queria encontrar Letty por que não procurá-la em uma corrida? O mais provável era que não a encontrasse lá, especialmente se ela estivesse mesmo com um bebê, mas ele precisava tentar. Poderia conseguir uma boa pista do paradeiro dela numa corrida.


- Está bem! Irei à corrida esta noite. Mas vou precisar de um carro de dez segundos.


          Leon sorriu.


- Isso não vai ser problema!


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- Por que está tão zangada?- Verônica perguntou a Bryan acompanhando-o pelo corredor. – Quando falaram que íamos trabalhar juntos eu pensei que ficaria mais feliz em me ver.


          Bryan tentou sorrir.


- Ah, Mônica. Você não sabe em que está se metendo. Esse caso já tá fedendo há muito tempo e tem que terminar. Mas como foi que você veio parar aqui e principalmente, quem te indicou para este caso?


- Bryan! Ainda bem que encontrei você!- disse a agente do setor de investigações internas vindo ao encontro dele novamente. – Descobri mais uma coisa sobre a Maria Fernandez e sinto que você vai gostar dessa informação ainda mais.


- O que descobriu?- perguntou Bryan, curioso.


- Eu descobri que a mesma Maria Fernandez que embarcou sem bagagem há um ano atrás para Santo Domingo retornou aos estados Unidos hoje de manhã!


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         Letty olhou para a filha adormecida na cadeirinha e deu um olhar incerto para Vince.


- Ah Letty, o que é isso! Vai amarelar agora?- indagou Vince. – O Leon disse que o Dom vai estar na corrida. Então você precisa estar lá também!


- Vince, eu nunca deixei a Nina assim! Havia apenas uma pessoa em quem eu confiava na República Dominicana para tomar conta dela e essa pessoa não está aqui agora!


- Letty, eu juro que vou cuidar bem dela. È só você me dizer o que ela pode comer e o que ela gosta de fazer quando está acordada.


         Letty suspirou. Precisava encontrar Dom. Tinham muito que conversar depois de tanto tempo e a única babá em vista no momento era Vince.


- Ok, Vince, eu vou deixá-la com você.- disse ela ainda que com o coração na mão por ter que fazer isso. – Eu preparei uma mamadeira para ela tomar quando acordar. Você só tem que se lembrar de colocá-la para arrotar depois que ela mamar.


- E como é que eu faço isso?


- Você coloca ela com cuidado no seu ombro e bate de leve nas costas dela. Vince, estou deixando minha filha nas suas mãos, se alguma coisa acontecer com ela enquanto eu estiver nessa maldita corrida...


- Relaxa, Letty! O que poderia acontecer?


          Letty não quis nem pensar nisso quando adentrou o carro que Vince arrumara para que ela corresse. Era um SS Camaro, 1968, verde com listras cinza no pára-choque.


- Onde você conseguiu essa máquina?- Letty indagou ficando empolgada de repente com a perspectiva de estar em uma corrida depois de tanto tempo. A última corrida que participara tinha sido em prol de sua sobrevivência quando fugira de Fênix e quase perdera sua vida por isso. Correr apenas por diversão seria bom outra vez.


- Ah, isso foi uma lata velha que eu comprei num mercadão de carros usados.- respondeu Vince. – Peguei uns layouts antigos do Jesse, sabe? Eu e o meu chapa, Tyler, nós restauramos a máquina. Bem, nós praticamente construímos um carro novo. Espere só para ver o que essa belezinha pode fazer!


         Letty ligou o motor e acelerou com vontade, rindo.


- Pode apostar que eu vou ganhar essa corrida, Vince!


- Pena que eu vou perder isso!- Vince comentou. – Eu queria ver a cara do Dom quando ele ver você. O Leon disse que o Dom falou pra ele que só está em LA por sua causa de você.


        Letty queria muito acreditar nisso, mas ainda estava muito magoada com Dom por tê-la deixado.


- A grana da aposta está no porta-luvas.- disse Vince.


- Obrigada por fazer isso por mim, Vince.


- Não tem que agradecer não! Nós somos uma equipe, lembra? E agora a equipe está de volta!


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         Dominic sorriu satisfeito quando Leon lhe entregou a chave do carro com o qual ele correria naquela noite. Era um Nissan azul-escuro cheio de modificações incríveis. Dom mal podia esperar para ver o que aquela máquina incrível seria capaz de fazer.


- Aqui está seu carro de dez segundos, Dominic!


         Ele adentrou o carro e Leon sentou-se no banco do carona. Dom ligou o motor e saiu acelerado pelas ruas de Lons Angeles.


- Hey, calma aí, irmão!- exclamou Leon segurando-se no banco do carro. – A corrida ainda não começou não!


         A Hollywood Boulevard estava apinhada de gente naquela noite. Todos loucos para assistir a mais uma corrida entre as feras do asfalto. Como sempre, avia muitos carros de todas as cores de modelos, os capôs levantados e a música que tocava nos potentes estéreos se misturando e se transformando numa poluição sonora que não incomodava os ouvidos acostumados dos competidores, torcedores, apostadores e olheiros.


         Dom estacionou o carro na fileira dos competidores que já se preparavam para a grande largada. Sua entrada repentina no estiloso Nissan chamou a atenção de todos.


- E aí?- disse uma garota muito jovem se aproximando do carro de Dom e trajando vestido pink. Era Suki, a garota que Letty conhecera no banheiro feminino de um bar há um ano atrás.


- Fala aí, gata!- disse Leon que já conhecia a garota. – Esse aqui é o meu chapa, Dominic!


- Dominic Toretto?- indagou Suki com um sorriso. – Cara, você é uma lenda nas pistas. Vai correr esta noite?


- Com certeza.


- Oh!- exclamou Suki. – Já vi que vou perder toda a minha grana esta noite.


- Pode apostar que vai!- disse Dom sorrindo. Ele estava sendo sociável propositadamente para conseguir mais informações sobre a corrida e quem sabe alguma pista importante sobre Letty? – Quem está organizando a corrida, menina?


- Hector.- ela respondeu e o próprio apareceu diante deles naquele momento.


- Dominic Toretto!- exclamou Hector se aproximando do grupo que se formava ao redor do carro de Dom e admirava o Nissan. – Ouvi dizer que tu andava sendo procurado, hombre!


- Digamos que não voltei aos Estados Unidos para uma visita social.- respondeu ele.


- Vai correr com essa máquina? Me gusta mucho. (Eu gosto muito) – Aposto que a sua garota deve ter apreciado bastante! Ainda estão juntos?


        Dom balançou a cabeça em negativo antes de dizer:


- Na verdade, eu estou procurando por ela. Você a tem visto, Hector?


- Hermano (irmão) não vejo a tua chica (garota) faz muito tempo! Mas não tem problema, se vocês não estão mais juntos, talvez a nova garota interesse a você. Ela tem o porte da tua outra muchacha.- Hector então apontou para uma garota de longos cabelos negros, toda vestida de preto que usava poderosos óculos escuros de visão noturna que lhe escondiam parte do belo rosto. Mas pelas curvas que o macacão apertado que ela usava sugeriam, a moça era uma beldade.


- Quem é ela?- Dom indagou, curioso. Tinha algo no jeito dela que lhe lembrava alguém.


- Ela se chama Sarah e acabou de chegar à LA. Vai ser a primeira corrida dela na cidade. Ela me disse que queria correr com um piloto de verdade, então eu avistei você e vim te dar o toque. A gata quer apostar o dobro do cash desta noite com você. Uma única volta no trajeto, quem ficar para trás, perde!


               Dominic focou seus olhos em Sarah. Pensou em recusar a proposta porque afinal não estava ali pra isso. No entanto, pensou que se ela estava tão interessada em correr com ele significava que ela poderia ser um dos pilotos de Braga. Ele ainda não tinha se esquecido do estranho pacote que recebera no Panamá. Se Braga o tina contatado lá, talvez aquela garota trabalhasse para ele e fosse a chave de tudo, incluindo o paradeiro de Letty.


- Diga a ela que eu aceito o desafio!- disse Dom para Hector que sorriu e fez esparro, anunciando a todos que teriam uma excelente corrida naquela noite.


              Alguns pilotos que participariam da competição e conheciam Dom de longa data foram cumprimentá-lo, entre eles estava Edwin e Mônica. Dominic nunca pensou que ela fosse se tornar piloto. Ela nunca gostara de ter graxa debaixo das unhas.


              Ao vê-lo, Mônica se aproximou dele e se insinuou por diversas vezes enquanto trocavam algumas palavras, mas Dom não estava interessado nela ou em qualquer mulher naquela pista. A única mulher com quem ele queria conversar era Sarah. Era estranho, mas a perspectiva de se aproximar dela era como estar perto de Letty outra vez. Dom não conseguia entender isso.


              Sarah se manteve distante até o momento da corrida. Dom tentou falar com ela antes que entrasse em seu carro, um camaro modelo 1968, mas ela sequer olhou para ele por trás de seus óculos e entrou no carro.


              Uma das garotas de Hector, uma morena de seios fartos conhecida como Solita deu a largada, agitando um lenço colorido no ar e fazendo pose sexy em seu microvestido. Dom acelerou o carro e lançou um olhar para Sarah. Ela não correspondeu, estava concentrada na estrada à sua frente.


             Os carros partiram. De imediato, Dom, Sarah, Edwin e Mônica se destacaram na pista, assumindo a liderança.


- Vai, Letty! Vai!- murmurou Leon, baixinho, acompanhando a saída dos carros.


            O trajeto não era muito longo, cerca de cinco quilômetros. Mônica logo ficou para trás e Edwin ficou pau a pau com Sarah e Dominic. Suki os alcançou na última curva, mas acabou batendo de frente com o carro de Edwin.


- Porra!- Edwin gritou irado e Suki desceu de seu carro desferindo impropérios para ele.


           Mas a corrida continuava entre Dom e Sarah. De repente, os carros se chocaram de lado e Sarah sorriu antes de ativar o sistema de impulso. Aquele sorriso distraiu Dom. Maldição! O sorriso dela era idêntico ao de Letty! Não podia ser!


          A distração de Dominic lhe custou caro porque mesmo dando impulso no Nissan, ele não conseguiu alcançar o camaro a tempo e Sarah chegou à linha de chegada com segundos de diferença. O povo a aclamava.


         Várias pessoas se aproximaram dela, gritando e aplaudindo. Hector entregou-lhe um maço generoso de dinheiro. O prêmio do vencedor. Mas Dominic não estava preocupado por ter perdido a corrida e sim intrigado com aquela mulher misteriosa que o fizera perder sua primeira corrida de rua pela primeira vez.


        Ele tentou chegar perto dela, mas a multidão não ajudava muito. Entretanto, de repente, ela se desvencilhou daquelas pessoas e caminhou em direção a um beco escuro. Dom apressou o passo e a seguiu. Seu coração batia tão forte que parecia que ia sair pela boca. Ele precisava chegar perto dela e olhar em seus olhos. Ter certeza de que não estava enlouquecendo.


- Hey!- ele gritou quando finalmente a alcançou no beco.


       Ela parou de costas para ele. Dom caminhou na direção dela.


- Quem é você?- ele perguntou chegando mais perto.


       A mulher misteriosa finalmente se virou para ele e deu um passo à frente, ficando frente a frente com ele. Ela tirou os óculos escuros e mesmo naquele beco mal iluminado, Dominic soube que era ela.


- Há quanto tempo não nos vemos, papi!- disse Letty com ironia e mágoa velada.


 


Continua...


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