POV BELLA

O ambiente do carro era apenas preenchido pela conversa de Renee, que parecia animada com esta saída.

Não parava de repetir que seria “bom para namorar” e bom “para a Bella conhecer alguém”.

Não conseguia fazer nada além de bufar, devido às duas alternativas apresentadas.

- Bella, não estás animada?

- Sim, muito – tentei imprimir o máximo de alegria na minha voz, fugindo do olhar de Edward, que insistia em encarar-me pelo espelho.

Senti o telemóvel a vibrar na mala e depressa o tirei vendo que tinha uma mensagem de Tanya.

“Tenta aproveitar a noite. Conhece o rapaz e vê se te distrais. Vai ser
bom para ti.”

Sorri para as suas palavras de incentivo. Palavras que eram mesmo aquilo que eu precisava de ouvir. Tanya tinha a facilidade de dizer o que eu precisava de ouvir, quando precisava de ouvir. Tinha sido sempre assim.

Respirei fundo interiorizando o meu  novo mantra.

“Esquecer Edward Cullen. Esquecer Edward Cullen. Esquecer Edward
Cullen.”

Eu estava com esperanças de que se repetisse muitas vezes poderia convencer-me a mim própria.

- Chegámos – soou a voz de Edward, que rapidamente conseguiu um lugar onde estacionar.

Quando nos aproximámos da porta Edward apontou com a cabeça para um lugar um pouco mais afastado.

- Está ali o James.

Olhei em volta, seguindo o seu olhar e encontrei um loiro muito bonito, alto e que parecia forte. Poderia ser um homem de tirar o folgo à maioria das mulheres, mas a mim parecia bonito e pronto. Ponto final.

- Então filha, o que achaste?

- É bonitinho. - respondi, vendo Edward fazer uma careta. Franzi a sobrancelha. O que se estava a passar com ele?

James aproximou-se assim que nos viu e sorriu ao olhar-me de alto abaixo. O sorriso que deu dava-lhe a aparência de bad boy, coisa que ele era de certeza.

- Olá Edward – eles trocaram um aperto de mão.

- James, à quanto tempo. Lembraste da Renee?

James sorriu galanteador.

- Claro, tudo bem? – perguntou estendendo a mão.

- Tudo e contigo?

- Também.

- E esta é a Bella, filha da Renee. Bella este é o James.

- Bella, é um prazer conhecer-te. És ainda mais bonita do que o Edward me disse. – corei com o elogio.

- Prazer, James. – cumprimentei apertando a mão que me era estendida.

Ele sorriu.

- Vamos entrar?

- Vamos lá – Edward disse enlaçando a cintura de Renee e puxando-a, enquanto James fazia o mesmo comigo.

Assim que entrámos, fiquei admirada com a beleza do lugar. As escadas davam para um salão, um espaço com um bar e vários sofás e outras escadas levavam à pista de dança, que ficava num nível mais abaixo.

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A música animada contagiou-me e comecei a balançar levemente o corpo.

- Vamos dançar? – perguntei animada.

- Vamos lá – James respondeu, puxando-me pela mão para a pista.

Edward e Renee sentaram numa mesa que dava para a pista enquanto nós começamos a dançar.

O meu corpo mexia sozinho, relaxado pela música, depois do tempo que passara desde a última vez que estivera num lugar assim.

Fiquei de frente para James e os dois riamos enquanto tentávamos acertar o passo, sem conseguirmos.

James virou-me de costas para ele, colando o corpo ao meu. Lembrando-me das palavras de Tanya levei as mãos atrás, circulando o seu pescoço e movendo o meu corpo ao mesmo ritmo do dele.

As mãos de James pousaram na minha cintura.

O seu corpo era forte contra o meu. Fechei os olhos sorrindo, animada por poder descontrair depois da tensão toda com Edward.

- Este é um bom sitio, não é? – James perguntou-me ao ouvido.

Desencostei a cabeça dos seus ombros para o olhar.

- Sim. É o primeiro bar a que venho aqui.

Ele sorriu e apertou-me mais de encontro ao seu peito.

Continuamos a dançar, agarrados no meio da pista até que abri os olhos, deparando-me com o olhar de Edward sobre nós, enquanto ao seu lado Renee falava animada, provavelmente comentando o ambiente, já que olhava para todos os lados enquanto falava.

Fechei novamente os olhos, para me desligar dos problemas e aproveitar a dança.

Quando já tínhamos dançado várias músicas fomos até à mesa, onde Renee e Edward ainda estavam.

- Vocês não dançam? – perguntei, enquanto me sentava – Viemos aqui para dançar, não?

- Diz isso ao Edward. Ele parece ter sentado para ficar. Já pedi várias vezes para irmos dançar e nada. – Renee reclamou rindo.

- Acho que o jantar me fez mal –Edward explicou, desviando o olhar para a mão que James acabara de colocar no meu ombro.

Olhei para o meu ombro, em seguida para James e depois para Edward.

- Queres ir para casa, querido? – Renee perguntou, passando a mão pelo seu rosto.

- Sim, vou deixar-vos em casa e depois vou descansar. Amanhã já estou melhor de certeza.

- Bella, fica mais um pouco – James interrompeu, olhando-me– Eu levo-te a casa. Acabamos de chegar e tenho a certeza de que ainda não aproveitaste tudo.

Sorri, porque era mesmo verdade. Eu tinha saudades destas saídas.

- Aceito. Mãe, tudo bem se eu ficar?

- Claro, querida. Não há problema – ela sorriu radiante, levantando-se e puxando Edward. - Vamos deixar as crianças aproveitar a noite.

Despedimo-nos e ficámos os dois sentados à mesa.

Assim que eles dois saíram de vista, James afastou a mão do meu ombro .

- Vamos lá para cima, Bella? Assim podemos falar sem tanto barulho.

- Vamos.

Subimos até ao terraço do bar onde uma bonita esplanada com cadeirões nos esperava.

Sentámos num dos sofás e James virou-se para mim, olhando-me atentamente.

- O que foi? – perguntei nervosa com o seu olhar.

- Como é estar apaixonada pelo namorado da tua mãe?

O meu coração perdeu uma batida e senti todo o sangue fugir-me da face.

- o que? O que queres dizer com isso?

- Ora Bella. Tu até conseguiste disfarçar um pouco, agora o Edward – ele balançou a cabeça, com um sorriso nos lábios – ele praticamente me matou com o olhar quando te puxei para dançar.

- Isso são coisas da tua cabeça, James. O Edward é apenas o meu padrasto. Namorado da minha mãe e nada mais.

- Estás a tentar convencer-me a mim ou a ti própria?

Desviei o olhar dos seus olhos azuis, sem conseguir encará-lo.

- Eu…

- Bella – ele interrompeu, pousando a mão em cima da minha – eu conheço o Edward há vários anos. Ele nunca foi do tipo que pula a cerca. Sempre foi um rapaz certinho a quem eu tentei imitar, durante um tempo, já que para mim ele era um exemplo. Mas também sempre o achei mais contraído.

Assenti, esperando ele que ele continuasse.

- Mas esta noite, o Edward parecia fechado numa concha. Controlando-se para não te arrancar das minhas mãos, e isso levou-me a ser um pouco mais assanhado. Peço desculpa por isso já agora – ele disse com um sorriso.

Sorri-lhe de volta, porque realmente ele parecia uma pessoa de confiança.

- Mas Bella, tem cuidado. Porque a tua mãe já está desconfiada, embora tente disfarçar de todas as maneiras.

Olhei-o de olhos arregalados.

- Eu não queria que nada disto acontecesse. A sério que não – ouvi-me a dizer – Quando decidi vir morar com a minha mãe tinha apenas o objectivo de me reaproximar de Renee. Mas então conheci o Edward, e tudo fugiu do controlo. Eu sinceramente não sei o que fazer. Não quero fugir e voltar para Forks, mas também não quero continuar a vê-los juntos.

- Sim, eu percebo. Mas se queres a minha opinião. É pior ires embora. Vais ficar la a imaginar mil e uma coisas. Ao menos cá sabes o que se passa.

Suspirei.

- Eu sei. Porque é que isto tinha que acontecer?

- Não sei. Acontece e pronto. Não tens grande escolha quando o coração escolhe. A menos que lutes contra isso e geralmente a luta somos nós quem a perdemos.

Olhei-o interessada.

- Parece-me que tens uma boa história para contar.

- Sim. Esta saída para mim também é uma forma de esquecer um pouco. A mulher por quem estou apaixonado é filha do marido da minha mãe. Somos praticamente irmãos.

- E ela? O que é que ela sente?

- Eu acho que ela sente o mesmo. Tem alturas em que eu me convenço que sente o mesmo, mas logo a seguir ela retrai-se. Tem medo daquilo que os outros vão pensar.

- Eu entendo-a. Vocês foram ensinados a verem-se como irmãos. É difícil agora romper com esse conceito.

- Eu sei.

- Ela tem a certeza do que sentes por ela?

- Não sei.

- Se calhar é disso que elaprecisa. Sentir confiança no amor que sentes por ela para se conseguir soltar das amarras do preconceito.

James olhou-me espantado e para falar a verdade eu também estava.

- Onde foste buscar isso? – perguntou-me com um sorriso.

- Estava a pensar no mesmo. Não faço ideia.

James riu.

- Vamos mudar de assunto. Falam-me de ti.

Ficámos naquela esplanada por muito tempo, na conversa sobre os mais variados assuntos e eu sentia como se o conhecesse à anos.

- Bella, pareces muito diferente da menina tímida que chegou aqui esta noite – ele comentou em certa parte da noite.

-Sim eu sei. Acho que depois de tu saberes os meus sentimentos pelo Edward e depois de eu saber que estás também apaixonado foi mais fácil relaxar. Eu só vim hoje para parar de ouvir a minha mãe a empurrar-me para cima de alguém. Já não conseguia ouvi-la.

- Eu acho que ela está a fazer isso para ter a certeza dos teus sentimentos pelo Edward. E dos sentimentos dele por ti.

Ao ver-me novamente cabisbaixa ele voltou a mudar de assunto e ao olhar para o relógio assustei-me.

- James, são cinco da manhã.

Ele pareceu tão surpreso quanto eu.

- Sério? – perguntou, olhando para o próprio relógio – Bella nós temos de ir embora. Eu vou fazer o turno da tarde, preciso de descansar.

- Claro, vamos lá.

Fomos pagar, ou melhor, James pagou, já que não me deixou chegar nem perto da carteira, e logo em seguida estávamos dentro do seu carro a caminho de minha casa.

Assim que estávamos à porta do prédio virei-me para James.

- Diverti-me muito mais do que estava à espera esta noite. Obrigada por isso.

- Não tens de agradecer. Eu é que agradeço. Foi bom ouvir uma opinião alheia.

Sorri e inclinei-me, dando-lhe um beijo na bochecha.

- Não vamos perder o contacto Bella.

- Sim, tens o meu número, liga-me.

- Tenho uma ideia melhor – sorriu e ao perceber que ele não me diria mais nada sai do carro, entrando rapidamente em casa.

Assim que cheguei, tirei as roupas, a maquilhagem, vesti o pijama e deitei-me, adormecendo logo em seguida.