Na outra manhã, como de costume, passei na casa de Hayley e andamos até a escola. Eu ainda tinha que revelar a ela que o Frank era o safado da lanchonete e o ladrão de Tracy, e quando disse isso, Hayley quase desmoronou, perplexa.
- Mas... Mas como, Gerard??? Tem certeza mesmo?
- Claro! Pra provar, ele já sabia onde eu trabalhava, e ontem, quando fomos terminar aquele trabalho, sabe?... Ei, falando nisso, com quem você caiu?
Hayley quase me enforcou.
- Eu caí com a Jane. Mas fala logo! O que aconteceu ontem??
- Ele quase falou o motivo que o levou a roubar a Tracy. E até falou o nome dela! Era ele sim.
- E aí? – ela queria saber de tudo.
- E aí que Joseph chegou e estragou tudo. O Frank não disse mais nada.
Nesse momento, Hayley fez uma cara de pena, e eu contei a ela sobre o comportamento estranho do meu pai. Ela limitou-se a brincar:
- Vai ver o Frank já havia roubado seu pai também... Vai saber – riu, e depois cochichou – Olha ele ali.
Hayley balançava as mãos freneticamente a Iero, que nos avistou, e correu até nós.
- Oi – sorriu.
- Tudo bem? – ela perguntou.
De repente, algo um pouco improvável aconteceu. O cara mais tosco da escola passou ao lado de Frank, e fez um gesto obsceno, encarando-o cruelmente. E esse cara, por coincidência ou jogo do destino, era o irmão de Tracy, amado por tudo e todos os membros da sociedade. Um bosta.
 Os olhos de Frank ficaram mais desbotados, e ele passou a roçar seu hematoma roxo com certo receio. Depois respondeu a pergunta de Hayley. Quero dizer, mentiu.
- Tudo. Tudo bem.
O sinal tocou. Todos entraram na sala, e agora só nos restavam as mesmas carteiras condenadas, lá no fundo.