Frank sentou-se ao meu lado e suspirou.
- A Tracy. É que eu...
Iero parou de falar, pois ouviu um ruído na porta. Merda. Era meu pai.
- Gerard? – ele me chamava à medida que entrava em casa – Já chegou?
Eu não queria responder, estava com vontade de bater em Joseph. Parece que chegou exatamente nesse horário pra não deixar Frank contar a tal da verdade. Quis matar, mas não tive outra escolha, além de dar um berro:
- Tô na cozinha.
Ao ouvir isso, Joseph andou até a cozinha sem parar de falar, porém eu mal entendi uma sílaba daquele monólogo maçante. Frank murmurou:
- É o seu pai?
- É. Olha ele ali... – apontei para a porta, e Frank se levantou.
Esse momento foi muito curioso. Quando Joseph viu Frank ficou totalmente perdido. Parecia até um pouco perplexo. Eu levantei também e o apresentei ao meu pai. Frank foi todo alegre cumprimentá-lo de perto, mas meu pai parecia desconsertado:
- Oi, tudo bem, Sr. Way? – Frank deu a mão e sorriu.
- Tu-tudo – respondeu, apertando a mão do garoto um pouco atrapalhado, e logo depois se retirou para o quarto.
Acho que Iero sentiu o mesmo que eu. Fitou-me, e percebi em seus olhos dois pontos de interrogação. Sorriu novamente, e anunciou:
- Bem, melhor eu ir. Até amanhã, Gerard.
Eu o acompanhei até a porta, e ainda pude sentir aqueles pontos de interrogação verdes pesando sobre meus olhos.

Andei o corredor até meu quarto, mas não pude controlar a minha vontade de ver como meu pai estava. Ele não era disso. Fui silenciosamente até seu quarto, e tentei rodar a maçaneta sem fazer ruído, mas a porta estava trancada. Abaixei até a altura do buraco da maçaneta e bisbilhotei, porém o breu era quase total por causa da maldita chave. Sem entender nada, arrastei meu corpo até meus aposentos, pensando. Comecei a achar que Joseph possuía o mesmo lado anti-social que eu, ou que ele simplesmente teve a mesma sensação que tive ao olhar Frank pela primeira vez. Era uma hipótese aceitável. Ou não.
Isso eu ainda não sabia afirmar.