Notas Suicidas escrita por Pu_din


Capítulo 31
Anotação n°30


Notas iniciais do capítulo

RETA FINAL - 10 capitulos ;_;



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Eu não tinha nada para fazer. O quarto estava impecável – algo quase milagroso de se ver -, os livros milimetricamente organizados dentro da mochila, e esta pendia na maçaneta do guarda-roupa, e balançava de um lado ao outro, de modo lento, maçante. E eu me afogava nas almofadas da minha cama arrumada, com os olhos no meu pôster do Wolverine. Ele me encarava como se quisesse bater um papo comigo, e eu não pude recusar:
- Deve ser maravilhoso morar em um papel, não é? – disse-lhe observando sua boca se contorcer em um sorriso invisível.
Acho que isso foi um sim. Prossegui:
- Eu queria dar uma volta. Sei lá, cara, ir falar com alguém... O que acha?
Wolverine apagou seu sorriso, e passou a metralhar-me com o olhar furioso. Logo entendi o recado.
- É mesmo. Você também achou? O Joseph vai arrancar meus cabelos se descobrir que eu saí. Sei lá, ele estava estranho. Meu pai não é de sair cedo no trabalho, ou ir dar voltas com o carro. Você sabe disso melhor do que eu, não é?
Eu juro que o vi concordar comigo. Eu sorri, prosseguindo:
- Eu acho que estou realmente louco, Wolverine. Imagina só: eu conversando com você. Isso é irônico. Daqui a pouco vão bater na porta com uma ambulância de hospício... – eu ri sozinho, pousando os olhos no teto. – E a Hayley deve estar bem melhor agora. Aqui é um inferno! Digo, essa cidade. Ela deve estar no céu, a Hay era um anjo...
Meus olhos começaram a lacrimejar de modo desordenado, e eu odiei isso. Levantei-me possesso da cama, e corri para perto de meu amigo/pôster, observando suas garras. Eram atraentes demais, e quis dar um soco nelas só para ver se me sentiria melhor. No mínimo, se fossem reais, iriam dissecar minha mão em um segundo, e se eu gostasse disso, eu seria um masoquista. Porém, eu não poderia esperar mais nada de mim. Eu estava pirando naquele cubículo.
- Eu confio em você. Não iria me dedurar, não é, Wolverine? – sorri para ele, e o vi sorrir também. – Tudo bem, já entendi. Mas vai ter uma boa causa, tudo isso. Confia em mim. Ok, eu também te amo.
Ri como um lunático e vesti minha jaqueta com um gorro embutido, pois isso poderia me ajudar caso Joseph me visse na rua. Saí de casa e tranquei a porta com uma ansiedade repentina. Um plano estava se formando em minha mente.

Toquei a campainha da casa de Sra. Williams.
- Oh, Arthur! Que surpresa... – ela sorriu.
- Tudo bem com a senhora?
- Sim, sim. Estou indo – ela fez uma pausa, lembrando-se de algo que contorceu sua expressão, tornando-a melancólica. – Quer entrar?
- Não, obrigado. Na verdade eu vim aqui pra te perguntar um negócio...
Agora Sra. Williams estava realmente curiosa, e me olhava de modo prestativo.
- Já descobriram quem foi que... fez isso com a Hay?
Ela suspirou.
- Ainda não, querido. Mas os policiais ainda investigam o caso... Eu te ligo quando tiver notícias.
- Tá bom, mas... Onde o Sebastien está agora?
Seus olhos se tornaram sérios.
- Está no hospital, ainda. Se recuperando do tiro.
Eu assenti com a cabeça. E logo uma idéia me iluminou:
- Só mais uma pergunta – eu sorri, tentando ser despreocupado para não alarmá-la. – Sabe em qual hospital ele está?
- Sei, é aquele perto do bosque do centro, ao lado da catedral. Você conhece?
- Conheço, sim... – um arrepio percorreu meu corpo só de lembrar-me daqueles socos no estômago. Isso me deu náuseas. – Obrigado, Sra. Williams. Tchau.
- O que aconteceu no seu rosto, Arthur?
- Isso? – eu passei os dedos no machucado na bochecha. – Eu caí.
Ela riu.
- Tchau, querido.
Eu apressei os passos, lembrando da estranha voz autoritária de Joseph, mas agora o hospital me aguardava.


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Notas finais do capítulo

Vcs estão gostando? digam a verdade :B b29;