Notas Suicidas escrita por Pu_din


Capítulo 28
Anotação n°27




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Enquanto as horas passavam na lanchonete, minha mente começava a se obstinar a encontrar Frank ainda nessa noite. Mesmo que isso me custasse a madrugada toda correndo por todos os parques e catedrais fúnebres, eu tinha que encontrá-lo. E esse era o plano.
Faltava somente meia hora para me livrar desse avental e ir à minha caçada, até que uma cliente peculiar aparece em minha frente.
- Oi, por favor, uma Coca e uma porção de batatas fritas – a garota tirava a jaqueta e a colocava em cima do balcão, e eu, como homem, não pude não notar seu busto, mas não foi culpa minha. Quem usaria um decote tão imenso no outono gelado desse fim de mundo?
- Claro – aquietei-me pelo decote e pela presença da menina em minha frente, que parecia não lembrar-se de minha existência. Era previsível.
Ela sorriu e levantou o olhar para mim. Abismou-se de imediato.
- Gee! Você aqui! – ela sorriu com exagero.
- Oi, Tracy – murmurei, desviando meus olhos para pegar a Coca e as fritas.
- Você está bem, meu herói? – e ela sorriu novamente, com uma simpatia apaixonante.
E eu nem te conto o quanto eu odiei (de novo) esse “herói”.
- Tô indo. E você? Mais algum assalto à vista?- sorri sarcástico enquanto entregava-lhe o pedido.
- Claro que não! Pelo menos Frank, aquele marginal de quinta, não se atreveu a mexer comigo de novo.
Eu a fitei nos olhos imensos e azuis, tentando decifrar como ela pôde saber o nome dele.
- Muito bem – comentei, esboçando um leve sorriso.
- Mas me diga, Gerard, como você consegue andar com aquele ser? – Tracy perguntou-me após assassinar uma daquelas batatas smile com os dentes.
- Ele é um cara legal. Tem seus ataques, mas não é tão perigoso...
Ela me olhava assombrada, mas logo desviou o olhar para a lata de Coca.
- Sabe, você é um cara ótimo. Eu tenho medo que aconteça algo com você... Algo pior que esses seus machucados no rosto...
Nessa hora eu quase babei. Eu era ótimo, afinal.
- Desencana, Tracy. Não vai acontecer nada comigo.
A garota sorriu, e logo procurou em sua bolsa o dinheiro para pagar os pedidos.
- Então estou bem, agora. Mas, em minha opinião, Frank é muito...
- Enigmático? – sugeri.
- Isso, enigmático. Leve isso para um lado ruim – seus olhos ficaram sérios, e penetraram nos meus como se me alertassem. Eu sorri para confortá-la.
- Eu sempre ando com um spray de pimenta. Fica tranqüila.
Seus lábios se abriram em um belo sorriso, e ela pegou a lata de refrigerante e a jaqueta, piscando para mim em seguida.
- A gente se vê, queridinho.
- Tchau.
Tracy desaparece na porta de vidro. E meu cérebro começa a apitar.
Frank? Seria mesmo tão... perigoso?

Olhei o relógio com uma ansiedade acima do normal. Aquilo tudo me agonizava, principalmente os minutos, os segundos. E quando deram seis horas em ponto, peguei minhas tralhas e disparei para a rua.


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Notas finais do capítulo

espero que estejam gostando da históoria *-* bjs para todo mundo