Notas Suicidas escrita por Pu_din


Capítulo 16
Anotação n°15




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Depois que Frank se acalmou, acompanhei-o até a sua casa, e corri para a minha com certo receio de meu pai. Ao chegar lá tudo estava na maior escuridão, e percebi que ele já estava dormindo. Joseph é um tanto metódico nos horários, e dorme exatamente às dez horas. Chega a ser bizarro, mas ele sempre foi certinho, já era para eu ter acostumado.
Olhei no relógio, que marcava uma hora da madrugada. Tentei não fazer nenhum ruído ao caminhar ao meu quarto, e deu certo. Entrei, vesti o pijama e fui dormir.
Preciso salientar que fui tentar dormir, mas o sono não vinha. Eu não conseguia parar de pensar. Imaginava minha Hayley com aquele tal de Sebastien, e me roia por dentro. Não que eu seja ciumento, não sou nem um pouco, eu acho. É que é estranho pensar em Hayley namorando. Depois, pra piorar a insônia, comecei imaginar aquele cretino com os lábios cravados em minha pequena Hayley, mas era natural, caso os dois dessem certo. É que eu sou um tanto possessivo. E isso me fez lembrar daquele outro dia, quando a gente se beijou, mas foi por pura inocência. Naquela época, quando tínhamos uns dez anos, nós nunca havíamos experimentado aquela sensação, e então aconteceu. Desde então nunca mais tocamos no assunto, e nem faço questão. O que sinto por ela é amor, é claro, mas um amor de “irmão possessivo compulsivo”, somente. É natural.
E após as reflexões virei-me para a esquerda e apertei os olhos. Também cuspi meu cabelo - ele insiste em entrar em minha boca -, e tentei dormir. Mas era impossível. Minha mente não parava! Agora ela pensava em Frank e naquele machucado. Como era deprimente a vida daquele ser. Imaginava ele roubando toda santa noite pela causa mais justa, porque enquanto se afogava em lágrimas ele me disse que sua mãe não gostava da idéia de vê-lo trabalhando, e sendo um espectador daquela triste situação, ele roubava e comprava os tais remédios, dizendo que o patrão é que havia lhe mandado. E a mãe acreditava. E eu vi que o seu relato era real. Eu sei quando ele mente, e também sei quando diz a verdade, e aquela era a mais crua verdade.
Agora eu fitava o teto, ainda pensando nele. Lembrei daquele momento em que quase me esmagou com seu abraço desesperado, e de seus olhos desbotados, e de seus sussurros contínuos. Aquela carne viva e ferida contra meu tórax... Eu não sabia como explicar a mim mesmo, mas nós dois parecíamos imensamente interligados. Quando ele sofria, eu sofria junto. Quando ele sorria, eu sorria também, na mesma sintonia. Era como se nós dois fôssemos um só, e eu não tinha uma teoria pronta sobre isso, o que me perturbava.
Balancei a cabeça na negativa, vendo que eu estava no ápice dos meus devaneios. Cobri-me completamente com o lençol e me obriguei a dormir. Aquelas idéias me enlouqueciam


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