Notas Suicidas escrita por Pu_din


Capítulo 13
Anotação n°12




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O frio parecia atrofiar todos os meus músculos, principalmente por causa dos enormes rasgos da minha calça, e cheguei à conclusão de que os buracos no jeans eram inúteis, principalmente nesse tempo.
Parei em frente à porta de Hayley e toquei a campainha. Senti -me observado pelo olho-mágico, mas o que eu mais queria naquela hora era uma coberta para os meus joelhos.
- Arthur! Querido! Como vai? – a mãe de Hayley abre a porta totalmente sorridente e faladeira.
- Eu vou muito bem, senhora Williams – disse eu encolhendo os joelhos.
- Oh! Oh! Que ótimo! – exclamou sorridente, mal percebendo que metade do meu corpo havia paralisado por causa do maldito vento.
 - A Hayley está? – perguntei enquanto colocava o gorro. Não sentia mais as orelhas.
- Oh! Está, sim... – sorriu.
- Poderia avisar que estou aqui, por favor? – agora eu nem conseguia mais respirar. Achei que meus pulmões haviam parado. Estava morrendo, de fato.
- Oh! Claro! Entre, querido... – ela afasta o corpo para eu passar, e entrei na sala retirando o gorro e roçando os dedos no meu gelado nariz. Graças a Deus estava inteiro, ainda.
- Hayley está lá em cima. Se quiser subir, fique a vontade...
- Tá bom – assenti e subi as escadas.

O quarto de Hay era inconfundível. De todos que existiam em sua casa, o dela se diferenciava pela porta totalmente destruída, cheia de cola de adesivos e pôsteres antigos. Parei diante dela e bati.
- Gerard! – ela sorriu e puxou-me para dentro do quarto – Você tá todo vermelho!
- Pois é. O frio está terrível... – observei.
Hayley estava toda pomposa, com um casaco verde cheio de botões, e uma calça jeans clara que invejei por não conter nem um buraco que seja. E estava sem sapatos, só com uma meia cinza e desbotada.
Sentei na primeira cadeira que vi, e me abandonei por lá. Hayley arrumava algo, até que se virou e percebeu meu moletom idolatrado.
- Cara! Que coisa mais linda! Você nunca me mostrou...
Levantei e andei até o espelho, acariciando o lado do peito em que ficavam as escritas em latim.
- Lindão, não é? Fala pra mim, fala? – caçoava, enquanto passava as mãos pelos cabelos e com os lábios entre os dentes, me sentindo um perfeito... cretino.
Ela tirou seu casaco verde pomposo e o jogou na cama, e logo veio puxar o meu moletom pelo gorro.
- Vai, me deixa experimentar...
- Humm... Não.
- Vai! Me deixa um pouquinho...
- Não sei...
- Larga de ser idiota e deixa logo! – berrou.
- Agora é que eu não deixo...
Ela riu, e me chantageou:
- Está vendo aquela caixa de doces? É toda sua. Agora vai, deixa...
Eu a olhei com a sobrancelha arqueada, e tirei o agasalho, rindo.
- Que coisa... – sussurrou admirada com as estampas das costelas. Agora ela acariciava o lado das palavras em latim, com os olhos brilhosos. – Sabe, meu aniversário está perto...
Eu a encarei, sentindo os braços congelarem.
- Quando eu enjoar eu te dou – brinquei.
- Já enjoou?
- Não.
Rimos. Idiotamente, mas rimos.


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