Eu Te Odeio Vs. Eu Te Amo escrita por maria


Capítulo 11
A verdade


Notas iniciais do capítulo

Olá! Eu sei que estou sumida. Foi muito difícil terminar esse capítulo. Era pra ser um momento romântico de cumplicidade dos dois, mas estou muito deprimida, então. Me perdoem. Espero que gostem. Boa leitura e nos vemos lá embaixo.



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Pov Bella

Acordei me sentindo estranhamente feliz. O dia anterior tinha sido estranho, definitivamente. Mas eu gostava. Era bom poder beijar Edward a hora que eu quisesse, quase como se nosso “relacionamento”, não fosse tão maluco. O problema era eu não ter uma explicação lógica para isso, não fazia o menor sentido, e, há muito tempo, eu havia aprendido a fugir de coisas sem sentido. Porém eu não queria fugir disso.

Olhei para os lados e Edward não estava lá. Dormir ao seu lado fora tão bom, me sentia protegida.

Me levantei e percebi algo que não havia percebido de noite, um violão. Ia perguntar isso a ele quando tivesse oportunidade. Ou quando o encontrasse. Saí do quarto e fui em direção à sala. Então ouvi um barulho na cozinha. Rapidamente cheguei lá, e me deparei com uma cena do tipo filme romântico. Edward, ainda com a roupa de dormir, cabelo bagunçado, arrumando uma linda mesa de café da manhã. Ele me viu e sorriu.

- Bom dia.

- Bom dia também. Hã, isso...? – falei, tentando conseguir uma explicação.

- É a nossa mesa de café da manhã. Você sempre só toma um café ou come qualquer coisa, então eu fiz um café da manhã mais reforçado, porque vamos precisar. – disse com um tom meio misterioso.

- E posso saber para quê?

- Surpresa. Mas vou te levar para conhecer um lugar. – sorriu. Como não ficar hipnotizada com ele?

- Parece que só me resta comer, então. – falei fingindo indignação.

A mesa estava cheia de tudo que se pudesse imaginar: bolos, pães, tortas, geleias, doces, sucos, leite.

- É, só resta isso mesmo. – deu uma risada.

- Onde você arrumou tudo isso? – perguntei desconfiada.

- Ah, Bella, assim você ofende meus dotes culinários. – fez uma pausa e depois riu. – Comprei na padaria agora pouco.

- Por falar nisso, que horas são?

- Algo em torno de dez. Você dormiu demais.

- Eu nunca acordo dez horas, pelo menos não em circunstâncias normais. – falei espantada.

- Claro, porque as atuais circunstâncias são as mais normais do mundo.

- Tem razão. – ri. – Mas eu estou tão confusa! Você não imagina como está minha cabeça agora. – disse dando ênfase no “agora”.

- O que faz a sua cabeça ficar mais confusa agora do que ontem?

- Primeiro, a gente dormiu abraçado. Segundo, estou me revelando, porque até um beijo eu já te pedi. Terceiro, você fez esse café da manhã.

Ele riu.

- Eu estou tão confuso quanto você, mas não vou me negar isso, – fez um sinal para nós dois – só porque não tem explicação.

- Acho que você está certo.

- Eu sei. Às vezes, a melhor coisa a se fazer é nada. Só, deixar ser. E agora estou me lembrando de uma coisa. – disse com um sorrisinho malicioso.

- O quê?

- Você me pediu um beijo ontem e eu te dei, agora você está me devendo.

Não esperei que ele dissesse mais nada e passei os braços envolta de seu pescoço e o beijei. Acho que eu nunca me cansaria daquilo. Nossos lábios colados, as línguas dançando, mas tudo tem que acabar. Nos separamos ofegantes e com as testas coladas.

- Acho que nunca vou me cansar disso. – ele disse quase em sintonia com meus pensamentos, e eu ia dizer isso, mas minha boca ficou muito ocupada.

[...]

Depois do café da manhã, Edward falou que eu deveria me arrumar para ir até a “surpresa”. Eu estava muito curiosa. Perguntei que tipo de roupa eu deveria ir, e ele disse “qualquer coisa confortável”. Eu parecia uma adolescente no primeiro encontro de tão nervosa que estava. Claro que se eu tivesse mais experiência com encontros seria mais fácil. Meu primeiro encontro foi com um filho de uns amigos dos meus pais. Ele era um playboy ridículo, que se achava o dono do mundo, e só queria transar comigo. Nunca dei muito confiança para ele, então não conseguiu nada.

Optei por um visual normal. Calça jeans, camiseta e All Star. Só esperava que ele não me levasse a um lugar chique, mas não tinha muita fé nisso, então fui assim mesmo.

- Estou pronta. – disse chegando à sala. 

Ele me olhou de cima a baixo.

- É, até que serve. – fingiu desdém.

- Nossa, assim você ofende minha beleza. – falei imitando-o.

Ele riu.

- Brincadeira. – veio em minha direção e me deu um abraço apertado. Retribuí.

- Seu cheiro é bom. – soltei sem pensar.

Ele afrouxou um pouco o abraço e me olhou. Depois me abraçou de novo e respirou fundo em meu cabelo.

- Seu cabelo tem cheiro de morango. E eu nunca gostei tanto de morango.

[...]

- Eu não vou fazer isso. É ridículo, Edward. – falei meio irritada.

- Poxa, Bella. Se você ver o caminho não vai ser uma surpresa tão grande assim. – disse tentando colocar a venda em meus olhos.

- Acho que não adianta reclamar, né? – suspirei.

- Não. – riu e colocou a venda em mim.

A viagem foi silenciosa, mas não era um silêncio ruim. Ele colocou numa estação de rádio com músicas bem calmas. Eu não me aguentava de ansiedade, e aquela venda não ajudava em nada. Tentei perguntar alguma coisa, alguma dica sobre onde iríamos, mas ele não disse nada. Só senti o carro parar depois de meia hora, que mais pareceu meio século.

- Posso tirar essa venda agora?

- Só vai tirar quando nós chegarmos lá. E ainda falta um pedaço.

- Mas o carro...Não me diga que vamos andar a pé? – perguntei horrorizada.

- Sim, mas é só um pouquinho.

- Eu vou cair. – murmurei.

- E eu vou estar lá para te segurar. – disse com seriedade.

Depois disso senti que a porta foi aberta, pois entrou uma brisa suave. Edward pegou minha mão e me guiou para fora do carro. Ele passou o braço em minha cintura e fomos andando assim até ele parar e dizer:

- É aqui. Pode tirar a venda. – falou vitoriosamente, e eu podia jurar que estava sorrindo.

E então, apressada, eu tirei a venda. Mas desejei não tê-lo feito.

POV Edward

Depois de preparar um café da manhã para Bella, resolvi levá-la para o lago, meu paraíso particular. Obriguei-a a colocar vendas nos olhos, para que não visse o caminho ou desconfiasse de algo. Chegamos lá e eu disse que ela poderia tirar a venda. O fez rapidamente, e, em seguida, congelou.

Sua expressão estava estranha, como se tivesse levado um choque. Me perguntei o que poderia haver de errado. Parecia estar em outro planeta. E então, começou a tremer, soluçar, chorar. Eu não sabia o que fazer, me sentia impotente. Era doloroso vê-la tão frágil. Como eu queria saber o que estava acontecendo. Não sei por quanto tempo ela ficou chorando até que disse alguma coisa.

- Como você sabia? – foi quase um sussurro.

- Eu não sei de nada, Bella. Me desculpe por tê-la trazido aqui, não sabia que você ia ficar assim. Me perdoe. – implorei.

- Não, não. – deu um meio sorriso por entre as lágrimas. - Não se desculpe. Eu amo esse lugar. É só que...me traz lembranças boas. E as lembranças boas são sempre as piores, quando não se pode revivê-las.

Minha confusão era visível. Não entendia nada. Gostaria que ela me contasse, mas não ia forçá-la a isso.

- Você não deve estar entendendo nada. – suspirou. – Bom, acho melhor você saber de tudo.

- Tudo o quê?

- Minha história. Você me contou a sua, nada mais justo do que eu contar a minha.

- Não precisa fazer isso se não quiser.

- Mas eu quero. Só que nem sei por onde começar. Tem tanta coisa até chegar nesse lago.

Esperei. Ela parecia perdida em lembranças. Fungou e limpou qualquer vestígio de lágrimas em seus olhos.

- Acho melhor começar do início. – fez uma pausa, e, depois de alguns segundos, recomeçou. – Eu tinha cinco anos. Era bem independente. Meus pais não me davam atenção, na maior parte do tempo ficava em creches, ou com babás. Mas aí um casal começou a trabalhar lá em casa. Sue – deu um sorriso ao pronunciar esse nome – e Harry. Ela era cozinheira, e ele motorista. Uma vez eu fiquei doente, vários dias em casa, e ela fazia sopa para mim. Era tão boa, que uma vez fui a cozinha observá-la cozinhar.  Eu detestava qualquer babá, fazia o inferno para elas se demitirem. E houve uma época em que fiquei sem babás, mas meus pais não ligaram, pois eu tinha Sue. E ela virou uma cozinheira-babá. Harry sempre me levava pra escola, e fazia brincadeiras comigo, ele era muito legal. – ela já estava chorando de novo, nesse ponto. – E eu também tinha um amigo, Seth. Nós éramos os melhores amigos do mundo, inseparáveis. Ele era filho do sócio do meu pai, Billy. Ele era bastante legal, e eu gostava dele. Quando ia a casa de Seth, Billy me tratava como filha. E assim era minha vida. A escola era uma droga, mas Seth sempre me defendia de tudo e todos. Mas, depois do meu aniversário de 12 anos, meu pai e Harry brigaram. Foi um briga feia, até hoje não entendo o motivo, mas ele se demitiu. E, adivinhe só, quem o contratou? Billy. Não me entenda mal, mas meu pai e Billy competiam em absolutamente tudo. Meu pai não ficou com raiva nem nada, aceitou de bom grado. Depois da aula, Harry pegava Seth e eu na escola, e nos levava para a casa de Billy. Ele ainda era o mesmo comigo. Quando não precisava levar Billy a algum lugar, assistia TV comigo e com Seth. Era legal. De noite, me levava de volta para a casa do meu pai. Não entrava, mas Sue ia até a porta vê-lo. Sentia saudades de trabalhar no mesmo lugar que ele, e dizia que tudo na casa a fazia lembrar-se dele. Eu assistia essa cena, e achava que os dois formavam um belo casal. E assim foi indo. A escola ainda era uma droga, mas eu gostava da minha vida. Eu gostava de Seth, de Harry, de Billy, de Sue.

Ela parou, e achei que tinha terminado, mas foi para chorar mais. Eu não fazia ideia do motivo de tantas lágrimas.

- É tudo tão injusto. Mas eu ainda não terminei a história. – limpou os olhos  – Harry sempre inventava coisas novas, e, uma vez, ao invés de irmos para a casa de Billy depois da escola, ele nos levou em outro lugar. Era tão bonito. Ficamos maravilhados. – suspirou. – É aqui. Esse lago. Tudo ainda é tão parecido. Poderia ter mudado, mas não. Vínhamos aqui toda sexta-feira. Até não virmos mais. Sinto falta daquele tempo, você não tem noção de como eu sinto falta.

Fechou os olhos e respirou profundamente.

- Até o cheiro é o mesmo.

Abaixou-se até a água e molhou o rosto. Ficou sentada ali, de olhos fechados, como se esperasse que o vento secasse seu rosto. Não perguntei nada por muito tempo. Mas a curiosidade venceu.

- O que aconteceu com eles? Billy, Harry, Seth, Sue...? – sua expressão ficou pesada, e parecia que ia chorar de novo, então emendei. – Não precisa dizer.

- Billy e Seth se mudaram para Nova York há seis anos. Sue ainda mora aqui, em um bairro afastado. E Harry, bom, não está mais entre nós.

Foi um choque. Então Harry estava morto? Me senti mal por ela. Seu sofrimento era nítido. Pelo modo como ela o descrevera, parecia gostar muito dele. Eu sabia como a morte de uma pessoa que você ama poderia ser dura. Estava tão imerso em pensamentos que sua voz me assustou.

- Acho que você merece saber o final disso.

- Bella, você está muito abalada com tudo isso, eu vejo sua dificuldade em falar desse assunto, não precisa me dar satisfações. Só esqueça isso, esqueça qualquer coisa que te ficar triste assim, por favor. – pedi. Já não aguentava vê-la daquela maneira.

- Não. Não, eu vou terminar. É pouco, vou resumir. – respirou fundo. – Tudo ia bem, e eu e Seth estávamos saindo da escola, indo em direção ao carro, iríamos para a casa dele, Harry nos esperava. Então, apareceram dois homens encapuzados e agarraram Seth. Ele se debatia, e as pessoas olhavam aquilo muito chocadas. Harry interferiu e começou a lutar com os homens. Eram dois contra um, mas Harry era forte, e um deles ainda segurava Seth se debatendo. Até que um deles fugiu e saiu com um carro, e o outro ficou lá, lutando com Harry. Esse bandido sacou um revólver do nada, e apontou para a cabeça do Seth. Disse que se alguém fizesse alguma coisa, ele o mataria. Gritou para as pessoas que assistiam a cena: “Circulando, circulando!”. E, nesse momento, Harry foi pra cima dele e eles começaram a lutar pela arma. Seth saiu correndo, se aproveitando da distração do cara, e Harry e o bandido ficaram lá. Lutando para ver quem ficaria com aquela maldita arma. E aí eu escutei um tiro. O gatilho tinha sido disparado. Harry. E acertou-o no coração. Aquilo ia ser um sequestro, mas deu um pouco errado, porque nenhum dos sequestradores sabia das habilidades de luta de Harry. – deu uma risada amarga.

Eu estava pasmo. Parecia um filme de ação. Podia ver aquilo acontecendo em minha mente.

- Bella... – não sabia o que dizer e percebi que ela ia chorar novamente. E então fiz o que deveria ter feito assim que ela começou a chorar daquele jeito. Abracei-a. E ela retribuiu e me apertou mais. Molhou minha camisa com suas lágrimas, mas não me importei.

- Por que a vida é tão difícil? Por que as coisas não podem ser simples e descomplicadas?

- Porque as coisas mudam. E os amigos partem. E a vida não para pra ninguém.  – falei uma frase de um de meus livros favoritos. Ela riu.

- As vantagens de ser invisível. – murmurou. – Se eu não soubesse que essa frase é desse livro, talvez pudesse te dar o crédito.

- Acostume-se. Sempre uso frases de outras pessoas para expressar meus sentimentos, porque não sou muito bom fazendo isso.

Ela se desvencilhou de meu abraço para olhar nos meus olhos. Ainda havia lágrimas ali. E também um sorriso. Não disse nada e eu quebrei o silêncio.

- Você está sorrindo e chorando.

- Apenas deixei o vento bater no meu rosto. E comecei a chorar e sorrir ao mesmo tempo. – seu sorriso se alargou.

- Parece que não sou o único que fica usando as palavras dos outros.

- Não, não é. Mas se você está acostumado com que as pessoas te elogiem por causa dessas frases, vai se decepcionar. Em cada 10 frases que você disser, 11 eu saberei o autor. – deu um sorriso presunçoso. Seu rosto ainda estava amassado, mas não havia mais nenhum vestígio de lágrimas ali.

Ela se levantou, abriu os braços e fechou os olhos. Vinha uma brisa leve, daquelas que fazem você se esquecer de tudo e quase acreditar que as coisas vão dar certo. Mas ninguém pensa nisso. Apenas sente a brisa. E foi o que ela fez. Observei, porque era a única coisa que eu poderia fazer.

A brisa parou e ela ficou daquele jeito por mais algum tempo, até que, meio à contragosto, sentou-se novamente ao meu lado.

- É a primeira vez que venho aqui depois que tudo aconteceu. E não sei definir como me sinto. Já pensei em vir milhares de vezes, mas não tive coragem. Nunca achei que poderia me fazer tão bem.

- Pelo menos não deu tudo errado. Porque sempre há essa hipótese e quando você começou a chorar, fiquei meio desesperado. – tentei fazer algum humor com a situação. Acho que funcionou, porque ela riu.

- Você é muito idiota. – fiz uma falsa cara de magoado. – Mas idiota de um jeito bom.

Disse isso e me beijou. É, talvez não tenha sido uma ideia tão ruim trazê-la aqui.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Era pra ser maior, mas minha falta de inspiração não ajudou. Estou com clima pra escrever drama. Se bem que é capaz de nem pra isso eu estar prestando. Uma dica preciosa pra a vida: se você não quiser sofrer, não se apaixone. Se você perceber que está olhando de outra forma pra aquela pessoa, se afaste. Tenha em mente que você vai se decepcionar. Isso é certo. Voltando ao capítulo, vocês estão gostando da visão do Edward? Estou gostando bastante de escrever na visão dele. Não acho que vá escrever o resto da fic no POV dele, mas será constante. De qualquer forma, comentem. Já estou sem inspiração, se vocês não comentarem...Parei com a chantagem emocional, kk. Não sei quando vou postar o próximo, mas tentarei ser rápida.