Scritto Nelle Stelle escrita por Karla Vieira


Capítulo 15
Cantar


Notas iniciais do capítulo

Boa noite amores! Tudo bem com vocês? Preciso demonstrar o quanto eu estou feliz ao ver as reviews de vocês, e também a linda recomendação que a Laura Stylinson deixou para mim! Tive um ataque de fofura e de felicidade ao ver, ainda mais que ela é uma grande escritora, também. Tô mega feliz e eu mega amei esse capítulo, é. Espero que vocês gostem!



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Mahara Carter POV

Toquei a campainha e esperei. Alguns minutos depois, Dan abriu a porta, e eu pulei para abraçá-lo, surpreendendo-o. Ele desequilibrou e se segurou na porta para não cair e me levar junto ao chão. Dan riu junto ao meu ouvido, estabilizando-se e me abraçando forte.

– Seus poderes de anã ainda não são suficientes para me derrubar, pequena. – Disse ele, suavemente, apertando-me mais contra seu corpo. O perfume dele chegou as minhas narinas, e fez acelerar mais o meu coração, enquanto acalmava o meu espírito – e isso chega a ser contraditório. Sorri.

– Ainda. Você um dia vai ver tudo o que eu sou capaz de fazer.

– Ui, que medo!

– É bom ter mesmo, Sr. Evans. Bom mesmo.

Distanciamo-nos e nos olhamos. Por pouco, não me perdi naqueles olhos, lindos e infinitos olhos. Eu queria saber o que se passava por detrás deles, por detrás daquelas portas da alma de Dan. Queria entender tudo o que acontecia dentro dele, e se ele sofria de alguma forma, poder ajudá-lo. Eu não o via mais como o meu protegido, o rapaz que eu deveria a todo custo manter são e salvo. Eu o via como meu melhor amigo, um irmão que eu nunca tive, uma parte de mim. Andie afirmava com todas as suas forças que eu estava apaixonada por ele, mas não era esta a verdade. Não podia ser e não era mesmo. Dan era apenas o meu melhor amigo, e nada mais.

– Então, está pronto? – Perguntei animada.

– Sim, afinal, se eu não estivesse pronto em quinze minutos uma certa anã iria voar no meu pescoço e me fazer em pedacinhos com toda a sua força fenomenal!

– Que bom que você tem medo!

Rimos juntos e saímos de casa. Fomos no carro dele, comigo dirigindo.

– Cuidado. Mahara no volante, perigo constante. Cuida do meu bebê. – Dizia ele, me provocando.

– Cale-se, Dan, eu sei dirigir.

Ele riu humorado.

– Onde estamos indo?

– Sossega, rapaz, estamos quase chegando.

Continuei dirigindo enquanto conversávamos, e de vez em quando Dan perguntava onde estávamos indo, apenas para me irritar.

– A gente já chegou?

– Não.

– E agora, a gente já chegou? – Perguntou.

– Não, Dan, a gente ainda não chegou.

– E agora, a gente já chegou?

– Não.

– Agora?

– Não.

– E agora?

– Ainda não, e cale-se antes que eu te bata.

– Ui que medo.

Revirei os olhos e entrei em mais uma rua, e Dan viu onde estávamos indo quando entrei no estacionamento e finalmente paramos.

– O hospital?!

– Exato.

– Por quê?

– Eu disse que te levaria em um lugar com pessoas iguais a mim, e bem, eu trouxe. Eu só preciso de algumas coisas: não tenha preconceitos. Você vai ficar surpreso, mas não demonstre, pois essas pessoas se magoam fácil. E você vai ter que vestir isso.

Dan assentiu em concordância, completamente confuso. Tirei da minha bolsa um jaleco grande, enfeitado como o meu.

– Um jaleco todo enfeitado?! – Perguntou intrigado. Assenti.

– Eu também tenho o meu. Vamos lá!

Dan Evans POV

Entramos no hospital e segui Mahara pelos corredores apinhados de médicos e pacientes esperando. Eu estava intrigado porque ela havia me levado até lá, mas tinha uma pequena suspeita. E quando paramos diante de duas portas grandes e azuis, com uma janela circular em cada, e avistei o nome da área numa placa acima, eu tive certeza de onde estávamos indo: Ala Infantil.

Mahara olhou para mim e sorriu. Sorri de volta, meio nervoso, porque eu realmente não sabia o que fazer. Ela piscou e adentrou na ala, comigo atrás dela.

– Tia Mahara! – Exclamaram todas elas em uníssono. Olhei ao redor, e um pouco surpreso, não pude deixar de sorrir. As crianças tinham um brilho no olhar e um sorriso tão lindo, tão feliz, que sequer pareciam estar com algum problema de saúde. Havia uma menina ruiva estava deitada em uma cama, com vários fios ligados ao seus braços; outra menina, aparentemente da mesma idade, loira, tinha parte do rosto queimado e desfigurado, mas mesmo assim sorria e seu sorriso era um dos mais belos; um menino careca, com um dos braços ligados a fios de soro intravenoso, etc, tinha seus olhos intensamente azuis voltados para Mahara e um sorriso maravilhoso. Uma menina de cabelos castanhos veio andando até Mahara, apoiada em um par de muletas cor de rosa – ela não possuía uma das pernas, e sua mão e seu antebraço direito estavam queimados. Um pequeno menino, aparentemente dois anos, careca, saltou de sua cama e caminhou ao lado da menina, e ambos foram até Mahara, abraçando-a mesmo que desajeitadamente.

– Olá, crianças! Tudo bem com vocês? – Perguntou ela, sorrindo carinhosamente para aquelas crianças.

– Sim! – Responderam em uníssono. A menina com as muletas sentou-se em uma cadeira próxima enquanto Mahara pegava o pequeno de dois anos no colo. Ele beijou levemente a bochecha dela, e perguntou baixinho, mas alto o suficiente para que todos pudéssemos ouvir:

– Esse moço bonito é seu namolado?

Mahara riu.

– Não, Samuel, ele é meu amigo, e veio passar a tarde com a gente hoje!

– Ele é legal, tia? – Perguntou o menino Samuel, olhando com timidez e insegurança para mim.

– Muito. Se ele não fosse, eu não tinha trago ele aqui. Vem cá, Dan!

Aproximei-me dela, que sorria. Sorri também.

– Crianças, esse é o Dan, meu amigo. Veio passar a tarde com a gente hoje! Digam oi para ele, não tenham medo!

– Oi Dan! – Disseram elas em uníssono. A menina ruiva me olhou atentamente, com a cabeça virada para o lado.

– Você não faz parte da banda The Hurricane? – Perguntou ela. Eu sorri.

– Faço sim.

Ela sorriu animada, assim como as outras crianças.

– Canta para a gente? – Pediu ela.

– Qual seu nome, minha flor? – Perguntei delicadamente.

– Lily. – Ela corou.

– Eu canto sim, Lily. Presta atenção que a música é para você! E não só para a Lily, mas para todas as lindas meninas que estão aqui!

– E porque não para os meninos? – Perguntou o pequeno Samuel, emburrado.

– E para os meninos também!

O pequeno sorriu animado. Comecei a cantar What Makes You Beautiful da One Direction, animadamente, enquanto as crianças batiam palmas ritmadas e Mahara dançava com o pequeno Samuel em seu colo. Peguei umas flores do vaso que havia ali próximo e entreguei para cada menina, e recebendo um beijo na bochecha de cada uma delas. Uma flor sobrou em minha mão, e eu fui até Mahara, entregando a flor a ela, que sorriu tímida, corando levemente. Ela não fez menção de me dar um beijo na bochecha, então abaixei-me um pouco ao seu lado e virei meu rosto para ela, sinalizando com um dedo que eu queria o meu beijo na bochecha. Ela riu e me beijou.

Quando terminei, as crianças bateram palmas animadas, felizes.

– Mais uma! Mais uma! – Pediu a pequena menina que usava muletas.

– Qual seu nome, meu anjo? – Perguntei, decidido a aprender o nome de todas as crianças.

– Molly.

– Molly, que tal pedir para a tia Mahara cantar uma para nós?

– Ela nunca canta...

– Acho que se pedirmos com jeitinho, ela irá cantar sim! – Eu disse, olhando fixamente para Mahara, que corou levemente. – Vamos lá, Tia Mahara, canta para a gente, vai!

– É, canta para a gente... Por favor? – Pediu Samuel, fazendo beicinho. Mahara sorriu constrangida.

– Tudo bem.

As crianças comemoraram, fazendo muito barulho – quando olhei para trás, vi vários médicos e enfermeiros olhando curiosos a cena na ala infantil, e sorrindo felizes. Mahara colocou Samuel na cama de uma das crianças, e começou a cantar uma música que eu não conhecia, mas que dizia: “Nunca deixe que eles te derrubem, porque agora é o seu tempo então pare de se atrapalhar e seja a luz para guiar a multidão”. Era uma música muito bonita, e na voz dela, ficava perfeita. Mahara cantava circulando pela sala, brincando com as crianças e sorrindo carinhosamente para cada uma delas, como se fossem parte de sua família. Era perceptível que Mahara nutria um imenso amor por cada uma daquelas crianças.

O tempo passou e ficamos a tarde toda com as crianças. Mahara havia levado dentro da bolsa algumas coisas como balões coloridos e canetas permanentes, folhas e giz de cera, massinha de modelar e fantoches. Fizemos de tudo. Quando o horário de visitas acabou, e fomos obrigados a ir embora, nós dois estávamos pintados com corações, estrelas, bonecos palitos nos braços e até no rosto. As crianças pediram várias vezes para que eu voltasse junto com Mahara, e o pequeno Samuel, que ficou desconfiado de mim, agarrou-se na minha perna e não queria deixar-me ir embora. Depois de prometer que eu voltaria, ele me soltou.

A pequena Molly disse para mim antes de ir, com sua vozinha delicada e fina: “você ainda não é o namorado dela, mas vai ser, sabia? O teu olho brilha quando olha ela! Você gosta dela! E ela gosta de você, porque o olho dela também brilha quando te olha!”. Eu não soube o que responder de imediato, então apenas ri suavemente e disse que Mahara era apenas minha amiga.

Ao voltarmos para o carro, Mahara e eu estávamos risonhos e bem humorados.

– Viu, como foi legal? – Perguntou ela. – As crianças amaram você.

– Você tinha razão. São pessoas maravilhosas, tão felizes mesmo com tanta dificuldade... Faz a gente refletir sobre a nossa própria vida. Às vezes reclamamos sem razão, pois tivemos e temos oportunidades e coisas que essas crianças nunca tiveram ou nunca poderão ter devido a seus problemas de saúde, mas mesmo assim, elas são felizes. E tem mais a ensinar do que qualquer professor, do que qualquer pessoa!

– A sabedoria ingênua e pura delas impressiona, não é mesmo?

Assenti em concordância. Ficamos em silêncio por um tempo, e Mahara assumiu uma expressão pensativa, como se relembrasse algo no passado.

– Mahara... Vi que você tem uma ligação mais do que especial com essas crianças. Você as conheceu como? De onde surgiu esse vínculo? – Ousei perguntar. Ela suspirou, com o semblante triste.

– Por que eu já fui como elas, Dan.

Fiquei surpreso, sem saber o que responder. Mahara não parecia carregar o peso de um passado triste e difícil como este nas costas, mas levava. Ela continuou a falar, olhando para fora, onde começava a chover.

– Quando eu tinha quatro anos de idade, fui diagnosticada com leucemia. Eu era muito nova e inocente para entender o que era, mas conseguia entender que eu estava bem doente e que teria que passar um bom tempo no hospital. Eu comecei a sofrer mesmo quando vi meus cabelos caindo por causa das sessões de quimioterapia, e eu não entendia porque não era igual as outras crianças que tinham cabelo, porque eu tinha que ficar no hospital com as outras. Para ajudar, meu pai morreu naquela época e minha mãe ficou muito mal, entrou em depressão, mas sempre esteve por perto para mim. Foi ela quem doou a medula óssea para me curar, mas o processo de cura dela demorou mais muito tempo. Como uma criança de quase cinco anos de idade conseguiria suportar tudo aquilo e ser feliz? Eu não conseguia. Até que um grupo de jovens vestidos assim como nós dois começou a visitar o hospital onde eu estava, a me alegrar quando eu mais precisava. Foi assim que eu criei esse vínculo, Dan. Eu só penso em trazer alegria para essas crianças, pois eu sei exatamente o que elas sentem.

Eu fiquei em silêncio, sem saber o que dizer. Sabia que Mahara era órfã por parte de pai, e que ele era policial e morreu em serviço; mas não sabia que ela já teve leucemia. Eu senti vontade de chorar de repente e de abraçá-la forte, e foi o que eu fiz. Eu não via outro meio de demostrar como eu estava tocado pela sua história de vida, e como eu estaria ali para qualquer coisa que ela precisasse, a não ser através de um abraço. Mahara já sofrera muito na vida e não merecia sofrer mais. Ela já havia lidado com coisas demais e lidava ainda com a distância de sua mãe e suas irmãs que agora moravam na Tailândia, e ela aqui no Reino Unido.

– Eu não quero que fique triste por mim, Dan. Eu estou feliz agora e quero que você fique também. Não suporto vê-lo mal. – Disse ela em meu ouvido. Distanciei-me dela e acariciei a sua face.

– Não estou triste, meu anjo. Só quero te dizer que eu estarei sempre aqui para quando você precisar, e que nunca deixarei você sozinha, está bem?

Ela assentiu timidamente, sorrindo de canto. Logo nos ajeitamos e fomos para o meu apartamento, onde pedimos pizza e comemos assistindo Friends.



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Notas finais do capítulo

E então, o que me dizem?