Going Back In Time Party escrita por Rennan Oliveira


Capítulo 3
Livros e Encontros




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Blaine Anderson também trabalhava em Nova Iorque e também na produção de um musical, uma bem próxima de Rachel, embora nenhum dos dois soubesse disso, porém nunca chegou sequer perto de trabalhar sobre o palco, pelo menos não atuando. Sua função era a de assistente de diretor, então sua obrigação nada mais era do que fazer com que tudo que fosse encenado fosse tão perfeito quanto devia ser. Era uma profissão que ele não apreciava tanto, mas que pelo menos o deixava mais próximo do que ele tanto gostava, que era o teatro e os musicais.

Além do mais, o diretor, o mesmo que o contratara para a produção, era o seu atual namorado. E ele o amava muito.

Contudo, receber a carta de Artie foi algo inesperado. Era como se todo o seu passado em Lima jamais tivesse existido, até aquele momento. Artie tinha feito lembranças aparentemente mortas renascerem como se jamais tivessem morrido, e com ainda mais intensidade. Blaine estremeceu só de pensar na ideia de voltar para Lima e reviver tudo o que deixara para trás.

Mas era um pedido que ele não podia simplesmente ignorar.

Seu namorado, Dave, não gostou nem um pouco da ideia. Disse que o musical não podia ficar sem seu principal assistente e que muito trabalho deixaria de ser feito se Blaine não estivesse por perto, mas ele sabia que tudo isso era mentira. Blaine era apenas um mero estagiário no meio de um monte de outras pessoas que realmente trabalhavam. Dave só não queria que ele partisse porque o amava demais e já não sabia mais como era voltar para seu apartamento de madrugada e não ter seu amado por perto.

Blaine sabia de tudo isso, mas ainda assim não quis ignorar o pedido de Artie. Partiu nem mesmo duas horas depois. Sentia-se tremendamente ansioso com o fato de voltar a Lima e não tinha ideia alguma do porquê disso. Pensava que esse era o certo a se fazer e assim fez.

Despediu-se com um beijo de um Dave bastante irritado logo depois do almoço e tomou o primeiro avião que encontrou para Lima. Chegou lá pouco tempo depois, o coração saltando na garganta e a cabeça trabalhando freneticamente em busca de conclusões para toda a angústia que ele estava sentido. Só ficaria mais calmo quando finalmente chegasse à sua antiga casa.

~//~

Quinn cruzou o jardim de frente da sua casa com um ar jovial. Estava alegre por estar de volta a Lima, apesar de ter deixado tantas responsabilidades para trás. Contudo, preocupada como era, não deixara de enfiar alguns livros dentro de suas malas, pois ali havia muito conteúdo para ser estudado, e seu tempo para esse tipo de coisa andava sendo muito escasso.

Bateu na porta e não obteve qualquer resposta. Bateu novamente e ainda assim ninguém a atendeu. Apertou a campainha – só costumava usá-la quando a situação ficava séria. Nada. Sacou um molho de chaves em sua bolsa de mão e não demorou a encontrar a chave da entrada. Destrancou-a e entrou sem pedir licença. Não havia ninguém ali para ouvi-la.

Cruzou a sala de estar – Meu deus, minha mãe tem um excelente bom gosto! – e logo percebeu que algo não só no lugar, mas na rotina da casa havia sido mudado. Afinal, não era sua mãe que sempre acordava cedo para jamais deixar de perder seus programas de televisão, produzidos exclusivamente para mulheres que não tinham mais nada com o que se preocupar, além da vida dos outros? Mas ela não estava na sala assistindo TV. Provavelmente encontrara algo que era mais digno de sua atenção do que aqueles programas tão fúteis. Mas o quê?

Quinn largou as malas a um canto próximo à escada para o andar superior e se dirigiu à cozinha. Se não estava assistindo TV, talvez a ãe estivesse comendo. Mas não estava. Ela já começava a ficar preocupada quando ouviu uma risada rápida e infantil vir do lado de fora da casa. Quinn imaginou que ela pudesse pertencer a uma adolescente boba ou a uma criança maliciosa, mas então se lembrou de que não havia mais quaisquer exemplos desse tipo de gente naquela casa. A hipótese era absurda, mas só era possível afirmar que a risada pertencia à sua mãe.

Quinn contornou a cozinha intacta e se dirigiu ao corredor, que tinha acesso ao jardim e à área da piscina. Abriu a porta de vidro com cautela e pôs-se para fora. De fato, alguém andara tomando conta da grama do jardim, porque ela nunca estivera tão verde. A moça seguiu todo o chão com o olhar até alcançar a primeira borda da piscina, onde finalmente encontrou a mãe. Instintivamente, sorriu como uma criança que acabava de ver uma pessoa de quem morria de saudade.

E correu em direção à mãe como esse tipo de criança.

- Q-Quinnie? – disse ela pousando o copo de bebida que segurava na mesa ao lado da cadeira de descanso em que estava sentada. Levantou-se e até abraçou a filha, mas Quinn percebeu que aquele abraço não estava cheio de afeto.

- Mãe! É tão bom te rever, mas... O que está acontecendo? – Quinn logo perguntou.

- É uma surpresa te ver, querida, mas por que não avisou que viria?

Quinn fitou os olhos desesperados da mãe e tentou descobrir o que estava havendo. Como não conseguiu descobrir, tornou a perguntar:

- Aconteceu alguma coisa?

- N-Nada, querida...

- Quem é, Tigresa? – disse uma terceira voz, uma masculina, ali perto.

Quinn automaticamente se afastou para o lado a fim de encontrar o dono da voz, e de fato o encontrou.

- Jesus Cristo! – ela exclamou, apertando o pingente de crucifixo que carregava no pescoço, ao avistar um Noah Puckerman descamisado à borda da piscina, uma rede de limpeza em mãos, um olhar que antes era malicioso e logo foi sendo mudado para um sério, quase apavorado.

- Quinn? – ele falou, um sorriso amarelo nascendo em seus lábios.

- Isso só pode ser uma brincadeira!

- Quinnie! – sua mãe gritou, tentando impedir a filha assim que ela começou a avançar na direção do homem, percebendo que não tinha força suficiente para isso.

- Eu posso explicar! – Puck tentou dizer.

- É claro que pode! Mas antes eu preciso fazer uma coisa! – disse Quinn, agora já de frente para o rapaz.

~//~

No aeroporto, Blaine teve a impressão de ver Santana pegar um táxi na companhia de uma loira. Brittany, concluiu. Teve vontade de correr, alcançá-la, abraçá-la e dizer como estava com saudade dela e de todo o pessoal, mas estava longe demais para isso. Contentou-se com o fato de que, se Santana e Brittany já estavam a caminho, as chances de os demais ex-membros do Glee Club também já estarem também eram bem grandes. No final, não se arrependeria de ter largado seu trabalho e seu amado por uma viagem sem razão nenhuma, porque tudo valeria à pena. Ele não era o único a querer relembrar o passado, afinal.

Artie, você é mesmo um gênio!

Blaine caminhava despreocupado pelo aeroporto, dirigindo-se ao ponto de táxi, quando se distraiu com uma vitrine. Não era um rapaz que lia muito, mas decidiu dar atenção para a vitrine de uma livraria que estava muito bem decorada e chamativa. Havia muitos livros por ali, um de capa mais bonita do que a outra, mas havia um que estava com um destaque maior: Branca Como a Neve, Forte Como um Touro. Pelo que parecia, era uma releitura da Branca de Neve tradicional, com um pouco mais de ação e drama, tornando a história que antes era infantil um pouco mais adulta.

Blaine entrou na livraria e tomou o livro nas mãos. Decidiu que leria algumas páginas, pelo menos o primeiro capítulo, para se certificar de que valia mesmo a pena comprar aquele livro. Deixou a mala ao seu lado, tomando todo o cuidado de vigiá-la de vez em quando, lembrando-se de que aeroportos não figuravam como um dos lugares mais seguros a se frequentar, e pôs-se a ler. Notou que gostaria da leitura ainda no primeiro capítulo, percebendo que o escritor tinha mesmo uma grande preocupação em contar boas histórias. Fechou o livro e ficou a observar a capa e as contracapas, em busca de mais detalhes da trama.

- Muito bom o livro – disse alguém ao seu lado. Blaine não soube dizer se era um homem ou uma mulher apenas pela voz.

- Parece mesmo... – disse em concordância.

- Vai se tornar um musical da Broadway, estrelado por Harmony, aquela atriz arrogante que uma vez eu conheci pessoalmente. De qualquer forma, tenho certeza de que vai ser uma peça tão boa quanto o livro é.

- Você parece entender bastante de livros e musicais...

- Quando gosto de uma coisa, procuro entendê-la a fundo.

Blaine levantou as sobrancelhas, admirado pela resposta do estranho. Decidiu que precisava logo conhecer a pessoa com quem falava.

- Muito prazer, meu nome é... – Blaine estendeu uma mão na direção de seu mais novo colega, mas interrompeu sua frase assim que descobriu quem era a pessoa ao seu lado. Chegou a sentir o coração palpitar com mais força naquele instante.

Mas Kurt Hummel não parecia tão surpreso quanto Blaine. Na verdade, até parecia que o já tinha visto desde muito tempo.

- Eu sei quem você é, Blaine Anderson – Kurt disse, agarrando a mão do homem, estendida no ar. – Suponho que você ainda se lembre de mim.

- Kurt – foi a única coisa que Blaine conseguiu dizer enquanto sentia sua mão ser apertada.

Kurt sorria amavelmente, quase com alegria.

Blaine tentou sorrir também, mas estava estupefato demais para parecer natural.

Aliás, ele acabava de descobrir porque estava tão ansioso para voltar a Lima. A razão do seu nervosismo estava diante dos seus olhos.


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Notas finais do capítulo

Acho legal citar aqui que escolhi A Branca de Neve pra colocar como um musical fictício na história, porque eu assisti ao "A Branca de Neve e o Caçador" e gostei DEMAIS desse filme. Por isso que pensei em fazer essa homenagem :)



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