Going Back In Time Party escrita por Rennan Oliveira


Capítulo 19
De Volta ao Tempo - Parte 1




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Os preparativos para a Going Back In Time Party estavam em dia e só pessoas realmente envolvidas com a causa estavam trabalhando nela, por isso nada deu errado. Quando o dia chegou, o salão estava arrumado, as comidas e bebidas já tinham sido entregues, o único DJ da festa já estava presente, enfim, tudo nos conformes, do jeito como Artie estava acostumado a exigir que as coisas fossem. Mas se já não bastasse toda essa responsabilidade vinda de quem se envolvera no evento, algo mais precisava ser considerado: a festa estava perfeita, e isso por uma série de motivos.

Artie chegou com sua cadeira de rodas na quadra de basquete do McKinley, mas ninguém tinha chegado ainda. Não era hora. Ele só foi até lá para verificar o trabalho feito. Sentiu arrepios percorrendo a espinha quando se deparou com o cenário que fora construído.

A ideia de Brittany, por si só, já era muito boa, mas o trabalho que os alunos “fãs” de Artie fizeram foi ainda melhor. A quadra de basquete magicamente se transformara num amplo salão antigo, com chão espelhado e lustres brilhantes – falsos, mas ainda assim se pareciam muito lustres reais -, janelas com persianas, mesas e cadeiras de madeira, enfim, era possível se sentir num ambiente que de fato pertencia aos anos 40. Havia um palco onde seria feita a cantoria, afinal, eram todos ex-membros de Glee Club, então não tinha como evitar que em algum momento alguém fosse cantar. As comidas estavam dispostas todas numa única mesa – salgados, doces e também as bebidas -, o que facilitaria a escolha de cada um. Era tudo fresco, então ninguém teria do que reclamar.

Certo de que estava tudo certo, Artie voltou para sua sala, pois precisava se trocar. O terno que encomendara, limpo e passado, estava pendurado por um cabide na sua cadeira. Artie o tirou de lá e o vestiu.

~//~

Rachel e Finn foram os primeiros a chegar, mas isso por causa de Rachel. Os dois tinham de fato encarnado o tema de festa e de maneira perfeita. Finn penteara os cabelos para os lados, usando bastante gel num penteado que ele dizia ser igual ao do Blaine, mas que Rachel fazia questão de assegurar que não – mentindo, é claro -, e vestira um terno cinza. Fizera questão de usar um relógio de bolso, pois tinha a impressão de que era isso o que o pessoal daquela época usava, então deixou a corrente de ouro falso pendurada a partir do bolso de sua calça. Mas Finn só estava vestido como qualquer outro homem na festa, exceto por Sam que, sozinho, decidira usar um chapéu-coco também naquela noite.

A atração de verdade seria as mulheres. Rachel, por exemplo, estava deslumbrante com um vestido vermelho bem justo ao corpo e longo o bastante para esconder seus pés e o sapato de salto alto que usava. Vestia luvas também, porque sabia que as cantoras dos bares daquela época se vestiam assim também. No pescoço, um enorme colar de pedras que pareciam pérolas. Quanto aos cabelos, tentou comportá-los num coque diferente, ondulando os fios que não fariam parte do penteado num look que ela tinha certeza de que já tinha visto em Chicago. Estava estonteante.

Ambos cumprimentaram Artie e entraram para a festa. Ao fundo, uma música antiga, regada a saxofone num ritmo dançante, tocava. Os olhos de Rachel brilharam, tão imersa que se sentiu nos anos 40, uma época que, para ela, era mágica. Nenhuma peça de teatro na qual atuara fez com que sentisse essa sensação.

Logo mais, foram chegando os outros. Quinn e Sam chegaram juntos, formando mais um par imensamente bonito. Sam, em seu terno e chapéu social, andava de braços dados com uma Quinn perfeitamente linda num vestido longe e preto, com um laço cor-de-rosa na altura da cintura, da mesma cor que suas luvas. O coque era muito parecido com o de Rachel – talvez as duas tivessem consultado a mesma página do Wikipédia para montarem seus looks -, mas, loira, ficava diferente e muito bonita.

Tina e Mike não tinham como estar iguais. Tina, que sempre fora adepta de ser a “diferente” no Glee Club, agora se vestia como uma dançarina de cabaré, com seu vestido curto com miçangas penduradas que se movimentavam como se ela dançasse ao invés de simplesmente andar pelo salão. Mike se vestia como um barman da época, com calça na altura da cintura e uma camisa branca simples – o tipo de cara que sempre começava a dançar quando não havia mais trabalho para ser feito.

Brittany e Santana estavam surpreendentes em suas vestes e penteados da época. Santana vestia um vestido de tecido cor de vinho, os cabelos penteados para o lado, pousados num único ombro. Já Brittany vestia o que parecia ser um terno feminino que, assim como o vestido de Santana, ressaltava bem as suas curvas. Também usava chapéu. Para Artie, Brittany nunca esteve tão sexy.

Mas a Santana não estava com outra mulher naquele dia...?

Blaine e Kurt chegaram logo em seguida. Blaine já estava acostumado a vestir ternos, então, como sempre, estava muito bem naquele que tinha escolhido para a ocasião. Artie imaginava que ele não tivera nenhum problema com o cabelo, porque o penteado lhe era comum. Kurt é quem fazia a graça de estar diferente. Apesar de estar vestindo um terno também, o dele era branco e brilhava com lantejoulas, tanto quanto seu sapato. Apenas a calça era preta e simples, talvez como forma de contrastar com tanto brilho. Artie sorriu ao avistá-los.

Mercedes chegou sozinha num taxi. Quando deixou o carro, arrancou olhares de todo e qualquer um que estivesse ao redor. Estava vestida num vestido roxo que tinha um desenho que valorizava e muito suas curvas, de uma maneira que lhe favorecia. Estava muito bem maquiada, o cabelo estava muito bonito, mas ela tinha algo que mais nenhuma outra mulher tinha: um adereço de cabeça cravejado de brilhantes. Como uma cantora de cabaré, Artie observou. Caminhou com confiança em direção à entrada e os comentários logo começaram a se fazer sobre sua aparência.

Além desses, Rory, Sugar e Joe também chegaram e logo se enturmaram. Mas ainda faltava Puck. Quando ele chegou, os principais acontecimentos da festa tiveram início.

Primeiro porque ele não estava a caráter – nem ele nem sua acompanhante, que se parecia muito com Brittany. Puck vestia uma blusa com o número 40 estampado e Lisa estava vestida para qualquer outra festa, menos para uma com aquela finalidade. Caminharam pelo salão cumprimentando a todos, causando olhares desconfiados, e puseram-se a beber como se nada de mais estivesse acontecendo.

Foi Santana, sozinha, quem primeiro foi falar com eles.

- Olá, Puck, que saudade que eu estava de você! – ela falou e puxou-o para um abraço. Seu sorriso era falso e a expressão no rosto dele, confusa. De qualquer forma, aceitou o abraço e procurou sorrir. – Tenho duas coisas para falar, mas vamos começar por aquela que vai causar menos constrangimento: afinal, que roupas são essas?

- A temática da festa não é Anos 40? Então. Por isso vesti uma blusa com esse número – Puck respondeu e apontou para o casaco. – Achei que fosse óbvio.

Santana pensou numa série de comentários maldosos para fazer a respeito, mas se resumiu a apenas assentir com a cabeça. Estou falando com o Puck, não se esqueça disso!

- A segunda coisa é: Lisa, o que você está fazendo com ele?

- Ele é gostoso – Lisa respondeu. Santana recebeu a resposta com surpresa. – Desculpa, Santana, mas talvez eu não goste tanto de meninas quanto você – finalizou e encerrou o assunto ao colocar um quiche na boca.

Em outra situação, Santana teria descalçado os sapatos e, sem nenhuma paciência, acertado uma mão espalmada na cara de Lisa, mas ali não era o lugar e aquela era uma causa que não exigia isso. Ela pedira a Puck que seduzisse Lisa, e assim ele fez. Se Lisa era tão tapada que não conseguia medir as palavras, esse era um problema inteiramente dela, algo com o qual Santana devia ter lidado desde muito tempo antes. Por isso, no lugar, ela apenas sorriu e, pegando dois copos de uma bebida vermelha, se retirou daquela conversa, se dirigindo até Brittany, que dançava na pista de dança.

- Por que você ficou com ela? – Brittany perguntou, tentando fazer a voz se sobrepor à música. – Ela é feia!

Santana teve que se segurar para não rir.

- Brittany, ela é a sua cara! É tão difícil imaginar o porquê de eu ter ficado com ela durante todo esse tempo em que você esteve longe?

Brittany arregalou os olhos, surpresa. Agora tudo fazia sentido.

- Eu te amo, sabia?

- Eu te amo ainda mais!

E se beijaram.

- Ai! – Rachel gritou alto o suficiente para parecer que estava cantando, e não reclamando porque alguém acabara de colidir com ela na pista de dança.

Olhou para o lado e se deparou com uma Quinn que já tinha bebido bastante. A festa não tinha nem uma hora, e ela já estava assim. Rachel se sentiu irritada com aquilo, mas porque ela própria já tinha bebido um pouco. Encarou a mulher até que ela tomasse alguma atitude.

- Me desculpa, Rachel – Quinn gritou, mas nem por isso deixou de dançar. – É só que...

- Eu sei o que você está sentindo! – Rachel interrompeu.

- Pois é.

Sam e Finn, que ainda não estavam tão altos justamente por serem mais tolerantes a álcool do que as mulheres, se entreolharam preocupados. Será que aquilo significava que elas iriam brigar?

Por favor, tudo menos isso..., Sam chegou a pensar.

- Preciso ir ao banheiro! – Quinn gritou e jogou os braços no alto enquanto corria para longe dali.

Nesse instante, Rachel percebeu que ela própria precisava ir ao banheiro também.

- Já volto, Finn – ela falou e deu o que achava que fosse dois tapas de leve no peito de Finn. Para o homem, aqueles foram dois socos bem dolorosos.

Finn observou Rachel cambalear até o banheiro, seguindo Quinn, e se sentiu preocupado. A namorada estava pior do que ele achava que ficaria.

- Ela vai ficar bem – disse Sam ao se aproximar do homem no seu melhor passo de dança, o um-passo-pra-cada-lado. – Além do mais, estamos aqui para se reunir. Não faz mal nenhum beber um pouco nesse dia tão importante, faz?

Finn hesitou antes de responder.

- É claro que não – teve que gritar. – Estamos aqui para comemorar, não?

- É isso mesmo, rapaz! – Sam concordou e ele sim deu dois tapas de leve no peito de Finn. Voltou a dançar sozinho, imaginando que estava sendo o melhor dançarino na pista de dança, ignorando que Mike e Tina davam um show ali ao lado.

- Estou tão feliz de estar aqui, Mike! – Tina falou depois de passar por debaixo do braço do par num passo de dança que eles tiveram que ensaiar muito para sair perfeito. – Estou com quem eu gosto, num lugar que foi importante na minha vida! Isso não te faz feliz?

- Muito! – Mike respondeu. – Como é que a gente teve coragem de se afastar de tudo isso?

- Não sei. Mas a gente sempre volta, não é mesmo?

Sorriram e se beijaram. Voltaram a dançar logo em seguida.

- Não sei dançar isso – disse Kurt, referindo-se à música antiga. – Sempre apreciei essa época dos anos 40 e todo o glamour que ela tem, mas não sei me virar nela. Sei como usá-la como inspiração, mas não como um ambiente para festa.

- Você está se saindo muito bem, Kurt – Blaine assegurou e beijou-lhe rapidamente. Nesse instante, uma música mais lenta começou a ser tocada. – Agora venha aqui que eu te ensino a se virar nessa época.

Puxou Kurt para perto, colando seu corpo no dele. A música os embalou naquele instante. Por um momento, para Kurt, nada mais tinha importância, além daquilo que estava acontecendo. Estava se sentindo feliz. Poderia ficar com Blaine daquele jeito pelo resto da vida.

- Cadê sua parceira de dança? – perguntou Mercedes para Artie assim que o avistou na pista. – Será que ela não sabe que deixar um “pão” desses dando sopa por aí pode ser perigoso?

- Senti saudade de você, Mercedes – Artie falou, feliz, e estendeu as mãos para que Mercedes pudesse dançar com ele. – Aliás, de você, de todo mundo que está aqui, disso aqui. É como se estivéssemos de fato de volta no tempo. A festa está se saindo melhor do que eu pensei que seria, e olha que eu achei que essa ideia seria impossível de ser concretizada...

- Artie, você foi uma peça muito importante em tudo isso, e todos nós só temos a agradecê-lo por isso. Mas saiba que ninguém aqui teria voltado se não tivesse a vontade de ver os antigos amigos mais uma vez, nem mesmo se sua carta fosse ainda mais tocante do que aquela foi. Só precisávamos da deixa para voltar e reencontrar aqueles que foram importantes para nós, e a coragem para que essa deixa fosse possível partiu de você. – Mercedes continuou a dançar em silêncio por algum tempo e então finalizou: - Você é o culpado por trazer essa felicidade e esse glee que estamos tendo agora.

- E esse tipo de culpa tem algum tipo de punição? – Artie perguntou com um sorriso malicioso.

Mercedes ponderou antes de responder.

- Só se você for preso por ter matado pelo menos uma dúzia de saudades aqui nessa festa – falou e tocou o nariz de Artie com o indicador.

Os dois riram. No mesmo instante, a música foi mudada para uma mais acelerada.

Foi quando Puck surgiu no palco que devia ser usado para cantoria e, gritando no microfone que já aumentava consideravelmente a sua voz, convocou:

- Venham todos, pessoal! Agora é a hora do Jogo da Garrafa! Tenho certeza de que muitos de vocês têm coisas bem interessantes para contar hoje, não?! – ele falava alto, tão bêbado que estava.

O salão inteiro explodiu em vivas e todas aquelas pessoas bem vestidas se dirigiram para o palco, onde a brincadeira começaria, inclusive Quinn e Rachel, que acabavam de sair do banheiro. Só aceitaram fazer parte do Jogo da Garrafa porque estavam todos bêbados. Sóbrios, era bem provável que achassem aquela uma ideia absurda.

E de tão altos que estavam não perceberam duas pessoas surgirem à porta da quadra de basquete, curiosas para verificar o que aquilo poderia ser. E jamais perceberiam, já que elas não queriam se fazer ser notadas.

- Você foi responsável por isso? – perguntou Sue Sylvester, os braços cruzados, lado a lado com outro professor.

- Não. Eu não teria tanta criatividade – respondeu Will Schuester, sorridente.

- Que você tem problemas de criatividade é um fato, senão essas crianças teriam vencido muito mais competições do que venceram durante a época de Glee Club.

Will Schuester franziu o cenho, confuso.

- Você acha que eles ainda são crianças? – perguntou.

- É claro, veja como se comportam. Mudaram muito durante todo esse tempo, mas os observo agora e vejo aquelas mesmas crianças imaturas de tempos atrás. Chega a me causar certa nostalgia.

- Isso deve significar alguma coisa, já que você não sente nada...

- Eu tenho sentimentos, Will, mas é que, quando você está por perto, eles se afastam, por causa desse cabelo horrível que você ainda insiste em carregar por aí.

Houve um momento de silêncio entre os dois, enquanto observavam a algazarra que estava sendo feita no palco.

- Você acha que ainda somos os mesmos daquela época? – foi Schue quem quebrou o silêncio.

- Sim, por que não? Só não agimos mais como antes porque as pessoas que passaram pelas nossas vidas mudaram. Mas a essência de antes continua aqui – ela falou e apontou para o peito.

- Você tem razão.

- Senti falta dessas crianças.

Foi com a maior dor no peito já sentida em toda a sua vida que Will Schuester acabou dizendo:

- Eu também.

Percebeu lágrimas querendo romper pelos seus olhos e sentiu que não podia mais ficar ali. Encostou uma mão nas costas de Sue e, juntos, eles partiram.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo tem grandes chances de ser o último... Vou ver se posto ainda nessa semana. Não postei junto com esse, porque senão ia ficar gigantesco.
Espero que gostem :D



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