Going Back In Time Party escrita por Rennan Oliveira


Capítulo 13
Diários, Festas e Restaurante




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Querido diário,

Sim, sou eu de novo. Comprei esse diário há pouco tempo, mas já deu pra perceber que ele vai durar bem menos do que deveria, o que me obriga a quebrar o meu porquinho para poder comprar outro de novo. Desse jeito, nunca vou conseguir realizar o meu sonho de comprar o meu lugar em Marte, assim como todos os outros estão fazendo, mas é que às vezes tenho a impressão de que escrever por aqui é – ou seria – bem melhor do que ter um terreno em Marte. Veja só, conheço quem tem terreno por lá, mas são essas mesmas pessoas que dizem que não há com quem conversar naquele planeta. Tenho certeza de que houve um extermínio que nem aquele que assassinou brutalmente os dinossauros há alguns anos atrás. Talvez o mesmo deus que foi brutal com os dinossauros daqui tenha sigo igual com as pessoas de Marte.

É melhor que sobra mais espaço para eu construir a minha mansão/shopping que eu tenho idealizado há tanto tempo.

Agora entendo porque quase não há mais páginas nesse diário. Eu sempre acabo escrevendo coisas que não são tão importantes nele. Veja bem, eu não devia ter escrito sobre meus planos futuros, porque alguém um dia pode lê-lo e copiá-lo. Sei que posso processar alguém pro plágio, mas a burocracia para isso é imensa, e eu não me lembro de onde deixei meu documento de identidade. E mesmo que eu quisesse apaga tudo issor, ainda não inventaram borracha para caneta e o único lápis que eu tinha o Lord Tubbington comeu.

Lápis são mesmo deliciosos, mas engordam.

A Going Back In Time Party está chegando, mas eu ainda não tenho um vestido adequando para ir. Todos os que eu tinha já não me servem mais, porque eram da época do colegial, e eu mudei muito desde aquele tempo. Foi por isso que pensei em sair para fazer compras, mas eu não queria ir sozinha. A verdade é que eu não sei fazer isso sozinha, e minha mãe não é uma companhia muito boa. Mas a Santana é, como sempre foi.

O problema é que ela não quis aceitar o meu convite.

Eu não sei por que, mas ela deve ter me falado. Eu é que não prestei atenção.

A ideia me surgiu assim que vi a Santana na rua, outro dia. Ela estava passando mal, o que é bem normal em dias de calor como aquele. Ela suava e tinha cheiro de álcool. Devia estar fazendo alguma limpeza em casa quando decidiu sair, o que explica o cheiro. Mas ela estava muito mal, tanto que a ajudei caminhar até aqui em casa e cuidei dela. Quando ela pareceu melhor foi que fiz a proposta, mas a reação dela me assustou.

Primeiro que, antes disso, ela disse que eu não era a Brittany que ela amava. Eu não entendi o que isso queria dizer, mas do jeito como as palavras soaram fez parecer que talvez eu tenha mudado bastante e que esteja irreconhecível. Talvez seja a franja que cortei, ou porque parei de andar com rabo-de-cavalo. Tudo bem que já faz muitos anos desde que perdi esse hábito, porque deixei o Cheerios e o elástico de cabelo ainda no McKinley High, mas Santana não deve se lembrar disso.

Ou isso, ou ela estava me confundindo com outra pessoa.

Confesso que não deixei de considerar essa hipótese, porque eu sou bonita e sei que existem várias outras mulheres que são tão bonitas quanto eu. Vai ver ela tem uma amiga que tem a minha cara.

Ou uma amante.

Mas não pode ser. Santana e eu juramos que ficaríamos juntas para sempre, e até parece que ela iria se esquecer disso. Não acho que deixaria uma promessa de lado para se envolver com outra mulher além de mim. Ou deixaria?

A gente conversou tão pouco naquele dia... Assim que ficou melhor, Santana se despediu de mim com um beijo no rosto e sumiu, como se alguém a tivesse chamado (e talvez tenha mesmo, porque, de todas as línguas que conheço, a alienígena é uma que nunca escutei, porque não compreendo). Então ela negou o meu convite para irmos ao shopping atrás de um vestido bem bonito para a Going Back In Time Party e se foi. Acho que não gosta mais de mim como antes, o que eu acho uma pena.

Porque eu ainda a amo como se jamais tivéssemos sido afastadas.

Vou tentar ligar para o celular dela, mas vou esperar o Lord Tubbington voltar do almoço, porque é ele quem me ajuda a usar aquele celular complicado. Se tiver mais notícias, volto para escrevê-las. De qualquer forma, vou ter que comprar outro diário daqui a pouco, mesmo.

Até mais.

~//~

Há muito o que fazer a respeito da Going Back In Time Party ainda, mas boa parte eu já fiz. Desde que mandei as cartas, não deixei de trabalhar um segundo sequer nos preparativos dessa que promete ser uma festa marcante na vida de todos nós.

Aliás, ninguém sabe o quanto fiquei feliz ao saber que todos voltaram. Eu juro que esperava que nenhum deles fosse aparecer, exceto a Rachel, que nunca deixou de fazer parte de eventos como esses, já que não perde uma oportunidade de “brilhar”. Mas aqui estão todos eles e, pelo que pude perceber na festa do Finn, pelo menos entre o pessoal que compareceu, é que estão todos muito empolgados – mas talvez não tanto quanto eu.

Isso tem sido tão importante para mim que não estou querendo deixar nenhum detalhe passar. A decoração tem que ser a melhor, assim como todos os alimentos, e o espaço tem que ser confortável, do contrário, duvido que alguém queira ficar até o fim da festa, que promete acabar no dia seguinte. Nada pode dar errado, portanto, estou tomando todas as providências para que tudo dê certo.

As melhores carnes estarão na festa, mas também estarão as opções vegetarianas, já que sei que Rachel – e eu acho que a Tina também – não come carne.

E então eu me lembro da Tina.

Nunca superei realmente a nossa separação. Agora percebo que, naquela época que ela me deixou para ficar com o Mike, que, por mais legal que seja, é um tremendo fura-olhos, eu tinha esperanças de que ela desistisse dessa ideia maluca de se juntar com outro asiático para ficar comigo. Eu estava enganado, é claro, mas hoje em dia percebo melhor o porquê disso. E até aceito.

Só não consigo aceitar totalmente que, depois de todos esses anos, ela e o Mike ainda estejam juntos. Confesso que, quando chamei a todos, imaginei que Tina voltaria sozinha e que, quem sabe, estivesse sozinha, com um lugar no coração pronto para eu tomar. Mais uma vez, eu estava enganado. Não só ela ainda está namorando Mike, como parece muito feliz ao lado dele. Fiquei um tanto decepcionado ao descobrir isso, depois de uma conversa por telefone com Mercedes ontem à noite.

Mas fiquei decepcionado por mim. Sei que, na posição de alguém que ama Tina, eu devia torcer pela felicidade dela. É o que se faz quando você não quer parecer egoísta para o próprio espelho. E eu realmente fico feliz por ela, mas também não consigo me obrigar a ficar feliz por mim. Talvez isso aconteça por causa da minha carência, que só tem sido atenuada com o decorrer dos anos, já que não tive muitas parceiras durante esse tempo. As cadeiras de rodas assustam as pessoas.

Contudo, estou bem. Bem, naquelas. Sei que um dia terei aquilo que procuro, mas não sei quando. Mesmo assim, estou positivo de que ainda serei feliz.

E que venha a Going Back In Time Party!

~//~

Sam observou todo o restaurante antes de encontrar Mercedes em um canto, à sua espera. Engoliu em seco, certo de que aquele encontro jamais deveria acontecer, principalmente depois de tudo o que ele e Quinn tiveram. Contudo, sabia que, uma hora ou outra, aquele assunto viria à tona. Era um problema não resolvido que precisava de uma solução, antes que a festa de reunião dos ex-membros de Glee Club acontecesse. E ele estava pronto para concedê-la.

Mercedes ergueu uma mão no ar, sacudindo um amontoado de pulseiras presas ao braço, um sorriso lindo e cativante no rosto. Aliás, Mercedes em si estava linda, tanto que, momentaneamente, confundiu os pensamentos de Sam. Vestida em um vestido que valorizava seu decote e usando acessórios e maquiagem na medida certa, ela parecia uma cantora de sucesso que viera por engano a um restaurante como aquele, em Lima. Não mudara muita coisa, segundo o que ainda se lembrava, mas estava visivelmente mais bonita.

Constatar essas coisas fez com que algum arrependimento nascesse no peito de Sam, sentimento que ele procurou reprimir o máximo que pôde, tendo em vista que dissera a Quinn que a amava,.

- Você está lindo, Sam – Mercedes disse assim que seus rostos se afastaram de um beijo amigável. – Está um gato!

- Você está linda também, Mercedes – ele disse e sorriu falsamente, tomando sua cadeira.

Mercedes franziu o cenho, confusa.

- O que acha que viemos fazer aqui? – perguntou e cruzou os braços sobre a mesa, fitando Sam com aqueles olhos negros e provocativos.

- Mercedes... – ele ensaiou, mas nenhuma palavra saiu. No final das contas, todo o tempo que passara praticando seu discurso não adiantara de nada. – Eu... Eu...

Ele não queria falar. Não queria dizer que não podia voltar com ela porque amava outra pessoa, mas sabia que precisava. Entretanto, as palavras haviam engasgado em sua garganta e não estavam nem próximas de sair. Revoltado, deu de ombros.

- Eu e você não nascemos um para o outro – Mercedes afirmou, um sorriso mais consolador do que jovial agora no rosto. – E com certeza você estava imaginando que eu o havia chamado aqui para querer voltar, não é mesmo?

- Claro que não – Sam mentiu. – Eu só...

- Fique tranquilo, Sam – ela continuou e agarrou sua mão sobre a mesa, alisando-a. - Diferente de outras pessoas, eu sei como superar um amor que nunca deu certo. Tínhamos atração um pelo outro e só. Foi bom enquanto durou, mas ainda melhor quando acabou. Você não acha?

Sam não sabia o que dizer, tão assustado que estava. Para Mercedes, a expressão em seu rosto era cômica, mas ela preferiu não rir. Não queria constrangê-lo mais do que já estava constrangido.

- O que vai pedir, hein? Sei que eles servem frangos maravilhosos para acompanhar todas as novidades que temos para contar um para o outro – Mercedes disse, voltada para o cardápio, sorrindo.

Sam apanhou o cardápio, mirou a mulher à sua frente e sorriu, contente, admirando ainda mais aquela Mercedes que ele sabia que já conhecia.


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