Going Back In Time Party escrita por Rennan Oliveira


Capítulo 12
Ao Acordar À Tarde


Notas iniciais do capítulo

E depois de tantos pedidos, aqui vai um capítulo ~inteirinho~ de Fabrevans! Espero que gostem :D



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Quinn chegou ao meio dia em casa e em estado deplorável. Sentiu-se a mais sortuda de todas as mulheres por não ter encontrado ninguém em casa, pois sabia que, se sua mãe estivesse ali, haveria um questionário que ela provavelmente não iria querer responder. Deixara os calçados pelo caminho, porque seus pés doíam demais, o que tornou uma caminhada a pés descalços bem melhor. Além disso, as roupas com as quais rolara na grama antes de ir para a cama com Sam – momento do qual ela não conseguia se lembrar em absoluto - estavam imundas. Antes de correr para o quarto, ela deixou todas essas peças na máquina de lavar roupas, na lavanderia, a mesma em que Puck e Judy fizeram amor horas antes, e esperou que elas ficassem limpas a tempo de evitar que mais alguém as vissem em tal estado.

Ao entrar no quarto, deparou-se perguntando se devia tomar uma ducha ou apenas ir se deitar. Nem dois segundos depois, o corpo cansado de Quinn estava jogado sobre o seu colchão, a mente pronta para adormecer. E adormeceu.

Só foi acordar no fim da tarde, com o sol já querendo ir embora e com o corpo tão relaxado que os membros pareciam moles. Girou-se no lugar até ficar voltada para o teto e, depois de um processo de autoconvencimento que durou alguns minutos, ela conseguiu se levantar. A cabeça rodou por causa da ressaca.

- Eu não devia ter bebido tanto... – sussurrou para si.

Era claro que ela não queria deixar de beber tão cedo, principalmente porque, muitas vezes, era a bebida quem dava a coragem de que ela precisava para tomar certas iniciativas, então, intrínseca nessa frase que havia dito, estava o contexto de que ela não devia ter se deixado levar pela lábia de Sam. Se estivesse sóbria, mesmo que tendo tomado cinco ou seis copos de alguma bebida, não teria ido para a cama com um homem que não via há tanto tempo. Além do mais, querendo ou não, Sam era um conquistador, mesmo que, às vezes, parecesse atrapalhado com a arte da conquista. E ele conseguira conquistá-la mais uma vez. Quinn se sentia irritada por isso.

Entrar para a faculdade e fazer novos amigos, com mentes mais adultas e maduras do que qualquer membro do Glee Club um dia teve, fez com que ela começasse a enxergar as coisas de outra forma. Por exemplo, antes ela teria achado uma conquista louvável conseguir levar Sam e seu belo corpo malhado para a própria cama, porém, depois de tanta experiência, agora via isso como um ato de vadiagem, e alguém com os objetivos que ela tinha não devia seguir por esse caminho. Foi a bebida, ela disse para si em pensamento. Se não fosse a maldita bebida, eu não teria ficado com ninguém nessa noite, nem mesmo com o Sam!

Afinal, que tipo de mulher eu sou?

- Ai... – Quinn reclamou quando a cabeça latejou. Levou uma mão espalmada para testa e pressionou-a, esperando que isso aliviasse a dor.

- Isso acontece quando você bebe demais – disse a voz de Sam em algum lugar.

- Eu sei, mas ainda assim não consigo me acostumar – ela disse em resposta. – Posso passar por mil noites de bebedeira e ainda vou me sentir desse jeito no fin...

Quinn interrompeu a frase e franziu o cenho. Olhou para a esquerda num movimento automático e encontrou um Sam bastante descontraído sentado em sua poltrona de leitura, que ficava próxima a uma estante de livros, recheada de romances com teor filosófico. A cortina da janela ao seu lado estava fechada, lançando uma claridade com a mesma cor do tecido, que era rosado, sobre o homem. Algo naquela imagem deixou a mulher com um estado de alegria momentâneo, que logo sumiu quando ela percebeu que Sam não devia estar ali.

- Há quanto tempo você está aqui? – ela perguntou.

- Pouco – ele respondeu fazendo um movimento de ombro. – E antes que você me pergunte...

- Você entrou pela janela?

- Eu não invadi a sua casa e nem o seu quarto. Só estou aqui porque sua mãe permitiu.

- Imagino que inventou alguma mentira para que ela deixasse você subir até o meu quarto.

- Ela estava hesitante, mas no final compreendeu.

Quinn estremeceu, assustada. Seus pensamentos sobre Sam tinham sido tão fortes assim que ela acordou que agora ela tinha a impressão de que não só os pensara, como também os pronunciara em voz alta. Tinha medo de que ele tivesse ouvido suas conclusões e que agora estivesse apenas esperando o momento de jogar tudo o que sabia numa discussão.

- O que você ouviu? – ela perguntou, encolhendo-se.

- Eu devia ter ouvido alguma coisa?

- Não. Claro que não. – E tentou sorrir, desajeitada.

Sam espreguiçou-se. Quinn levantou-se e tratou de vestir o primeiro conjunto de peças que encontrou em seu quarto. Até então, estivera vestida apenas com sua roupa de baixo preferida, aquela que sempre usava quando a ocasião prometia ser especial.

- O que você está fazendo aqui, Sam? – ela perguntou assim que fechou o zíper do jeans. – Quer conversar? A ideia é incrível! Pena que eu não vejo como fazer isso depois do que fizemos na noite passada... – Quinn olhou para o botão da calça, que acabava de fechar, e terminou: - E depois de acordar seminua e encontrar você me observando no meu próprio quarto.

- Você fala como se a gente nunca tivesse feito isso antes.

- Fizemos, Sam, há muito tempo, mas também não se esqueça de que fizemos muitas outras coisas depois daquilo que tivemos. – Quinn pousou um olhar furtivo no homem que a encarava.

- Eu não esqueci, mas isso não quer dizer que não posso fazer de conta que nunca aconteceu.

- Sam, nós traímos um ao outro num curtíssimo espaço de tempo, isso não parece estranho pra você?

- Hoje em dia, parece, mas você não pode me julgar por aquilo que fiz no passado. Passaram-se pelo menos seis anos desde toda aquela bagunça que foi a nossa vida em tempos de coral. Você não acha que foi tempo suficiente para muita coisa ter mudado nas nossas vidas?

- Acho. Claro que concordo.

- Mas...?

- Você não sabe como foi pra mim me separar de você, Sam. Os homens podem ter pensamentos diferentes a respeito de um relacionamento e de como ele deve terminar, mas, para mim, esse foi um processo que durou muito tempo. Veja só! Eu mal termino meu namoro com você e surgem boatos de que você está saindo com a Mercedes! O que fui obrigada a fazer nesse momento?

- Não faço ideia – Sam respondeu e realmente não sabia o que responder.

- Eu tive que me conformar com o fato de que nunca mais o teria para mim – Quinn disse. – O que, hoje, me parece uma coisa muito engraçada. Passei semanas e mais semanas tentando me convencer de que deixá-lo de lado era o melhor a se fazer, e essa foi não só uma escolha difícil como uma atitude que eu sofri para sustentar. Passei cerca de um ano e meio tentando tirar você da mente e nunca consegui realmente. Mas aí então veio a faculdade...

- O que tem a faculdade?

- Yale me ajudou a esquecer você, Sam. De repente, você não era mais a pessoa importante que sempre foi. Para mim, era apenas um garoto que conheci no ensino médio uma vez e que tinha sumido da minha vida de um momento para o outro.

- Eu sei dos erros que cometi.

- Você já disse isso antes.

- E sei que eles não me levaram a nenhuma consequência importante. Você teve que conviver com o fato de ficar longe de mim durante todo esse tempo? Não foi a única que sofreu. Sabe como é passar o mesmo tempo que você passou pensando em mim tendo que conviver com o maior arrependimento de toda uma vida? Eu nunca vou me perdoar pelo que fiz com você, e é esse arrependimento que pulsa no meu peito toda vez que você me vem à mente.

- Isso é lindo de ouvir.

- É o mesmo arrependimento que fez com que eu quisesse me aproximar de você uma vez mais.

Quinn tinha uma sobrancelha erguida, os olhos voltados para Sam, observando-o se levantar da poltrona em que estivera sentado e, em poucos segundos, ficando de frente para ela, mais uma vez tão próximo que sua respiração podia ser sentida. Uma fração de segundo depois, seus lábios se tocavam em um novo beijo, que foi complementado por um abraço de Sam na altura de sua cintura. Quinn não teve mais como resistir aos seus impulsos e, quando menos pôde perceber, estava ela própria abraçando o homem, segurando-o próximo, prolongando aquele que parecia ser o melhor beijo de toda sua vida. De repente, percebeu que poderia fazer amor com ele mais uma vez, se assim Sam desejasse.

No final das contas, nenhuma das conclusões que Quinn tomara durante os tempos de faculdade fazia sentido naquele momento.

- Eu não te conheço mais como antes – ela voltou a dizer num sussurro. – Sei que, depois de tanto tempo, eu teria que reconhecê-lo para poder voltar a me sentir à vontade com a sua presença, mas... Por que será que eu sinto que te amo?

- Duvido que seja possível amar uma pessoa que não te ama. Isso responde a sua pergunta?

Quinn desviou o olhar dos lábios enormes de Sam assim que ele terminou sua fala e voltou-o para os olhos azuis que ele possuía. Curvou a sobrancelha numa expressão tristonha assim que percebeu o quanto feliz ele estava de poder tê-la nos braços novamente.

- Você não pode me abandonar de novo – disse, por fim. – Eu não saberia lidar.

- Não precisa se preocupar, isso não vai acontecer de novo – Sam falou e embalou Quinn nos braços, deixando que ela apoiasse a cabeça no seu peito. – Tenho certeza de que a Going Back In Time Party é apenas um pretexto do destino para que histórias que acabaram de maneira errada sejam consertadas.


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Notas finais do capítulo

Digam o que acharam! Se não foi intenso o suficiente, é apenas porque todos estão se conhecendo ainda, mas coisa boa vem por aí, inclusive dos demais personagens o/