Eu nunca me senti tão invisível na minha vida, e olha que em matéria de ser desprezado eu tenho experiência.

POV. Mariana.

Larissa já tinha voltado para casa, e agora todo mundo estava mimando ela, como um bebê. Eu estava realmente feliz por ela ter se recuperado, mas em compensação TODO MUNDO daquela casa estava indiferente comigo, e isso fazia com que eu me sentisse muito mais culpada. Eu já havia pedido desculpas para Larissa, e nós nos acertamos.

– Tu ta bem mesmo Lari? – eu fazia essa pergunta tantas vezes que já sabia exatamente o que ela ia dizer.

– Porra Mari, eu já disse que to bem.

– É bom conferir né? – eu disse – vem comigo até o Rainbow?

– QUER QUE EU ENTRE EM OUTR COMA ALCÓOLICO SUA VACA? – ela gritou, e depois começou a rir.

– NÃO É VOCÊ QUE VAI BEBER PORRA. – eu retruquei, e sai arrastando ela.

Chegamos ao Rainbow e eu pedi uma vodka. Larissa ganhou um suco de laranja, e fechou a cara. Ficamos ali conversando por um tempo, então Michelle chegou. Sim, aquela vadia queria atormentar nossa vida de novo. Como Larissa não estava lá com o humor muito bom, saímos do bar e começamos a andar pela cidade. O sol estava tão quente que parecia que iria derreter nossos cérebros, então voltamos para casa.

POV. Izzy

Quando eu vi Lari voltando para casa, rindo feito idiota ao lado de Mari eu explodi. Aquela menina tinha quase matado minha namorada, e ela não se importava com isso. Eu sentia tanto ódio, que seria capaz de matá-la ali mesmo. Acho que Duff percebeu que eu estava a ponto de explodir e me segurou.

– Ei cara, pega leve. – ele disse.

– PEGA LEVE O CARALHO – gritei – AQUELA VADIA AINDA VAI MATAR A LARISSA.

Elas pararam de sorrir quando eu disse isso.

– De quem tu ta falando Izzy? – disse Larissa.

– Dessa vadia ai do seu lado. – eu disse, dando de ombros.

Achei que Mari fosse gritar, espernear, pegar a faca ou qualquer outra coisa do tipo, mas ela simplesmente subiu as escadas e fechou a porta do quarto. Steven foi atrás dela. Por mais que eles não estivessem bem, eu sei que ele se importava com ela, e acho isso uma merda. Por mim, Mari já estaria no Brasil, mas ele sempre achava um jeito de defender ela.

Uns 10 minutos depois ela desceu, carregando uma mochila, e com Steven tentando fazê-la parar. Senti uma pontada de arrependimento naquela hora, mas foda-se. Era melhor assim.

POV. Mariana.

Quando eu menos espero Izzy vira para mim e para Larissa e fala uma coisa daquelas. Cara, naquela hora eu senti que iria desabar. Ele estava tão contra mim que barrava toda a felicidade que eu poderia sentir. Subi as escadas e peguei uma mochila. Era hora de fazer as malas e sair logo dali.

– MARIANA ABRE A PORTA AGORA. – Steven gritou.

Eu não queria brigar com ele de novo, então resolvi abrir.

– Steven por favor, sai daqui. Vai dar uma volta, chama algumas prostitutas, acende um cigarro... Não importa, mas se afasta de mim. – eu disse.

– O que? Você andou se drogando é isso? Que porra você está falando Mari, eu amo você. Deixa de ser idiota, larga essa mochila.

É, aquele “eu amo você” me fez parar por um instante, mas naquele estado que as coisas estavam, nem aquilo iria me segurar naquele apartamento.

– Steven você não percebe? Eu ando deixando todo mundo puto e não aguento mais esse desprezo todo. Eu tenho que ir embora daqui, pro bem de todo mundo, inclusive o seu. Eu não te faço bem Stev – eu parei e olhei nos olhos dele, depois encarei meus pés – e também, você vai achar alguém que te faça feliz como você me fez. Steven, olha pra mim, você merece muito mais que isso.

Eu estava com os olhos cheios de lágrimas, mas não ia chorar, definitivamente não. Peguei minha ultima blusa e enfiei na mochila de qualquer jeito. Abri a porta e sai do quarto.

– Mari, pra que essa mochila? Aonde você vai? Volta aqui Mariana! – Larissa gritava.

Eu sai daquele apartamento com Larissa ao meu lado, falando coisas para me impedir de fazer aquilo, mas eu não ouvia. Steven tinha desistido, e estava conversando com Slash, eu acho.

– Larissa eu não vou ficar aqui, não adianta. Esses caras te amam e querem teu bem. E isso inclui distância de mim. – eu disse, tentando acalma-la.

– Pra onde você vai? Você não tem casa porra. – ela disse.

– Minha tia mora em Chicago lembra? Eu vou para a casa dela. E se não der certo não importa. Eu tenho grana e dá para arranjar outro lugar.

Nós estávamos no aeroporto, eu me despedi dela e fui em direção ao portão de embarque. Quando olhei para trás levei um susto, pois os pais e a irmã de Larissa iam ao seu encontro. Eu abaixei a cabeça e voltei a andar. Estava fria por dentro, e não queria mais problemas. Larissa teria que dar o jeito dela para aguentar mais aquilo.