Janeiro, 1986.

É, aconteceu de novo. E você deve estar ai se perguntando o que aconteceu de novo não é? Bem, vamos entender.

POV. Larissa

Flash back on

Eu acordei atrasada, é atrasada, de novo, minha cabeça explodia, maldita ressaca, é isso que dá farrear sendo que no outro dia tem aula, mas quer saber o que eu acho das aulas? Quer saber o meu interesse em ir pra escola todo dia? Bem, uma palavra responde tudo, foda-se, foda-se a escola, foda-se essa vida, foda-se tudo isso.

Eu olhei para o relógio de cabeceira, marcava sete horas, eu bocejei, virei o rosto e fechei os olhos novamente, ate que ouvi passos subindo a escada, meu quarto fica no segundo andar. Logo a porta abre, eu ignoro completamente, até que a luz invade meu quarto, meus olhos ardem e minha cabeça dói mais, olhei com raiva para a pessoa que me acordou delicadamente – sim meus queridos, isso se chama sarcasmo - e vi o rosto da minha irmã mais velha.

– Já são sete horas, você tem aula, levanta sua imprestável. – ela disse isso enquanto puxava violentamente minha coberta.

– Mas que porra Milena, me deixa em paz, você não tem nada a ver com a minha vida. – eu disse irritada.

– Ah não, eu sou sua irmã lembra, sua irmã mais velha, agora anda Larissa, vai fazer alguma coisa dessa tua vida, ou você vai chegar aos dezoito sendo sustentada pela gente.

– Foda-se. – eu falei me levantando ainda irritada, mas a única maneira de se livrar dela era indo para a escola. Arrumei-me e desci.

– Cadê a mamãe e o papai? - perguntei comendo uma maçã.

– A mamãe já saiu pra trabalhar o papai deve ta largando em algum lugar bêbado e drogado, e você ta seguindo os passos dele. – Dei um belo dedo do meio pra ela, peguei a mochila e saí. Eu odeio meu pai, por tanto se tem uma coisa que no suporto é ser comparada com ele.

Cheguei à escola atrasada e entrei na sala de aula de cara fechada, procurei Mariana, minha melhor e única amiga, com os olhos, joguei a mochila no chão e me sentei ao lado dela.

– Como foi à noite? – ela me perguntou olhando para minha cara de sono.

– Boa, Tava cheia de hippie revoltado, mas tinha bebida.

A aula seguiu normalmente e, depois da aula, seguimos juntas para uma mesa afastada para comer alguma coisa, mas o nosso lugar já estava ocupado, algumas lideres de torcida e jogadores de futebol estavam lá a ponto de iniciar uma orgia, eu olhei para Mari e ela olhou pra mim.

– Ei, que porra é essa? – Mari perguntou nervosa.

– Olha quem ta aqui, as esquisitas.

– Antes esquisita do que puta. – eu respondi ácida.

As lideres de torcida fizeram cara de ofendidas e os jogadores de futebol olharam para elas com cara de “Corre” e foi isso que a gente fez, começou a correr, entramos no meio de uma pequena aglomeração, mas foi aí que fodeu tudo, aquelas pessoas eram as certinhas que tinham medo dos roqueiros que usavam roupas pretas e com tachas – lê-se nós- e quando nos viram se afastaram, nós ficamos a mostra e os três jogadores nos alcançaram, nos prensaram na parede e um deles falou.

– Agora vocês tão ferradas.

E nós? Nós fizemos a única coisa insana e louca que nos veio a mente, eu dei um chute no cara que me segurava e Mari chutou o que segurava ela, onde nós chutamos? É ai mesmo onde você ta pensando, desviamos do terceiro cara e começamos a correr em direção a saída, corremos pela rua a paramos na casa de Mari, os pais dela são ricos, o que os faz uma boa opção.

Eu fiquei lá por um tempo e depois voltei para casa, chegando lá eu vi o inferno, meu pai estava bêbado, com os olhos vermelhos e claramente drogado, batia na minha mãe e minha irmã tentava ajuda-la o que fez ela apanhar também, eu me meti na briga e nós três conseguimos doma-lo, ele saiu porta afora, nós ajudamos minha mãe e depois me tranquei no meu quarto.

Já passava das dez quando ouvi um barulho na janela e só existia uma pessoa que bateria na minha janela àquela hora, Mariana. Abri a janela e ela entrou, séria.

–Lari, preciso falar com você.

– Mari, o que aconteceu? – perguntei preocupada.

– Lari, eu vou pra Los Angeles, eu vou estudar lá.

– você vai estudar em LA?

–Vou.

–Mas isso é perfeito Mari.

– Perfeito como? Eu vou pra longe daqui, você vai ficar sozinha aqui e eu vou ficar sozinha lá, como isso é bom.

– Mari, eu vou com você.

– Que?

– NÓS VAMOS PRA LA.

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