Alguns dias depois da reunião no hospital, Sara recebeu alta e o casal Grissom marcou o café da manhã com os colegas. Ele trabalhava com capricho na cozinha quando a campainha tocou; Sara foi atender.

--Querida, você está bem? --Brass foi o primeiro a cumprimentá-la. –Onde está o Bugman?

Ela riu e indicou a cozinha. Catherine vinha logo atrás com os demais peritos. Nick lhe deu um ramo de flores com um cartão assinado pelos colegas do laboratório. A morena agradeceu e fechou a porta, seguindo com os amigos para a cozinha depois.

--Grissom está cozinhando... –Greg observou.

--Não vou te envenenar. –Gil respondeu, abrindo caminho para Sara. –Flores do laboratório?

Ela assentiu enquanto pegava um vaso de vidro num dos armários. Encheu-o de água fresca e depositou o buquê.

--Precisa de ajuda, Gil? --Cath se ofereceu.

--Não. Estou terminando as panquecas. Devem estar com fome. –Ele jogou uma massa no ar. –Como foi o turno?

--Estamos atolados sem vocês. –Warrick confessou.

--Mas o pior é o Hodges indo à campo. –Greg gemeu. –Ele não cala a boca.

Grissom riu descontraidamente e colocou duas pilhas de panquecas na grande mesa já posta. Os colegas acomodaram-se, deixando o casal lado a lado. Por estar com o braço engessado, Sara recebeu o auxílio do namorado com uma salada de frutas e algumas torradas.

--O que vocês vão nos contar? --Brass foi direto.

--O que vocês querem saber? --Grissom retrucou.

--Tudo. –Nick e Warrick disseram juntos.

Sara e Grissom trocaram um olhar cúmplice, e ela tomou a palavra:

--Estamos juntos há algum tempo. Uns dois anos. –Os amigos olharam incrédulos. –Por razões óbvias não podíamos contar.

--Sinto muito por ter deixado vocês confusos quando revelei tudo daquela forma. –Grissom disse. –Nós estávamos nos programando para contar somente a vocês, mas não tivemos chance.

--É muito estranho? --Sara mordeu o lábio inferior ansiosa. –Quero dizer... Estão bravos?

Os amigos negaram efusivamente, e Catherine tomou a palavra:

--É estranho, mas vocês estão mais felizes! Grissom está até mais bonito!

Os rapazes abafaram risos e o entomologista corou fortemente.

--Vocês nem desconfiaram? --Grissom estava incrédulo. –Nunca?

--Que o cara mais fechado do laboratório estava namorando com a CSI mais antirrelacionamentos? Não, nunca. –Warrick brincou.

--Ecklie comeu seu fígado? --Jim indagou.

--Aposto que ele ainda fritou um pouco... –Greg fez uma careta.

--Na verdade, minha conversa com ele foi bem estranha. –O entomologista contou. –Ele perguntou sobre a seriedade do nosso relacionamento. E no fim, Catherine foi promovida e Sara será reintegrada à equipe.

A loira engasgou com o café.

--Como é? Ele não disse nada!

Gil entortou a boca.

--Acho que eu não deveria ter contado, então...

--Claro que deveria! –Cath quase gritou.

--Você será co-supervisora do noturno, e fará as avaliações dos demais junto comigo. Assim a Sara poderá continuar na equipe sem terminarmos nosso relacionamento.

--Como vocês conseguiram isso? Não era contra as regras? --Nick estava surpreso e feliz.

--Me digam vocês! Ecklie disse que vocês fizeram isso.

Os amigos se entreolharam, e Warrick sorriu ao dizer:

--Não queríamos vocês separados. Demos indiretas durante todo o turno, mostramos como precisamos de vocês. —Ele deu de ombros. –Não mentimos sobre nada.

Gil sorriu orgulhoso para eles.

--Obrigada por isso. –Sara agradeceu, entrelaçando sua mão na de Gil.

--Na verdade nós não devemos agradecer. Vocês é que deveriam pedir desculpas! –Grissom disse bravo.

--Gilbert! –Sara estranhou a atitude dele. –Não percebe o que eles fizeram por nós?

Os meninos não sabiam se riam da reprimenda de Sara, ou se olhavam confusos para o chefe.

--Só sei que eles formam a melhor equipe de criminalística do país e nem perceberam um relacionamento proibido bem debaixo dos narizes deles! Se fosse um teste de proficiência, vocês receberiam um grande zero. –No final, ele abriu um sorriso largo, descontraindo a equipe. –Obrigado, pessoal.

Duas semanas depois...

Sara e Grissom estavam dentro do carro estacionado do lado de fora do laboratório. Era o primeiro dia deles no trabalho sem segredos, e apesar de serem adultos e bem resolvidos, estavam nervosos.

--Qualquer coisa me liga. –Gil disse pela décima vez no dia. –Não dê ouvidos ao Hodges.

--Pode deixar. –Ela deu a mesma resposta. –Você também.

Ele assentiu e saiu do carro. Deu a volta e abriu a porta para ela, que ainda estava com o braço enfaixado. Sara sorriu, e ele pegou sua mão, atravessando o estacionamento com um sorriso no rosto. Antes de chegarem na porta de entrada, porém, suas mãos se separaram e seus lábios se uniram rapidamente:

--Bom trabalho, querido.

--Pra você também, honey.

E com as mentes focadas no trabalho, eles adentraram no laboratório seguindo para caminhos opostos, mas para um mesmo ofício prazeroso com aqueles que eram mais do que uma equipe: eram uma família.