Shay.

-Oi amor. -Diz o meu "Namorado misterioso do outro lado da linha”.

-Oi. -Digo.

-Você não contou para a Windy que estamos juntos?

-Não tive coragem. -Suspiro.

-Por quê? Ela não vai te matar. -Riu.

-Talvez algo próximo disso.

-Ela tá feliz com o Ricardo. -Ele diz calmo.

-Realmente. É que não é só isso...

-Então é o que? -Questiona e eu respiro fundo.

-Nada. Isso é entre ela e eu.

-Não se preocupe jamais vou me meter nesse assunto.

-Melhor assim...

   Fui para a casa da Windy logo após e ficamos conversando. Ela me convidou para irmos à praia e eu aceitei. Windy prendeu seu cabelo em um coque e me encarou.

-Nem sabe o que eu fiz.

-O que?

-Coloquei um detetive atrás do Rafael, descobri que o pai dele pega a irmã da mãe dele. -Gargalhou.

-Ah... -Engoli seco, Windy não parava nunca com as suas maldades.

-Você está estranha. - Disse Windy franzindo o cenho.

-Nem estou. - Murmuro incompreendida.

Windy.

Caminhamos pela beira da praia, avistei de longe Arthur que se aproximou rapidamente.

-Oi. -Disse.

-Oi. -Respondemos juntas.

-Podemos conversar Windy?

-Estamos conversando. -Rebati e ele mordeu os lábios.

-Vai lá Windy. - Shay me empurrou obrigando-me a ir. Nós nos sentamos no banco mais próximo.

-Então você está com o Ricardo. -Disse magoado.

-Isso é novidade desde quando? -Questiono.

-Sempre achei a amizade de vocês estranha demais para ser apenas amizade.

-Você está insinuando que eu fico com todos os meus amigos? -Disse aumentando o tom de voz.

-Talvez. Quando você ficou amiga do Rafael em menos de um dia já estava namorando ele... -Deu os ombros. -Não entendo o porquê de você ficar se fazendo de difícil justo para mim.

-Porque você me dá nojo. - Cuspo as palavras, que soam como uma tapa na face de Arthur.

-Você já pegou pessoas bem piores. -Arthur engoliu seco. -Desculpa, não estou bem hoje.

-Pra mim isso é sem-vergonhice isso sim!

-Eu gosto de você, Windy. Vim aqui pedir para você voltar comigo. Mas acho que você corre risco estando perto de mim. -Arthur leva sua mão até seu queixo e aproximou sua face da minha.

-Windy?! - A voz de Ricardo soa ríspida atrás de nós, viro-me rapidamente e o encaro. Lanço um sorriso em sua direção, mas ele se mantem fechado.

-Bem, desculpa por tudo Windy. -Arthur fala e desaparece.

-Se não fosse eu chegar ele ia te beijar! -Ricardo grita e várias pessoas nos encaram.

-Cala a boca. -Digo cerrando os dentes e num sorriso cínico. Ricardo relaxa. -Eu jamais iria deixar isso acontecer. -Digo calma.

-Você quase deixou!

Meu celular, então começou a tocar, olhei no visor e era a Priane.

-Oi amiga. -Diz ela claramente triste.

-Oi amor. -Digo. - O que houve?

-Vem para cá tipo agora?

-Claro. -Respondo rapidamente.

-Estou te esperando então. Beijo.

-Beijo.

Desligo.

-Garanto que era o Arthur. -Ricardo murmura enciumado.

-Você está com ciúmes? É melhor parar. Avisa a Shay que eu fui para a casa da Priane. -Saiu ignorando seus resmungos.

(...)

-Foda-se a mãe dele, ele gosta de você. Simples, rápido & prático. -Digo.

-É que você não passa por isso Windy... – Priane murmura e afasta uma lágrima de seus olhos.

-Obrigado por jogar na minha cara que eu não tenho namorado. -Bufo.

-Não quis dizer isso, até mesmo porque você tem um namorado só que não percebe.

-Ah. Esse assunto de novo? Ele é apenas meu...

-Amigo. -Priane me interrompe. -Sei. Inventa outro codinome porque esse ninguém acredita mais. -Gargalhou.

-Ai. -Digo cansada do tal assunto.

-E como está o clima entre vocês?-Indagou Priane.

-Acabei de deixar ele na praia com o um ataque de ciúmes histérico.

-Como assim? -Ergueu as sobrancelhas e apertou os lábios.

-O Arthur tentou me beijar lá na praia. -Dou os ombros. -Lógico que eu não deixaria, mas o Ricardo não acreditou.

-Você tem que mostrar para ele que você não irá deixá lo. Precisa passar segurança.

-É. Pode ser. -Murmurei e escorei-me.

Conversamos mais um pouco e logo após fui para casa. Cai na cama e apaguei.

(...)

  O dia do tal casamento da minha tia havia chegado, eu não havia nem comprado roupa para o evento, acho que usaria isso de descupa para não comparecer. Para que ir a um casamento dela? Sendo que sei que em menos de três meses haverá outro.

  Levantei da cama com preguiça, ela dominava o meu corpo. Minha mãe abriu a porta do meu quarto de um jeito brusco, que fez com que eu caísse no chão de susto.

 - Filha? Você tá bem? – Ela disse chocada, eu fiz uma careta, mas assenti. Apoiei-me na cama para levantar e ela abriu a porta-janela do quarto.

-Que dia maravilhoso para o casamento de sua tia!

-Não vou ir mãe...

-Já conversamos sobre isso... – Ela me repreendeu.

-Eu não sou mais um bebê, mãe! – Exclamei e ela riu.

-Não importa, estou fazendo isso pelo seu bem. – Ela parou, virou e me encarou. – Aliás, o Ricardo esteve aqui... Foi buscar o terno para a cerimônia.  – Gemi e a minha mãe sorriu. – Você já foi pegar o seu vestido?

-Que vestido? – Digo assustada, eu não havia comprado nenhum vestido para ir buscar!

-Ué, o vestido que eu comprei para você!

-Não mãe... Eu não vou.

-Ah vai sim.

-Não. Vou ficar deitada nessa cama o dia todo.

-Não, não vai. – Minha mãe disse enquanto me arrastava para o banheiro. – Você vai tomar um banho, às 14h40min temos cabeleireiro marcado, pedicure, manicure, maquiador... TUDO!

-ARG! – Resmunguei, mas fui para o banho contrariada.

(...)

-Você está linda. – Disse Ricardo sorrindo em minha direção, ao ver-me descendo as escadas. – Sem comentários. – Seus olhos brilhavam e eu continuava com a minha cara de irritada.

-Eu não quero ir! – Reclamo com a pior cara possível.

-Você tá muito velha para fazer birra. – Ricardo, pisca para mim.

-Vou te processar por usar as minhas palavras!

-Não vejo seu nome escrito nelas. – Ele cruza os braços e provoca.

-Cala a boca Ricardo. – Bufo.

-Vamos de uma vez, antes que a Windy saia correndo. – Minha mãe disse andando em nossa direção, usava um vestido longo verde e um chalé por cima. Seu cabelo estava preso em um penteado perfeito.

-Vamos? – Ricardo disse enquanto pegava a minha mão, juntava meus dedos e beijava.

(...)

   A cerimônia começou tudo tranquilo, até a minha tia adentrar a igreja usando um vestido preto! Sim, PRETO! Olhei para Ricardo que ria. O futuro, ou marido da minha tia era bem mais novo que ela, deveria ter uns vinte e cinco anos a menos, no mínimo.

-Ela gosta de novinhos? – Ricardo cochichou.

-Não, ela AMA! – Eu respondi e ele sorriu.

-Velha safada! –Ricardo disse rindo.

-Demais. E falsa, chata, irritante, tudo de ruim!

  Pior que a música que ela entrou? Impossível, nunca havia visto ninguém entrando com um funk em um casamento. Minha tia entrou rebolando, aquele vestido preto gigante a deixava gorda.

  -Mãe, tem certeza de que estamos no lugar certo? Isso parece um circo não um casamento. – Murmurei para minha mãe, que me olhou com uma cara feia. Ricardo deu uma gargalhada e minha mãe o fitou, brava e ele ficou sério.

-Eu entendi agora o motivo de você não querer vir. – Ricardo sussurrou enquanto o padre começava aquele falatório todo.

(...)