Undertaker [Hiato] escrita por biazacha


Capítulo 19
Saber Que Vai Morrer


Notas iniciais do capítulo

Agradeçam o feriado, senão sabe-se lá quando eu daria as caras por aqui.... sério, achei que jamais chegaria a este ponto, mas não aguento mais fazer desenhos!
Mas enfim..... Amanhecer parte 2 foi um caso a parte, ri demais com os "efeitos" especiais... e o show da Gaga foi a coisa mais linda, perfeita e eletrizante que já vivi. Sério gente, vale MUITO a pena pagar o ingresso, porque essa mulher manda bem demais ao vivo! (fora que é uma fofa com os fãs, totalmente diferente do tratamento que dá pra imprensa) ai ai ai.... quem canta quase 3h num show?
Ok ok, vou parar de falar da minha vidinha.... ah, mas antes de parar por completo, alguém aí é fanático por cinema? Por que eu sou e os sites começaram a divulgar os lançamentos completos até dezembro de 2013! Vale a pena dar uma conferida, vai ter muita coisa bacana passando ano que vem.....
Enfim lindezas, boa leitura!!!!



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Ela respirou fundo uma. Duas. Três vezes.

Ainda estava em choque e aterrorizada.

Não trazia consigo dinheiro ou celular, nada que pudesse fazê-lo se afastar – e depois de sacar a arma, ele simplesmente não a deixaria ir embora assim. Iria querer o quê? Suas roupas, violenta-la, mata-la de uma vez? Lágrimas riscavam a sua face em questão de segundos, porém permanecia mortalmente silenciosa.

-Garota, porque não facilita as coisas? – o riso era mais que perceptível na voz do homem.

-E-eu não tenho nada. – ela se odiou por gaguejar.

-As pessoas nunca têm certo? – caçoou ele, segurando-a fortemente no braço e a virando para encara-lo.

Seu porte não era tão grande quanto ela supunha – Jared ou Josh eram mais altos – e nem possuía um visual que ela ligasse a marginalidade; mas em seu rosto estava o maior problema: olhos fixos avermelhados, olheiras profundas, pupilas dilatadas.

O assaltante era um drogado sem controle.

-Eu não tenho nada. – repetiu Raven baixinho, esperando tranquiliza-lo e dissuadi-lo de tentar machuca-lo; não conhecia ninguém que usava drogas, por mais estranhos e rebeldes que seus amigos fossem, portanto não fazia ideia de como lidar com a situação.

-Você está mentindo. – grunhiu ele.

Com a arma frouxamente em punho, ele tocou seus bolsos, sua cintura, mando-a tirar os tênis, chegou a puxar a blusa em busca de algo no sutiã; a cada decepção, ele ficava mais nervoso e o pânico dela mais crescente.

O homem cerrou os dentes e agarrou o gatilho com mais convicção. Ela fechou os olhos.

Estava no mesmo quarto vazio em estilo oriental no qual sonhou com Keane certa vez; mas em seu lugar estava Gabe. Não conseguia focalizar nas coisas a sua volta, nem mesmo nas roupas que ambos usavam, apenas nele e no modo como seus olhos castanho-claro a encaravam tristemente.

Ela agora entendia o que de tão repulsivo via nele em todos esses anos – não era a aparência nem a conduta e sim o ar de auto piedade. Em seu âmago, Raven não suportava gente fraca.

Talvez porque ela mesma fosse uma decepção nesse quesito.

-Se sentindo incapaz? – perguntou ele.

-Talvez. – respondeu ela, em tom de desafio.

-Não me venha com esse teatrinho de heroína derrotada, você nem é tão especial quanto se julga. – rebateu ele; ela piscou, atordoada com o tom dele.

-Porque me trata assim Gabe?

-E como eu deveria tratar você??!

-Me odeia pelo que falei. – suspirou ela, se sentindo idiota por não ter percebido o obvio.

-Errado – respondeu ele – coisas como essa não tem importância perante a morte.

-Então me odeia porque eu te matei.

-Você me matou Raven? – perguntou ele, com um sorriso cruel.

-Tudo me faz crer que sim. – respondeu ela, desistindo de tentar ser delicada com ele.

-Então está mais lamentavelmente cega do que todos julgavam. – riu ele.

-Quem são eles?

-É uma boa pergunta não é? – disse ele, como quem faz uma piada – Quem serão? Posso te dizer que pelo menos quatro deles você conhece muito bem.

Raven perdeu a força e caiu de joelhos; eles arderam com o impacto, mas ela não se importou.

Quatro. Quatro era um número grande demais, sufocante demais. Esperava que sim, Keane e mais alguém soubesse quem ela é, talvez Dr. Robert ou outra presença estranha em sua vida, mas quatro pessoas que ela conhece bem era demais, era traição.

-Quem são as outras três??! – exigiu saber, só então se dando conta de que vertia lágrimas.

-Outras três? O que a faz pensar que sabe quem é uma delas?

-Uma é Keane. – disse fria.

-Errado de novo. – ele riu de modo amargo – Disse que conhecia as quatro bem... ele pode ser seu principezinho, mas o que você sabe dele afinal?

-O que estou fazendo aqui afinal?

-Mudando de assunto? Tudo bem, vou respeitar sua patética dor em relação ao vizinho e fazer uma outra pergunta: porque nos chama se não sabe exatamente o que quer de nós?

Ela já tinha ouvido isso antes, a menininha de azul falara como se ela a chamasse de algum lugar, como se suas angústias e necessidade por respostas atraísse gente grosseria, ou deprimida, ou com milhares de ressentimentos.

-Não sei como ou porque os chamo. – grunhiu ela – Tudo que sei é que quero saber porque estou aqui!

-Está aqui porque acha que vai morrer. – disse ele dando de ombros, com o tom de voz casual de quem diz ‘prefiro sorvete de morango ao de creme.’

-Isso quer dizer que não vou?

-Você morrendo? – perguntou ele, claramente achando a ideia uma piada – Tá aí uma coisa difícil de acontecer.

-Sou imortal por acaso?! – ralhou ela.

Ele a encarou, como se a achasse uma completa idiota. Raven não conseguia dizer se aquilo queria dizer um ‘sim’ ou um ‘não’, então achou melhor ficar quieta.

-Porque não me responde?

-Porque – começou ele, se levantando – certas coisas são mais divertidas de se ver na prática, e não na teoria. – então ele abriu a porta do cômodo e saiu.

Ela foi logo em seguida e deu de cara com o mesmo cemitério japonês do outro sonho. De Gabe, nem a sombra.

-Vamos lá garota, não se faça de trouxa, responde logo! – o assaltante ria de alguma piada que ela perdeu em seus instantes fora da realidade; assim como em seu quarto, logo que recobrou a consciência baqueou um pouco, uma atitude péssima para ter perante um homem fora de si com uma arma na mão. – Olha só! – tornou a berrar ele – está até tremendo, então está sim com medinho de morrer! – o homem ria como um lunático.

Se ela tinha medo de morrer? Talvez, não sabia dizer ao certo; tudo que é vivo, natural, morre um dia... o que ela temia era deixar coisas inacabadas e não a inexistência em si. Tanta coisa que gostaria de fazer, conversas que tinha que ter, contas que precisava acertar, dívidas a quitar e a cobrar... ela simplesmente não estava pronta. Não naquele instante.

-E eu estava quando morri Raven?  - a voz de seu antigo amigo se fez presente.

Ela ponderou o assunto e chegou à conclusão que sim; o olhar de Gabe no momento em que saiu daquele quarto – gravado a custa de dor e lágrimas em sua retina, ela jamais conseguiria esquece-lo – eram os de alguém que não tem mais nada a perder, mais nada pelo qual lutar. Não aquele olhar dramático de quem terminou um relacionamento ou perdeu o emprego... mas sim o verdadeiro olhar de quem realmente sabe que não há mais motivos pra viver.

De alguma forma bizarra e macabra, ela rinha certeza que Gabe sabia que não chegaria vivo ao térreo daquele hospital, assim como ela tinha certeza de que aquela não era a hora de ela morrer. No fundo devia ter se assustado com essa perspectiva, mas tanta coisa inexplicável aconteceu em sua vida que ela não se surpreendia com mais nada.

Desde que.... Keane falou com ela pela primeira vez.

Mas não era hora para pensar nele. Não ali, com um maníaco drogado apontando uma arma.

Uma sensação estranha percorreu seu corpo... como se tivessem derramado algo consistente e frio em sua cabeça, sentiu uma onda gélida percorrer sua coluna. Tentou arfar, mas o ar estava preso em seus pulmões.

Com a visão fora de foco, ela ouviu o homem gritar. Não um grito de surpresa, ou grito de dor; mas sim um grito de agonia terrível que a fez paralisar de medo. Escutou, mas do que conseguiu ver, ele caindo no chão. Nossos gritos. Sons de estalo. Gritos.

Sons de carne sendo rasgada.

Ela estava a ponto de fazer coro aos gritos dele apesar da falta de ar, pois sua visão estava cada vez mais prejudicada – de figuras embaçadas, agora ela não via nada, estava presa numa escuridão crescente, as batidas do próprio coração se sobrepondo a todo o resto.

E então ela gritou. Sua visão clareou – e o que viu a fez querer gritar novamente.

Sangue. Uma poça enorme que se alargava rapidamente, originária de uma série de rasgos grotescos que iam do abdômen até o pescoço do assaltante como se tivessem sido cortados com algo nada afiado, havia falhas em que a carne saltava, rançosa e sangrenta e lugares onde a menina podia visualizar as entranhas...

Então o homem moveu os lábios e horrorizada, Raven percebeu que ele ainda estava vivo – e pedindo sua ajuda. Sem se importar com a culpa ou o peso na consciência que sentiria depois, ela correu.

Sem confiar em sua racionalidade ou em seu senso de direção, deixou guiar-se pelo instinto e quando se deparou com sua casa estava chocada demais para tentar aparentar normalidade. Bateu na porta e jogou-se para dentro no momento em que ela abriu, correndo em direção ao seu quarto (sem tropeçar nos degraus por algum milagre) e foi direto para o banheiro.

Inicialmente, sua ideia era vomitar, mas por mais que forçasse sua garganta, nada saia. Por isso arrancou a roupa e ficou embaixo d’água, esfregando cada centímetro do corpo de modo compulsivo. Sentia-se suja, impregnada de sangue e horror.

Mais uma pessoa tinha morrido nessa semana. E novamente, ela achava que a culpa era dela.


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Notas finais do capítulo

Ai ai, será que tem mesmo um príncipe de cavalo branco aí? O mais legal é que cada leitora fez suas apostas mas ninguém supôs que eu tivesse previsto essa reação e feito questão de ocultar as coisas né?
Gente, lembre que... sou eu sabe.
Melhor parar por aqui, antes que comece a soar tão confusa quanto no inbox do face (né Inner? ushaushaushaus)
Beijocas amores!!!!
(*---*)//



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