LEIAM AS NOTAS INICIAIS!

PDV SOPHIE...

Cheguei em casa meia hora depois de eu ter pirado. Meu pai e Harper me bombardearam de perguntas, mas eu apenas ignorei e foi para o meu quarto tomar um banho. Depois disso desci peguei meu sanduiche natural e meu suco de cenoura e beterraba com laranja e mamão ( A maioria das pessoas normais não gostão de beterraba, eu sei, mas eu não sou normal então eu amo) um potinho de doce de leite com chocolate uma colher e subo de volta para o meu quarto.

Sozinha as lembranças de hoje de manhã invadem minha cabeça, lembranças do passado, sonhos... Tentei ao máximo não chorar com isso, mas acabei cedendo e chorei a noite inteira.

E mais uma coisa estranha me aconteceu. Senti falta do abraço do Jake me consolando e da sua companhia, senti do de quando ele me consolou e da sinceridade que ele me olha quando o fazia.

Eu adormeci pensando no quanto eu estou ficando doida. Doida e fodida.

PDV JAKE...

Acordei com a porra do meu celular tocando no meu ouvido. Atendi sem ver quem era mesmo.

–Alô? – Minha voz sai mais rouca.

–JJ? Olha a gravata que você tem que usar é dourada tá! Não é um baile de formatura, mas é bom combinar, te liguei agora porque vou passar o dia no SPA pra ficar linda pra noite. Me pegue as 19:00 okay? Beijos. – Miranda fala tudo rapidamente e depois desliga.

Eu mereço... Gravata dourada? Que coisa gay.

Levantei e foi direto pro banheiro. Olhei-me no espelho observando os meus cortes de ontem. Um superficial em cima da sobrancelha e uma roncha no meu nariz. Nada muito ruim, exceto pela dor infeliz no meu nariz quando respiro.

Mesmo assim sorrio ao lembrar da Sophie enfrentando o grandão assassino por minha coisa. Lembro também da sua reação na enfermaria e do quanto ela ficou brava e isso me faz rir.

Escovo meus dentes e desço para tomar café da manhã.

–---

Minha linda e querida família já estavam sentados nas suas respectivas cadeiras, me sentei ao lado da Mary.

–Bom dia. – Eu digo.

–Bom dia. – Eles respondem juntos.

Passo nutela na minha torrada e coloco suco pra mim. Sinto que estou sendo olhando e lentamente levando minha cabeça.

Minha mãe me encarava com uma cara nada boa.

– Pode me explicar com ganhou esse roxo no seu nariz? – Ela perguntou seria.

–Uma garoto do outro time me esmurrou. – Disse calmo.

–Como assim te esmurrou garoto? Por nada? – Meu pai levanta um pouco a voz.

Suspiro e solto um gemido ao mesmo tempo por causa da dor no nariz.

–Eles perderam, o garoto era valentão, eu provoquei e dai ele me bateu. – Disse.

–Eu soube, o diretor ligou pra mim ontem. Disse que se não fosse a Sophie você teria no mínimo quebrado suas costelas. – Minha mãe olhou para ele espantada.

–A Sophie? Ela se machucou? Oh meu Deus Jake como deixou aquela garota apanhar por você? – Minha mãe me olha brava.

– Ele parou de socar quando ela entrou na frente da gente, ela humilhou ele na frente de todos e ele foi embora. – Suspiro dolorosamente.

–Como assim humilhou?

–Como você está curiosa dona Gina. – Brinco.

–Me diga garoto. – Diz seria.

–Ela disse que ele tinha um “ pinto pequeno” e mais alguns palavrões que a Mary não deve escutar. – Minha mãe arregala os olhos em espanto e meu pai ri.

–Essa garota não tem jeito. – Ele murmura.

–Tudo bem família, tenho que ir me preparar psicologicamente para aguentar até o fim do baile com a Mirando no meu ouvido. – Digo me levantando da mesa.

–Se fosse a Sophie não seria ruim. – Mary diz baixinho, mas eu consige escutar. Ignoro-a e suba para os meus aposentos.

PDV SOPHIE...

–Não, não vou usar isso! – Digo mais uma vez.

–Mas Sophie é preto! – Jade diz frustrada.

A questão era... eu não queria usar o vestido que eu tinha comprado para o baile. Na verdade eu estou só implicando mesmo, eu nem queria ir. Por isso Jade e Harper estavam no meu quarto me fazendo escolher outro vestido. Mas a questão é, eu não tenho muita variedade de vestidos no meu guarda-roupa.

– E que tal esse? – Harper chega segurando um vestido todo preto com um sinto dourado. – É meu, eu ganhei de uma tia, mas não deu em mim. Nunca usei, é perfeito pra você.

Eu analisei o vestido, era preto liso, e tinha um sinto dourado. Era bonito.

Me sentei na cama e suspirei.

–Não gostei do sinto. – Jade solta um gemido de frustração. Harper me olha e abre um sorrisinho.

–Já entendi você Sophie, você não quer ir certo?

– Talvez.

Jade me olha frustrada.

–Então é isso? Tudo bem, eu vou sozinha Sophie. Desculpa te obrigar a ir a esse baile, eu sei que pra você é uma coisa fútil e desnecessária. Mas eu queria que você fosse comigo, eu não conheço ninguém naquela escola a não ser você e o Jake, vocês são os meus amigos. Eu sei que você não quer enfrentar a escola depois de ontem, eu sei que você está incomodada com alguma coisa, mas você nunca me conta. Ser sua amiga é frustrante.

Fico calada por uns instantes. Não pensei que uma indecisão com vestidos ia fazer a Jade falar tudo isso.

–Eu vou ao Baile, e por favor me desculpa Jade. Eu não sabia, mas é que... Me desculpa.

Eu a abraço.

Esse dia tinha sido péssimo, eu não estava bem. Tive outro daqueles flashes de lembranças. Foi horrível, e mais horrível ainda foi acordar e não ter alguém para me abraçar e dizer que estava tudo bem.

Antes da Jade chegar meu pai recebeu uma ligação do Sammy, o que dou em mim, Sammy ligou para o meu pai mas não ligou pra mim. Sammy estava realmente com raiva de mim e eu me senti horrível só por isso. Depois do telefonema, meu pai veio me dizer que o câncer da minha mãe já tinha se espalhado pelo corpo todo e ela tinha apenas três semanas de vida, no máximo quatro. Eu queria me matar depois disso, queria ir pro meu quarto e chorar, mas aí a Jade chegou me impedindo de o fazer. E agora, a única garota daquela escola que gosta de mim e que não me ver como uma garota sozinha e estranha e fez amizade comigo nesses últimos anos, quase me dizendo que eu era um péssima amiga.

Eu estava acabada a ponto de explodir. Frustrada por ser tão fraca. Necessitada de alguém para dizer que está tudo bem. Necessitada de ser feliz, de ter uma família decente e de ter coragem e deixar meu orgulho e perdoar a minha mãe, e passar pelo menos os últimos dias da sua vida com ela. Era muita coisa pra uma só Sophie suportar.

Eu queria chorar.

Jade desfaz o abraço e sorri pra mim.

–Tudo bem, eu te entendo. Sei que prefere o Jake a mim. Eu supero.

Arregalo os olhos e provavelmente fico dar cor de um tomate.

Jade e Harper riem.

–Tudo bem meninas, vou arrumar vocês agora!

Harper abre um sorriso enorme e nus leva até o seu enorme closet e começa a tortura.

–---x----

Depois de muito laquê, puxão no cabelo e batons borrados, Jade e eu ficamos prontas.

–Estão lindas!! – Harper diz empolgada parecendo uma menininha. – Agora vão vestir os vestidos colocar os acessório e o sapato, perfume e vão ficar ainda mais lindas!

(Jade: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=104655972

Sophie: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=104652572)

Colocamos nossos vestidos, sapatos e quando estávamos terminando de colocar os acessórios uma empregada bate na porta dizendo que os meninos já chegaram.

Ai. Meu. Deus. Por que eu estou nervosa? Talvez seja porque faz um tempo que eu não iria a esse tipo de coisa e porque eu estou quebrando todos os meus conceitos e regras agora. Inclusive por estar indo com o Lucas.

E também porque o Jake vai está lá todo lindo de blazer e gravata.

Respirei fundo. Maldito subconsciente, só fala merda. Lindo? Jake? Puta que pariu estou ficando louca.

–Ual! – Dois garotos boquiabertos e estatelados nos esperavam na sala.

Lucas sorrio pra mim e eu retribui com um sorriso falso.

–Oi. –Ele disse quando me aproximei dele.

–Você está linda como antes! – Como antes? Era pra ser um elogio? Não deu certo meu caro. Tudo o que eu não quero é me parecer como antes. Uma vontade de virar e ir me trancar no quarto me veio a mente.

Em resposta eu sorri amarelo.

Luke pareceu voltar a terra e deu um beijo no rosto da Jade que ainda estava parada o olhando. Ele sussurrou algo no ouvido dela a fazendo abrir um mega sorriso.

–Tá gata hein! – Luke disse pra mim com um tom brincalhão. Apenas sorri.

–---x----

Não disse uma palavra durante o caminho. Lucas tentava puxar assunto, mas eu sempre respondia com um aceno de cabeça ou um “humhum” , quando ele finalmente caio na real que eu não queria papo ele parou de tagarelar. Mas foi tarde, já estávamos quase chegando.

PDV JAKE...

(Roupa do Jake: http://media-cache-ec0.pinimg.com/736x/48/8e/34/488e344e2ca53b2eaac90d8b6a6f2cdc.jpg)

30 Minutos que eu estava na sala da casa da Miranda a esperando ficar pronta. Ela disse que era pra pega-la ás sete, e eu cheguei as 18:58. Dois minutos antes.

Meia hora pra ela ficar pronta. Já eram sete e meia, Luke tinha acabado de sair daqui pra ir buscar a Jade na casa da Sophie e me desejou boa sorte. Logo quando ele saio a Miranda( http://www.polyvore.com/cgi/set?id=103272623) resolveu ficar pronta e finalmente desceu as escadas com seu vestido dourado cheio de brilho e o seu sorriso gigante.

–Mas e a gravata, lindinho? – Ele diz assim que termina de descer as escadas. Gravata? Meia hora esperando ela aqui e a primeira coisa que ela pergunta é sobre a gravata?

–Não tinha uma gravata dourada. – Disse tentando não mostrar minha irritação.

–Ah! Tudo bem , está gato do mesmo jeito! – Ela sorri. – Vamos, não quero chegar mais atrasada ainda.

Fomos caminhando até o carro em silencio, abri a porta pra ela e depois que entramos eu disse:

–A proposito, você está linda! – Disse educadamente.

– Eu sei que estou!

Ela sorrio e piscou pra mim.

Dei partida no carro e fomos para a escola.

–-x- -

–Nossa, olha só aquela garota, lindinho, ela tá parecendo um peixe-boi. – Miranda tagarela do meu lado. – Amber não quero ela com a gente!

A garoto loira assenti pra Miranda sorrindo.

Como assim não quero ela?

–Como assim? – Pergunto.

–Ah você não sabe...- Miranda diz como se fosse um absurdo eu não saber do que ela estava falando. – Tenho que treinar novas garotas, e precisamos de mais para o nosso grupinho, sabe... Preciso saber qual delas é a certa para se juntar a nós. Não pode ser qualquer uma.

Faço cara de confuso, mas antes que eu pergunte alguma coisa eu paraliso.

Sabe aquelas cenas de filme que tem uma garota super linda está passando e tudo para, o lugar fica escuro e ao redor dela brilha enquanto o vendo bate em seu cabelos e os garotos ficam lá babando em câmera lenta?

Foi exatamente assim que aconteceu quando a Sophie passou pela entrada. Todo mundo virou para olha-la e todo mundo ficou paralisado. 30 segundos depois todos voltaram as suas danças e começaram a cochichar.

Ela estava perfeita, com cabelos presos, maquiagem forte que realçava seus olhos que pareciam esmeraldas, e seus lábios vermelhos. Ela estava linda ao lado do Lucas.

Depois dela entrou a Jade e o Luke os dois sorrindo mais que tudo. Jade estava linda também, fofa do jeito dela.

–Olha só! A Sophie apareceu mesmo! – Miranda diz com uma falsa empolgação.

–Ela está muito bonita devo dizer. – Uma das amigas de Miranda diz.

–Sim Ash, ela está bonita. – Amber cochicha. – Até mais que antes.

–Antes? – Me entremeti na conversa das duas.

–Ah isso não é assunto pra você, Lindinho. Afinal o passado dela não importa certo? – Miranda diz animada. – Olha lá, o Lucas e cia estão vindo aí.

Lucas, Sophie, Jade e Luke vinham em nossa direção. Sophie e Jade não estavam com uma cara nada boa.

–Podemos sentar? – Lucas babaca pergunta educadamente a Miranda que sorri e assenti.

Lucas e Luke sentam, mas Jade e Sophie não. Eu as olho.

–Não vão sentar? – Pergunto.

–Sim!

–Não!

Jade e Sophie falam juntas e depois se entreolham.

–Vamos sim Sophie, você me prometeu! – Sophie rola os olhos. Sophie senta ao lado do Lucas, ficando em minha frente, Jade senta ao meu lado e ao lado do Luke.

–Você está linda Jade! – Digo e ela sorri.

–Obrigado, você também tá bem sexy com esse blazer. – Ela diz e pisca pra mim.

–Eu sou Sexy Baby.

Nós rimos e conversamos mais um pouco.

Troco olhares rápidos com Sophie, mas o suficiente pra saber que ela não estava bem.

–O que houve com ela? – Cochicho no ouvido da Jade.

–Ah, ela está assim desde que cheguei. Quase não vinha, mas dai eu a convenci a vir... Harper disse que era algo com a mãe dela, mas eu não sei... Ela não me conta as coisas sabe... – Ela diz com um pouco de frustração na voz.

Eu a olho confuso.

– Jake, eu sei que ela conta coisas a você. – Arregalo os olhos, ela sorri maliciosa e olha de relance pra Sophie que nos olha com as sobrancelhas arqueadas. – E eu também sei que vocês se pegaram na praia.

Me engasgo com a minha saliva e fico tossindo que nem um tuberculoso enquanto Jade rir de mim.

–Tudo bem, lindinho? – Miranda pergunta preocupada.

–Tudo –tossi- be-tossi-m!

Miranda sorri e vira pra conversar com o Lucas e a Amber.

–Você está ficando Maluca Jade! – Digo quando me recupero da tossi.

–Estou? –Ela arqueia as sobrancelhas. – Sophie me...

Eu olho desesperadamente pro Luke que me olha engraçado.

–Jade, vamos dançar! – Ele puxa Jade antes que ela termine de falar.

–Qual o problema de vocês dois? – Sophie olha confusa pra mim.

Eu a olhei e ela me olhou e ficamos nos escarando.

Nosso olhares falavam algo tipo:

“Ela sabe”

“Sabe do que?”

“Do beijo”

“AI MEU DEUS EU QUERO MORRER”

Depois disso ficamos só nos escarando, por um tempo até que ela desce seu olhar para o meu nariz e ri.

–Bela maquiagem!

–Engraçadinha... – Fingi rir.

–Jake Vamos dançar. – Miranda me puxou para a pista antes mesmo que eu responda.

PDV SOPHIE...

Eu não estava mais aguentando toda aquele barulho, toda aquela falsidade, não estava mais aguentando aquele baile. Eu tentei, eu juro que eu tentei. Aguentei por 1h 30m, mas não aguento mais.

Lucas conversava com Amber o tempo todo, Jade e Luke apareceram algumas vezes mas sumiram na quarta vez. Jake e Miranda foram e não voltaram – graças a Deus – era realmente melhor ficar longe do Jake.

Mais uma vez, quando entrei por aquela porta e todos me olharam, eu só consegui vê-lo.

E meu coração pirou novamente. E eu me odiei por isso.

Me levantei da cadeira um pouco sem ar, e murmurei algo pra o Lucas. A musica alta fazia minha cabeça girar e o calor me fazia ficar sem ar. Isso era horrível.

Preciso ir até ao jardim da escola tomar um ar, mas para chegar até lá tinha que passar pela pista de dança. Eu já estava um pouco tonta, não ia fazer diferença.

Avancei me esquivando pelas pessoas, esbarrando em algumas, escutei meu nome ser chamado algumas vezes, mas não dei atenção, continuei andando para fora antes que eu desmaiasse.

O jardim estava vazio então me joguei na grama e tentei me acalmar, travava uma guerra com minha mente para não deixar meus olhos serem fechados, mas já era tarde para lutar, eles acabaram sendo fechados mesmo assim.

E lá no jardim da escola, em pleno baile de boas vindas, jogada na grama eu cai em mais um dos meus flashes...

(...)

–Você ouviu isso Sophie?

A voz era áspera e grossa, o lugar era escuro e cheirava mal. Gritos altos de dor ecoavam no local fechado.

–Lembra-se disso? Lembra-se de como sua mãe gritou sendo violentada por aqueles homens? Você era tão pequena... Não podia fazer nada, não podia gritar... Era tão inútil quanto é hoje. Preferiu deixar sua mãe lá, sendo estuprada e violentada, preferiu ficar calada... Parada... Apenas assistindo... Tão inútil.

–SAIA DA MINHA CABEÇA! SAIA DA MINHA CABEÇA!

Uma risada ecoou o lugar.

–Olha só pra você, nem ir ver a mãe morrer consegue. Nem perdoa-la... Você é tão inútil e fraca que não consegue nem perdoar. Sophie você não sabe mas... Ela odeia tanto você, sente tanta raiva, magoa... A própria filha. Ela nunca vai te perdoar.

–ISSO NÃO É VERDADE! SAIA DA MINHA CABEÇA!

–Oh não é?

A voz riu.

–Você é tão sozinha, uma garota amarga, falsa, inútil, fria, incapaz de perdoar. Incapaz de ter uma amizade, de ter um amor. O seu próprio irmão não suporta mais você Sophie... Ah Sammy... Ele te odeia também... Ele sente tanta pena de você ao mesmo tempo que sente ódio. E o seu pai? Seu pai não tá nem aí por você, não liga. A Harper é tão legal, mas é que ela sente tanta pena de você...

“Você que é culpada de tudo, sua mãe não estaria lá se não fosse você, ela não teria se separado de seu pai se não fosse você, uma garotinha tão enxerida, ela não voltaria a usar drogas e a beber se você não tivesse contado... Tudo é sua culpa. Todos odeiam você. Você é uma inútil. Mentirosa. Fria... “

–SAI DA MINHA CABEÇA! SAIA! SAIA! SAIA! SAIA!

O quarto se iluminou e a imagem da minha mãe com o rosto todo desconfigurado, sentada em uma cama branca com o olhar cravado em mim apareceu.

–Não posso sair , estarei atormentando você até depois da minha morte. Você vai sofrer tudo oque eu sofri, filhinha.

(...)

PDV JAKE...

Encontrei Sophie deitada no gramado. Ela tinha esbarrado em mim e não me respondeu quando eu chamei, dai eu fiquei preocupado e a segui.

Seu rosto fazia careta e uma lagrima solitária escorria pelos seus olhos fechados, ele estava mais branca que o normal e seus punhos estavam apertados.

Me joguei ao seu lado e a balancei freneticamente, mas ela não respondia. Ela estava respirando mais rápido agora e soltava gemidos mais altos também. Eu a balançava, mas nada. Uns minutos depois sua respiração foi desacelerando e ela parou de gemer, parecia estar dormindo.

5 minutos já haviam se passado, quando Sophie levantou subitamente e vomitou na grama. Ela vomitou mais duas vezes seguidas, chorando em todas elas. Ela parou de vomitar e finalmente olhou pra mim, ainda limpando a boca com a mão e me perguntou com a voz fraca:

–Você tem um lenço? Ou algo que eu posso me limpar?

Tirei o lenço de bolso do meu blazer sem dizer nada e a entreguei. Ela limpou sua boca e depois suas mãos e me entregou o lenço com timidez.

–Obrigado. – Ela disse ainda com a voz fraca.

–Tudo bem.

Nos encaramos por um tempo. Seus olhos não expressavam mais nada além de medo, sua maquiagem antes preta e perfeita estava escorrendo junto as lagrima que não paravam de escorrer nem um segundo, e o batom em sua boca estava borrado até a bochecha, ela estava parecendo o coringa. Mas ainda sim, estava linda.

Sophie abriu a boca pra falar algo, mas logo a fechou. Calmamente levou sua mãos ao cabelo e foi tirando os grampos e coisas que o mantinham preso, deixando-o solto. Ela tentou levantar, mas suas pernas estavam tremulas e por pouco ela caiu, mas eu a segurei antes e a levantei.

Nosso rostos estavam próximos demais, e não desgrudávamos nossos olhos um do outro.

Seus olhos cor de esmeralda tinham um brilho um pouco sombrio, mas ainda assim diferente. Brilho que me encantava e fazia meu coração surtar.

Eu juro que eu ia beija-la a qualquer momento, mas antes que eu pudesse fazer, ela se afastou. Me olhou antes de caminha com dificuldade até um bando de pedra que tinha no jardim.

Eu a segui e sentei ao seu lado.

–Como me achou aqui? – Perguntou.

–Sabe, o jardim não é um bom lugar pra fugir de uma festa. – Eu disse.

Ela suspirou.

–Não vim me esconder, apenas estava cansada daquelas musicas ridículas e dai vim pra cá.

–Hm...

Ficamos em um silencio desconfortável por um tempo. Eu queria perguntar a ela o que tinha sido aquilo, mesmo que eu já tivesse uma ideia, mas fiquei calado. Sophie era estranha, talvez ela não quisesse falar sobre aquilo comigo. Então resolvi falar de outra coisa, não queira ficar naquele silencio.

–Então... – Comecei. – A Jade meio que te forçou a vir, certo?

Ela demorou um tempinho pra responder.

–Ela fez chantagem emocional. – Disse olhando pro nada.

–O que ela disse que fez seu coração congelado derreter? – Brinquei. Mas ela pareceu se espantar com as minha palavras, ela arregalou os olhos e depois os fechou apertando-os.

–Você está bem Sophie? – Perguntei um pouco envergonhado.

Ela abriu os olhos lentamente, como se estivesse com medo do que veria, e depois virou seu rosto para o lado oposto que eu estava. Vi algumas lagrimas descerem, mas logo ela as secou e virou pra me olhar.

–Ela disse que era frustrante ser minha amiga. – Ela sorri. Quer dizer, aquilo não foi bem um sorriso, sorrisos são quando refletem no olhar. Ela desviou o olhar.

Ficamos mais uma vez naquele silencio chato.

Acho que foi uns cinco minutos de silencio até Sophie falar algo.

–Você... Acha mesmo que meu coração é frio? – Ela diz com um tanto de amargura na voz.

Demoro um pouco antes de responder.

–Não.

Ela me olha por alguns minutos e depois desvia o olhar.

–Eu... – Ela fez uma pausa. – ainda estou tendo aquele flashes, eles não pararam desde a casa de praia e estão piores... Quer dizer, eu não estou desmaiando, mas... Eu sempre vejo a minha mãe, e todas as vezes ela diz que me odeia e que nunca irá me perdoar... Ela... Ela diz que a culpa é minha e que... que eu sou inútil e que nunca vai me deixar em paz. Ela... – Ela se desfaz em lagrimas e soluços.

Sem pensar duas vezes eu a abraço com força, e ela corresponde do mesmo jeito.

Calado a deixo chorar em meu peito.

Depois de um tempo não senti mais seus soluços, e nem seu corpo se mexendo, mas as lagrimas ainda caiam de seus olhos. Chamei seu nome algumas vezes, mas ela não respondo. Meu coração acelerou e fiquei desesperada.

Sophie tinha desmaiado.