Fui dormir chorando e acordei no travesseiro molhado. Olhei pro celular e vi que horas eram: 7h. E eu tinha ido dormir às 2h. Ouvia ao longe o som de um violão, tocando uma música que eu amava. Era Moments, do One Direction. E eu reconhecia a voz que cantava.

Olhei pra como eu tinha dormido: camiseta e calcinha. Eu sou louca? Estava numa casa com cinco garotos mais velhos e minha amiga inconsequente. Rezei para que ninguém tenha entrado ali. Tentei encarar os fatos, mas eles me encararam antes. Ao pegar o celular novamente, pra mandar um sms pra minha mãe, ela já tinha me mandado um: “Nova namorada do Zayn, filha?” com um link do site iwantdiefor1d ponto alguma coisa. Esfreguei meus olhos, fui ao banheiro (sim, eu estava na suíte, toda folgada) e quando saí só vesti meu jeans, all star e a t-shirt que eu amo.

Peguei minha velha mochila preta, cheia de bottoms e uns três chaveiros com símbolos londrinos: um ônibus, um soldadinho e Big Ben. Abri a porta com cuidado, não queria acordar ninguém. Fui até a sala e vi a cena mais estranha de todas: Pizza, coca, controles de vídeo game, salgadinhos e coisas do tipo espalhadas entre Sam, Niall, Liam e Louis. Conclusão: eles não decidiram quem ia dormir no quarto. Olhei pela varanda e vi a pessoa que eu esperava, cantando Moments.

-Atrapalho?

-Não,  Lilly. Desculpa por ontem, a história de ‘namoradinha’. Depois que eu soube a história, me senti culpado – Harry disse – Não consegui dormir, e eles estão dormindo há cerca de uma hora. Então comi um dos seus bolinhos e vim arranhar no violão.

-Não precisa se desculpar, Harry. Eu sei que foi brincadeira boba, nada pra valer. Mas eu fiquei meio brava sim, mais ainda depois de receber um sms da minha mãe com um link e uma pergunta sobre eu estar namorando um popstar.

-Todo mundo está acreditando nisso. Sua vida já era.

-OBRIGADA! – eu disse rindo.

Nós rimos um pouco e ele olhou minha mochila.

-Já vai? Assim sem se despedir de ninguém?

-Uhm… Eu, na verdade… Nem ia… Só, só ia trazer a mochila, e… – eu tentava negar, mas a verdade é que eu queria sumir.

-Não precisa se explicar. No seu lugar eu talvez fizesse o mesmo. Ou pior. Mas não acha que merecemos um ‘tchau’?

-Tenho medo que a Sam cisme de ir comigo, fotografem nós duas e ela também se queime nessa história.

-E ela vai se queimar, mas não por sua causa – ele piscou. Todo mundo já tinha percebido?

-Ele é solteiro.

-E ele não gosta da namorada como gosta de você.

-Você tá errado.

-Ele nunca olhou assim pra uma garota.

-Cala a boca.

-Se eu não tivesse certeza que ele gosta de você, e você dele, te beijava agora e te fazia ficar nessa casa.

Eu comecei a rir e ele também. Resolvi levantar e ir. Ele me deu um abraço forte e o número dele. Eu tentei protestar, mas ele disse que eu ia precisar daquilo. E ele me deu algo que eu nunca esperaria: uma das suas toucas! Disse que tinha usado em Vegas e que era uma de suas favoritas, mas que ficava bem em mim. Dei um beijo no rosto dele e pedi que falasse pra Sam não ir pra minha casa, só me ligar. Hoje ia ser um dia difícil.

-Não desaparece, Lílian. Por favor. Você tem meu número, mas eu não tenho o seu.

-Vou tentar. Mas vai por mim: ninguém nunca nota a minha falta.

-Eu te garanto que sim.

E eu saí. Peguei o metrô até a minha casa normalmente, as pessoas não me reconheceram e eu até achei que isso era bem normal, afinal a notícia tinha saído ontem. Ninguém cochichava ou coisas do tipo. Alguns corriam para o serviço, mas como estávamos em férias de verão, era bem difícil ver directioners na rua às quase 8h da manhã.

Cheguei em casa e minha mãe estava na cozinha. Café pronto e mesa posta, junto com ela sentada na cadeira.

-Temos que conversar, Lílian Cutterson.

Okay, me ferrei.

Minha mãe é bem legal, compreende muito as coisas, mas a filha dela namorando um popstar que conheceu de manhã era um pouco demais. Expliquei umas três vezes até ela perceber que nada havia acontecido entre nós dois.

-Filha, você tem que fazer alguma coisa! Não pode acabar com a sua vida por causa desse dia!

-Eu sei, mãe. Mas eu só não sei como fazer isso. Como eu vou dizer para milhares de fãs que eu e Zayn não temos nada, que nem somos amigos?

-Como os meninos se comunicam com as fãs?

-Ah, eles usam mais o twitter.

-Usa isso!

-É, vou contar tudo em 140 caracteres, mãe?

-Não desconte em mim!

Nós duas rimos. Eu amo muito a minha mãe, ela sempre me acalma.

-E os vídeos que você fica vendo?

-Gravar e publicar no youtube dá mais trabalho. Nós precisamos disso agora, e… EU JÁ SEI.

-Sabe?

Sim, eu sabia.

Comecei a procurar o celular do Harry desesperadamente, até que achei e disquei do telefone de casa.

-Alô?

-Harold, eu tenho a solução. Passa o telefone pro Liam.

-Lilly? Já ficou com saudades?

Pode ter sido alucinação, mas eu ouvi um grito ao fundo. E gritou meu nome. Então, alguém deu um puxão no telefone e a voz mudou.

-Lil? Por que você foi assim? Poxa, falou com o Harry e me ignorou?

-Zayn, para de drama e passa o telefone pro Liam? É importante.

-Não, vou colocar no viva-voz.

Antes que eu protestasse, ouvi a voz de todos eles me dando um “oi” e me despejando perguntas.

-GENTE! PRESTEM ATENÇÃO: Todos vocês vão entrar no twitter e colocar o seguinte: “Twitcam Especial às 15h”. E nós vamos nos encontrar no terraço do prédio do apê do Liam e vamos fazem a twitcam lá.

-O que, Lilly? – disse Niall

-Nos vamos falar pra todo mundo que não tem nada entre Zayn e eu, e quero o máximo de directioners assistindo.

-Você bebeu? –ouvi Louis

-E melhor, vocês todos estarão e vai ser IMPERDÍVEL pra todas!

-Brilhante – Liam disse – Muito bem pensado, Cutterson…

-Não me chame pelo sobrenome, Payne.

Nós rimos e fomos arrumar tudo: Niall foi falar com o síndico, todos eles publicaram no twitter, liguei pra Sam e disse que fosse (mas não aparecesse). Às 14h45, estávamos todos no topo do prédio, vendo a cidade inteira iluminada por aquele dia lindo e ligando o notebook. Eu ia fazer minha primeira twitcam, e ia causar muito no mundo das directioners.