-Caramba, Liam! É só encher o colchão, poxa! – Louis gritava, deitado no sofá.

-Levanta e enche você então, Tommo!

-Vou mesmo, hunf! – Ele levantou, sacudiu a pipoca da camiseta e foi em direção á bomba de ar.

Não vou negar, foi uma cena hilária ver o Louis tentando encher aquele colchão de ar! Ele era totalmente desajeitado, perdia o ritmo, e quando parava pra descansar perdia tudo que já estava dentro do colchão. Tentou enchê-lo sem a camiseta, embora eu ache que foi só pra se exibir, e foi pior. Mas a cena foi boa, bem bonita, na verdade…

- Quer saber, Lou? Você é horrível nisso. Eu vou encher esse colchão – Sam disse, se levantando do sofá. Eu não sabia se ela ainda estava brava comigo ou se já tinha percebido como foi idiota e como eu agi sem pensar. Por precaução, soltei:

- A Sam é a melhor, vai fazer vocês parecerem menininhas de 10 anos. – ela riu – O pai dela costumava encher um desse quando íamos pra chácara dela e resolvíamos acampar no gramado, mas um dia ele estava com dor e ela teve que encher. Eu me surpreendi… Ela é forte, gente! – falei rindo.

Ela riu, o que eu acho que deve significar algo como “Você foi idiota, inconsequente e eu posso usar essa força contra você, mas te perdoo”.

-Nossa, Lilly… Foi expulsa da varanda? Tá com uma cara de quem não gostou do que viu. Ou ouviu? – disse Harry, dando um sorrisinho. Cobra! Como ele percebeu? E por que ele tinha que falar pra sala toda ouvir? Eu não estava com ciúmes, mas eu não me senti bem ali na varanda enquanto o Zayn dizia que amava e sentia falta da Perrie, sua namorada. Linda, loira, maquiada, cantora, meiga, simpática… Uma mulher maravilhosa. Eu não tinha ciúmes do Zayn, isso não tinha cabimento.

- Afe, Harry… Claro que não! A Lilly tem educação e sabe que é bom deixar a pessoa à vontade pra falar ao telefone. E outra: ela tá ajudando a gente, tá pegando os lençóis de cama. Deixa e ser bobo – Niall me protegeu. Me senti bem, por ter um amigo que me protegesse. Mas como ele foi idiota! Sam me olhou, e eu retribuí com um olhar estilo “eu não fiz nada, desculpa!”.

-Calma, Niall… Foi brincadeira. Defendendo a namoradinha? – ele riu e eu quis morrer.

-Quer saber? Vocês dois deviam levantar desse sofá e nos ajudar. Se for pra três pessoas dormirem aqui, não vão ser as meninas e mais um de nós, obviamente. Mas então temos que decidir quem dorme na sala. – Louis, eu te amo. Como amigo, claro.

Saí da sala. Enquanto eles resolviam, fui até a cozinha pegar pizza (já na geladeira) que eu ia comer fria mesmo. Estava com fome, tinha passado o tempo que eles estavam comendo, conversando com Zayn. Peguei uns dois pedaços, coca e me sentei no balcãozinho. Passava da meia-noite, mandei um sms pra minha mãe, mandando uma boa noite e um eu te amo. Não me preocupei em mandar pro meu pai porque eles estavam sempre juntos.

Enquanto comia, só tentava pensar com clareza, mas era impossível. Louis e Liam estavam tentando atrapalhar Sam, que enchia o colchão com tanta força que o barulho ecoava; Harry e Niall argumentavam porque cada um deveria dormir no quarto; e Zayn estava no telefone, sussurando e eu não o ouvia. Mas eu ouvi o berro dele.

Todo mundo na casa ouviu o Zayn gritando no telefone. Ele falava muito rápido, reclamava coisas do tipo “Você não entenderia, é uma menina mimada!”, “Você tá ficando paranoica!” e… “A gente não funciona”. Esse foi o último antes de ele desligar o celular e tirar a bateria. E nos olhar, fitando-o pelo vidro.

Os meninos abriram a porta e foram lhe perguntar o que tinha acontecido, lhe dar conselhos e coisas do tipo. Eu e Sam não íamos lá! Acabamos de chegar, nosso primeiro dia com eles e vamos nos intrometer? Não! Mas eu senti que podia fazer alguma coisa. Corri pra cozinha lembrando-me de como gosto de cozinhar e de como minha mãe gosta do chá que eu faço. Por sorte, Liam tinha o que eu precisava numa caixinha que nunca tinha sido aberta, provavelmente dada pela sua mãe. Sam veio atrás perguntando o que eu ia fazer e só a mandei separar algumas coisas.

Liguei o fogão, coloquei o chá para fazer enquanto fazia a massa dos bolinhos de 15 minutos que tinha aprendido no ano passado. Fiquei orgulhosa de mim quando estava tudo pronto: bolinhos de chocolate e chá de hortelã.

Quando cheguei à sala, os meninos estavam sentados no sofá, mas Zayn não estava lá.

- Huumm, que cheiro de menina na casa… Só falta eu começar a sentir cheiro de perfume – disse Harry, entre risadas dos meninos.

Eu sorri e perguntei por Zayn, e Niall me respondeu com um tom de voz preocupante: “No quarto, Lilly… Ele pediu pra ficar sozinho”. Eu não ouvi a última parte, na verdade. Quando ouvi onde ele estava, fui em direção ao único quarto com a porta fechada. Em minhas mãos tinha uma bandeja arrumada com três bolinhos e uma xícara de chá.

-Malik? – disse enquanto abria a porta.

-Não. – ele respondeu, tentando parecer bravo. Mas eu percebia que ele estava chorando e entrei mesmo assim.

-Minha mãe costuma dizer que meu chá é bom. Eu sei que você pode não querer comer agora, mas talvez um ou dois bolinhos também sejam bons, né? – falei sorrindo.

-Você é um doce, não posso ser grosso com você. E sim, estou morrendo de fome.

- Então… Olha, eu fiz mais bolinhos, estão na cozinha e precisamos rezar para que ninguém os coma! Mas esses aqui tinham mais chocolate, então eu reservei.

-Huum… Parecem bons. – ele provou um – E realmente são, chef Lil! Está de parabéns.

Nós dois rimos, e eu fiquei ali olhando para a carinha de criança dele enquanto comia os bolinhos e bebia o chá quente.

-Ei, eu sei que é chato perguntar, mas eu estou preocupada. O que aconteceu? Quando saí você estava dizendo que sentia falta dela e a amava, e em alguns minutos estava gritando.

-Eu não queria te contar. Mas eu preciso, afinal, tem a ver com você também.

-Comigo?

-Lil, fotografaram tudo de hoje. Desde o momento que eu te atropelei até a hora que a gente saiu do teatro. Estão fazendo fofocas e especulando, aí um dos sites colocou algo do tipo “Perrie está sendo traída? Terminou o namoro com Zayn? Ela sequer sabe da nova paixão dele?”. Ela começou a me acusar, e eu me irritei quando ela começou a te chamar de… Coisas ruins.

-Que coisas, Zayn? – eu estava triste e brava ao mesmo tempo.

-Todos os nomes que você puder imaginar que xingaria a suposta amante do seu namorado.

Eu não sabia o que fazer. Então só me levantei da cama em que estávamos sentados e abri a porta, indo pra sala. Dei boa noite pra todo mundo e fui pra outro quarto, enquanto ouvia todos perguntando coisas pra Sam. Mas nem ela sabia. Ninguém ali sabia, mas o mundo todo sabia: Eu tinha arruinado a vida de Zayn Malik.