- Então... – Disse incentivando-o a continuar, enquanto pegava uma mecha do meu cabelo e a enrolava na ponta dos dedos.

Justin se sentou na cadeira a minha frente e suspirou. Pelo pouco que eu o conheço diria que estava tentando reunir forças para começar aquela conversa.

- Não sei por onde começar. – Ele falou simplesmente e soltou a respiração que prendera.

- Que tal do começo? – Disse colocando um sorriso irônico no rosto logo depois.

- Olha... – Justin começou a falar. – Eu só quero que saiba que eu não queria ter terminado com você daquela forma...

- NÃO? – Disse em um tom alto o interrompendo e ao mesmo tempo assustando-o. – Você tem certeza disso? Justin, eu não sou tão idiota assim como você pensa, se não quisesse terminar porque disse em rede nacional que amava outra garota e que o que tivemos foi passageiro? – Já estava um pouco descontrolada e com a respiração ofegante. – Olha, - fechei os olhos tentando me acalmar. – eu não sei por que você está aqui tentando se explicar para mim, porque se você quisesse mesmo se desculpar ou qualquer coisa do tipo não teria arrumado outra garota assim que viu que eu não era boa o bastante para você. Nós não temos nada mais, cada um pode seguir o seu caminho e esquecer que algum dia tivemos alguma coisa, pois eu já entendi que você não me ama mais, não precisa me fazer sofrer novamente. – Falei tudo um pouco rápido, mas era tudo o que eu queria dizer a ele.

Percebi que Justin ficara desconcertado, sem palavras para me responder.

- Eu só quero te explicar uma coisa, essa não é a verdadeira história Demi. – Ele disse derrotado.

- Ah, então se essa não é a verdadeira história, você mentiu para mim então? – Ri sem humor. – Bieber, não adianta, tudo o que você falar não vai mudar a minha opinião.

- Se você me escutasse pelo menos uma vez eu ficaria agradecido. – Justin foi curto e grosso. Calei-me pelo modo que ele falou, um pouco sentida. – Eu não terminei com você porque não te amava, e sim porque Scooter me obrigou a fazer isso, eu não tenho nada com a Selena, isso é tudo Marketing, nós não somos namorados e eu ainda continuo te amando porra. – Ele destacou as últimas palavras.

Engoli a seco, não acreditando em tudo que ele tinha dito. Minha mente processava tudo enquanto a razão dizia para eu não acreditar nas palavras dele. E o coração, bem, estava quase gritando comigo para aceitar tudo que ele disse e parar com essa palhaçada de uma vez por todas, eu o amava, certo?

Mas às vezes o amor machuca, e tudo o que você tem que fazer é seguir em frente.

Uma voz em meu íntimo ecoou dentro de mim. Como eu havia dito há algum tempo atrás, nem sempre as escolhas do coração são boas o bastante.

As lágrimas começaram a cair por todo o meu rosto, fazendo um percurso até a minha roupa, não me dei ao trabalho de enxugá-las.

- E porque você concordou com isso Justin? Já não tinha fama o suficiente? Isso só prova que você é insensível, não se preocupou com meus sentimentos quando me deixou naquele estado. Eu estava me acabando por você enquanto fingia um namoro idiota? Esse não é o Justin que eu conheço. – Passei a mão na bochecha esquerda, enfim tirando o excesso de lágrimas. – Isso definitivamente não mudou a minha opinião, desculpa, mas ainda assim foi imbecil da sua parte. Se me amasse realmente acho que iria lutar para tudo não acabar, não é mesmo? É isso que as pessoas que amam fazem. – Percebi que Justin ficou sem palavras outra vez com a minha declaração.

Não adiantaria seus argumentos, ele estaria errado de qualquer modo, não poderia negar isso, mesmo me contando o que ele dizia ser verdade, finalmente.

- Tem razão, eu não pensei nas consequências quando o fiz, eu sinto muito por isso. Mas eu ainda te amo. – Justin se ajoelhou ao meu lado. - Demi, por favor, não complique as coisas. Eu estou arrependido, é você quem eu amo.

- Não fui eu quem complicou as coisas Justin, foi você mesmo. Eu posso ter me distanciado indo para a clínica, mas ao contrário de você eu não julguei isso como um fim e sim como um obstáculo. – Justin olhou para baixo, suspirando como se estivesse se rendido.

- As pessoas erram Demi, ninguém é perfeito, pare de jogar na minha cara que eu errei, pois reconheço isso. Eu só quero uma segunda chance, eu prometo que não tenho intenção de te fazer sofrer mais. – Ele se irritou, mas cortei-o começando a falar novamente.

- Você já falou isso antes, e olha em que situação estamos agora. Não sei se posso confiar no que diz mais.

- Eu quero te provar que pode confiar em mim. – Seu tom de voz estava decidido. Fechei meus olhos lentamente, enquanto saia mais lágrimas.

- Acontece, que um pedido de desculpas não pode reparar tudo o que eu senti e até hoje sinto.- Falei com a voz embargada, mas cautelosamente.

- Então o que quer que eu faça? – Ele me perguntou. Não respondi imediatamente assim como ele, mesmo sabendo a resposta, não queria lhe falar.

- Você nunca pode concertar um coração partido. - Justin ficou chocado com a minha resposta, como se esperasse realmente que eu o desculpasse; ou como se essas palavras não fizessem total sentido.

 O mesmo se levantou, colocando as mãos na cabeça, assim me dando a visão de suas lágrimas também caídas.

- Eu... Já falei tudo que queria falar. – Ele finalizou nosso diálogo que não nos levara a nada, passando pela porta em passos rápidos.

Nessa hora o choro me dominou totalmente, pois sentira que isso havia dado fim a todas as esperanças possíveis que algum dia eu possa ter tido, como se fechasse todo o livro da nossa pequena história e o esfaqueado com todas as minhas forças. Porem, todas as lembranças ainda estavam em minha mente, e não sabia como esquecer elas também.

Ouvi a porta se abrir repentinamente, seguido dos barulhos de passos pesados atrás do meu corpo.

- Você está bem?- Anna perguntou. Me virei para ela como se a resposta fosse obvia, o que, de fato, era. A menina se apressou em me dar um abraço reconfortante, apertando o ligeiramente.

- Eu quero ir para casa. – Minha voz soou abafada.

- Tudo bem, podemos ir. – Ela em puxou para fora do prédio da gravadora, logo indo para o meu carro. – Me dá a chave, você não está em condições de dirigir. – Entreguei as chaves para ela, abafando um soluço logo depois.