Jason respirou fundo e me encarou.

-A Alice está bem. – Suspirei aliviado. – Já a criança.. – Ele negou abaixando, olhando pra baixo.

-Ele.. Morreu? – Perguntei engolindo seco.

-Eu não sei direito.. Eu não consigo ver ele no ultrassom e nem ouvir os batimentos dele.

  Me sentei no sofá negando e coloquei as mãos no rosto. Sarah sentou ao meu lado.

-Justin, talvez ele ainda esteja vivo. – Respirei fundo. – O Jason falou que não consegue o ver nem ouvir seus batimentos, isso não quer dizer que ele esteja morto.

-Sarah, como ele não consegue o ver? – Tirei as mãos do rosto e levantei do sofá. – Jason, posso ir vê-la?

  Jason assentiu e fui em direção ao quarto. Alice estava deitada, com os olhos fechados e uma mão na barriga. Respirei fundo me sentando ao seu lado.

-Allie.. – A chamei.

-Justin... E-ele se foi? – Perguntou ainda de olhos fechado.

-Eu não sei pequena. – Falei calmo, fazendo carinho em sua cabeça. – Jason não conseguiu o ver no ultrassom e não consegue ouvir os batimentos dele.

  Alice deixou uma lagrima cair, e a secou rapidamente.

-Isso é culpa minha. – Passou a mão levemente na barriga. – Me desculpa Justin, eu não consegui fugir dela e..

-Ei! – A interrompi e ela abriu os olhos. – Não foi culpa sua.

  Alice abaixou a cabeça deixando umas uma lagrima cair, segurei em seu queixo a fazendo me olhar com os olhos cheios de lagrimas.

-Eu te amo, ok? – Limpei a lagrima de sua bochecha. – Se ele não estiver vivo, está tudo bem. Não irei te deixar por causa disso.

  Alice deitou em meu colo e começou a chorar. Eu nunca a vi naquele estado, não sabia o que fazer, então fiquei fazendo carinho em sua cabeça.

-Allie, não fica assim.

-Isso é culpa minha Justin. – Falou entre soluços. – E-era uma chance única. –Respirou fundo tentando se acalmar. – Eu acabei com um sonho seu, que aos poucos havia se tornado meu também. – Soluçou novamente.

-Não fica assim pequena.

  Alice negou e continuou chorando. Aquela situação estava me deixando cada vez mais triste. O certo seria abandonar Alice, mas não agora. Ela iria precisar de ajuda.

-Esse é o meu medo. – Soluçou e respirou fundo.

-Do que pequena?

-Medo de ficar sozinha. E você quer me deixar. – Se levantou do meu colo, e me olhou. – Não vai adiantar disfarçar, eu sei ler o que se passa na sua mente.

-Allie..

-Não precisa falar que é mentira. – Me interrompeu. – Se não quiser ficar comigo, eu..

  Selei nossos lábios fazendo a parar de falar. Foi um longo selinho mas Alice o tornou mais intenso, e colocou os braços em volta do meu pescoço enquanto minhas mãos encontravam-se em sua cintura a segurando firme. Encerrei o beijo com três selinhos e colei nossas testas.

-Já disse que te amo. – Sorri de lado. – O certo seria eu me afastar de você, mas eu não consigo. Não consigo. – Sussurrei a ultima parte e selei nossos lábios novamente.

  Alice me empurrou bruscamente e ficou encarando sua barriga assustada.

-Allie, está sentindo alguma coisa? – Perguntei preocupado.

-E-ele.. – Negou, ainda olhando para sua barriga. – Justin, ele ainda está aqui. – Sorriu e me olhou. – Nosso pequeno ainda está aqui!

  Aquilo foi a chave para um sorriso meu surgir, foi inevitável. Fiquei sem palavras na hora, então simplesmente a abracei forte e beijei o topo de sua cabeça.

-Eu não acredito! – Falou com um sorriso no rosto. – Ele ainda está aqui!

  Alice encerrou o abraço e ficou observando sua barriga e uma lagrima caiu.

-O que ele disse Allie? – O sorriso não saia do meu rosto.

-E-ele falou que estava triste. – Voltou a me encarar. – Ele sente as mesmas emoções que eu.

  Alice estava muito emocionada com isso, sempre que caia uma lagrima ela a secava logo em seguida, mas o sorriso em seu rosto não saia. Essa com certeza era a MINHA Alice. Me aproximei dela novamente, segurando em seu queixo e a outra mão coloquei em sua barriga.

-Amo vocês. Muito. – Alice sorriu de lado e selou nossos lábios.

  O beijo fofo e apaixonado se transformou em intenso e cheio de desejo. A necessidade de tê-la pra mim era grande, mas não poderia fazer isso. Não agora. Alice sentou em meu colo ainda me beijando, e colocou as mãos em meu cabelo os bagunçando. Minhas mãos seguravam firme em sua cintura. Encerrei o beijo e fiquei a olhando.

-Desculpa, me empolguei. – Falou baixando a cabeça. Ri abafado.

-Tudo bem, só não podemos fazer isso. – Alice me olhou. – Não agora. – Sorri malicioso.

  Alice me olhou indignada e deu um tapa em meu braço.

-Abusado! – Dei risada e a abracei.

-Vamos lá na sala falar com o pessoal. – Sorri de lado.

-Eu não posso descer as escadas.

-E quem disse que vai?

  Arqueei uma sobrancelha e a peguei no colo. Alice deu risada e fomos em direção a sala rindo.

-Olha o que o amor faz com as pessoas. – Austin zombou.

-Não fala nada, que você está todo bobinho com a Lunna. Eu vi vocês dois ontem no jardim da casa dela. – Sorri malicioso e sentei em um dos sofás ainda com Alice em meu colo.

-No jardim, Austin?! – Alice falou indignada.

-N-não é bem assim Allie... Estávamos apenas  nos abraçando. – Austin se levantou rápido do sofá e deu um tapa na minha cabeça. – Esse idiota que fica inventando historia.

  Ficamos conversando com Austin por um tempo, até Sarah descer as escadas correndo gritando por Alice.

-Meu Deus sua doida! Nunca mais saia de perto de mim!

  Sarah correu até Alice mas antes de a abraçar, parou a encarando triste.

-Sinto muito pelo seu bebe. – Abaixou a cabeça.

-Ele ainda está aqui, Sarah! – Alice sorriu.

  Sarah abriu a boca em um perfeito “O” e correu até Alice a abraçando.

-Sarah, cuidado. Vai machucar meus pequenos! – Falei negando.

-O que? – Sarah e Alice falaram juntas, encerrando o abraço. Ri abafado.

-Alice e o pequeno grande ser dentro dela.

  Falei devido ao tamanho da barriga de Alice, que parecia estar com três meses de gravidez ao invés de dois. Alice sorriu de lado e Sarah fez uma cara fofa.

-Vocês são muito fofos! – Falou fazendo uma voz estranha e apertando nossas bochechas.

-Sarah! – Reclamei.

-Isso dói! – Alice falou, passando a mão na bochecha que Sarah havia apertado.

-Eu sei. – Deu de ombro e foi até Austin pulando em suas costas.

-Ela não é normal. – Neguei, e olhei para Alice.

  Alice estava com um sorriso bobo no rosto, enquanto encarava sua barriga e parecia se comunicar com o bebe através do pensamento. Aquela era uma cena digna de foto. Fiquei a observando com um sorriso bobo no rosto sabendo que agora aquelas duas pessoas, mesmo uma não tendo aparecido ainda, seriam minha família. Alice olhou pra mim, ainda sorrindo.

-Isso é incrível. – O sorriso em seu rosto aumentou. – Pensar que tem alguém aqui dentro.. – Dei risada. – Eu pensava que não seria assim, desculpa ter pensado em..

-Shiu! – Me aproximei dela. – Esqueça o que você pensou ou queria fazer antes. Vamos viver o agora.

  Alice riu e selou nossos lábios em um beijo lento, coloquei uma das mãos em seu rosto e Alice segurou a outra a colocando em sua barriga. Não havia entendido o porque daquilo, mas logo senti um pequeno movimento em baixo dela. Encerrei o beijo, olhando rapidamente para sua barriga e logo depois para Alice.

-Allie.. – Não sabia o que falara. Alice assentiu.

  Novamente senti um chute, desta vez mais forte, e sorri enquanto Alice fazia uma careta.

-Você ri porque não sabe como dói. – Reclamou.

-Ele vai ser forte como o pai! – Falei e Alice gargalhou. A olhei indignado. – Allie, eu sou forte!

-Ta bom Justin, eu acredito. – Alice parou de rir aos poucos.

-Justin! – Sarah entrou correndo na sala. – Você tem que nos ajudar!

-O que aconteceu? – Alice perguntou preocupada, e Sarah negou.

-Depois eu falo Allie. – Sarah me puxou pela mão.

-É  algo muito grave? – Perguntei quando já estávamos longe de Alice.

  Sarah assentiu.

-É o Marconny. – Falou aflita, me puxando pra fora de casa.

                   Alice P.O.V

   Sarah saiu arrastando Justin pra fora de casa, e Eliza entrou na sala tentando parecer tranquila.

-Você pode me contar o que está acontecendo? – Perguntei e Eliza negou.

-Desculpa, mas não posso contar.

-Mas.. É algo muito serio, com risco de alguém morrer? – Eliza abaixou a cabeça.

-Estou com sede. Vai querer também?

  Respirei fundo assentindo, e Eliza foi as pressas para a cozinha.

-Vamos ficar apenas nos duas aqui, mas Ione vai vir passar um tempo com você.

  Eliza falou vindo em minha direção com dois copos nas mãos. Assenti e peguei um dos copos.

-Não vai me falar mesmo o que é? – Eliza negou, e ligou a TV.

  Respirei fundo negando, e comecei a prestar atenção no que passava na TV, ou pelo menos tentei. Ione chegou alguns minutos depois e me entregou um anel estranho.

-Pra que isso? – Perguntei olhando o anel.

-Ele ira te proteger, não tira ele ok? – Assenti e coloquei o anel no dedo. – Ele não é tão bonito, mas protege muito.

  Ione era do tipo “bruxa boa”, ela sabia vários truques e tinha objetos para fazer algumas magias. Mas ela os usava para o bem, era a única “não vampira” protegida por Nancy e por nos.

[...]

  Os dias foram se passando, e hoje completava três meses de gravidez. Justin, Sarah, Andrew, Austin e Jason não apareceram nenhum dia em casa e sempre que eu perguntava alguma coisa a Eliza ou Ione, elas mudavam de assunto. Não conseguia sair de casa para ir atrás deles, Eliza sempre aparecia na mesma hora e me impedia de sair. Ficava o dia inteiro na sala, esperando alguma coisa escapar de Eliza, mas a única coisa que soube era que alguém havia se ferido e poderia ser grave.

-Allie! – Eliza apareceu eufórica na sala. – Eles voltaram!

  Me levantei rapidamente do sofá sentindo uma pontada na barriga, mas não me importei, e Justin apareceu na sala correndo em minha direção me abraçando forte.

-Estava com saudades pequena. – Falou ainda me abraçando forte.

-Justin! – O afastei assim que vi sangue por seu braço esquerdo. – O que..

-Foi só um corte. – Sorriu falso.

-Na onda vocês estavam? – Perguntei calma, ainda olhando o corte em seu braço.

-Não posso te contar pequena.

-Vamos te contar depois que isso acabar. – Austin falou.

-DÁ PRA ME CONTAR LOGO O QUE É? – Gritei já ficando nervosa.

-Allie..

-NÃO ME VENHA COM ALLIE! – Gritei interrompendo Austin. – Me conta o que é caramba.

  Senti uma vertigem e acabei dando dois passos pra trás. Respirei fundo.

-Calma Allie. – Justin tentou se aproximar mas eu me afastei. – Alice!

-Me fala o que está acontecendo caramba! Eu quero ajudar.

-Não podemos falar Alice, eu já disse.

-Ótimo! VÃO LOGO CONTINUAR O QUE ESTÃO ME ESCONDENDO E ME DEIXEM DE UMA VEZ!

  Neguei e fui em direção as escadas, mas Justin correu em minha frente e segurou em meu braço, me impedindo de continuar.

-Para com isso Alice!

-Quando vocês me contarem o que estão fazendo, talvez eu pare.

  Soltei meu braço da mão de Justin, e comecei a subir as escadas.

-ALICE PARA DE SER INFANTIL! ESTAMOS APENAS FAZENDO ISSO PELO SEU BEM! – Justin gritou.

  Me virei para ele negando.

-Meu bem? – Ri irônica. – Antes dessa coisa – Apontei para minha barriga. – aparecer, EU que me defendia. EU NÃO PRECISO QUE ME DEFENDAM CARAMBA!

-Não fale assim do meu filho. – Justin falou entre dentes, subindo alguns degraus da escada e ficando em minha frente.

-Você só se importa em saber se essa coisa está bem, e eu? – Ri irônica. – Eu sou o resto agora. – Negue e Justin me olhou nervoso.

-Para com isso Alice! Eu não me importo só com ele e..

-Quer saber? – O interrompi. – Termina o que estava fazendo e pode deixa que eu vou cuidar do SEU filho.

  Terminei de subir os degraus e me segurei no corrimão devido a tontura que havia sentido.

-Alice! – Justin me chamou.

  Respirei fundo e fui até o quarto fechando a porta com força. Me deitei na cama e fechei os olhos tentando fazer a tontura passar.

-Olá minha joia preciosa.

  Alguém falou em sussurro perto do meu ouvido. Abri os olhos rapidamente.