Imponente Carvalho escrita por Lúcia Hill


Capítulo 32
Capítulo - Doubts and Feelings




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Seguiu-se um breve silêncio, Amy caminhava aflita de um canto ao outro da imensa cozinha. A velha moura empurrou a porta e encostou-se nela, observando sua jovem patroa abrir o pequeno armário, pegar uma xícara e servir-se em silencio. Era obvio que o clima entre o casal estava pesado, pois pela manhã Eileen notara a pressa no caminhar de seu senhor.

– Minha senhora precisa de algo? - questionou-a.

Eileen estudou-a a uma distância, e ergueu uma sobrancelha. Então despendeu um longo minuto tomando um gole de café, antes de se preocupar em falar.

– Não, estou bem. - mentiu.

A velha moura aproximou-se com passos lentos e curtos na direção da imensa mesa de madeira esculpida.

– Se me permitir. - disse apontando para a cadeira a sua frente, Amy consentiu com um gesto dando a permissão pra que ela sentasse. Eileen encarou a - Menina Amy, por que esta deixando essa tristeza afligir seu coração?

Amy se mexeu sobre a cadeira macia.

– Estou grávida. - disse - Mas não é esse o maior motivo de meus sentimentos, essa dor que me corrói por dentro, amo Oliver, mas ele não é digno de meus sentimentos. - desabafou.

Eileen entendia a tristeza escancarada nos olhos claros de sua jovem patroa, o amor sempre utiliza meios não explicáveis para aproximar as pessoas a seu ver, mas Amy Morgan ainda era a mesma garotinha frágil que entrara na rotina do velho casarão a meses. Mas até mesmo a mais doce criatura ficaria com receios depois de tudo que havia passado.

– Uma criança é a luz divina que salvara todo o clã dos Mclachlan. - disse - Quando cheguei a esse casarão era apenas uma garotinha também, lembro-me de como essas terras eram cheias de escravos. Lord Edward Tremont Mclachlan era um bom homem, sempre acolhia os necessitados, quando o menino Oliver nasceu fora o maior motivo de felicidade da casa, mas passaram-se alguns meses. - pausou - Lord Edward caiu de cama e logo veio a falecer. O menino Oliver é gentil la no fundo, mas até hoje não encontrou a pessoa certa para quebrar o gelo que envolve seu coração.

Aquelas palavras eram carregadas de conforto e piedade a respeito de Oliver.

– Também não tive uma vida fácil, Eileen. Nem por isso saio machucando os sentimentos das pessoas. - respondeu de forma áspera.

Eileen assentiu. Tinha uma estranha sensação, como se, algo ruim viria acontecer.

– Não esconda seus sentimentos, dê chance ao amor, ele esta se modificando aos poucos. Pois amanhã pode ser tarde para demonstrar seus afetos por Lord Mclachlan. - sugeriu.

Amy permaneceu parada no lugar como se tivesse criado raízes, enquanto os velhos sapatos de Eileen produziam um som apressado sobre o piso de mármore da cozinha.

Pura ilusão, disse a si mesma enquanto subia degrau por degrau em direção a seu aposento particular.

Eileen terminara de recolher as roupas do imenso varal, observara a pressa contida no caminhar de seu patrão, sentiu uma tristeza no peito, mas repudiou aquela emoção bem depressa, assim como fizera com o sorriso para disfarçar sua verdadeira emoção.

Antes de entrar no celeiro, Lord Mclachlan virou-se na direção da imensa janela e se deparou com os olhos tristes de Amy observando-o.

Diabos! -pensou por um relance, mas voltou sua atenção na direção do celeiro, como preferia nunca ter cruzado o caminho da jovem, pois a companhia de suas garrafas de Rum era bem mais confortável e amistosa que ela.

Em questão de segundos ele saiu a galopes do imenso celeiro sobre o lombo de um cavalo xucro ou com os dois pés firmemente plantados na sela do animal. O odor de ar fresco do campo parecia impregnado em sua pele, misturado ao perfume amadeirado da loção pós-barba, além do cheiro de feno.

Ele parou o animal antes de seguir seu caminho, novamente observou a janela onde Amy estava parada encarando o com uma expressão de espanto. Oliver emitiu um murmúrio de desprezo e pôs o cavalo em movimento, cavalgando em direção ao portão que dava acesso à primeira pastagem. A vasta área verde à frente o atraía, fazendo-o desejar virar as rédeas do cavalo e disparar contra o vento. Mas cedeu à tentação. Desejava mostrar todo seu orgulho viril.

Amy segurou forte seu medalhão sobre o peito e murmurou baixinho algumas preces, amava aquele homem, mas não estava disposta a mostrar lhe seus sentimentos, pois não se sentia pronta para esse novo passo.


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Notas finais do capítulo

Boa Leitura!