O frio começava a chegar e Amy Morgan não se sentia muito bem naquela manhã, mal pôde tocar em seu café da manhã, pois o cheiro do leite morno e dos bolos que Eileen havia preparado causavam-lhe náuseas de tal forma que se viu incapaz de ingerir qualquer tipo de alimento.

- Coma alguma coisa, Amy, não quero que fique fraca de novo. - disse Oliver observando sua jovem esposa.

Começava a se preocupar com sua fragilidade, nos últimos dias não pôde deixar de notar que ela parecia ainda mais pálida do que antes e  freqüentemente queixava-se de enjôos especialmente pela manhã. Em momentos como essa Marie fazia falta já que era a curandeira que morava mais perto do local, mas mesmo que não estivesse com ódio ainda pelo que ela havia feito com Garvin, ouvira rumores de que ela havia se casado com um jovem camponês e ido embora da Cidade. Menos uma com quem Oliver tinha que se preocupar.

- Não consigo, Milorde. Não me sinto bem. - disse Amy afastando-se da mesa posta para que o cheiro não lhe fizesse mal.

Apertou a grossa manta de lã contra o corpo e abriu a janela para observar os flocos de neve que começavam a cair no quintal da imensa casa.

Eileen, que observava o casal enquanto se aproximava com o bule nas mãos, decidiu se intrometer, pois sabia bem o que se passava com a nova Senhora Mclachlan.

- Acho que já sei o que se passa com minha senhora, Milorde. Se for mesmo o que estou pensando, acredito que seja natural esse mal estar repentino, mas posso mandar que consigam algumas frutas secas para que o enjôo não incomode tanto. - disse a moura com um sorriso nos lábios.

- Não entendo Eileen. Porque diz que é natural que eu me sinta desse jeito? - perguntou Amy ainda confusa.

- Então ainda não notou? É ainda muito jovem, mas estou acostumada com essas coisas, já vi acontecer com muitas mulheres após o casamento. Não percebeu que suas roupas têm estado um pouco apertadas em algumas partes ultimamente? Conheço bem todos esses sintomas, essa casa logo terá a alegria de uma criança correndo por aí. -  informou Eileen.

De repente tudo começou a fazer sentido na cabeça de Amy, também conhecia aqueles sintomas por causa de suas irmãs que passaram pela mesma situação. Levou as mãos ao próprio ventre lembrando-se da ausência de suas regras nos últimos meses e da sensibilidade que andava sentindo em seu corpo.

- Isso é verdade, Eileen. Estou esperando uma criança! - exclamou sorridente.

Oliver levantou-se e foi se aproximando da jovem esposa enlaçando-a pela cintura.

- Você já sabia? - perguntou,

- Não havia pensado nisso agora, mas faz muito sentido. Tenho certeza de que é verdade agora que Eileen comentou. - disse Amy.

Ao ver que o casal parecia se entender, a moura decidiu deixá-los a sós enquanto daria ordens a um dos jovens criados para que fossem buscar frutas frescas para Amy. 

- Isso é maravilhoso, Amy. Deu-me uma grande alegria agora! Um filho, fruto de nosso amor. - disse Oliver.

Novamente o coração da jovem se acelerou com aquele simples contato com seu marido, a distância entre os dois tornou-se menor ainda depois que Eileen deixou a sala e logo os lábios do Lord colavam-se aos seus abrindo caminho para um beijo cheio de ternura.

Uma vez mais ela se deixava levar pela mistura de sensações sempre que ele a tocava daquela maneira, correspondendo ao beijo de Oliver como se estar nos braços dele fosse a coisa mais certa em toda a sua vida. Sentiu uma de suas mãos subindo pelas costas másculas até chegar aos cabelos do Lord onde ela entrelaçou os dedos carinhosamente.

Ao sentir a entrega, Oliver sorriu.

- Como eu a amo, Amy! - exclamou, mas nesse momento a jovem se afastou novamente cheia de dúvidas.

- Não! Você não precisa dizer isso só porque estou esperando um filho. - falou movida pela emoção.

De repente o Mclachlan sentiu-se atordoado.

- Amy, não estou dizendo isso apenas porque teremos um filho. É essa a idéia que ainda faz de mim? - perguntou, em seus olhos havia mágoa e outros sentimentos que Amy não foi capaz de identificar.

Por um momento arrependeu-se do que havia falado, mas não podia voltar atrás.

- Sinto muito, Milorde, mas ás vezes me deixa sem saber o que pensar. Não posso esquecer certas coisas. - a voz soou fraca, como se temesse a reação dele ao dizer essas palavras, mas a verdade era que ela própria não tinha certeza do que dizia.

Nos últimos dias ele andava tão mudado e atencioso! Em alguns momentos chegava a acreditar que o Lord não a magoaria mais, que era um bom homem, mas a dúvida ainda pairava sobre si, pois temia estar enxergando apenas o que queria ver por estar apaixonada por Oliver Mclachlan.

- Está bem, Amy. Perdão mais uma vez, vou deixá-la em paz, não a machucarei mais como prometi. - falou e saiu dali de um jeito que deixou Amy assustada, pois nunca o havia visto daquela maneira antes.