Danger Line escrita por Larissa S


Capítulo 4
Fúria


Notas iniciais do capítulo

Boa noite galera! Capítulo novinho pra vocês,espero que gostem e... tentem não me matar por conta da forma como ele termina, viu?
Bem, nos vemos nas notas finais! Boa leitura (:



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Eu desisti.

Parecia simplesmente impossível me concentrar na leitura dos contratos que eu tinha a minha frente, minha cabeça latejava de forma incrivelmente dolorosa, e meus olhos pesavam, resultado da falta de descanso na noite anterior. E tudo isso, por culpa dela.

Isabella Swan. Esse era o nome da maldita mulher que vinha ocupando todos os meus pensamentos nos últimos dias, e que, ao que parecia estava disposta a me enlouquecer.

“Há algo realmente errado com essa garota, Edward. O primeiro vestígio que pude encontrar é de apenas seis meses atrás... antes disso, é quase como se Isabella não existisse.” - a voz anasalada de Jenks parecia ecoar em meus ouvidos, e essa frase repetia-se incessantemente desde o início daquela manhã.

— Do que você está tentando se esconder, doçura? - murmurei, minha voz soando rouca no silêncio da sala parcialmente encoberta pela penumbra. A chuva lá fora tornava-se cada vez mais pronunciada, e eu sabia que as coisas só tendiam a piorar... devia ir pra casa antes que isso se tornasse impossível, mas o apartamento impessoal e vazio em que vivia não me soava nada apelativo naquele momento.

— Edward Antony Cullen! - a voz fina e o tilintar furioso de saltos sobre o piso fizeram-me erguer a cabeça, sobressaltado. Que ótimo, além de dormir durante o trabalho, eu aparentemente teria que enfrentar o furacão de hormônios adolescentes de Alice... tinha como aquele dia piorar?

— Quem foi que morreu, Alice? - tive de me conter pra não soltar uma gargalhada perante a figura cômica que me encarava. Minha irmã caçula encontrava-se totalmente encharcada, suas roupas de grife (e que eu podia apostar que tinham sido cuidadosamente escolhidas) completamente arruinadas e seus lindos olhos azuis ostentando uma fúria quase assassina, nada comum pra alguém de constituição tão frágil. Eu teria problemas, e acabaria tendo que gastar uma pequena fortuna em breve, podia apostar.

— Ninguém. Ainda - seu suspiro derrotado foi parcialmente abafado pelos sons da tempestade que se desenrolava lá fora - o que você fez com a porcaria do seu celular, idiota? Estou tentando falar com a sua digníssima pessoa desde as 8 da manhã! - enquanto falava, ela não desviou os olhos dos meus, e seus saltos batiam contra o piso de forma impaciente. Eu detestava aquele barulho, e a malandrinha sabia.

— Meu celular? Acho que o deixei no carro essa manhã. De qualquer maneira, não é como se, o que quer que tenha pra me dizer não pudesse esperar até amanhã, não é pirralha? O que deu em você pra sair num tempo desses?

— Mamãe passou mal de novo, Eddie. George disse que devíamos levá-la para o hospital, mas ela se recusa e nos deixar agir. - seu semblante foi se suavizando aos poucos, como sempre acontecia quando ela se referia a Esme, e eu tive de lutar pra manter a expressão inalterada. Não importava, não podia importar.

— Com o marido relapso que ela tem, não é como se isso fosse uma surpresa, não é? Esme já devia estar internada desde que o câncer foi descoberto Alice. Foram você e Emmett quem resolveram dar ouvidos aos devaneios gananciosos de Carlisle, não é? Agora lidem com as consequências. Eu não vou me meter nisso, não mais.

— Ela é sua mãe também, seu insensível! E ao que parece, você é a nossa única chance de salvá-la... por favor, será que seria assim tão despendioso que fosse até lá só pra vê-la?

— Eu não vou mais por os pés naquela casa, Alice. Quantas vezes terei de repetir isso até que você entenda? Esme fez a escolha dela há anos atrás, e agora é tarde demais pra mudar de ideia. Não que eu realmente acredite que minha presença vá fazer alguma diferença, de qualquer maneira.

— Ela está morrendo, Edward. Isso realmente não significa nada pra você? - agora ela estava parada a minha frente, seus braços cruzados contra o peito, e uma expressão que oscilava entre a piedade e o medo.

— Se isso realmente estiver prestes a acontecer, garanto que será um alívio. – me ergui da cadeira e depositei meu paletó sobre os ombros delicados. A forma como ela tremia estava realmente começando a me assustar - pelo menos quando estiver morta, ela não terá que suportar aquele marido asqueroso. Vamos Aliie, vou deixá-la em casa. – eu tinha passado pela porta antes que ela pudesse replicar. Me recusava a voltar a encontrar minha mãe... não queria ouvi-la se desculpar pelo erro que acabara com a minha vida mais uma vez. Eu não suportaria ter de passar por aquilo de novo.

Cerca de uma hora depois, eu encarava as janelas da enorme mansão que tinha sido palco de minha infância, tentando fazer com que as memórias que aquela casa me trazia continuassem enterradas, enquanto Alice tagarelava sobre o estrago em suas roupas e sobre o mais nova ideia estúpida de Carlisle: ele queria começar um novo império, e para isso, daria um jantar de negócios no fim de semana... Alice tentava me convencer de que era uma boa ideia que eu aparecesse, que isso podia faze-lo repensar a estipulação... interrompi-a antes que perdesse a paciência:

— Não quero ouvir, Alice. O que seu pai faz ou deixa de fazer simplesmente não interessa. Conseguirei o controle do que é meu por direito, mais cedo ou mais tarde, e até mesmo ele sabe disso - ela estava destravando a porta quando acrescentei - leve Esme para o hospital amanhã, e mantenha-a por lá. Eu sei o quanto ela é importante pra você, não pode simplesmente assistir enquanto ela assina sua sentença de morte.

Minha única resposta para aquele comentário foi um raio cortando o céu e o som da porta batendo... acho que tinha ido longe demais, até mesmo para Alice.

[...]

A chuva batia cada vez mais violentamente contra a lataria do Volvo. Eu estava parado no meio fio em frente a boate de Victoria há cerca de meia hora, lutando contra mim mesmo e a vontade quase insana que eu tinha de entrar lá e apenas observá-la por alguns minutos, mesmo que de longe...

— Não aja como um retardado, Edward! - ok, aquilo era decadente. Conversar comigo mesmo? Aquela garota estava mesmo mexendo comigo, ao que parecia - apenas entre lá, veja se ela está trabalhando e vá pra casa, imbecil!

Estava prestes a fazer aquilo quando uma movimentação estranha nas escadarias que levavam ao clube me chamou atenção... afinal, o que estava acontecendo ali?

Cerrei os olhos pra conseguir enxergar com um pouco mais de nitidez e observei enquanto um segurança arrastava uma mulher pra fora da boate... ela era pequena, seus cabelos tinham um tom de vermelho exagerado e suas roupas estavam completamente arruinadas. Bufei, incrédulo. Por que eu estava perdendo meu tempo com alguém que devia no mínimo estar bêbada, ou drogada? Eu nem ao menos a conhecia!

Não consigo entender porque, mas não parecia ser capaz de desviar meus olhos daquela figura inusitada, e, enquanto ela praticamente se arrastava pela rua pouco movimentada, comecei a me sentir estranhamente inquieto. Quando dei por mim, estava atravessando a avenida, meu corpo sendo golpeado pelas gotas cada vez mais grossas de chuva, enquanto meus ouvidos eram presenteados com o som cada vez mais alto dos trovões.

— Você está bem? - tive que gritar para que minha voz fosse ouvida em meio ao burburinho da tempestade, e quando me abaixei pra tocar o ombro da garota, ela se encolheu tanto que chegou a me assustar. Alguns segundos se passaram sem que eu soubesse o que fazer. O que aconteceria com ela não deveria me importar, mas por algum motivo que não conseguia compreender naquele momento, eu não podia simplesmente ir embora e deixá-la ali, a própria sorte.

— O que você quer? - a voz estava incrivelmente rouca, e quando terminou a frase, a garota cuspiu ao seu lado na calçada... havia sangue em sua saliva. O que tinham feito com ela lá dentro?

— Ajudar. - a palavra parecia se recusar a prespassar meus lábios, e eu estava começando a tremer devido á baixa temperatura - você vai acabar ficando doente se continuar aqui.

— Acredite em mim, se eu morresse agora, ninguém sentiria minha falta - ela escorou-se contra o muro e começou a tentar erguer o corpo. Conseguiu manter-se em pé por cerca de dois segundos, mas teria ido ao chão de novo se meus braços não a tivessem segurado.

— O que foi que aconteceu lá dentro? Alguém... bateu em você, é isso? - mesmo antes que ela respondesse, eu percebi que não faria diferença. Não era como se ela pudesse denunciá-los, pelo menos não sem deixar que os policiais soubessem a forma como ganhava a vida, e as circunstâncias no mínimo adversas em que a agressão provavelmente ocorreu. Mesmo assim eu estava curioso, por motivos que não conseguia entender.

— O que você acha? - ela se movimentou em meus braços, e enquanto falava arrancou o que percebi tarde demais ser uma peruca, fazendo com que seus cabelos caíssem em cascata por suas costas, ficando encharcados quase que instantaneamente.

De repente, senti todos os músculos do meu corpo se tensionando. Eu estava enlouquecendo, era isso. Só podia ser isso.

— Edward? - eu podia sentir seus olhos grudados em meu rosto, e algo em meu semblante a colocou em alerta, porque ela tentou se afastar, mas estava fraca e zonza demais pra isso - O que... o que você está fazendo aqui? - não me dei ao trabalho de responder, apenas deixei que meus dedos acompanhassem o mais delicadamente que podiam cada hematoma visível no rosto claro como alabastro.... a chuva golpeava minha visão com força, e uma espécie de imã me levava a tentar averiguar cada pequeno ferimento que pudesse haver em seu corpo. Tive de me obrigar a manter a mente focada na mulher assustada e fraca em meus braços, porque eu sabia que se me permitisse pensar em qualquer outra coisa, acabaria perdendo o controle.

Não sei por quanto tempo nos mantivemos parados em meio a chuva, mas quando o corpo de Isabella começou a tremer quase que descontroladamente em meus braços, percebi que precisava tirá-la dali. Antes mesmo que pudesse pensar no que estava fazendo, peguei-a nos braços e caminhei rapidamente até o Volvo. Tinha acabado de acomodá-la sobre o banco do carona quando notei que minhas mãos tremiam, e não era devido a temperatura... eu estava furioso, e, enquanto minha mente evocava as lembranças de cada hematoma que tinha visualizado, mesmo que parcamente sobre a pele dela, uma única certeza se abatia sobre mim.

Eu acabaria com quem quer que tivesse tido a ousadia de tocá-la. De forma lenta, torturante e completamente prazerosa.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Quem será que foi o louco que machucou a Bella, e o que será que acontecerá entre esses dois? (só posso dizer que essa noite vai ser decisiva na história, rs)
Vejo vocês nos comentários... até o próximo!