Danger Line escrita por Larissa S


Capítulo 18
Apenas o início.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo pra animar o feriado de vocês, galerinha. Espero que gostem e me perdoem pela demora (de novo,rs)



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Por alguns poucos e preciosos segundos depois que voltei a mim, tive a ilusão de que as últimas horas não haviam passado de mais um de meus pesadelos. Mantive os olhos fechados e a respiração controlada, adiando ao máximo o momento em que teria de despertar propriamente e amaldiçoando aquela pequena parte de meu subconsciente que insistia em fazer-me lembrar que havia algo errado.

Obviamente, aquela ilusão não durou muito tempo: os minutos pareceram se arrastar, e a ansiedade escondida em meu corpo se tornou cada vez mais intensa, até que não havia nada mais que pudesse fazer além de abandonar aquele pequeno fio de esperança que vinha mantendo e ater-me de uma vez por todas á realidade.

Olhando ao redor,percebi que aquela não era nenhuma das muitas propriedades que Ethan adiquirira durante o tempo que estivéramos casados, muito embora fosse fácil demais reconhecê-lo em cada móvel elegante e austero que me cercava. Pra que maldito lugar ele me arrastara dessa vez?

- Pelo que me lembro,você não costumava acordar tão cedo, querida. O que o Cullen fez pra mudar seus hábitos? – não consegui evitar um grito surpreso quando ouvi as palavras, e só percebi o quanto meus movimentos estavam debilitados quando tentei me virar em direção ao som.

- O que foi que fez comigo, Ethan?- consegui perguntar, mesmo que cada palavra exigisse um esforço excruciante.- onde estou?

- Me disseram que você podia se sentir um pouco confusa e desorientada quando acordasse mas não se preocupe meu amor, essas sensações irão embora assim que passar o efeito dos tranqüilizantes que lhe dei – minha expressão deve ter denunciado meu estado de espírito apavorado, porque Ethan inclinou-se em minha direção e deixou que seus dedos me acariciassem a bochecha de uma forma que pareceria delicada á um observador desatento, mas que só serviu para aumentar- me o desconforto.

- Está dizendo que me dopou ?

- Não exatamente. Digamos que eu planejei  fazer-lhe uma surpresa e tive de te por pra dormir pra que isso funcionasse, Isabella. Não esperava que despertasse antes do meio dia, mas já que o fez que tal sair da cama e vir conhecer nosso novo lar?

- Não estamos em Londres? – mesmo que eu já soubesse a resposta aquela pergunta, esperava que ele estivesse distraído o bastante pra deixar escapar algum detalhe de nossa localização.

- Não, querida. Depois de tudo pelo que passamos nos últimos tempos, acho que merecemos um descanso, não é? Uma segunda lua- de-mel, talvez? – ele finalmente decidiu se levantar,e precisei de uma boa dose de concentração para evitar um suspiro de alivio. Não seria exatamente inteligente irritá-lo antes que eu soubesse onde diabos tinha ido parar, e como faria pra sair daqui. – bom, acho que vou dar-lhe algum tempo pra se recompor, querida. Assim que estiver pronta, vá até o corredor  e me encontre na segunda porta á direita. – a voz estava carregada com o mesmo tom de comando que eu já o vira usar tantas vezes, e Ethan tinha me deixado sozinha antes que mesmo que pudesse pensar em uma resposta.

Não me lembro muito claramente da maioria dos acontecimentos daquela manhã, mas sei que nunca serei capaz de apagar totalmente o choque, o horror e o desespero  que me abateram no momento em que entrei no aposento em que meu ex marido me esperava: as janelas do quarto estavam abertas e a luz do sol se espalhava pela superfície imaculadamente branca de cada um dos móveis delicados. Naquele momento, agradeci aos céus o fato do efeito dos calmantes que tinha sido obrigada a tomar ainda não ter passado totalmente: o torpor era muito mais seguro do que o colapso nervoso que se agitava em cada fibra do meu ser.

- Eu sabia que você provavelmente estava planejando  fazer da minha vida um inferno até se cansar, mas não imaginei que chegaria tão longe, Ethan. – murmurei, ainda incapaz de desviar os olhos do show de horrores macabro que se desenrolava ao meu redor

- Torturá-la? Ora querida, não se atreva a dizer uma atrocidade dessas!- ele nem sequer deu-se ao trabalho de me encarar enquanto falava, continuou placidamente parado em frente ao berço que ocupava o centro do quarto, seus dedos correndo lentamente pelo tecido do que parecia ser uma pequena manta infantil – eu estou apenas tentando encontrar uma forma de consertar os erros que cometi no passado. Se você soubesse o quanto fiquei arrasado quando me dei conta de que nós nunca veríamos o rosto de nosso filho, Bella...

- NÃO OUSE FALAR NESSE ASSUNTO, SEU CRÁPULA!- berrei, sem me importar com a maneira como ele reagiria aquele insulto.- você me enoja completamente,  e não vou permitir que macule a memória do meu filho, está ouvindo? Nunca mais diga uma palavra sobre ele! Você... você não tem o direito – naquele ponto da conversa as lágrimas já tinham começado a escorrer incessantemente, e meu corpo foi atingido por tremores cada vez mais intensos. Tentei me esquivar de seu toque quando o inglês se aproximou, mas mesmo que não estivesse tão perturbada, acho que parte de mim sabia que aquele era um esforço totalmente inútil. O mais assustador,foi perceber que asco era tudo o que aquele toque conseguia me causar: o pânico á que estava acostumada parecia ter desaparecido, pelo menos por hora.

- Me perdoe, amor.... se já foi difícil pra mim aceitar a perda daquele bebê, não quero nem imaginar o inferno que você teve de suportar. Essa foi uma idéia estúpida não é? Eu só pensei que agora que nós vamos recomeçar, você talvez quisesse tentar de novo.

- Pra que você pudesse se livrar da culpa que carrega, certamente. – escarneci, o rosto levantado e a expressão mais neutra em que pude pensar – desculpe decepcioná-lo, mas nem que se passem mil anos eu pensaria em ter um filho com você, Ethan Smith. Aquela criança foi um erro, não sei onde estava com a cabeça quando pensei que lhe dar um herdeiro pudesse trazer de volta o homem por quem me apaixonei, mas você foi bem eficiente em acabar com aquela ilusão, não é? A cada maldita vez em que fecho os olhos, eu revivo todo o horror daquela noite. Mesmo depois de tanto tempo, ainda me lembro perfeitamente da forma presunçosa como você sorria enquanto eu lutava pra manter a consciência. Se tive de suportar um inferno depois de perder meu filho, nós dois sabemos quem é o responsável por isso.

- Eu... eu não queria que aquilo tivesse acontecido, Bella. – se eu não o conhecesse, creio que sentiria-me tentada a acreditar no arrependimento transmitido por aquelas palavras. Se tinha algo para o qual aquele homem realmente tinha talento, era a atuação. Não respondi, e por um tempo, o inglês parecia absorto em seus próprios pensamentos. Quando o silêncio começou a tornar-se insuportável, ele voltou a falar-  Acho que ainda é cedo demais pra termos essa conversa, amor. Vou lá pra baixo fazer companhia ao nosso outro convidado e voltamos a nos falar em outro momento, sim?

O barulho da porta se chocando contra o batente e em seguida o som da chave girando na fechadura arrancou-me da nuvem de torpor na qual estava envolvida, e minha mente levou um segundo a mais pra perceber quais eram as verdadeiras intenções de meu ex marido: eu o irritara demais pra merecer a dádiva de uma morte rápida. Ethan pretendia me enlouquecer. Aquele quarto era apenas o início.


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Notas finais do capítulo

Tentem não odiar o Ethan, ok? Ele é um cara legal (ou já foi, em um passado distante,rs)

Nos falamos nos comentários ♥