Edward  POV

Eu não passava da merda de um covarde,essa era  a verdade.

Os poucos garçons que circulavam pela área do restaurante me olhavam de forma especulativa, mas eu estava ocupado demais admirando o liquido cor âmbar em meu copo pra importar-me com o que os outros iam pensar. Eu só precisava continuar bebendo,até não conseguir pensar em nada coerente....até ser  capaz de esquecer que minha mãe estava definhando num dos hospitais da cidade ,e que não havia nada que pudesse fazer a respeito...até realmente deixar de me importar

-Está tentando se embebedar por algum motivo especial,ou é só  pra não perder o  hábito mesmo?- apertei os polegares contra a têmpora enquanto a voz incrivelmente aguda e desagradável chegava até mim.  Ótimo,aquilo era tudo o que eu precisava

-Desde quando isso te interessa,vadia?- murmurrei,silenciosamente pedindo pra que ela percebesse que aquele não era o melhor momento pra testar a paciência que eu não tinha.

-Desde que você é um maldito fissurado em trabalho que está perdendo duas reuniões importantes ? Não que eu me importe é claro. – o tom era desdenhoso e, enquanto falava ,Tanya ocupou a cadeira vazia a minha frente-Antes que eu me esqueça: por que é que a pirralha da tua irmã ligou pro meu apartamento as 6 da manhã? Qual é,não apresentou sua noiva ao resto da família?

-Esme piorou- confessei antes de voltar a encher o  copo. Pela visão periférica, notei que a expressão dela mudou sutilmente. Tanya sabia o quanto aquele era um assunto delicado pra mim. Mesmo que eu já não a desejasse,ela era a única com quem realmente podia falar sobre o que estava havendo- Alice está tentando me convencer a ir vê-la ,e como estou ignorando-a,ela deve ter imaginado que estivéssemos juntos. Você nunca foi muito discreta,não é?

-Qual é a graça de me envolver com um dos homens mais cobiçados da América se eu não puder me gabar disso,Edie?- ela soltou uma risada baixa e então continuou- mas e então,não vai mesmo fazer o que sua mãe quer? Sabe,se Esme está pedindo pra vê-lo, pode ser que as coisas realmente estejam difíceis.....

-Quantas vezes eu vou ter que repetir que não me importo com o que acontece com a porra da minha família  até que vocês finalmente entendam? Sou apenas eu ,merda. Eu e o império que lutei pra construir- a garrafa de uísque tinha voltado a esvaziar,e aquela parecia minha deixa pra sair dali. Levantei-me rapidamente,e senti o mundo girar ao meu redor,e tenho certeza que teria ido ao chão se Tanya não estivesse ali pra me amparar. Sentia-me um pouco mais confuso a cada minuto ,mas pelo menos,tinha conseguido me embebedar. Já era um começo

-Ei devagar ai ,garotão !Pelo visto , o senhor está bebendo a muito mais tempo do que eu pensei não é? Está de carro?

-Não- respondi de mau humor,enquanto meus olhos corriam pelas curvas do corpo cuidadosamente trabalhado a minha frente. Sabia que não devia estar olhando pra ela daquela maneira,especialmente depois da noite passada,mas não pude evitar: meus pensamentos começavam a ficar turvos,  e dei um sorriso lascivo enquanto as primeiras transas que tivemos voltavam a memória...aquela mulher podia até tornar-se interessante,partindo do princípio que mantivesse a boca fechada- eu vim pra cá com a intenção de beber até esquecer a confusão em que estou metido...ainda não funcionou

-Certo ,fique aqui enquanto eu peço pra chamarem um táxi pra levá-lo pra casa, ok?

-EU NÃO POSSO IR PRA CASA!-  tive que gritar pra que ela me ouvisse enquanto se afastava ,os saltos batendo ritmicamente no piso de mármore. Claro que isso só fez com que a dor de cabeça começasse mais cedo

-Por que não?

-Porque Isabella está lá e ela...não pode me ver assim. Além do mais ,eu meio que agi como um idiota depois do telefonema de Alice e então...

-Deixe-me adivinhar: vocês tinham acabado de transar,a garota devia estar pensando que você era o homem mais maravilhoso sobre a face da Terra e então a baixinha atrapalhou e você se afastou de repente,sem nem ao menos tentar explicar o que estava havendo, não é?

-Como sabe?

-Edward,  não sei se já notou,mas você é terrivelmente previsível,meu caro. Posso fazer uma lista das vezes em que estávamos juntos e você simplesmente enlouqueceu. Mas isso não vem ao caso agora....a pergunta de um milhão de dólares é: se não pode ir pro seu apartamento, o que é que eu farei com você?

-Já considerou a possibilidade de me deixar em paz?

-Na verdade sim-senti um puxão em meus cabelos e ergui o olhar até o rosto perfeitamente maquiado mesmo aquela hora da manhã, minhas mãos descansando quase confortavelmente sobre a cintura fina,enquanto Tanya se acomodava preguiçosamente no vão entre as minhas pernas- se você não fosse tão delicioso,eu provavelmente já teria conseguido- seus lábios foram descendo devagar até que ela estivesse mordiscando meu pescoço ,e não a impedi....no momento,era uma distração bem vinda- não posso simplesmente ir embora e deixá-lo sozinho e bêbado num lugar como esse , porque posso apostar que não demoraria muito até que seu gênio explosivo te metesse  em confusão

-Sabe que não vou comer você de novo,não é?-perguntei,enquanto sentia as mãos dela deslizando por meu corpo de forma cada vez mais ousada.- não bebi o suficiente pra arriscar o que tenho com Bella

-Ainda – o sussurro foi acompanhado por seus dedos brincando sobre meu membro ainda coberto,que mesmo contra minha vontade começava a enrijecer...malditas reações físicas!

Mordi os lábios com força pra evitar gemer,e fechei os olhos por alguns segundos deixando a mente divagar...eu podia me ver arrastando Tanya pra um dos banheiros no final do elegante corredor que havia as minhas costas e fodendo-a brutalmente,sem me importar com o fato de que pudesse machucá-la,ou de que talvez fôssemos descobertos. Ela não passava de uma vadia oportunista ,e eu sabia o quanto apreciava ver-me fora de controle....nem sequer se importaria de ser usada como uma mera distração..pelo menos não se eu a fizesse sentir prazer e depois acrescentasse mais uma joia a sua coleção. O dinheiro era sua válvula de escape, assim como o sexo e o poder sempre seriam as minhas. De certa forma,éramos iguais

-É melhor sairmos daqui de uma vez,antes que aquele cara nos expulse a ponta pés- ela apontou  uma unha impecavelmente coberta de esmalte para o gerente do restaurante, que  nos encarava de forma indelicada,uma expressão fechada contida no rosto e então afastou-se devagar ,sorrindo  ao ver como suas carícias tinham me “animado”- acho que terei de levá-lo pro meu apartamento,se você não se importar

-Se eu estivesse menos bêbado,certamente me preocuparia em pegar alguma doença naquele chiqueiro,mas não é como se houvesse algum outro lugar pra onde pudesse ir então...-tirei a carteira do bolso da camisa ignorando propositalmente meu celular que vibrava pela milésima vez ,e joguei algumas notas sobre a mesa,sem me importar com seus valores. Ergui-me devagar,e senti o mundo girar ao meu redor por alguns segundos antes que tudo voltasse ao foco. Tanya ainda me olhava,e manteve-se ao meu lado enquanto nos encaminhávamos para a saída .

A última coisa que tenho certeza absoluta de ter feito antes de adormecer,foi me jogar dentro de um dos taxis que disputavam espaço nas ruas movimentadas da cidade

X

O som dos aparelhos que monitoravam Esme eram a única coisa que quebrava o silêncio quase sepulcral que caíra sobre o quarto. Tanya estava parada inofensivamente perto da porta,enquanto meus olhos fixavam-se no corpo frágil e quase irreconhecível estirado sobre a cama.....

Não havia restado quase nenhum traço da mulher que eu deixara  pra trás há alguns anos ,e poderia apostar cada centavo em minha conta bancária como o câncer não era ,nem de longe , o responsável por aquilo. Na certa,era só mais uma demonstração do que o amor quase doentio que ela sentia por Carlisle podia fazer

-Não vai acordá-la? Tenho certeza de que ela ficaria feliz em vê-lo aqui- o tom era estranhamente suave,e quando a loira tocou meu braço,não senti vontade de afastá-la. Mesmo que jamais fosse admitir,era bom te-la ao meu lado naquele  momento, Tanya não faria perguntas,ou julgaria minhas decisões. Ela sabia que não tinha o direito de fazer aquilo,e conhecia bem demais as consequências de desafiar-me pra se arriscar. Enquanto estivesse com ela,as coisas estariam sobre controle,e a sensação eram deliciosamente familiar.... Isso valia o esforço de me manter longe de Bella por mais algum tempo,ou pelo menos,era do que eu estava tentando me convencer

-Não tenho nada a dizer,e também não estou disposto a ouvi-la se desculpar por algo que na verdade nunca lhe causou arrependimento. Eu nem deveria estar aqui,pra começar- confessei,enquanto meus ouvidos captavam passos  cada vez mais próximos. Desejei que ,quem quer que fosse,não entrasse no quarto. Não estava com humor pra aguentar Alice e todas as suas acusações sem fundamento, ou pior,seu sentimentalismo exagerado

-Eu sei,Edward. Mesmo que negue isso até pra si mesmo,você a ama, e tem medo de perde-la. Veio até aqui pra se despedir.... e isso só comprova a teoria que eu bolei sobre você na primeira vez em que nos vimos

-Teve tempo pra pensar em alguma teoria complicada enquanto transávamos no quarto de empregada da casa dos Newton? Acho que estou perdendo o jeito...-ponderei,esperando que o gracejo fosse suficiente pra distrai-la. Não tinha certeza se estava preparado pra analisar meus sentimentos, nem mesmo pra admiti-los totalmente

-Se eu fosse você ,não perderia tempo tentando me distrair. Conheço-o bem demais pra ser facilmente enganada-ela me deu um sorriso tranquilizador e depois inclinou-se até conseguir acariciar á mão gélida de minha mãe-  eu sei ,que por trás da fachada de magnata insensível,existe um homem que faria tudo pra manter aqueles com  quem se importa seguros,Edward. Você só está negando isso ,porque sabe que no caso dela,não há nada que possa fazer....a falta de controle sobre os acontecimentos te apavora

-Não fale como se me conhecesse,Tanya- lutei pra manter o tom baixo, afinal ,não queria fazer Esme acordar e ter de enfrenta-la- você não passa de mais uma das vadias com quem fui pra cama,essa é a verdade

-Mesmo assim,tenho certeza de que sei mais sobre você do que a garota ingênua que está em seu apartamento ,não é? Isabella nem chega a imaginar as merdas que há escondidas em seu passado..... é por isso que eu estou aqui,enquanto ela continua trancada na torre de cristal,imaginando onde diabos o príncipe sombrio se enfiou- seu tom de repente tornou-se frio, e ela começou a se afastar,até parar em frente a porta- até logo ,Edward. Quando a princesinha realmente souber com quem está lidando e se afastar,não me procure- ela riu de maneira debochada,e então girou a maçaneta,no exato momento em que me voltei em sua direção,a resposta indelicada na ponta da língua

E então encontrei o rosto lívido de Isabella do outro lado do batente,seus olhos cor de esmeralda completamente confusos. O quanto daquilo tudo ela tinha ouvido,afinal?