All The Broken Hearts escrita por Yukari-chan


Capítulo 2
Começo do fim


Notas iniciais do capítulo

Se tá em itálico é passado, todos sabe -n



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[01. Começo do Fim]


-Sabe porque pessoas se suicidam? Porque elas já não conseguem nem sorrir e nem amar. Porque já não lhes resta motivo. Seu coração está tão partido quanto seu sorriso, e então elas morrem. Não há tanto mistério quanto se presume por trás da dor.


“Entretanto, ao invés de chamar de perda de fé, eu prefiro dizer que são corações partidos e sorrisos estilhaçados. Pessoas que acreditam que a morte pode ser melhor que a vida. Isso te soa familiar? Alguém que abre mão da própria vida?”


Ele sorriu, e esse simples ato era capaz de fazer com que o mais bravo dos homens sentisse um calafrio. Um sorriso que não conhecia a bondade ou a benevolência.


-Sabe o que acontece quando as pessoas se suicidam?


Era uma pergunta retórica. Não precisava ser respondida. Na verdade, era quase uma resposta. O porque de ele estar ali, naquela manhã de chuva.


-Você não acha que tem o direito de julgar? De escolher quem vai e quem fica? – ele fez uma pausa e passou a língua pelos lábios rosados. – Então você vale mais que eles? Seu coração também está partido, não é? E seu sorriso, estilhaçado. Você perdeu seu motivo.


“Mas esse coração que bate no seu peito... Ele não te pertence para que você o faça parar, não é mesmo? Nem o consolo da morte você pode ter.”


Ele se ajoelhou sobre o corpo maior, que ainda estava caído no asfalto molhado. Os lábios buscaram aquele ouvido que naquele instante implorava ser surdo.


-Escolheram por você. – sussurrou. – E te deixaram sem escolha. Você não pode morrer, mas também não consegue viver.


“Sou a sua única chance.”


-O-


Com o canto dos olhos, notou aqueles passos que pareciam seguir os seus próprios. Acelerou por um momento, e viu o outro acompanhar seu ritmo. Com algum terror, se deu conta de que estava sendo seguido.

Ainda era muito cedo, e as ruas estavam vazias. Além dele e seu seguidor, não havia viva alma. Gritar em uma hora dessas era pior, não é isso que dizem? E mesmo que quisesse a voz estava presa, como um nó em sua garganta.

De esguelha, observou que a figura toda vestida em negro usava um longo sobretudo. Podia estar escondendo uma arma, pensou o loiro. Mas quem iria querer assalta-lo? Nem de longe ele parecia ter dinheiro ou qualquer outro bem que pudesse interessar. No bolso, apenas dinheiro da passagem pra voltar pra casa, o velho celular e as chaves de seu apartamento.

Era uma pessoa simples, que não se adaptava ao ritmo de Tokyo. Por isso gostava de seu emprego, onde entrava tão cedo, podia escapar da correria de logo mais, quando o grande comércio abrisse. Na verdade, nunca tinha parado pra notar o quanto aquilo era perigoso. E agora parecia ser um pouco tarde demais.

Fechou os olhos, a figura de negro estava perto. Muito perto. Adiantava correr? Ele já conseguia até mesmo sentir o cheiro do outro homem. Era forte e cítrico, delicioso. Mas no momento, o apavorava.

O moreno esticou a mão, e ele pôde sentir os dedos longos de fechando em seu braço. “Eu não devia ter saído da cama hoje”, foi tudo que conseguiu pensar. Iria levar um tiro quando o outro descobrisse que ele não tinha nada valioso e ficasse com raiva. Que jeito estúpido de se morrer. Prendeu a respiração em antecipação.

Foi abrindo a boca pra dizer: “Juro que não tenho nada”, mas o moreno foi mais rápido.

-Nossa, como você corre! – Kouyou quase viu uma interrogação se formando em sua testa quando de todas as coisas do mundo o homem de negro disse aquilo.

-Desculpe...? – falou assim que conseguiu.

-Sinto muito, te assustei? – falou soltando o braço do loiro. – Queria te perguntar se você sabe onde tem uma cafeteria aqui por perto. Está bem vazio por aqui a essa hora.

Kou ficou parado, processando a informação por um instante. Então, ele não ia morrer? Pela primeira vez se permitiu observar o homem com cuidado, e levou um susto ao notar o quanto ele era bonito, o tipo de coisa que o medo lhe impediu de notar.

O moreno tinha traços diferentes. Parecia mais velho, pouco mais baixo que ele. Cabelos negros e longos, lábios muito cheios, ombros largos. As mãos dele eram muito bonitas. Mas o que mais chamou atenção, foram os olhos. Porque ele agora sorria, mas olhando para aqueles olhos escuros, Kouyou não conseguia entender como ele o fazia.

-Ainda está tudo fechado... – respondeu depois de um instante. – Eu trabalho em uma cafeteria, aqui perto, na verdade... Se você quiser esperar abrir tudo... Pode demorar um pouco.

-Não tem problema. Aliás, eu sou Shiroyama Yuu. E apesar de não saber seu nome, quero dizer que você está salvando meu dia. – disse, esticando a mão e abrindo mais o sorriso.

-Ainda é muito cedo pra afirmar isso. – o loiro retrucou. Apesar da beleza ímpar, aqueles olhos o incomodavam de alguma forma. – Kouyou. Takashima Kouyou.

Quando esticou sua própria mão para tocar a de Yuu, Kouyou não pode deixar de pensar em como aquela palma era fria. Não fria como a de um cadáver, mas fria como gelo. Como o olhar daquele homem tão bonito.

Slow cold rain,  孤独に溶けていく

Chuva lenta e gélida, se mistura com a solidão.


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Notas finais do capítulo

Devo demorar mais pra atualizar PORQUE tô em semana de provas, e tenho 3 fics na frente dessa para serem atualizadas.
Mas quero att essa antes de viajar, dia 6. CRUZEM OS DEDOS (e deixem review).



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