Vais Ser a Minha Salvação? escrita por AnnieKazinsky


Capítulo 8
Ate nunca mais.




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A noite ia alta.

Hermione moveu-se, acordando lentamente.

Sentia-se gelada, mesmo tendo o casaco dele sobre si.

Dormira um pouco sobre a areia e estava toda dorida.

Esticou-se; doía-lhe tudo!

“Draco?” chamou estranhando a ausência dele.

Saiu do refúgio dando ainda com a noite estrelada.

Ele nao a tinha ouvido.  Estava  abaixado, tinha os pés dentro de agua, parecia muito sereno.

Que se passaria naquela mente? Olhava o mar com um ar concentrado...

Foi quando olhou para trás,  levantando-se,  indo ter com ela.  Estava completamente despenteado, sem a camisa, mostrando as cicatrizes do fatídico ‘sectumsempra’ que Harry lhe lançara no sexto ano.

Sorriu-lhe timidamente, não a olhando no rosto.

Ela estranhou, mas quando deu por si, estava a retribuir-lhe o sorriso.

“Acho que até tenho areia nos ossos...” comentou passando as mãos pelo cabelo sacudindo-o.

“Dormiste?”  questionou ela  levantando a mao para lhe tirar o cabelo dos olhos.

“Não...” murmurou ele desviando-se do gesto, arrependendo-se no instante  “vamos voltar?”

"Sim... pode ser...”disse ela cabisbaixa. Ele acenou afirmativamente, sorriu-lhe encolhendo os ombros, nem sabia bem  o que lhe dizer...

“Levo-te a casa...?” e aproximou-se devagar  tocando-lhe  nos ombros fazendo com que ela finalmente lhe olhasse nos olhos. O olhar dela tinha um brilho diferente daquilo que ela estava acustumado a ver. Ficou baralhado, nao sabia bem identificar o que era.

“Ficas hoje comigo?..." as palavras de Hermione sairam sem pensar. Deus, estava a  arriscar demasiado!

Ele hesitou. Mordeu de leve o labio inferior. Ela viu as feicoes dele endurecerem. Para relaxarem no momento seguinte.

Muitas duvidas  tomavam aqueles olhos cinzentos. Respondeu depois de uns segundos que pareceram eternos a Hermione.

“Pode ser... tenho é de tomar um banho e mudar para uma roupa sem sal... e perdi a camisa... acho que o mar a levou...”

Hermione não conteve um sorriso.

 

Ao não reconhecer onde estava, sentou-se na cama meio assustada.

Veio-lhe tudo à memória.

A longa noite que passara.

A cama estava cheia de areia, e cheirava a sal.

O lado onde ele dormira estava frio.

Acabaram por ficar no quarto dele...

"Draco?" chamou ela.

Ouviu os passos pesados dele, seguidos da sua figura, que apareceu na porta.

Ela sentiu a chama do que sentia por ele dentro de si, suspirando.

Ele estava sem blusa, revelando o tronco perfeito. O rosto dele estava com um ar confuso, enevoado.

"Tens fome?" Questionou ele.

"Um pouco... Mas antes... chega aqui..." pediu ela.

Ele pareceu hesitar, mas sentou-se ao lado dela.

Ela percorreu-lhe o rosto com o olhar, desviou-lhe o cabelo dos olhos.

Beijou-o levemente nos lábios.

Ele estava com uma expressão estranha.

O olhar vazio.

Não parecia a mesma pessoa da noite passada.

"Diz, Draco..." pediu ela.

"Se tens fome, eu vou fazer algo... há..."

"Não... Draco... diz-me o que foi... pois parece-me que o problema é também meu..."

Ele levantou-se e sem uma palavra saiu do quarto.

Hermione levantou-se vestiu qualquer coisa.

Encontrou-o na sala.

"É melhor ires embora... para tua casa, Granger."

Ela ficou como se tivesse levado um murro.

"Que se passa?"

Ele ficou em silêncio, vestiu uma blusa e olhou para ela.

"Isto é mais complicado que parece..."

"Explica-me..."pediu ela

"Vamos deixar isto por aqui..."

"Mas Draco..."

Ele fitou-a sério, fazendo-a baixar o olhar.

"Eu vou demitir-me do emprego..." avisou ele.

Ela levantou o olhar para ele, admirada.

"Não podes.... então..."

"É o melhor... para não agravar a situação..."

"Mas..." começou ela. "Agravar?!"

Ele abanou a cabeça negativamente.

"Não vai resultar..."

"Tu não sabes isso...foda-se, Draco!"

"Deixa-me voltar ao mundo real… Hermione"

Ela voltou ao quarto, bufando furiosa. Acabou de se vestir e saiu, batendo com a porta. Quando o fez, começou a chorar antes de se conseguir deter.

Porque raio ele estava a complicar tanto?!

Ela sabia bem que era uma situação delicada.

Mas tinha sido tão bom...

Nunca tinha tido uma noite daquelas...

 

Deixou Draco desolado.

Aquela era a única maneira das coisas correm bem.

Não se envolvendo... e logo com Hermione Granger, a sangue de lama que sempre repudiara.

Sabia que ia falhar para sempre.

Não ia conseguir mudar.

Não conseguia ser de outra maneira.

Merlin, queria tanto que ela compreendesse isso…

 

Tinha de se ir embora.

Tinha de esquecer.

Tinha de deitar tudo para trás.

E tinha de parar de confraternizar com o inimigo!

Ela chegou a casa desmoronada.

Mas o que poderia esperar dele? Afinal, era o Malfoy... o raio do Malfoy.

Meteu-se na banheira.

Ainda tinha o cabelo e o corpo cheio de areia.

Fez as malas e impulsivamente desmaterializou-se para a casa dos pais que viviam longe de tudo e todos, na Londres Muggle.

Precisava de carinhos e da comidinha caseira da mamã.

Mandou uma coruja para o ministério a dizer que ia fazer fim-de-semana prolongado.

Ia-se refugiar um pouco.

Desaparecer durante uns tempos...

Tinha de esquecer Malfoy. Nem que fosse por dois dias.

 

Draco foi ao ministério no sábado de manha.

Estava com um aspecto terrível.

A secretária de Hermione seguiu-o quando ele entrou tempestivamente pela porta.

“Sr. Malfoy, não... ela não...”

Ele virou-se furioso. “Ela o quê? Não me quer  ver??!”

A secretária encolheu-se com o seu tom frio, a medo.

“Não senhor, a Sra Granger não está...”

Draco ficou como se tivesse sido apanhado com a boca na botija.

“Ah!... então e onde é que ela está?”

“Está a passar uns dias na casa dos pais...”

Ele virou as costas.

Entrou no seu gabinete e deu um pontapé na mesa, que deslizou meio metro do sítio original.

“Merda!” e teve de sair do Ministério. Sentia-se sem ar.

Na rua andou sem pensar.

Claro que se tinha iludido.

É claro que ela iria desistir dele na primeira hipótese.

‘Desistir do quê?... não existe nada, nunca existiu...’ pensou.

Maldita!

Maldita que lhe deu a provar o doce do lado bom.

Covarde.

Sangue de lama maldita!

Entrou no primeiro bar muggle que encontrou.

Whisky muggle era mais fraco do que estava habituado mas servia.

 

Dois dias.

Hermione já estava a trepar paredes na casa dos pais.

Acabou por voltar a sua casa.

Mandou uma mensagem a Ginny que se Materializou quase no mesmo instante.

"Então Hermy?... tínhamos ficado de nos encontrar na Diagon-Al, no sábado... está tudo bem?"

Merda. Tinha-se esquecido.

"Oh, desculpa Gin... tive de ir a casa dos meus pais... aconteceu que eles…eles...” Que desculpa iria arranjar???

Ginny fitou-a descrente.

"Conta-me que se passou... o Ron não te veio chatear... veio?"

Hermione deu uma leve gargalhada sarcástica.

Quem lhe dera...

"Não, ele não esteve cá... está tudo bem Ginny... simplesmente me esqueci, desculpa..."

Ginny encolheu os ombros.

"Bem... seja como for... hoje o Harry tem turno duplo... jantamos juntas?... pode ser?"

"Claro Gin...” e esboçou um sorriso “Vou só vestir-me e fazemos já qualquer coisa para comer..."

Quando voltou, Ginny tinha um papel amarrotado na mão e um olhar curioso estampado na cara.

"Sentei-me em cima disto no sofá..." disse ela. "Foste jantar com o Malfoy?"

Hermione ficou em choque.

Tinha-se esquecido completamente da carta.

Ficou em silêncio.

Ginny avançou para ela.

"Hermy... podes confiar em mim, tu sabes disso... e eu estava a estranhar-te... passou-se algo? Ele humilhou-te?"

Não havia alternativa.

Na verdade precisava de falar, de desabafar... E afinal, ela era a sua melhor amiga.

"Desculpa Gin... mas... tens de prometer que não contas a ninguém... nem mesmo ao Harry..."

"Mas eu e o Harry..." começou ela a reclamar.

Hermione lançou-lhe um olhar de aviso.

"Ok, ok... prometo" concordou a ruiva levantando os braços, resignada.

 

"Ok... isto é demasiada informação para a minha cabeça, Hermione!" exclamou uma Ginny confusa levando as mãos ao cabelo. "Deixa ver se entendi... ele convidou-te para um jantar romântico na praia... contou-te a vida dele completa, vocês discutiram e fornicaram na areia a noite toda...?"

"... Fornicar??...” exclamou uma Hermione fortemente corada “Oh Ginny!"

"Ok, ok... fizeram o amor lindo, puro e duro na areia..."

"Fogo, és incorrigível! Fazes a situação parecer tão ridícula..." disse a morena exasperada.

"Mas não é, eu sei… só estava a fazer um apanhado do que me contaste... agora diz-me... foi bom?..." perguntou a ruiva cheia de curiosidade mal refreada.

Hermione não acreditou no que ouvia.

Ela, ali, cheia de problemas… e Ginny perguntando se tinha sido bom...

"Ahmmmmmm… pois.."

"Foi assim tão mau? Não e o que diz a fama..."

"Não, não... foi óptimo...” corou “Muito bom mesmo... mas... sei lá... fama??? Qual fama...?"

Ginny suspirou.

“Ora... desde Hogwarts que sempre ouvi dizer que ele... esquece!.... Tenho de sugerir ir a praia de noite ao Harry..."

"Gin... tu não existes...” disse Hermione abanando a cabeça, descrente “Quer dizer..."

"Hermione... pensa assim... não vale a pena martirizares-te por isso... o que aconteceu, aconteceu... e o que vier... virá..."

"Oh, boa, como se eu me contentasse com isso..."

"É esse o teu problema, Hermy... preocupas-te demasiado... deixa rolar... deixa andar..."

"Achas mesmo?"

"Hum-hum” anuiu Ginny como se tivesse toda a razão do mundo “Acho... e essa história está difícil de terminar...vais ver..."

"Olha lá, que nota tiras-te em adivinhação??"

Ginny riu-se.

"Não queiras saber!!"

Hermione baixou o rosto ao lembrar-se do que acontecera depois.

"Depois, de manhã, ele disse-me que se ia demitir..."

"Ui... ele não vai fazer isso."

“Não?! Está bem está... o orgulho é enorme ... ele complica tanto!!” desabafou.

“Não, Hermy.. ele esta a tentar simplificar... para o lado dele...”

Hermione Granger olhou para a amiga com um ar aborrecido.

Ginny achou-a 20 anos mais velha.

“Gostas dele? Estas a apaixonar-te pelo Malfoy?”

“Eu... não... não sei... ele... ele... nem sei...” ficou sem palavras.

“Nem sabes... vê lá Hermione... passaste a noite com ele porquê?”

Hermione corou. A amiga respondeu por ela.

“Porque ele tem uma cara de anjo e um corpo dos diabos? Porque existe aquela atracção do ‘odeio-te’?... Ele é um enigma; tem cuidado.”

“Oh, Gin.... mas...”

“Não te estou a dar nas orelhas, nada disso.... mas pensa bem nisto... ele sempre foi o puto chato, aquele que ninguém do nosso grupo grama... e tu cedeste com ele e dormiste com o ‘inimigo’... e não sabes porquê?!  Estás apaixonada, Hermione! Só pode! Completamente apanhada! ”

“Não! Não estou!!!” mesmo para Hermione as palavras soaram-lhe falsas.

Ginny olhou de lado para a amiga.

Abanou a cabeça negativamente.

“Não deixes que ele se demita...”

Hermione levantou o rosto surpreendida.

“Quê?”

“Ouviste bem... não o deixes fugir... pelo que me contaste... pelo modo que ele agiu contigo nessa noite... tratou-te bem, contou-te aquilo tudo... sinceramente, caga no nome... e nos sangues... que é que isso interessa? Mostra-lhe que a vida pode ser boa... não só merdas...”

“O que é que me estás a dizer? Que devo ir atrás dele?”

“Claro...”

“Mas Gin....! Eu não sei...” disse ela suspirando ruidosamente “Não sei.. se tivesse sido no próprio dia...”

“Pois, por vezes consegues ser muito burrinha... foste fugir para quê?”

“Para pensar...”

“E chegaste a alguma conclusão?”

“... Honestamente... não...”

Ginny fitou a amiga com um meio sorriso. A Hermione sabe tudo, sempre de certezas inabaláveis estava hesitante e confusa.

Draco Malfoy estava a mexer com ela... quem diria?

 

Dia seguinte foi a tremer para o ministério.

Entrou na sua sala, deu duas voltas e saiu.

Foi à sala de Malfoy.

Abriu a porta esperando vê-lo lá, sentado na cadeira com o seu típico ar de tédio.

Mas não: o gabinete estava estranhamente vazio.

Não que Malfoy o tenha enchido; ele não era a típica pessoa de por porta-retratos em cima da mesa de trabalho.

Mas parecia frio e vazio. As gavetas vazias.

Uma nota colada na parte de trás da porta chamou a sua atenção.

 

“Foi um sonho real, so por uma noite.

Até nunca mais.

 D.Malfoy”


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Notas finais do capítulo

bem... é tao triste nao receber comentarios...:( sou taaaaaaaaoooo infeliz... digam qualquer coisinha, ta?



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