POV Bella

Parecia brincadeira, mas não. Jacob Black estava ao meu lado e seria a minha dupla por um semestre inteiro! O que eu fiz pra merecer isso? Preguei chiclete na cruz, só pode.

- O que você tá fazendo aqui? – Como assim o Black estava na mesma turma que eu? Ele nunca esteve nessa faculdade antes. Parando pra pensar agora, não me lembro nem de tê-lo  visto nos últimos anos.

- A educação mandou lembrança, Swan. Primeiramente, bom dia. E segundo, você deve ter andado muito distraída nesses anos pra não ter reparado minha ausência. – deu um sorriso amargo.

- E porque iria reparar? Aliás, até deveria ter percebido, porque estranhamente o ar da cidade ficou mais puro de uns tempos pra cá. – retruquei.

Ele suspirou.

- Olha, não quero ficar discutindo com você, ok? Seremos uma dupla por 6 meses e é bom tentarmos pelo menos suportar um ao outro.

- Ah, contra outra Jacob! Nunca nos demos bem e porque isso iria ser diferente agora?

- Pode parecer difícil de acreditar, mas eu mudei. – falou sério.

- Rá! E eu sou a Branca de Neve, não te contaram? – ri de meu próprio comentário.

- Eu não tenho que te provar nada, se não quiser acreditar em mim tudo bem. – virou o rosto me ignorando.

- Se você tivesse realmente mudado não teria me beijado na festa e depois me ignorado. – murmurei.

- Mas foi você que me agarrou, sua louca! – Jacob gritou chamando a atenção de todos na sala, ruborizei na mesma hora. Buraco, cadê você nessas horas?

- Senhor Black e Senhorita Swan, se quiserem discutir assuntos particulares é melhor se retirarem de sala de aula. – a professora chamou nossa atenção.

- Desculpe Senhora Peterson.

- Tudo bem, espero que não ocorra novamente. Continuando...

Olhei pro Jacob com cara de poucos amigos e ele devolveu meu olhar com indiferença. Arrg, garoto insuportável! E ainda diz que mudou!

O resto da aula se passou com a Senhora Peterson explicando como seriam os trabalhos em duplas e eu estava me sentindo mais do que desconfortável, vez ou outra meu olhar cruzava com o de Jacob e eu jurava ter visto faíscas saindo de nossos olhos. Milagrosamente o sinal tocou e eu não pensei duas vezes antes de sair correndo dali. Quando chego ao corredor ouço Jacob me chamando.

- Swan!

Ah não! O que ele ainda quer comigo? Virei-me contra minha vontade e o encarei.

- Diz.

- Não me leve a mal, mas é que precisamos marcar um dia pra planejarmos o projeto. E bom, quanto mais cedo melhor, não é? – deu um sorrisinho cínico.

- Não me diga! – achava lindo o quanto me tornava sarcástica perto dele.

Ele bufou.

- Swan, que tal dar uma trégua, hein? Não é porque você me beijou desesperadamente que tem que ficar agindo assim agora. – revirei os olhos. – Vamos lá, não vai ser tão difícil, pense que assim o trabalho fluirá melhor.

O olhei desconfiada.

- Certo, certo. Eu entendo que tenho motivos suficientes pra fazer parte de sua lista negra, não fui uma das melhores pessoas pra você, mas como disse, eu mudei. E se você pelo menos der uma chance enquanto fazemos esse projeto pode ver como estou falando a verdade.

Parei e pensei por um minuto. Como ele mesmo havia dito, tinha motivos suficientes para não confiar nele. Quem confiaria em alguém que pregou chiclete em seu cabelo fazendo com que você tivesse que cortá-lo ao ponto de parecer um menino? Mas o fato é que agora estamos na faculdade, não é possível que ele continue com a mesma mentalidade de anos atrás.

Olhei em seus olhos negros procurando algum vestígio de que ele estivesse blefando, mas apenas encontrei verdade. É, talvez eu deva baixar a guarda.

- Ok. – murmurei baixinho à contra gosto.

- Como é? Não ouvi direito... – falou cerrando os olhos, mas pelos seus lábios comprimidos percebi que ele estava segurando uma risada, além de ter ouvido o que eu havia dito.

- Você ouviu muito bem o que eu disse, não se faça de surdo! – bufei.

Ele não aguentou prender a risada por mais tempo e riu como criança exibindo uma fileira de dentes incrivelmente brancos.

Depois que sua risada cessou ele tornou a falar, porém ainda com um sorriso no rosto:

- Bom, então acho que estamos combinados. Amanhã à tarde na sua casa, pode ser?

- Sem problemas.

- Então vou indo – se aproximou de mim fazendo com que eu desse um leve sobressalto e me abraçou pra em seguida sussurrar em meu ouvido. – Sabia que não me decepcionaria, Swan.- e saiu dando uma piscadela.

Fiquei em estado de choque com sua reação. Será que Jacob está achando que a trégua que dei também inclui flertes? Não, não. É óbvio que ele ainda está tirando com sua cara, Idiota Swan, O Black nunca mudará, fato. Porém agora ele deve estar usando de outros métodos pra fazer com que eu pareça uma idiota. Respirei fundo e dei meia volta pra ir de encontro à saída. Mas o que eu vi me fez parar novamente.

Logo à minha frente estava um deus grego de rebeldes cabelos cor de bronze me olhando. Mas havia algo de errado. Seu olhar não era dos melhores, ele parecia que ia explodir a qualquer momento, sem falar em seu rosto que estava vermelho feito tomate e suas mãos que se encontravam em punhos.

- Ed, o que... – mas não terminei minha frase porque ele me interrompeu.

- O que aquele cachorro estava fazendo tão próximo de você? – perguntou trincando os dentes.

- Nada, ele só...

- Bells, eu vi a forma como ele te abraçou e o jeito sacana como sorria. Está acontecendo algo que eu não saiba?

Sua última pergunta foi a conta. Como assim “está acontecendo algo que eu não saiba?”. Quem ele pensa que é pra me tratar dessa forma? Que eu saiba, quando ele estava com a Jessica não pediu minha opinião e nem me deu satisfação, porque teria que dar a ele? E sim, ainda não tinha engolido aquela história que ele me contou sobre os dois.

- Edward, você não é meu dono. E quando você estava com a Jessica não pediu minha opinião antes de se aproximar dela, então acho que estamos quites.

Ele arfou.

- Eu te disse que aquilo foi um erro. Ela que me agarrou!

- E eu agarrei o Jacob! Perfeito! – soltei sem querer.

Ele arregalou os olhos e seu rosto ficou ainda mais vermelho, se é que isso era possível. Edward parecia um touro bravo e aquilo estaria me assustando se não estivesse tão irritada com sua recente atitude infantil.

- Como é, Isabella? – Droga, ele me chamou de Isabella. Edward só me chama assim quando realmente está zangado, isso não é um bom sinal.

- Você realmente vai querer discutir isso aqui? Acho que não é um bom lugar, vamos pra casa e depois de almoçar conversamos com a cabeça fria. – tentei ser sensata ou a situação não ficaria boa pra nenhum de nós.

Depois de um tempo que pareceu que estava tentando se controlar, ele finalmente assentiu, apenas fazendo um leve movimento com a cabeça.

O caminho de volta pra casa foi tenso, um clima pesado estava no ar e eu realmente não gostava disso, até porque era entre eu e uma das pessoas que mais amava no mundo.

Cheguei em casa e não havia mais ninguém além de nós dois, o que não contribuiu em nada para amenizar a situação entre nós. Subi para tomar um banho e depois desci para almoçar. Edward me esperava à mesa calado, e ficou assim até o fim do almoço, que ele tentou a todo custo não me olhar. Eu definitivamente estava ficando cheia daquilo.

- Edward, quer fazer o favor de falar comigo ou pelo menos me olhar?

Ele ficou calado.

- Eu não acredito que logo você que se considerou tão maduro está agindo feito criança.

Ele permaneceu calado.

- Tá bom, então. Pra mim chega. – levantei, peguei meu prato e o coloquei na pia. Quando fiz menção de sair, senti Edward puxando meu braço.

- Espera, Bells.

Fiquei de frente a ele e encarei firmemente seus lindos olhos verdes, que estavam intensos, misteriosos e muito brilhantes. Ele ainda segurava meu braço e o local estava formigando de um jeito bom, muito bom. Mordi os lábios na tentativa de sair desse transe, mas estava realmente difícil. Ainda mais quando percebi seu olhar descendo até a minha boca.

- Bells... – ele começou e lentamente levou sua mão até minha bochecha e a acariciou.

Meu coração estava batendo descontroladamente e de repente respirar parecia a coisa mais difícil do mundo.

- Bells, me desculpe. – falou carinhosamente - Não queria ter agido daquele jeito, mas é que vê-lo tão próximo a você me dá nos nervos. Nunca fui com a cara do Black, você sabe muito bem disso, e ver ele se aproximando de você, logo você...

Eu estava sonhando, só podia! Edward Masen Cullen com ciúmes de mim? Ciúmes da Isabella Sem Graça Swan? Cadê as câmeras produção? É pegadinha, né?

Dei um meio sorriso e resolvi tirar brincadeira da situação.

- Quem é o melhor-amigo-ciumento agora, hein?

Ele começou a rir e eu o acompanhei.

- Pois é, agora somos dois.

Novamente o olhei e agora nos encarávamos com cumplicidade.

Ele passou a mão pela minha nuca me causando arrepios e enfiou seus dedos por entre meus cabelos. Seus olhos pareciam pedir permissão para seguir adiante e eu apenas assenti levemente.

Lentamente ele foi se aproximando e meu coração batia loucamente em expectativa. Quando seus lábios tocaram os meus pensei que havia chegado ao céu, nada se comparava a aquilo. Ficamos um tempo só roçando nossos lábios, até que sua língua pediu passagem e eu não hesitei. Quando nossas línguas se tocaram parecia que uma corrente elétrica estava passando pelo meu corpo e involuntariamente gemi, acho que Edward sentiu o mesmo, pois agiu da mesma forma que eu. Minhas mãos trilharam o caminho até seus cabelos macios e davam leves puxões à medida que Edward me apertava com mais força, segurando possessivamente minha cintura. Eu deveria estar achando tudo isso errado, mas inexplicavelmente era como se fosse a coisa mais correta a se fazer. Aos poucos nosso beijo já não era nada carinhoso e entre gemidos e arfados percebi que ele já me apertava contra a pia e, com isso foi impossível não perceber a animação de seu amigo lá embaixo.

Acho que percebendo que estávamos passando dos limites - pelo menos para melhores amigos - Edward foi se afastando, porque eu, obviamente, não teria forças para fazê-lo. Terminamos nosso beijo com alguns selinhos e nos encaramos com um sorriso no rosto e a mesma cumplicidade de antes.

- Viva aos melhores-amigos-ciumentos? – coçou a cabeça.

- Bobo! – ri e dei um tapinha em seu ombro fazendo-o rir também.

Eu não tinha a mínima ideia do que havia sido aquele beijo. Na verdade até imaginava que tinha sido um pedido de desculpas, uma trégua entre amigos, uma troca de carinhos, algo assim. Mas independente do significado e independente das consequências que ele traria, aquele sem sombra de dúvidas, tinha sido o melhor momento de minha vida.