Eu não sabia o que fazer. Eu estava com medo. Uma semana havia se passado e nenhuma ameaça tinha chegado. Mas eu ainda não tinha esquecido do último bilhete: "Termine com ele ou alguém sofrerá com as consequências". Eu tinha que terminar com ele, só não sabia como.

Já estávamos em dezembro, próximos ao Natal. O estranho é que ainda não nevara, mas os arredores do castelo estavam cobertos por uma gélida névoa.

Era sábado, e eu estava sentada perto da lareira, com um livro no meu colo. Toda vez que eu tentava ler, mil pensamentos invadiam minha cabeça e eu acabei apenas olhando para as chamas.

Lily chegou e sentou ao meu lado.

- Você não sabe da última!

- O quê? - perguntei

- Jenna Reed teve um ataque de nervos!

- Então por que você parece tão feliz? - perguntei

- Porque ela é artilheira do time da Sonserina, o que significa que Paul vai ter que substituí-la! E eu conheço Paul, ele não consegue nem acertar uma bola de papel no lixo! - disse Lily feliz

- Espera, quem é essa Jenna? Eu conheço ela?

- Acho que não. Uma loira alta e de maxilares grandes.

- É, não sei quem é. - eu disse

- Bom, isso não importa! Se conseguirmos ganhar da Corvinal, ganhamos a Copa de Quadribol! Só precisamos ter cuidado com o Alex...

- Ele ainda me odeia? - perguntei

- Acho que não - respondeu Lily - Quero dizer, ele ficou um pouco chatiado, mas acho que ele já superou.

- Que bom, não preciso de mais uma pessoa me odiando - falei

- Nott de novo? - Lily perguntou

- É. Ele esteve ainda pior essa semana. Escuta, eu preciso ir - eu disse, notando que já escurecia.

- Onde? - Lily perguntou desconfiada

- Hum, biblioteca. - Eu só tinha essa desculpa? - Tenho que...

Não cheguei a completar a frase, pois Lily se levantou, revirando os olhos.

- Te vejo mais tarde. - eu disse, enquanto pegava um livro da minha mochila

Eperei a porta do dormitório se fechar para esconder minha mala embaixo do sofá. Lily tinha que pensar que eu realmete estava na biblioteca.

O castelo estava relativamente cheio, então foi fácil me esgueirar pelos corredores sem que ninguém conhecido me visse.

Só encontrei Hugo, meu irmão. Ele estava descendo as escadarias de mármore quando alguém o empurrou. Ele quicou escada abaixo. A cena teria sido engraçada se sua cabeça não começasse a sangrar.

- Hugo! - berrei

Corri até ele. Coloquei minhas mãos sobre seu peito, e, para o meu alívio, ele respirava. O lado direito de sua cabeça estava empapado de sangue.

Olhei para trás desesperada, procurando ajuda. Virei bem a tempo de ver Nott saindo de fininho.

A próxima coisa que eu me lembro é eu sentada na Ala Hospitalar. Madame Pomfrey conseguira estancar o sangue. Meu irmão dormia na cama ao lado da cadeira na qual eu sentava. Havia um grande curativo no topo de sua cabeça e ele respirava com dificuldade.

Várias pessoas vieram visitá-lo. Todos meus primos, Teddy Lupin e amigos de Hugo. Meus pais já tinham recebido a notícia e vieram vê-lo. Porém, ficaram pouco tempo.

Já era tarde da noite quando uma visita inesperada chegou. Scorpius se esgueirou para dentro da Ala Hospitalar.

- Você ficou louco? – sussurei

- Como ele está?

- Melhor. – respondi

- O-o que aconteceu? – ele perguntou assustado. Havia uma verdadeira preocupação em seus olhos.

- Ele, hum, caiu. Da escada.

- Sozinho? – perguntou

- É – menti. – Sozinho.

Ficamos em silêncio enquanto eu tomava coragem para o que eu tinha que fazer.

Pensei no meu irmão. Quem seria o próximo? Lily? Albus? James? Todos que eu me importo iriam se machucar se eu não fizesse o que esse esquisito mandasse. Eu não suportava a ideia de ser controlada, mas não tinha opção.

- Nós precisamos conversar. – eu disse – Eu te encontro na floresta daqui a dez minutos.

Scorpius me olhou, tentando decifrar minhas palavras. Finalmente concordou e saiu.

Lágrimas rolaram pelo meu rosto enquanto eu puxava uma coberta para cima de meu irmão. Precisava fazer isso por ele.

Foi só nessa hora que reparei um bilhete nas costas de Hugo.

“Eu te avisei”