Hermione De Cabeça Para Baixo escrita por Saggita


Capítulo 12
Capítulo 12 - Caixinha de surpresas




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“Então, você já está parada aí por quinze minutos...” Abraxas observou sem olhar para ela. Hermione de fato estava parada no topo da escada que levava ao dormitório das meninas na Torre da Grifinória. Abraxas, mais uma vez, jogava xadrez bruxo com Tom.

Hermione hesitou ali porque não sabia o que dizer... Ficou com bastante raiva, sim, que eles esconderam isso dela por um mês, mas se ela estivesse na mesma situação que eles, provavelmente faria o mesmo. Entretanto não sabia como pedir desculpas por ter ficado tão zangada na noite anterior.

“Verdade.” concordou ela por fim, descendo as escadas. “Não devia ter ficado daquele jeito ontem... Mas é que...”

“É perfeitamente compreensível.” Tom fez espaço para Hermione se sentar ao seu lado. “Nós realmente agimos mal...”

“Eu fiquei com bastante raiva de mim mesma, ontem. Já estava me acostumando, sabe, e daí eu me senti um pouco culpada... Foi quando vocês confessaram o que fizeram. Então, fiquei zangada com vocês e comecei a pensar... Hogwarts estava para ser tomada no meu mundo também.”

Tom ergueu uma sobrancelha, e um leve sorriso surgiu nos lábios de Abraxas. Hermione estranhou um pouco, porém resolveu deixar para lá e continuou sua explicação: “Todo mundo estava em perigo, por causa de Voldemort, e já faz um mês. O que poderá ter acontecido?”

“Eu não acho que seja muito seg-“ Tom ia dizer, mas Abraxas o calou:

“Voldemort? Quem é Voldemort?”

“Ah, é o bruxo das trevas vivo mais poderoso do mundo bruxo. Ele tentou matar um dos meus amigos, Harry Potter, mas por algum acaso, Harry sobreviveu, e Voldemort perdeu os seus poderes. Há algum tempo que ele vem tentando retornar, só que agora parece ser para valer. Ele era... Ele era o herdeiro de Slytherin.”

“Voldemort é Dumbledore?” Tom questionou. Abraxas sorriu mais um pouco.

“Não. Dumbledore é o líder da Ordem da Fênix, uma sociedade secreta para combater Voldemort. E o pior de tudo é que o Ministério se recusa a acreditar que Voldemort voltou.” Hermione explicou. Olhando para o estarrecimento de Tom, e o divertimento de Abraxas, não demorou muito para concluir: “Você não contou a ele, contou?” perguntou ela para o seu colega da Corvinal, que parecia a ponto de gargalhar.

Abraxas fez que não com a cabeça.

“Eu sou lorde Voldemort é um anagrama.” Hermione falou para Tom. “Anagrama de Tom Servoleo Riddle.”

“Mas eu...” Os olhos de Tom encaravam ora Hermione, ora Abraxas, extremamente confuso. “Eu nunca seria...”

“Eu sei que não.” Hermione disse-lhe. “Veja, você não é o herdeiro de Slytherin como Voldemort era. Você também não é da Sonserina. É verdade que você tem o mesmo nome – e também vive na mesma época em que Voldemort estudou em Hogwarts... Mas você não é ele. E Dumbledore não é Dumbledore. E Abraxas não é Abraxas... Sabe... Eu acho que vim para outro passado, que não o meu, entendeu? Eu não vim do seu futuro.”

“Isso é impossível!” ele retrucou então.

“Diga-me o que é mais impossível...” Abraxas batia a ponta dos dedos no tampo da mesa em que eles jogavam xadrez, agora sério. “Você se tornando Voldemort ou Hermione vindo de outro mundo? Levando em consideração que não sabemos como vira-tempos funcionam muito menos o que acontece se por acaso um vira-tempo quebrar, eu acho perfeitamente possível que o que Hermione fala é verdade.”

“Mas, se for verdade isso que você diz, Hermione... Como você vai voltar para casa?”

“Eu não sei, Tom, eu não sei... E, como já disse, a situação lá não estava nada boa... Me sinto culpada de me acostumar com viver aqui, sabe...”

“Não deveria.” Abraxas disse. “Ora, você gostaria que as pessoas do seu mundo jamais aprendessem a viver sem você...? Sabe que não há muitas chances de você algum dia retornar. Realmente quer que os seus pais e seus amigos passem o resto da vida infelizes por que você sumiu?”

“Não... Isso seria muito egoísta.”

“Então. Seria muito egoísta deles querer que você não siga em frente, não?”

“A-acho que sim...”

“Pois eu tenho certeza. E, falando em certezas... Hermione, você sabe que hoje é aniversário do Tom?”

“Sério? Ah, desculpe, Tom, eu não sabia... Podia ter comprado um presente ou algo assim...”

“Acho que o maior presente é saber que eu não vou virar um psicopata assassino.” Tom disse com um sorriso.

 Abraxas riu. “E também não vai criar gosto por apelidos dramáticos. Eu sou Lorde Voldemort. Certamente que ele não bate bem da cabeça.”

Hermione também não conteve uma risada. Aquela noite, eles foram dormir quando o dia seguinte já amanhecia, pois era dia 31 de dezembro. Hermione iniciou o ano de 1943 com a certeza de que tudo estava mudado...

E no primeiro dia do ano-novo, isso só se reforçou. Os alunos que foram passar as férias de Natal com a família deveriam voltar naquele dia à noite. Por enquanto, o Salão Principal permanecia com somente uma mesa, sem divisão de casa. Hermione tentava servir o seu almoço, tonta de sono, pois foi dormir muito tarde naquele mesmo dia... Suas pálpebras estavam muito pesadas, quase se fechando...

Porém, elas abriram de sobressalto quando sentiu um beijo molhado em sua têmpora.

“Feliz Ano-Novo.” Orion disse, sentando-se ao seu lado, parecendo tão disposto quanto à garota.

Hermione corou até a raiz dos cabelos. “Obrigado... Acho...”

Tom e Abraxas chegaram juntos à mesa. Trocaram um olhar suspeito, e Abraxas ergueu uma sobrancelha para Orion: “Estamos tendo um bom dia, não?”

“Melhor impossível, eu diria...” Orion estava com o queixo apoiado na mão, brincando com o seu cálice vazio.

Abraxas rolou os olhos e se sentou. “Puxa vida, ninguém escapa de você, não é?”

“Você escapou.” rebateu Orion instantaneamente.

O rosto de Hermione ficou ainda mais vermelho e Tom olhou para Abraxas com as sobrancelhas franzidas. Sem nenhum embaraço, Abraxas soltou uma sonora gargalhada e se sentou. Orion riu, também.

O resto dia se passou sonolento, e, no entanto, Hermione não conseguia nem ao menos tirar um cochilo... Ainda podia sentir o beijo em sua têmpora. Continuava a se perguntar por que Luc nunca mencionara o irmão, porque não havia nada de errado com Orion... Bom, talvez ele fosse um pouco diferente. Não o suficiente para ser esquecido pela irmã, porém. Luc chegaria à noite antes do jantar, talvez a oportunidade de perguntá-la sobre o assunto aparecesse.

A tal esperada chance não apareceu. Luc chegou ao dormitório, já soltando um longo suspiro e largando o seu malão no chão. Eileen ignorou-a e foi arrumar os seus pertences perto da sua cama. Ela usava um delicado pingente que Hermione nunca imaginou que ela fosse usar – mas, bem, todo mundo parecia ser uma caixinha de surpresas, ultimamente.

“Mione!” Luc disse por fim. “Como foi o seu Natal?”

“Foi... Foi ótimo.” Hermione respondeu. “E o seu, como foi?”

“Bom também.” Ela ergueu as sobrancelhas sugestivamente. “Mas você devia perguntar sobre o da Eileen...”

“Foi normal.” Eileen deu de ombros.

“Sei...” Luc sorriu e caiu em sua cama, de costas. “O retorno à Hogwarts foi ainda melhor... Eu falei com o Tom e não saí correndo dessa vez. Eu achei que fosse derreter.”

“O Tom é só um cara, Luc.” Eileen observou.

“Mas o Tobias não é só um cara, é?”

“Tobias?” Hermione questionou, olhando interessada para Eileen. “Quem é Tobias...?”

“É o vizinho de Eileen.” Luc se sentara, então. “Ele vive um quarteirão depois da casa de Eileen. Eu já o conheci, ele é bem legal. O oposto de Eileen, eu diria.”

“Ha há.”

“Ele é trouxa, mas não é problema algum.” Luc continuou, levantando-se “Quer ver?” Ela pegou algo do malão aberto de Eileen e foi para o lado de Hermione. “Olha só.”

Luc tinha nas mãos três fotografias. A primeira era uma foto trouxa comum, preto e branco, com uma Eileen bem jovem tomando banho em um lago. Era possível ver que o seu nariz e suas bochechas estavam corados pelo sol. Ela sorria para a câmera, e um garoto – que devia ser Tobias – foi pego no exato momento em que ia jogar água em Eileen.

Hermione estreitou os olhos. Tobias parecia familiar... A segunda foto também era trouxa. Eileen, provavelmente eu seus doze anos, trajando um enorme suéter com um boneco de neve tricotado na frente. Seus olhos foram encobertos por duas bolas de natal, seguradas por Tobias, também. Mais crescido, a familiaridade se tornou gritante, especialmente o longo nariz aquilino.

A terceira foto era mágica, tirado naquele mesmo Natal. Eileen estava sentada no sofá, às gargalhadas porque Tobias fazia cócegas em seus pés. Tobias agora se parecia exatamente com alguém... Hermione virou a foto. Em uma letra apertada, estava escrito: Eileen Prince e Tobias Snape, 1942.

E mais embaixo: Aqui jaz a prova que Eileen é fisicamente capaz de rir

De repente, tudo parecia ainda mais de cabeça para baixo.


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Notas finais do capítulo

*tosse*
Nada a acrescentar, acho