Anti-social escrita por UnknownName


Capítulo 22
Progresso real


Notas iniciais do capítulo

Esse cap ficou um pouco mais sério que os outros, eu digo, com menos coisas engraçadas... Eu acho.



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─ Uff... É amanhã, certo? ─ Me espreguiçei em minha carteira, esperando a professora de matemática chegar. ─ Preciso decorar minhas falas para a apresentação...

Foram dois tempos seguidos da mesma matéria e, em seguida, a troca de aulas.

A próxima acho que é de física... ─ Falava comigo mesmo, enquanto abria meu armário. Estranhei o fato de não ter visto Sarah nem na entrada e nem naquele momento. "Será que ela faltou? Espero que, se ela está doente, esteja bem para amanhã, se não vai perder muita nota..." Olhei para o grosso livro que se encontrava em minha mala. "E ainda tem isso aqui. Parece que só vou poder entregar amanhã. Pois é..."

O dia foi terrívelmente tedioso. Não que os outros tivessem sido interessantes, também. Eu tinha psicólogo naquele dia. "É, na verdade, só uma visita de rotina, eu acho." Foi o que o professor que me entregou a chamada falou.

─ Será que esse negócio de psicólogo vai parar? Todos estão dizendo que eu estou "melhorando". Ainda me pergunto o que isso quer dizer... ─ Eu murmurava comigo mesmo, com a mão apoiada no queixo, enquanto esperava sentado o tal horário que imagino que já saibam.

A fome começava a bater, e quase que em um movimento involuntário, fui com minha mão até o bolso da frente da minha mala, mas parei a mim mesmo e voltei a apoiar minha mão no queixo. "Idiota, você nunca traz nada. Acho que acabei ficando mal acostumado com aquelas barras de ceral" Fiquei com raiva de mim mesmo por ter ficado acostumado com a Sarah, e mais uma pergunta veio à minha cabeça: "Se ela for embora para a casa da mãe dela, o que será que ia acontecer por aqui?"

Fiquei tão perdido em pensamentos que nem vi o tempo passar. Quando dei por mim mesmo estava 17 minutos atrasado! Me levantei correndo e fui até aquela tão conhecida sala. Joe mexia com alguns papéis quando entrei.

─ Desculpa, é que eu estava sonhando acordado e esqueci da consulta. ─ Coloquei minha mala ao lado da poltrona, como sempre fazia, e me sentei.

─ Não tem problema. ─ Ele sorria.

─ Mesmo? ─ Falei, aliviado.

─ É. É nossa última consulta, então acho que não tem problema passar um pouco do horário, mais tarde.

Paralisei. Será que eu tinha ouvido direito? Última? Quer dizer que tinha acabado?

─ Mas... Depois de tantos anos... ─ Murmurei, mas parece que ele ouviu.

─ Pois é. Você fez mais progresso nos últimos 4 meses do que em 8 anos. ─ Seu sorriso se mantinha.

Eu não falei nada. Fiquei apenas parado, pensando.

─ Heh. ─ Ri ─ A minha rotina está mudando muito, ultimamente. Agora isso também. ─ Fixei meu olhar no chão, mas eu estava com um leve sorriso no rosto. ─ Isso é uma coisa boa, não?

─ Sem dúvida. Você vivia reclamando de que as pessoas não paravam de se meter na sua vida etc., mas olhe só agora. Você fez apenas esse pequeno esforço e já teve toda essa melhora. ─ Ele falou, olhando em um dos papéis.

─ Mas eu não fiz nada. Eu não fiz esforço algum. ─ Estava confuso.

─ Talvez os esforços de outras pessoas tenham valido a pena, então. ─ Ele ainda continuava a observar aquilo. Parecia uma ficha, ou algo assim. Ele viu minha curiosidade e explicou. ─ Isso aqui são as anotações da primeira vez que nos vimos. Você era bem diferente.

─ Posso ver? ─ Perguntei, e ele estendeu os papéis para que eu pegasse.

" Respostas:

P- Seu nome é David, certo?

R- ... (não disse nada)

P- Quantos anos você tem?

R- ... (também não disse nada)

P- Ouvi dizer que você mora com o seu pai. E a sua mãe?

R- (ele virou a cabeça para o lado)

P- Não vai falar nada?

R- Não se meta na minha vida.

P- Estou aqui para te ajudar. Por quê age assim?

R- Me deixe em paz. Não preciso de ajuda.

[...]" Li o trecho e acabei por rir de mim mesmo. Eu poderia ter mudado bastante com o Joe, mas, até pouco tempo atrás, eu continuava agindo assim com todas as pessoas. "Talvez eu tenha mudado mesmo, afinal."

─ Eu realmente fico feliz com que você tenha feito amigos. ─ Ele disse, me tirando de meus pensamentos.

─ "Amigos"? ─ Perguntei, o olhando com uma expressão sarcástica.

─ Ora, eu vejo você, um garoto e a Sarah andando juntos sempre. Vocês são amigos, certo? ─ Ele parecia confuso.

─ Eu jamais seria amigo daquele idiota. ─ Fiquei com uma expressão de raiva.

─ E quanto à Sarah? ─ Ele me olhou, ancioso pela minha resposta.

─ Que tem ela? ─ O fitei, com uma sombrancelha arqueada.

─ Vocês parecem bem próximos. Pelo menos tem algum tipo de amizade, disso eu tenho quase certeza... não? ─ Ele apoiou o queixo sobre as mãos.

─ É, pode ser... Ela não me deixa em paz um segundo. ─ Dei uma leve risada.

E a conversa continuou. Saí de lá 4:15, com um pouco de fome, e então voltei para casa. Fiz qualquer coisa para comer e liguei a televisão. Olhei no meu celular e vi que tinha uma mensagem.

"Teve alguma coisa de especial hoje? Eu não pude ir..." Sarah dizia, e, depois de um tempo, decidi responder.

"Apenas o mesmo de todo dia. Faltou por quê? Estava doente?" Enviei e, alguns minutos depois já havia recebido uma resposta.

" É... Mais ou menos isso. Valeu. Tchau." Ela respondeu e eu mergulhei em um filme que não me lembro ao certo qual era. Algum tempo depois já estava dormindo.

Acordei tão grogue que até carinho no cachorro eu fiz. Subi as escadas mas, como era de se esperar, em meu estado, eu tropecei e rolei escada abaixo. Bati a cabeça, mas não era nada demais. Apenas que, como eu caí em cima da minha mão, a torci. Enrolei uma faixa e pronto. Doeu, lógico, mas eu tenho uma tolerância à dor muito grande.

Mas LÓGICO que meu pai tinha que fazer um escândalo por causa disso. Vocês conhecem ele, né? Coisas como "Vamos chamar uma ambulância", "Você está muito ferido" e "Você pode batido a cabeça e acontecido alguma coisa". Ele é um cara legal, mas às vezes sua preocupação exagerada chega a incomodar. *suspiro* Bom, por hoje é só.







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Notas finais do capítulo

Reviews? Recomendações(*cara de cachorro abandonado na mudança*)?