Os primeiros raios de Sol começaram a invadir o meu quarto, me fazendo acordar instantaneamente. O que se pode considerar um milagre, porque além de eu ter ido dormir tarde, eu amo dormir e nada nesse mundo consegue me acordar. Principalmente num sábado.

De qualquer forma, eu estava de pé e eram apenas cinco e meia ou seis da manhã, eu não prestei atenção as horas que marcavam no relógio. Me debrucei na janela e observei o nascer do Sol, era tão bonito! Dizem que, pelo menos uma vez na vida você tem que ver o Sol nascer.

E novamente os clichês voltaram.

Desde quando eu me importo com nasceres de Sol?

Bufei irritada comigo mesma. Eu estava ficando romântica demais.

Desci para o Salão Comunal, que se encontrava vazio e limpo, provavelmente obra dos elfos. Fui em busca de sofá para que eu pudesse me deitar e ler um livro. Eu havia o comprado na semana anterior e não tive tempo de lê-lo.

Mas, algo me surpreendeu.

"James?" Sussurrei baixinho, vendo-o dormir desconfortavelmente no sofá.

Eu larguei o livro que trazia em uma das mãos e o coloquei em cima de outro, que estava em cima da mesinha. Observei ele dormir serenamente, ressonando baixinho, como uma pequena criança indefesa.

Sem que eu me desse conta, meus dedos escorregavam lentamente pelo seu rosto, numa carícia. James se acordou sobressaltado e me encarou confuso, tentando entender o que eu estava fazendo ali.

"Lily?" Sua voz estava rouca. "O que você faz acordada a uma hora dessas?"

"Eu não estou com sono." Sorri para ele. "E você, por que dormiu aqui?"

Ele suspirou, bocejando levemente.

"Fiquei lendo um livro."

“Você, lendo?” O encarei incrédula, com um sorriso.

"Do que você está rindo?" Ele também estava sorrindo. "Eu sou um dos melhores alunos do ano. Não se esqueça!"

"Eu não esqueço." Murmurei. "Uma das coisas que mais me chamou atenção em você. Não teria como eu esquecer."

Clichê. É apenas o que direi.

Ele me encarou curioso, com um sorriso no canto dos lábios.

"E quais foram as outras?"

"Olha, se eu te contar, vou te matar em seguida."

James gargalhou.

"Lily, você me faz tão feliz. Chego a arriscar que o mais feliz do mundo." Ele sussurrou ao meu ouvido.

Acho que não sou só eu que estou ficando romântica demais.

Eu espalmei minhas mãos em seu peito, nos afastando um pouco. James me olhou confuso.

Pelas cuecas rosas de Merlim! Eu vou ficar louca com esses sentimentos todos.

"O que aconteceu, meu Lírio?"

"Ué, n-nada!" Gaguejei, nervosa. "Só fico encabulada quando você me diz essas coisas."

"Mas o que eu estou te dizendo é verdade. Eu te amo, Lily Evans!"

Eu corei.

"Ah, James!" Eu o beijei, tentando demonstrar um pouco da felicidade que eu estava sentindo.

Por que, diabos, ele tinha que ser aquele traste egocêntrico? Por que ele não poderia simplesmente ser como estar sendo agora?

Enquanto seus lábios tomavam os meus, senti-me derreter em seus braços feito manteiga e ficar molinha, molinha. Meu estômago dava algumas voltas e minhas mãos suavam. E isso sempre acontecia quando ele me beijava desse jeito.

Isso seria amor?

"Own, que casal mais lindo!" Lely disse, suspirando.

"Ô garota, você deveria estar dormindo, não?" James murmurou, enfezado.

Lely parece saber quando nós estamos sozinhos, e queremos fazê-lo, para aparecer e estragar qualquer clima de romance que esteja acontecendo. Argh! As vezes eu tenho vontade de esganá-la.

"Sabe, quando você estiver namorando o Sirius, eu vou fazer questão de atrapalhar vocês dois o máximo que eu puder."

"Isso nunca vai acontecer. Pode esperar sentadinha no colo do James, se quiser.”

“Pads, me disse, ontem, que quando vocês se casarem, eu vou ser o padrinho.”

Oh, então quer dizer que a missão "Irritar Lely Potter" estava na ativa. Nada melhor para começar bem o meu dia.

"Ele anda bebendo, se pensa que eu vou casar com ele."

“Falando de mim?”

“Eu falo no inferno e o demônio aparece.” Bufou irritada, se levantando.

“O que é que eu te fiz?” Perguntou, inocentemente, Sirius.

“Nasceu!”

“Potter, vem cá!” Disse enquanto corria atrás dela.

Eu e James gargalhamos juntos mais uma vez.

~x~

O sono havia voltado. Ele fora dar uma festa, mas, já estava de volta e veio como se eu tivesse levado um soco. Dessa forma, James me levou, nos braços, sim, não fique com inveja, para o quarto dele e em seguida sua cama, onde eu não demorei para adormecer.

Acordei um tempo depois.

Me lembrei que eu ainda tinha algumas lições para fazer. Acho que era Transfiguração e Poções.

E eu era uma droga em Transfiguração.

Talvez eu peça ajuda a James ou Sirius. Eles são estupidamente bons nessa matéria.

“Lily?” Lely sussurrou, colocando a cabeça para dentro do dormitório masculino.

“Oi, Lely.”

“Nós precisamos ir, afinal, você ainda precisa comer alguma coisa.”

“Claro.” Assenti.

Tirei o pijama e coloquei uma roupa normal.

Nós fomos para o Salão Principal.

Como já era hora do almoço e nós já estávamos um pouco atrasadas, ele já havia sido servido. Coloquei algumas coisas no meu prato e comecei a comer. Não estava sentindo fome, o que, atualmente, era meio impossível, porque eu vivia sentindo fome.

Quando todos nós terminamos, que os pratos ficaram limpos e depois desapareceram, Dumbledore se levantou de sua majestosa cadeira, chamando nossa atenção.

Ih, hoje vai ter a nomeação dos monitores-chefes. Eu me esqueci completamente!

"Prestem atenção. Devido a alguns problemas, o anuncio dos monitores-chefes chegou meio atrasado, mas, aqui estão eles. Vamos começar por Slytherin*."

Severus Snape e Eileen Bustrode.

Ahn? Eileen Bustrode? Mas quem diabos era essa? Não fazia nem ideia de quem seria e reprimi uma risada diante do estranho nome que ela tinha. Afinal, eu sou humana e tenho todo o direito de rir do nome de quem eu quiser na minha mente.

Huffle-Puff: Amus Diggory e Amelia Bones.

Argh, ouvir aquele nome fazia o meu estômago virar. Só de ouvi-lo, reacende as lembranças daquela noite nojenta na qual ele quase me violentou.

Eu fui terrivelmente enganada pelo seu jeito cavalheiro, seu ar de inteligente e seu rostinho bonito. Me senti tão estúpida após esses acontecimentos...

E por fim... Temos Gryffindor*: Remus Lupin e Lily Evans.

Eu já tinha consciência de que seria a monitora-chefe desse ano, afinal de contas quem é a melhor aluna de Gryffindor deste ano? E quem havia sido nomeada monitora ano retrasado? Pois é, a pessoa que vos lhe fala.

Nós oito recebemos os distintivos e fomos re-enviados para nossas respectivas casas.

Eu consegui fugir dos garotos e ir, sozinha, obviamente, para Torre de Gryffindor. Primeiro, resolvi passar na sala do professor Slughorn para pegar alguns ingredientes para fazer a poção que ele havia pedido para a próxima sala.

“Lily...” Ouvi uma voz, infelizmente, conhecida.

“Não, me, chame, de, Lily!” Disse pausadamente e entre dentes.

Severus havia perdido o direito de sequer olhar para mim quando preferira a seus amiguinhos comensais. Quando me chamara de... Argh! Eu não conseguia perdoá-lo.

"Olha, me desculpa por ter te chamado daquilo. Foi sem..."

“Querer? Ótimo, eu não quero saber. Eu te considerava o meu melhor amigo e me você me chamou de Sangue-Ruim.”

“Desculpe-me, ok?” Um sorriso irônico se formou em meus lábios. “O que é que você tem? Está cada dia mais, eu não sei, gorda!”

Certo. Eu comecei a chorar como uma criança. Sabe aquelas crianças que perderam seu brinquedinho preferido? Eu estava me sentindo como uma. Eu não estava ficando gorda, estava? Eu não queria ficar gorda! Chorei mais ainda.

Mas que merda estava acontecendo comigo?

“Srta Evans?” Perguntou Slughorn, confuso. “Aconteceu alguma coisa?”

James chegou de algum lugar, que eu não me dei o trabalho de notar porque eu estava chorando, ainda.

“Lírio, o que o Ranhoso fez para você?” James disse se exaltando e olhando com uma pontada de ódio para a pessoa na minha frente.

Slughorn me mandara ir para madame Pomfrey e Severus saiu de fininho sem que nenhum de nós dois notássemos. Eu ainda estava me desmanchando em lágrimas sofridas e James me encarava tentando descobrir o que me fizera chorar daquele jeito.

“Ele disse que eu estou gorda!” Disse com um biquinho. Ele sorriu. “Que foi idiota?”

“Nada!”

“Você também está me achando gorda, não é? Ótimo, até o meu namorado tá me achando feia!” Chorei mais ainda.

A cena seria hilária. Se eu não estivesse envolvida. Eu chorando no meio do corredor enquanto James bagunçava os cabelos tentando encontrar uma resposta para a pergunta da namorada grávida e chorosa.

"Lily, escuta! Eu não te acho gorda, okay?" Ele disse, limpando minhas lágrimas. "A cada dia que passa parece que você fica mais linda!""Sério?"Claro que sim, meu amor. Agora vamos em madame Pomfrey, ok?"

“Ok.”

~x~

Chegamos a madame Pomfrey. Nem havia demorado muito, contando com o fato de que nós viemos andando. Lentamente. Como eu disse, James está ficando cada dia mais obsessivo para comigo e o bebê.

“O que é que você tem?” Madame Pomfrey perguntou, me examinando com o olhar.

"Ah, bom. Eu não sei como explicar..." Respirei profundamente. "Eu estou grávida."

“Menina!” Madame Pomfrey arregalou os olhos. “Você é muito nova para estar grávida!”

“Culpe ao garotão ai.” Murmurei e James sorriu amarelo.

Ela sorriu bondosa para mim, tentando compreender o meu lado.

“Então vamos ver como é que está o bebê.”

“Quatro meses.”

“O que?”

“Estou com quatro meses.”

"Ah, sim. Certo."

Ela assentiu e voltou à atenção para minha barriga. Depois de me examinar por uns dez ou quinze minutos, ela se afastou, voltando em seguida com um pacotinho em mãos.

“Você quer saber se é menino ou menina?”

“Hum... O que você acha James?”

“Você quer saber?”

Assenti com a cabeça e ela me conduziu a uma saleta pequena. James não pode me acompanhar. Ela retirou uma pequena quantidade de urina minha e ficou lá, fazendo algo que eu não entendia plenamente.

“Segundo o resultado, você vai ser mamãe de dois meninos.” Disse, cautelosamente.

"Então aquela maluca tinha razão." Murmurei, completamente distraída.

Eu vou ser mãe de dois meninos.

Espera.

Dois?

DOIS BEBÊS?

O QUE?

NÃO PODE SER DOIS BEBÊS!

“O que?” Berrei. “Eu não posso estar grávida de dois!”

“Bem, é o que diz o teste...” Fez uma pausa “E é cem porcento de certeza."

Minhas mãos tremiam como duas gelatinas. Como eu daria conta de dois bebês se não dou conta nem de James sozinha? Engoli o choro mais uma vez e sai da pequena saleta.

“James, precisamos conversar.”

“Por que você está séria?”

Ele tinha sérios motivos para ficar assustado quando eu ficava séria.

“Obrigada, Madame Pomfrey.” Ela sorriu para mim.

Nós andamos um pouco, saindo do castelo. Eu estava tentando criar coragem para contar para ele. Se nem eu que sou rainha da calma, okay, não é para tanto, certo, como ele reagiria. Me senti quando descobri que estava grávida.

"O que foi, Lily?"

“Oh! Foi mais fácil te contar que eu estava grávida.”

“Está me deixando nervoso!“

“Eu... Bem, James... Eu estou grávida de gêmeos.”

James me encarou e ficou parado. Simplesmente estático, apenas me olhando. Então, finalmente, voltou a se mexer.

E começou a andar de um lado para outro.

“Ah! Pare James. Estou ficando nervosa!”

“Dois?” Ele me apertou em seus braços. ”Merlim! Meu pai vai ficar doido de saber que vai ter dois netos.”

Nós gargalhamos junto diante da lembrança de seu pai quando descobri que ia ser avô.

Eu sorri travessa para James e comecei a correr.

Perto dali havia uma lagoinha que era uma graça. Eu amava ficar ali, quando eu tinha tempo, para pensar e tomar banhos naquela água cristalina. Era muito relaxante!

“Como você conhece aqui, Lily?”

“Não é só você que tem segredos, James." Disse misteriosa e sorri.

Comecei a desabotoar a minha camiseta e logo em seguida a saia jeans que eu estava vestindo. Fiquei apenas de lingerie e pulei na água.

"Hey! Vai ficar me olhando com essa cara de pateta?"

Ele gargalhou e começou a tirar as roupas. Primeiro a blusa revelando aquele tanquinho onde eu lavaria as minhas roupas tranquilamente e depois a calça. Eu não comentarei nada. Tirem suas conclusões.

Ele entrou lentamente e se aproximou de mim. Suas mãos quentes esquentaram minha cintura quando ele me puxou para seu colo. Deu um suspiro no meu pescoço, era tão gostoso ficar com ele assim.

Sentindo seu corpo fazendo contato com o meu.

Ficamos ali durante o resto da tarde, ignorando o mundo e as outras pessoas, inclusive nossas obrigações. Mas, quem disse que nós estávamos preocupados?

Conversamos sobre tudo.

Descobri coisas que eu não sabia sobre ele e vice-versa.

Voltamos para o castelo rindo juntos. Quando entramos no Salão Comunal, eu pude ver a ruguinha de preocupação que Lely tinha na testa.

“Ô Vadia!” Berrou vindo em minha direção. “Quer me matar do coração?”

Ela me abraçou.

“E ai! Qual é o sexo do bebê?”

“Menino. Meninos no caso, né?”

“Lily, não brinque com o meu coração.” Fez uma pausa. “Você está querendo me dizer que está... está grávida... está grávida de...”

“Gêmeos?” James disse com um sorriso travesso. “Sim, ela está grávida de gêmeos.”

Ela colocou a mão na boca e arregalou os olhos. Caiu com um baque surdo no sofá. E ficou lá estática, em estado catatônico.

Esses Potter são muito doidos. Pode ter certeza.

Eu subi para o dormitório feminino, onde eu troquei de roupa e vesti algo seco. Novamente, desci para o Salão Comunal.

“Lely!” A cutuquei. “Lely!” Cutuquei novamente.

“O que é, porra?”

“Se acalme. Quer que eu chame o Sirius?”

“Vá à merda Lily Evans!” Resmungou.

James vinha descendo do dormitório masculino com roupas secas e confortáveis, ao meu ver. Se sentou ao meu lado, beijando minha bochecha.

Ele deu uma espiada no relógio e arregalou os olhos, preocupado.

“Lely, está na hora!” James falou enquanto se levantava.

“Na hora do que?” Indaguei confusa.

“Ih! É mesmo!” Disse, coçando a cabeça. "Quase esqueço."

“Ninguém vai me dizer nada?”

“Lily, acho melhor você subi e ir dormir, okay?” Lely desconversou.

Ergui minhas sobrancelhas.

Ela gargalhou, beijando minha bochecha e berrando atrás de Sirius. Vai entender! James me deu um beijo de despedida, não irei descrever, como digo, tirei suas próprias conclusões. E os três foram. E se eles pensam que eu ficarei aqui, bem, eles estão enganados.

Eu fui atrás deles.

É hoje eu vou descobrir o que eles fazem tão secretamente!

Segui-os na ponta dos pés para que não ouvissem nenhum barulho que os fizesse olhar para trás, e quando o faziam eu me escondia atrás de um dos pilastres. Eles rumaram para perto do salgueiro lutador.

Então eu os vi se transformar. Eles são animagos!

Remus, que os estava esperando lá, não ficou surpreso ou qualquer coisa assim. Apenas esperou e suspirava cansadamente. O que ele estava esperando? Então, a luz da Lua caiu sobre ele, que começou a ficar pálido e tremer.

Eu arregalei os olhos.

Remus era um lobisomem?