Stay Strong

Era forte o desespero que me batia quando eu lembrava onde eu estava.

Na primeira manhã que acordei na reabilitação, tive vontade de não ter acordado. Eu pensava que se não na minha casa, com a minha vida normal, era melhor não estar viva.

Pensar daquela forma me deixava mais machucada do que pensar que eu de fato precisava de ajuda.

Mas para eu me acalmar, bastava me lembrar de minha mãe, meu padrasto Eddie, minhas irmãs e Jeremy.

Se eles acreditavam que eu era forte para estar naquele lugar, eu poderia fazer qualquer coisa porque eu era realmente forte.

Costumo dizer que a confiança deles em mim foi o que mais me motivou a permanecer naquele lugar horrível.

Todas as manhãs eu acordava assustada com a situação em que eu havia chegado.

Sem amigos, sem contato com a minha mãe - que era a minha amiga para todas as horas - a única saída era recorrer aos outros pacientes que conviviam comigo e aos profissionais que diziam estar ali para nos ajudar.

Falar abertamente sobre tudo o que eu sentia era a parte mais difícil dentre todas as outras. Eu não era acostumada a contar para as pessoas - principalmente estranhas - sobre os meus problemas e sobre como eu havia chegado onde estava, e aqui, era a única solução para podermos nos sentir mais leve.

Com o tempo, fui aprendendo a controlar as minhas emoções, quase como se eu fosse uma bomba relógio que pudesse ser desativada a qualquer momento em que estivesse prestes a explodir.

Todas as noites rezava pedindo que eu pudesse sair daquele lugar logo, que eu pudesse estar de novo na companhia das pessoas que me fazem bem.

Acordei assustada na quarta feira. Fazia cinco dias que eu já estava na reabilitação.

Tomei o meu banho antes de ir para o refeitório tomar café. Não passava das oito e meia da manhã quando terminei o meu café e me sentei na área aberta da clínica, tentando apreciar o sol fraco que fazia pela manhã.

- Srta Lovato? - Uma das enfermeiras chamou - Acho que você vai ficar feliz se me seguir...

Franzi as sobrancelhas e fiquei observando-a com um sorriso gentil no rosto saindo em seguida.

Levantei-me e comecei a andar até onde ela estava.

- Talvez isso seja um prêmio por você estar sendo tão dedicada com as nossas tarefas aqui da clínica! - Ela entregou um telefone em minhas mãos - Mas não demore, temos nossas tarefas que começam daqui meia hora.

Sem entender nada, segurei o telefone enquanto ela saia da sala onde havia me deixado.

- Alô? - Falei ao telefone.

- Bom dia querida! - A voz de minha mãe soou do outro lado e meu coração pesou em meu peito de tanta alegria por estar ouvindo a voz dela.

- Bom dia mãe! - Falei tentando manter meu tom de voz controlado - Algum problema ai?

- Aqui está tudo bem, como está sendo ai na reabilitação?

- Ainda não gosto desse lugar... Eu não quero ficar aqui.

- É preciso querida... Você sabe que pode fazer isso.

- Eu não sei se eu sei isso... Eu não quero estar aqui!

Minha mãe ficou quieta por um tempo e então ouvi um barulho estranho, quase como se ela estivesse chacoalhando o telefone e isso me pareceu completamente... Louco!

- Demi? - Agora era Jeremy quem falava ao telefone.

Fiquei calada, não sabia o que falar... Ouvir a voz deles era torturante, porque eu queria poder fazer aquilo pessoalmente. Eu não queria estar conversando com eles por um telefone e sim olho no olho, poder abraçá-los.

- Hey Demi, você ainda está ai?

- E-estou! - Minha voz falhou.

- Sua mãe disse que você não quer ficar ai... Mas não falta muito tempo pra você sair, faz isso pela gente...

- Eu estou tentando Jeremy... Mas não ter ninguém conhecido aqui só dificulta as coisas... Eu queria ter pelo menos um de vocês aqui comigo!

- E se você se manter firme vai ter todos nós aqui do lado de fora. Demi apenas fique forte! Eu preciso de você ainda pra ser o meu par no baile e isso não vai ser possível se os enfermeiros não acharem que você pode fazer isso.

Droga! Como eu havia esquecido do Baile? E outra, eu também não poderia fazer aquilo!

- Como eu vou ir ao baile Jeremy? Eu não tenho como escolher minhas roupas, eu não tenho como ir a um baile.

- Você não precisa escolher uma roupa bonita pra ir a um baile, você só precisa ser você. Se conseguir ser apenas você naquele baile, será a garota mais bonita que vai estar naquela escola... Eu sei disso! Fala pra mim que você vai tentar...

- Jeremy eu não se...

- Só me prometa que vai tentar... Só isso!

- Tudo bem - Falei relutante - Eu vou fazer isso por vocês.

- Não esquece... A gente ta perto de você mesmo que não estejamos dentro dessa clínica. Eu disse que você poderia contar comigo e você pode!

- Obrigada Jeremy!

- Agüente firme Demi! - A voz de Madison surgiu ao fundo, como se ela tivesse gritado para que eu pudesse ouvir.

Aquilo foi o suficiente para que as lágrimas escorressem pelo meu rosto.

- Eu vou agüentar pequena - Prometi - Logo, logo eu vou voltar pra vocês!

- Acabou o seu tempo Srta Lovato - A enfermeira disse abrindo a porta -Vamos começar com as nossas terapias e você faz parte delas!

- Tudo bem - Respondi - Eu tenho que ir... Eu vou ser forte pra poder sair daqui logo!

- É assim que a Demi que eu conheci falaria - Jeremy disse - Não esquece, estamos com você sempre!

- Eu amo vocês!

- Nós também te amamos!

Desliguei o telefone e respirei fundo.

Eu prometi que seria forte, então era isso que eu seria daqui para frente... Forte!