Flamma Amoris escrita por Karla Vieira


Capítulo 12
Bom dia, Holmes.


Notas iniciais do capítulo

Bom dia amores! Tudo bem com vocês?
Então. Esse capítulo está bem fraquinho, eu estava sem criatividade. Prometo melhorar nos próximos...



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Marie Jean POV – Madrugada de 04 de Abril


Eu não podia acreditar no que os meus olhos viam. Por tanto tempo, aquele lugar permaneceu intocado, e nunca ninguém desconfiou de nada. Foi muita sorte ele não ter sido afetado pelo incêndio... Há quanto tempo aquilo estava lá?

Aproximei-me das estantes e comecei a olhar os livros. Tirei um de seu lugar, e assoprei gentilmente, e a poeira se fez presente no ar. Abri-o devagar, e comecei a folheá-lo, analisando os títulos. “Feitiço da verdade”, “feitiço para filtrar sonhos”, “feitiço da invisibilidade”, “feitiço da tempestade”... Eram títulos e mais títulos de feitiços. Quantos não haveriam ali? Será que minha mãe sabia de tudo aquilo? Cada feitiço?

Coloquei o livro no lugar e peguei outro, na prateleira de cima. Abri-o e comecei a folheá-lo, e os feitiços que apareciam eram de aparência mais complexa. Fechei-o e o coloquei no lugar, e meus olhos pousaram em um de capa azul marinho, no final de uma prateleira. Estiquei-me para pegá-lo, e com esforço consegui fazê-lo. Este livro era diferente dos outros dois que eu havia pegado: tinha um título, ou o que era para ser um. “Os Lookwoods”.

Abri-o e comecei a lê-lo, e não apenas folheá-lo. Contava algumas histórias sobre a minha família, de gerações que eu sequer fazia ideia. Fui lendo, devorando as páginas. Eram escritas a mão, por cada bruxo que viveu as histórias. Na última página, contava uma sobre minha mãe, com a caligrafia dela: de quando ela enfrentara, sozinha, três cães infernais para salvar os dois amigos. Não era uma das histórias mais emocionantes daquele livro, mas era a da minha mãe. Emocionou-me saber que ela fez aquilo sozinha para salvar os amigos.

O livro não acabava: tinha páginas e páginas em branco. Eu provavelmente acabaria colocando alguma história minha, algum dia, para que eu não ficasse esquecida com o passar do tempo. Achei que já era hora de voltar. Guardei o livro na estante e saí, estremecendo de frio enquanto fechava o porão. Quando fechei o cadeado, resolvi enfeitiçá-lo para que só se abrisse para mim. Depois disso, voltei para casa, quase esquecendo que um fantasma havia me levado até ali, já que eu estava ansiosíssima para passar tempo ali descobrindo tudo o que havia para ser descoberto.


Ethan Williams POV – Manhã de 04 de Abril.


Aleluia. Era sábado. O que significava que eu podia dormir até mais tarde, depois de ficar acordado até de madrugada acabando com a minha garrafa de Johnnie Walker junto com Andrew. Acordei resmungando mal humorado, pois não estava nenhum pouco afim de acordar. Estiquei meu braço para alcançar meu celular e com os olhos semicerrados, vi que eram quase onze horas da manhã e que haviam duas mensagens novas. Abri. Uma era de Fred, dizendo que chegava às treze horas, e a outra de Marie Jean: “Quando acordar, me dê um sinal de vida que eu preciso falar com você”.

Levantei e fui tomar um banho para espantar a minha cara de ressaca, e a própria ressaca. Fui até o quarto de Andrew, que dormia feito uma pedra.

– ACORDA VAGABUNDO! – Berrei e ele resmungou alguma coisa. Puxei as cobertas de cima dele e ouvi-o me xingar. – Anda Bela Adormecida!

– Vá se ferrar, Ethan.

– Bom dia! – Respondi.

Saindo do quarto, dei uns dois socos na porta para fazer barulho e fazê-lo acordar de vez. Desci e fui começar a preparar um café forte, olhando pela janela da cozinha. Avistei Marie Jean sentada no muro, conversando com... Holmes. Ele tinha um sorrisinho no rosto e ela ria abertamente, divertida. Não gostei do sorrisinho dele. Ele estava obviamente jogando charme para cima dela. O que ele queria? Roubá-la de mim por vingança?

Abandonei tudo o que eu estava fazendo e fui até lá. Aproximei-me sorrindo e Holmes fechou a cara ao me ver. Marie se virou e me viu.

– Ei, amor! Finalmente um sinal de vida! – Exclamou ela.

– Bom dia para você também. – Respondi, encostando-me ao muro e a beijando. Ao nos distanciarmos, olhei para Holmes sorrindo. – Bom dia, Holmes.

– Bom dia, Holmes. – Respondeu ele. – Bem, Marie... Eu já vou indo. Cuide-se.

Ele fez menção de se aproximar e beijá-la na bochecha, mas mudou de ideia, sorrindo de canto e se afastando.

– Eu não gosto desse cara. – Peguei-me dizendo. Marie me olhou, intrigada.

– Eu ainda não entendi por quê. Ele é tão gentil.

– Com você, porque ele quer tirá-la de mim.

– Então me explique o que houve entre vocês dois.

– Vamos lá para dentro, quero fazer café e aí eu te conto tudo. – Eu disse. Marie Jean assentiu, passou as pernas pelo muro e pulou para o meu quintal. Fomos para dentro de casa, para a cozinha, e ela se sentou em cima da mesa enquanto eu ia preparar o bendito café.

– Pronto, Sr. Williams. Agora me conte.

– Bem. Há um tempo, estudávamos juntos. – Comecei a mentir. – E ele gostava de uma garota, mas ela não gostava dele. Ela gostava de mim, e eu fiquei com ela uma noite, em uma festa. Holmes viu e veio tirar satisfações comigo. Quase fomos parar na delegacia, por causa disso. Desde então, ele me odeia com todo o ódio que consegue sentir.

– Entendi. – Disse ela, e eu pude perceber uma ponta de ciúmes em sua voz, por eu ter dito que havia ficado com outra garota. Mas também ela não podia esperar que eu nunca houvesse beijado ninguém e fosse virgem, um projeto de padre. Não. Eu estava muito, muito longe disso.

– Mas e então, o que você tinha de tão importante para me contar?

– Andrew está acordado?

– Estou. – Respondeu a voz grogue e irritada do moreno, que entrava na cozinha. – Graças ao Ethan querido e insuportável.

– Também adoro você. – Respondi irônico. – E você pode falar sobre aquilo na frente dele. Ele sabe de tudo.

– Aquilo o quê? – Andrew perguntou.

– Seu cérebro demora a funcionar quando você está com sono, não é? – Perguntei sarcástico. – Magia.

– AH, sim.

– Então... – Começou Marie Jean. – Ontem de madrugada fui assombrada por um fantasma que me fez ir até as ruinas da minha casa.

– Quê?!– Exclamei em uníssono com Andrew. – Fantasma?!

Jean então começou a explicar detalhadamente o que havia acontecido. Primeiramente, fiquei preocupado, pois poderia ter sido uma armadilha dos outros caçadores que também a queriam; ela poderia ter sido sequestrada, abusada e morta por algum homem comum... E então ela chegou na parte do refúgio mágico dos Lookwood, e meu queixo foi ao chão. Eu sabia que a família dela possuía algo assim, mas não imaginava que seria tão perto, e que encontraria desta maneira. Muito menos que seria um fantasma da mãe dela que levaria Marie até lá. Soltei um palavrão quando ela terminou. Eu estava surpreso.

– Você vai nos levar lá mais tarde, depois que buscarmos um amigo na rodoviária. – Eu disse.

– Quem?

– Fred. Ele vai morar comigo também.

– Ah, sim. – Disse ela, estranhando o fato de, de repente, dois amigos virem morar comigo. Eu também estranharia, se fosse ao contrário. Mas ela não questionou. Enquanto eu tomava café, pensei no fantasma. Era mais uma tentativa de comunicação por parte da mãe dela. Provavelmente, percebeu que não conseguia mais entrar nos sonhos da filha, por causa do meu filtro enfeitiçado para impedi-la, e tentou de outra maneira. Eu precisaria arrumar alguma forma de impedi-la também. Tudo bem que encontrar o refúgio mágico pode ser bom para mim também, mas deve haver algo lá dentro que dê pistas à Marie sobre mim. Sobre a ordem. E, dependendo, pode acabar com o plano. E, consequentemente, com a minha vida.

E estou bem afim de ficar vivo, obrigado.

Deixei a caneca na pia, e Andrew deixou a cozinha. Assim que ele subiu, me aproximei de Marie que ainda estava sentada em cima da mesa, sorrindo malandro. Coloquei uma mão de cada lado do seu corpo, na mesa, e aproximei meu rosto do dela, deixando distantes por apenas centímetros.

– Agora, eu quero lhe dar um bom dia decente. – Eu disse baixinho, em seguida beijando-a. Puxei-a para mais perto de mim, e ela entrelaçou a minha cintura com suas pernas, enquanto com as mãos brincava com meus cabelos. Eu estava gostando desse negócio de enganá-la. Estava sendo bom para mim – e para ela também. Eu sei disso.

– Vocês se importam em ir para um quarto e deixar a cozinha limpa, intocada e utilizável? – Perguntou Andrew, alto, com tom divertido. Distanciamo-nos e Marie escondeu e cabeça em meu peito, envergonhada.

– Nós temos praticamente duas horas até irmos buscar Fred. Que tal irmos lá de uma vez? – Perguntou Marie Jean, animada. Soube imediatamente onde ela estava querendo ir – ao refúgio. Assenti em concordância e ela sorriu. Desceu da mesa, e eu a abracei lateralmente. Nós dois e Andrew saímos de casa, fechando-a, fomos andando até as ruínas da casa. Alguém que visse nós três indo a casa queimada e deteriorada, acharia estranho – mas não havia muita gente fora de casa.

Andamos até lá e circundamos a casa, desviando de alguns destroços. Chegando aos fundos, encontramos as portas de madeira pesadas cravadas no chão, cadeadas. Marie se abaixou e sussurrou alguma coisa, e o cadeado se abriu sozinho. Ela puxou as portas, que revelaram uma escadaria em direção ao subsolo. Marie começou a descer, e eu a segui, juntamente com Andrew. Jean ligou a luz, apertando no interruptor, e eu olhei ao redor. Era um lugar fantástico.

Comecei a olhar os livros, pegando qualquer na estante. Eu teria que tirar tempo e olhar um por um para averiguar se há algo que me comprometa. Ficamos ali por um bom tempo, até que Andrew olhou no relógio e viu que estava na hora de irmos. Fomos andando até a rodoviária, que não era muito longe, e ao chegarmos, um ônibus parou, e olhamos os passageiros descerem um por um. Um idoso gordo de barba grisalha, uma mulher de meia-idade de cabelos ruivos, duas garotas de aparentemente quatorze anos, e então surgiu Fred.

Cabelos loiro escuro curtos, olhos castanhos, e uma aparência de bonzinho. Só a aparência, também. Eu já havia visto como ele consegue ser malvado, psicótico. Como qualquer um naquela ordem. Assim como eu e Andrew, ele era órfão, filho de pertencentes a ordem. Nossos pais morreram na mesma missão. Ou pelo menos era isso que todos nos diziam.

– E aí! – Cumprimentou. Abraçamo-nos rapidamente, e em seguida ele abraçou Andrew.

– Olá Fred. – Eu disse. – Esta é a Marie Jean.

Trocamos um rápido olhar de compreensão, malícia e maldade, antes dele sorrir e cumprimentá-la.

– Então você é a Marie Jean? Ouvi falar muito de você. – Disse ele, sorrindo e piscando para ela, malandro. Marie corou e me olhou rapidamente. Eu só sorria, imaginando o que estava se passando pela cabeça de Fred.



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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?