- Paris?! - gritei. - Que parte de "sua mãe gastando muito dinheiro comigo" você não entendeu?

- Foi ela quem ofereceu! Ela disse que tinha que ir pra lá por causa de um cliente, e perguntou se a gente iria junto.

- E você concordou?

- Foi mal, não sabia que isso seria tão terrível.

- Não é isso. É que eu achei que sua mãe me odiasse.

- Ela não te odeia. Ela só... não gosta muito de você.

- Ah, ótimo, estou me sentindo bem melhor agora.

- Quer que eu minta e fale que ela te adora? Porque você sabe que nós damos motivos pra ela achar o contrário.

Afundei a cabeça nos braços e suspirei.

- Vamos, não vai ser tão ruim. - ele disse, segurando minhas mãos. -  A gente pode acordar tarde todos os dias, tomar café em um dos infinitos bistrôs que vão estar perto do hotel, ir andando até a torre eiffel, sentar em um banco ali perto, e ficar a tarde toda conversando.

- Eu nunca disse que seria ruim. Eu ia adorar ir com você, mas não é melhor eu passar essas duas semanas estudando pra escola?

- Aposto que você é a primeira pessoa no mundo que prefere livros e um quarto fechado do que uma viagem de graça pra Paris por duas semanas.

- É serio.

- Se você quiser, eu levo uns livros e te mostro a matéria. Pode ser?

- Pode, mas eu ainda teria que sair do trabalho...

- Você ia sair de qualquer jeito quando entrasse na escola.

- Tá bem! Quer saber? Eu vou. Eu vou pra Paris.

- Ótimo, estava começando a achar que teria que implorar pra você ir comigo. Porque, sabe, viajar de graça é sempre um sacrifício tão grande.

Dei um soco no braço dele, e ele começou a rir. Ele tem razão. Isso vai ser bom. E não tem como a mãe dele gostar menos de mim, então o que eu tenho a perder?