Quando voltei pra casa, vi Edward tomando café na cozinha. Ele tinha separado uma xícara pra mim, e parecia nervoso.

– O que foi? - perguntei, me sentando na mesa.

– Minha mãe me ligou hoje mais cedo. - ele começou. - O que é bem estranho, ela nunca me liga. Mas ela queria falar com você. Eu disse que você não estava, então ela falou comigo mesmo. Ela... quer que você entre pra escola.

Engasguei com o café e arregalei os olhos.

– O quê?! Escola? Ela não escutou a minha história? Eu nunca fui pra escola antes! Eu não saberia o que fazer, eu não tenho como pagar!

– Ela disse que vai pagar pra você.

– Isso só resolve um dos problemas. Além de aumentar os gastos que ela tá tendo comigo.

– Ela não liga pra isso. E você sabe. - ele disse, segurando minhas mãos. Olhei nos seus olhos.

– Eu não faço ideia de como seria. Ir pra escola, estudar, ter provas, trabalhos. E as pessoas? Vão ter pessoas lá.

– Sim, é uma escola. Vão ter pessoas. Mas tenho certeza que você consegue.

– Eu não tenho muita escolha, tenho?

– Ela não está fazendo isso por mal.

– Eu sei que não. Mas... - em vez de completar a frase, suspirei e afundei na cadeira.

– Não é tão ruim. Eu vou estar lá. - ele tentou me consolar.

– Junto com mais trezentas pessoas, que eu vou ser obrigada a dar uma desculpa pelo fato de eu ser uma retardada mental? Yupi.

– Você sabe o básico! Você me disse que Pedro te comprou uns livros de escola, não?

– É, mas eu duvido que seja a mesma coisa.

– E não é, mas eu vou te ajudar. Está bem? O segundo semestre só começa daqui a duas semanas. E agora as boas notícias.

– Têm que ser ótimas pra compensar essa bomba.

– Eu estou de férias. E nós vamos pra Paris.