Dangerous Love escrita por Urania


Capítulo 5
Como o Almoço na Escola


Notas iniciais do capítulo

Heyyy peoples do meu heart XDDD
Sei que andei meio sumida, mas a inspiração vai e volta pra escrever... Mas não se preocupem que eu não vou deixar de postar, só vou me atrasar um pouco...
Enfim, espero que gostem!



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Bem, então a Fiona estava gritando no quarto que nem uma maluca e o irmão dela apareceu, e agora os dois vão conhecer a nova madrasta... tan-tan-tan-taaaan o.O

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Já fazia quinze minutos e nada. Eu e Guilherme estávamos sentados em uma mesa retangular de mogno, com uma toalha de mesa de veludo vinho, e por cima desta, uma outra de linho branco. Rodeando-a estavam quatro cadeiras do mesmo material da mesa, e com o estofamento também de veludo. Uma vela solitária provia pouca iluminação ao ambiente naturalmente escuro à noite.

Meu pai ligara depois que eu havia ido tomar banho, avisando que era para nós dois irmos ao restaurante, que ele não poderia ir nos buscar em casa. Como se ele alguma vez já tenha querido fazer algo por nós dois.

O restaurante era um lugar chique e requintado. Era novo. Seu nome e data de estreia estiveram estampados em todos os jornais da cidade por mais de um mês. O chefe, um cozinheiro de grande prestígio, havia se formado na França. O grande lustre de cristais pendurado no teto e as luminárias (que não cumpriam bem seu papel de iluminar), os garçons vestidos de terno, o piso de mármore branco, as cortinas pesadas, a música que tocava ao fundo, (Beethoven, a nona sinfonia) e a parede de vidro que dava para a baía, serviam apenas para dar um toque de sofisticação e romance certo, que pareciam estar impregnados em todos os casais melodramáticos a nossa volta.

Pense: “o que eu estou fazendo aqui?”

- Tem certeza que esse era lugar que o Fernando pediu pra nos encontrarmos? – Perguntei incerta a meu irmão.

- Tenho. Ele disse Bistrô Francês. Esse é o lugar. – Ele disse, dando uma olhadela nos casais ao nosso redor. Mas apesar do tom de certeza na voz, seus olhos circundavam o ambiente, duvidosos e enojados ao mesmo tempo. – Ele já deve estar chegando. – Ele disse com mais certeza.

- Aham, sei disso. – Cuspi irônica. Contive-me a apenas mexer nos pingentes da minha pulseira de prata, enquanto esperava resignada a chegada dos dois.

Eu havia me produzido pra nada. Meu cabelo e maquiagem estavam perfeitos, como sempre. Havia colocado uma pregadeira pequenina de cristaizinhos para prender a franja, e aplicado um blush levemente rosado nas maçãs do rosto. A máscara e o lápis de olho contornavam meus olhos. E como toque final um gloss labial de cor clara. Usava um vestido verde escuro envelope bem curto, e uma sandália de tirinhas alta.

Meu irmão consultou o relógio que tinha ganhado em seu aniversário de dezoito anos mais uma vez, impaciente, provavelmente se fazendo a mesma pergunta que eu. Seus olhos vasculharam por um breve momento a entrada e não encontrando nada que lhe agradasse, se voltou para mim e me disse para pedirmos alguma coisa para beber. Concordei prontamente e pedi uma água e ele um drink.

Esperamos por mais ou menos uma meia hora, enquanto jogávamos conversa fora, até que ele finalmente decidisse aparecer, acompanhado da tal namoradinha. Quando os dois entraram, não pude deixar de engasgar com minha bebida. Meu irmão, que também estava bebericando seu drink, começou a tossir tanto que um dos garçons teve que vir ajuda-lo, para que ele não parasse de respirar. Todos os homens do recinto viraram-se para a porta, impressionados. As mulheres olhavam para seus noivos, namorados e maridos de um jeito que é medonho de até mesmo descrever. Depois, quando viravam seus rostos para o objeto de adoração de seus amantes, ficavam pasmas com o que viam. Tudo havia parado por um segundo, mas no próximo, todos se recompuseram, como se tivessem tido apenas um contratempo momentâneo.

E o motivo da paralisia geral fora a entrada de um casal. Um homem perto de seus quarente anos, vestido em um elegante terno de risca de giz que eu havia visto no catálogo masculino da Armani, cinza claro, com uma camisa social branca por baixo, e uma gravata de listras diagonais verde-escuras e verde claras. O cabelo, impecável, estava arrumado para trás, e encontrava-se alastrado de gel.

Porém, não era o homem que chamava a atenção. A mulher estendida a seu lado era quem irradiava beleza e delicadeza e atraía olhares. Suas feições eram tão puras e inocentes. Seus olhos infantis pareciam brincar enquanto refletiam a iluminação que vinha dos candelabros. Seus cabelos não eram impecáveis como os de meu pai, mas havia uma bagunça divertida neles, que os deixavam ainda mais lindos que o normal. Eram negros como a noite, assim como seus olhos e sua pele. Seu vestido, simples, porém elegante, dobrava-se em ondas enquanto a mulher andava pelo salão, fazendo com que olhares involuntários se dirigissem a ela.

E todas essas coisas apenas serviam para ressaltar sua beleza extrema, coisa que ela parecia não ligar, ou se esforçar muito para alcançar. A perfeição que a cercava era palpável. No momento que a olhei, a odiei. E passei a odiar meu pai ainda mais, pois eu sabia que no final, ele a magoaria. Não pude deixar de pensar que aquela mulher era como eu quando criança. Iludida, perdida, mas ainda assim apaixonada pela vida e por tudo o que havia nela.

Os dois atravessaram a maré de olhares que a multidão os lançava, e sentaram-se na mesa em que eu e Guilherme estávamos. Olhei meu irmão mais velho. Ele, de algum modo, parecia ressentido com aquela situação toda. O olhar que ele dirigia à mulher e a meu pai era atemorizante. Era reprovador, e expressava todo descontentamento dele, todo seu desapontamento, sua dor em ter de ver os sonhos daquela mulher despedaçados.

- Olá, meninos, como vão? – Perguntou meu pai em um falso sorriso para nós dois. Estreitei meus olhos. Meu irmão olhou para os ele com uma cara de poucos amigos, e disse entredentes:

- Bem... E como vai você, papai? - Ele praticamente esfregou as palavras nos olhos de Fernando, que respondeu num tom totalmente diferente do que ele geralmente usava conosco. Bondoso e... Brincalhão?

- Estou ótimo, filhão, e como vai a minha princesinha?

Olhei para a mulher. Era provavelmente com ela que ele estava falando. Meu pai nunca me chamou, e nunca me chamaria de princesinha. Ela não o respondeu, e olhou para mim de um jeito curioso, como se esperasse uma resposta minha. Uma resposta minha! Então era comigo que ele estava falando. Que... Acho que não há uma palavra suficientemente forte para descrevê-lo. Decidi entrar no jogo, com minhas próprias regras, é claro.

- Ah, papai querido! – Disse com um enorme sorriso no rosto, - Estou maravilhosamente bem! E como vai você? – Perguntei falsamente. - Ah, sim, e qual o nome dessa linda mulher que o está acompanhando? Nossa, é sério, qual é a marca desse vestido maravilhoso que você está usando? Eu quero um pra mim! Você fica maravilhosa nele, eu já disse isso?

Ela sorriu envergonhada, mas agradecida. Um certo ar de alívio tomou conta de seu olhar, acho que por ter sido aceita por pelo menos um membro da família. Sorri internamente com isso. Se ela queria ser da nossa família, eu iria fazer o meu melhor pra mostra-la o quanto era maravilhoso estar nela. Aquilo iria ser bem divertido.

- O nome dela é Diana... Como o da princesa... – Meu irmão revirou os olhos.

Diana sorriu envergonhada, desviando a atenção de seu olhar para seu prato. Essa mulher já estava me deixando nos nervos, ficava agradecida por qualquer migalha de pão. Ela desconhecia o significado da palavra ambição? Eu estava começando a achar que sim, e o modo como ela se portava diante dos fatos também me irritava. Mas fiz o melhor pra esconder o que sentia. Afinal, fingir era um talento natural de todos os membros da nossa família.

- Esse vestido? Foi seu pai quem me deu, Fiona. Não sei de onde é... Geralmente não compro em lojas de marca...

- Papaizinho, eu quero um igual! - Cortei-a logo, antes que a perfeição dela me irritasse ainda mais. Aquela voz doce enchia meus ouvidos com a sua pureza e ingenuidade. Eu não gostava daquela mulher, não gostava mesmo. Aquela áurea me sufocava como nada jamais havia feito antes, era como se ela fosse uma criança das mais adoráveis falando comigo. E eu não gostava de crianças.

- Bem, amorzinho, depois falamos sobre isso, pode ser?

E com isso, ele queria dizer: “Já chega de tanto mel, estou ficando enjoado de você e quero logo sair daqui. Depois eu te dou o dinheiro e você pode comprar o vestido que você quiser, na loja que quiser, não ligo pra você, de qualquer maneira.”

Assenti e pedimos nossos pratos. Comemos em silêncio, dando apenas alguns comentários ocasionais como: “Quanto foi o jogo de ontem?” ou “O tempo estava bom hoje”. Meu irmão ainda parecia chateado, mas estava bem melhor que antes. Não me importei em adicionar algum comentário inútil à nossa conversa – se é que aquilo poderia ser chamado de conversa. Sabia que estava dispensada, não precisava falar mais nada. Meu pai me conhecia bem, acho que ele descobrira meus planos assim que abri a boca para falar com Diana.

Pedimos a sobremesa e aguardamos em silêncio. Enquanto isso, a Srta. Perfeição parecia preocupada. Algo a estava incomodando, mas não me dei ao trabalho de perguntar. Foi quando as sobremesas chegaram que ela perguntou com sua voz doce:

- Bom... Eu já falei com Fiona, mas... E quanto a você, Guilherme? O que faz da vida? Seus hobbies? Namoradas, tem alguma?

Gui limpou a garganta, desconcertado. Não sabia o que dizer.

- Eu... Estou tirando um ano de férias entre o ensino médio e a faculdade, sabe? Ainda não sei o que quero fazer, então. Por enquanto, não faço nada. Gosto de dirigir e de viajar. Ficar com os amigos, jogar esportes... Não gosto muito de fazer coisas que envolvam pensar demais. Não sou um “cabeça”, por assim dizer.

Ela o encarou, intrigada, com seus olhos de amêndoa. Eles brilhavam por baixo de toda aquela gentileza, de felicidade de menina, de criança. E deu um riso singelo, de fazer você querer rir junto também.

- Não é “cabeça”? – Ela sorria um sorriso meigo e frouxo. E ninguém podia deixar de se encantar com a cadência de sua risada, com a felicidade de seu sorriso brilhante de garota. Olhares levitavam para nossa mesa. – Porque diz isso? Todos os seres humanos foram feitos pra pensar, só não pensa quem não quer... De que tanto você foge?

- Fujo? Não fujo de nada. – Por entre seus lábios sorridentes se escondia a mentira, e ela era detectável nos seus olhos, na sua alma. Eu conhecia meu irmão. Ele não era de se abrir, e não faria isso com essa estranha que acabara de conhecer, e que provavelmente nunca mais veria, já que meu pai terminaria com ela a qualquer momento, quando se cansasse dela.

- Foge sim. Você diz que você gosta e viajar, de dirigir. Você corre de algo que o persegue aqui, quer sumir, ficar com pessoas de quem gosta para esquecer dos problemas... Joga esportes, porque nos esportes desconta a raiva que sente daquilo de que tanto foge. Pois quando você está jogando, não pensa, só esquece, esquece da vida, do mundo, de você, dos seus problemas... Você foge... Mas de que?

- Olha, Diana, – O sorriso que se expandia na face de Guilherme já fora embora há muito tempo. – Eu não te conheço, não te devo explicações e nem nada. Uma coisa é falar com você, a outra, totalmente diferente, é conversarmos sobre a minha vida pessoal. Eu só vim aqui pra conhecer a nova vadia com que o meu pai estivesse saindo, e ao invés disso eu encontro você, que não corresponde às expectativas.  Então, entenda, estou dando o meu máximo pra não mandar esse homem que está na sua frente ir se fuder por estragar a vida de uma mulher tão maravilhosa como você. E agora, boa noite, eu vou embora, é, vou fugir sim, fugir dessa família que eu sou obrigado a ter.

Olhei estupefata para meu irmão. Eu não acreditava que ele havia realmente dito aquilo. Minha boca boquiaberta não conseguia de jeito nenhum se fechar. Meu coração se acelerava, pois eu nunca teria tido a coragem de falar algo assim para papai e mamãe. Principalmente para um dos namorados deles. Então, quando eu menos esperava, Guilherme se virou e pegou o prato que continha a sobremesa que ele pedira. Só vi quando sua mão - com o prato - parara na frente do rosto de Fernando, deixando ali os restos de comida.

- Isso é pra você sossegar e tomar vergonha na cara, Fernando. Uma coisa é você sair com vadiazinhas, outra, é você sair com mulheres respeitáveis e adoráveis, que no final só vão chorar rios de lágrimas quando te perderem. – Ele parou e olhou pra mim. – Venha, Fiona, vamos pra casa.

Saí do restaurante sob os olhares recriminativos de clientes e funcionários. Pela primeira vez, chamar a atenção me deixou constrangida. Eu queria sumir dali o mais rápido que podia. Parei e olhei para trás uma vez, e tive a chance de ver Diana ajoelhada em frente a meu pai, limpando-o com o guardanapo, enquanto os olhos dele queimavam de raiva e de vergonha.

- Fiona! – Meu irmão me chamou. E sem olhar para trás, corri até a saída, o mais rápido que eu podia. Voltei para casa, e naquela noite, meu pai e o garoto de olhos negros se revezavam em meus sonhos para ver quem conseguia ser mais assustador.  


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Reviews muito bem aceitos, leitores novos (se é que eles existem) não se acanhem, eu só mordo quando me pedem... kkkk
E leitores velhos (Se é que ainda existe algum) eu gosto muito de vocês! Adoro vocês *-*



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