Dangerous Love escrita por Urania


Capítulo 4
Pequenos conflitos internos


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas! Eae?
Pois é, eu sei que demorei pra postar, e eu sei que a Isabele já tava querendo me matar pela demora. É que com semana de provas, preguiça e fins de semana passados na companhia de livros. ¬¬ Mas eu finalmente consegui postar.
Divirtam-se!



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Estática. Assim era como eu me sentia. Não conseguia pronunciar uma única palavra. O desespero havia tomado conta de mim completa e totalmente. Meu cérebro estava paralisado, ainda tentando decifrar o que havia ocorrido. Passos lentos me dirigiram para casa. Não prestei atenção no caminho, apenas fui andando, como um robô: sem destino, sem pensamentos, apenas guiada por algo maior que minha vontade. Minha respiração vinha em compassos lentos, ainda processando as imagens que havia presenciado. Abri a porta da cozinha. Entrei e falei mecanicamente:

- Olá Rita. Como você está? – Meus olhos estavam vidrados, e apesar de poder ver todas as coisas ao meu redor, minha mente divagava em outro mundo, completamente diferente do da realidade. Ainda sentia o poder do olhar dele sobre mim, e podia sentir seus efeitos em minha pele. Andei vagarosamente, e deixei minha bolsa na bancada da cozinha.

Subi, ainda sem conseguir pensar em mais nada. Segurava o corredor de casa como se a qualquer momento pudesse cair, o que poderia realmente acontecer, se eu não tomasse cuidado. Abri a porta do quarto e entrei vagarosamente. Fechei-a. Sentei na beirada da cama. Olhei para meu tapetinho rosa que sim, ainda guardava mesmo passados tantos anos, e depois me lancei de costas na cama e me deitei. Olhei para o teto e comecei a pensar.

O que tinha acontecido naquele momento? Eu nunca fora daquele jeito! Quem ele pensa que é pra mexer com a cabeça de Fiona Mendes, a filha de um dos maiores empresários do Estado, com a estilista mais requisitada do país, rica, linda e poderosa?! Eu digo quem ele é! Ele não é ninguém! E ele ainda pensa que é quem para ficar andando com aquelas roupinhas de bad boy, como se aquele visual estivesse na moda? HÁ! Eu rio dele e dos amiguinhos dele, porque deve ter mais de onde ele saiu.

Minha cabeça antes lenta se agitara, e minha face tornou-se quente e adquiriu uma cor rubra. Eu podia sentir a raiva tomando conta de meu ser, me dominando completamente. Eu passara de apática a super sentimental em uma questão de apenas segundos. Aquele garoto estava me deixando maluca mesmo. Levantei-me ainda mais rápido de quando eu havia me deitado. Eu precisava descarregar toda aquela energia que se acumulava dentro de mim. Sentada na cama, encarando meu próprio reflexo no espelho imaculado, a imagem refletida nele poderia pertencer a uma fugitiva. Olhos arregalados, pupilas que pareciam não querer se fixar em nenhum ponto específico. Cabelos arrepiados e frisados. Um sorriso... psicopata estampado em meus lábios.

Meus olhos registravam essas imagens assustadoras, que percorriam minha mente sem deixarem registro. Minha cabeça estava ocupada demais, imaginando jeitos de acabar com a raça daquele ser do mal que tinha tomado conta de quem eu era. Aquele ser de olhos atemorizantes, e nada gentis. Aquele ser de cabelos negros como o véu da noite escura, que caíam e atrapalhavam a vista dele. Aquele ser que eu não conhecia, mas gostaria de ter a oportunidade um dia... Nossa. Será que era possível ter uma overdose de pensamentos e ideias? Se fosse possível, eu acho que com certeza era isso que estava acontecendo comigo.

Um arrepio desceu em minha espinha ao me lembrar de seu olhar fixo no meu. Aquilo me parecia tão certo, e me causava um bem imensurável. Mas ao mesmo tempo, essa, essa... obsessão, parecia ter na essência um ar de maldade tão profunda e insana que era quase inexplicável. Não era algo fácil de se explicar, mas eu podia sentir isso dentro de mim mesma.

Afinal, o que eu estava fazendo pensando coisas boas sobre ele? Ele não trazia o bem, só o mal. Claro, pessoas más só podem trazer o mal. Faz sentido. Sentido absoluto. Na verdade, é mais do que um simples sentido, é uma razão, uma certeza. Não há verdade maior do que essa. É isso mesmo.

Aonde eu estava mesmo? Ah, é. Eu estava dizendo que ele é mal, e não pode ser bom pra nada. Sim, ele não serve pra nada, aquele vadio. Em primeiro lugar, eu o odeio. Em segundo, ele só trouxe o mal para a minha vida. Terceiro, eu tenho certeza de que ele é uma má pessoa. Quarto, ele usa jaqueta no verão! Qual é o problema dele? Qual?

Mas a verdade é: por mais que eu não o conheça completamente, e por mais que eu não tenha certeza sobre como ele é, aquele garoto arruinou a minha vida. E é por esse motivo acima de todos que eu o odeio. Por mais que os outros motivos para eu odiá-lo passem a não mais existir, eu tenho certeza de que ele é a razão para a minha vida ser como ela é. Se eu não o tivesse visto, eu poderia ter prestado mais atenção em como os meus pais agiam perto um do outro, e talvez eu pudesse ter intervindo no casamento deles. Eu poderia ter meus dois pais juntos, meu irmão sempre em casa, porque ele não precisaria sair por ter medo de ficar solitário. Eu poderia ter uma família unida e que me amasse tanto quanto eu os amasse. Eu poderia dizer que fosse feliz.

Me levantei da cama com um sobressalto. Dessa vez, dava passos pelo chão de madeira aos meus pés, que se tornavam mais lisos a cada passada. Pensamentos contrastantes me enchiam de dúvidas. As sempre presentes dúvidas, na minha cabeça. Minhas mãos se agarravam por instinto em meus cabelos soltos, e arrancavam fios e mais fios de uma só vez. Minha visão se tornara um borrão, que parecia me confundir mais ainda. Imagens pipocavam em minha mente, misturando o presente, minhas memórias do passado, realidades paralelas que eu havia criado através dos anos, sonhos e as minhas esperanças...

Aquilo tudo era demais para mim. Eu não aguentava. Isso me corrompia, me agitava. Suas garras afiadas, que penetravam cada vez mais fundo em um mar de memórias que surgiam à tona. Coisas que eu queria sufocar para sempre, que eu nem sequer lembrava já ter vivido ou imaginado. Aqueles fatos todos se combinavam em uma só imagem em minha mente, que era complexa demais pra mim. Eu queria me ver livre daquilo. Até que não aguentei mais e explodi.

- Aaaaaaaaaah! Aaaaaaaaaah! Aaaaaaaaaah!

Não me importei que alguém ouvisse, pois a essa hora todos os empregados já haviam saído, e minha mãe chegaria tarde, por causa de uma prova de vestidos que tinha que fazer para a nova coleção de inverno. E meu pai só chegaria quando fosse a hora de vir me buscar.

Continuei gritando, tirando completamente todo o ar de meus pulmões. Meu pulso se acelerou de tal maneira que as batidas de meu coração ecoavam em meus ouvidos. Tudo era o caos dentro de mim, e de alguma maneira eu teria que externar esse sentimento antes que ele se apoderasse de mim completamente, e me privasse dos outros. Estava finalmente me acalmando. Aquilo de certa forma era terapêutico, aliviava toda a pressão que existia dentro de mim.

Quando braços fortes me levantaram do chão e me puxaram para um abraço, uma reação exagerada de minha parte se fez presente. Dei um salto, do qual faria minha professora de educação física me dar parabéns. Mãos masculinas acariciavam meu cabelo enquanto eu tentava me controlar do choque do qual sofrera. Palavras eram sussurradas em meus ouvidos, me tranquilizando, ou tentando pelo menos.

- Calma Fi, eu estou aqui agora. Não tem problema. Vai ficar tudo bem.

Pude discernir a voz de meu irmão mais velho, Gui. E lentamente, pude voltar ao meu normal. Meu irmão estava comigo, tudo bem. Ele nunca tem dúvidas de nada, ele é simplesmente a pessoa mais segura que eu conheço. Não há como eu ficar perdida quando estou com ele. E meu irmãozinho estava em casa! Eu não poderia estar mais feliz! O que tinha acontecido? Deveria ser algo muito sério, já que ele sempre inventava desculpas para se ausentar pelo maior de tempo que pudesse. (E eu também faço isso, tantas vezes quanto posso).

- Porque você está em casa? – Eu perguntei, tentando esconder ao máximo a minha felicidade em tê-lo comigo. Ele riu e me soltou, se certificando que eu já estava bem melhor. Abriu os braços em um gesto teatral.

- Seu irmão mais velho não pode aparecer em casa? – Ele perguntou inocentemente e levantando uma sobrancelha ao mesmo tempo. Eu sempre ficava com raiva quando ele fazia isso, e ele sabia. Eu não conseguia, e tinha inveja, então quando éramos pequenos, ele costumava me provocar com isso. Não que eu me importasse. Muito.

- Pode, mas isso é tão raro de acontecer que fiquei curiosa.

- Eu vim me arrumar para o jantar com a nossa nova madrasta.

- Ah. Isso. – Dei uma careta de desgosto. Nenhum de nós dois gostávamos das nossas madrastas. Isso explicava sua repentina aparição em casa. – Vou começar a me arrumar logo. Papai não gosta de esperar muito para nós nos arrumarmos, e eu gosto de demorar no meu processo de embelezamento.

- Aham, então pode ir, piquetuxa. – Ele disse pegando meu nariz, como ele costumava fazer quando eu tinha cinco anos. Mexi a cabeça e revirei os olhos, não conseguindo esconder o sorriso que escapava de meus lábios.

Fui para meu banheiro, e pensei que se não fosse por meu irmão, a vida não valeria a pena ser vivida.


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Notas finais do capítulo

o.O E agora tem o jantar com a nova madrasta. Spoiler do nome:
"Como o almoço na escola" O que vocês acham?
Beijos flores



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