O Despertar de Um Anjo: Pesadelo escrita por Mara S, Kelly S Cabrera


Capítulo 8
O que me Pertence




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            Vergil olhou para trás transtornado. Ele não sentia a presença do demônio.

            - Impossível! – Vergil disse estupidamente.

            - Você não me sente?

            - Não.

            - Como imaginei. Você merece algumas explicações. Sua metade demoníaca foi tirada de você por Mundus, sua espada e amuleto por Dante. Seu irmão achou que você estava morto, ou talvez quisesse acreditar nisso, então entregou Yamoto para meio-demônio Nero. Tudo que você precisa para se fortalecer está com ele.

            - Menos minha alma. – Vergil ironizou.

            - Eu lhe mostro o caminho para encontrar Nero, será melhor para você fazer isso, a maior parte de seus temores irá desaparecer.

            - E meu amuleto? – o ódio de Vergil aumentava a cada instante

            - Seu amuleto fundiu-se com o de Dante formando a espada Sparda. Sim, Vergil – Ishyros continua ao ver o olhar de espanto do meio-demônio. – Muitas coisas aconteceram desde seu desaparecimento. Mas a espada não está com Dante, ele entregou para um demônio idêntico a sua mãe. Segundo ele, é a única pessoa confiável que pode sustentar aquela espada.

Vergil derruba um vaso que estava em uma das mesinhas de canto.

- Por que você me salvou? – sussurra encarando Ishyros, ele estava furioso.

- Quando soube o que houve com um dos grandes filhos de Sparda, o único que não negava sua origem, o único capaz de ter seus feitos igualados ao do pai ou até mesmo superados, tive que ver com os meus próprios olhos se a sua morte era verdadeira. Não acreditei na história. Com meu poder demoníaco consegui encontrá-lo, perdido entre o mundo dos homens e o inferno, preso por Mundus. Obviamente só consegui tirá-lo de lá depois de mostrar meu valor para o grande senhor do submundo.

Ishyros se aproximou de Vergil que estava sentado em uma cadeira fitando o chão de mármore.

- Há muitas coisas que você precisa saber, mas tudo em seu devido tempo. Por enquanto nós devemos nos preocupar com sua reabilitação. Você ficou muito tempo desacordado, podemos dizer que você renasceu.

- Tenho muitas coisas para resolver. Essa casa é sua?

- Sim. Estamos seguros. Vergil, você não pode deixar que esqueçam quem você é. -

Ishyros sentou em sua mesa de trabalho e entregou para Vergil uma pequena folha de papel.

- Aqui está a localização de Nero, meus informantes dizem que ele costuma visitar esse culto com freqüência. Fica em outra cidade, acredito que até que esteja recuperado deva ir com alguém.

- Quem?

- Meu motorista irá levá-lo até as redondezas do templo. De lá você segue sozinho. Não creio que chamar muita atenção agora seja interessante.

            -Não é...

            - Sim, é necessário Vergil. Não tenha tanta pressa para começar sua vingança.

Ishyros acompanhou Vergil para fora de sua sala.

- Vergil, talvez não iremos nos encontrar tão cedo, pois sinto que seu irmão irá me ver logo, mas não se preocupe com ele, o manterei seguro até seu retorno. Ele não desconfia de nada.

            - Dante sentirá minha presença, assim que me recuperar totalmente.

            - Claro. Mas ele não saberá de nossa união. Tudo caminhará como planejado. E no momento certo você e eu nos encontraremos novamente. – Ishyros disse isso e conversou com um homem de terno perto de uma das diversas portas do corredor.

            - Este homem está a seu dispor. Ele te levará até o local planejado. – o demônio desapareceu de vista. Deixando Vergil sozinho com o homem de terno.

            Vergil olhou o papel dado por Ishyros mais uma vez e o amassou com ódio.

            - Nero...

 

 

Nero estava mais uma vez ouvindo Kyrie cantar, abrindo mais uma vez o culto voltado a Sparda, o demônio que salvou a humanidade.  O culto havia voltado ao normal, sem nada de demônios querendo alguma coisa. Ele fez questão dessa vez ver quem seria da guarda que protegeria as pessoas da cidade e conseqüentemente do culto.

            Suspirou. Apesar de ter pegado gosto pela musica que Kyrie sempre cantava ao abrir o culto, ainda achava aquilo o pior castigo que alguém poderia dar. Resolveu então dar uma volta.

            Assim que saiu do salão central da catedral, sentiu algo estranho, como se alguma coisa tivesse se desprendido dele.  Olhou para seu braço que brilhava intensamente avisando que havia alguma coisa errada por ali, ou melhor, alguém. Rolou os olhos pensando por alguns instantes se não era novamente Dante querendo avisar que alguma coisa estava acontecendo debaixo de seu nariz e ele não estava vendo.

 

            Vergil andava calmamente pela cidade. Finalmente sua alma demoníaca havia retornado o fazendo sentir as pessoas e o meio-demonio que estava alguns metros dali. Sorriu internamente, não havia sido tão difícil recuperar sua porção demoníaca, seu poder ainda era intenso, pois sua alma voltou a ele assim que ele chegou a poucos metros de distância de Nero, como duas coisas que não conseguem ficar separadas por muito tempo. Logo, logo teria a única coisa que estava com o garoto. Sua Yamoto.

            O céu estava azul, sem nuvens, quando Nero finalmente saiu da grande catedral. Ele sabia que havia algo muito estranho. Caminhou alguns metros até que escutou uma voz.

            -Acho que você está com algo que pertence a mim, garoto – Nero não conseguiu evitar a cara de surpresa. A sua frente estava a cópia de Dante, a única diferença era o cabelo penteado para cima e uma estranha áurea azul que o estranho emanava.
- Você não é a pessoa que esperava encontrar. – Nero fala ainda um pouco assustado.

            - Apenas um garoto – Vergil sorri triunfante. – Um garoto que roubou minhas coisas, Dante já achou um substituto para mim?

            Nero correu para tirar a espada da bainha, mas foi surpreendido por Vergil que estava a poucos centímetros de seu rosto com um ar demoníaco.

            - Você quer isso? – Vergil segura sua espada com paixão.

- Como? – Nero pergunta chocado.

            - Será que Dante o treinou o suficiente? – Vergil segura o pescoço de Nero com força e o ameaça com sua espada. – Você sujou minha espada e utilizou meu poder demoníaco – Vergil sussurra.

            Nero derruba Vergil com um soco dado pelo seu braço demoníaco. Com a mão normal ele retira sua espada original.

            - O garoto tem suas surpresas... – Vergil o encara e com destreza e agilidade o derruba com a Yamoto e pega no ar a espada do jovem Nero. Sorri de satisfação e sem hesitar atravessa a espada no ombro de Nero. Com Yamoto ele pressiona o pescoço do jovem que emitia gemidos de dor.

            - Eu não irei de matar, não por piedade, mas porque quero que você diga para Dante quem voltou.

            Vergil desaparece com extrema rapidez da frente de Nero, que ainda tentava levantar-se.

 

 

Trish estava olhando fixamente Ishyros desde a hora que Dante desapareceu alegando que tinha algo pra fazer. Pra piorar a situação ele havia deixado Lara com ela dizendo que ela poderia dar “conta do recado”. Trish suspirou e olhou pra Lara que estava vendo uma revista, mas prestando muita atenção em tudo a sua volta. “Talvez ela de conta mesmo”. Trish pensou enquanto via Ishyros na janela e esperando alguma coisa acontecer.

 

 

            Dante caminhava pela cidade não tão calmo. Ele sabia que Ishyros escondia alguma coisa, e não era boa.  Assim que voltasse pra Devil May Cry iria arrancar tudo daquele demônio fajuto, nem que pra isso teria que mandar a Lara torturá-lo junto com a Trish. Além de um outro problema gravíssimo, ele estava sentindo a presença do irmão morto, o que era impossível, já que ele estava morto. Mas mesmo assim preferiu conversar com Nero e alertá-lo de um perigo eminente.

            Dante só parou de caminhar ao ver o jovem meio-demonio a sua frente com sua “namoradinha”

            -Não vou participar de culto algum – Dante respondeu de imediato.

            -A espada não está comigo – Nero disse vendo Dante, que havia voltado a caminhar, parar de novo.

            -Como você consegue perder uma espada, garoto? – Respondeu, com sua incerteza aumentando. O que ele temia já tinha acontecido.

               -Eu não perdi! – O jovem respondeu – Me roubaram. – Nero lembrava amargamente da humilhação e do sorriso vitorioso do gêmeo de Dante. Ainda lembrava-se de suas palavras Eu não irei de matar, não por piedade, mas porque quero que você corra para Dante e diga quem voltou. – Ele era parecido com você – Completou.

             -Isso era o que eu precisava ouvir – Dante disse – Pode voltar pra casa agora, garoto.

             -Nem morto! – Replicou – Ele roubou a espada de MIM. Eu vou atrás dele – Dante não deixou de rir.

               -Você tem coisas mais importantes pra fazer – Dante olhou para Nero e logo em seguida pra garota que o acompanhava. – Volte pra casa, afinal de contas a espada pertencia a ele mesmo – Sorriu deixando os dois sozinhos.

               Kyrie segurou o braço de Nero impedindo de seguir o outro meio-demonio, o convencendo que o melhor eram eles realmente voltarem para sua cidade.                                   Dante abriu a porta furiosamente assustando a todos que estava dentro do recinto.

               - Vocês duas. Quero conversar com vocês. Podem deixar ele aqui sozinho, ele não vai tentar nada.

               Lara e Trish se olharam assustadas, mas decidiram seguir Dante.                - Você Ishyros, não tente fazer nenhuma bobagem. – Trish apontou para o demônio que apenas piscou.

               As duas encontraram Dante sentado na escada que levava para os andares superiores.

               - Vergil voltou.

               - O quê? – Lara e Trish perguntaram ao mesmo tempo.

               - Mas ele estava morto, isso é impossível! – Trish encarou Dante, esperando que ele apenas dissesse que era uma brincadeira.

               - Não é impossível. Todo esse tempo eu achei que meu irmão estava morto. Mas alguém ou algo o descobriu, porque creio que ele sozinho não teria força suficiente para sair de onde ele estivesse.

               - Você sentiu a presença hoje e foi atrás do seu irmão? – Lara perguntou.                - Sim eu senti, mas não, eu fui atrás de Nero.

               - Quem é Nero?

               - Nero é um jovem meio-demônio que recebeu de Dante a espada de Vergil, como presente. – Trish apressou-se em dizer.

               - Eu cheguei tarde demais. Vergil já tinha conseguido pegar o que ele precisava.                - Ele matou Nero?

               - Não Trish. Conhecendo meu irmão, ele quis humilhar o garoto. Agora, ele está restabelecido, tem sua espada, sua alma demoníaca. Ele não precisa de mais nada para iniciar uma guerra. Aliás, ele precisa de mim. Está me chamando – Dante apontou para sua cabeça.

               - Espere um instante. – Lara disse colocando às mãos no ombro de Dante – Você disse que sozinho Vergil não conseguiria retornar... E se Ishyros o ajudou?                Dante e Trish ficaram calados olhando para Lara.

               - Veja bem, não é tão absurdo assim, o Ishyros decidiu nos ajudar e se ele na verdade quer é levar você até seu irmão, Dante? Além do que, estranhamente seu irmão decidiu aparecer bem agora que Ishyros preferiu ser bondoso, é muita coincidência. Talvez ele esteja pensando em usar Vergil contra Agla...

               - Temos que ver onde está Vergil, se for isso mesmo que Ishyros quer. – Dante disse ainda desconfiado.

               - Que tal começarmos pela cobertura de Ishyros? Talvez haja algo lá que nos leve até Vergil, Se ele não destruiu nada, claro. Deve estar vazia, se ele confia demais no que está planejando ele não imagina que iremos lá. – Lara sorri sombriamente.                - Lara, eu não sei o que seria sem você – Dante levantou-se. – Trish, você pode ficar aqui tomando conta de Ishyros?

               - Ele não pode desconfiar de nada...

               - Fale pra ele que eu vou levar a Lara pra tomar café da manhã.

               - Muito inteligente. – Lara ironizou.

               - Você tem uma idéia melhor?

               - Esquece Dante. Vamos. – Lara disse enquanto caminhava para a porta.                - Ishyros, se comporte na minha ausência – Dante disse sério para o demônio. – Eu autorizei Trish a fritar seu cérebro se você ameaçar qualquer coisa.

               - Não tenho porque me rebelar. – Ishyros disse com humor.

               - Eu tenho certeza que não – Lara completou assim que cruzaram a porta da entrada.

               - Mais uma viagem de moto? – Dante apressou-se para montar no veículo.                - Porque não.

                 Chegaram à cobertura usando novamente as habilidades de Dante.                - Ah! Você é mais pesada que imaginava!

               - Oh Dante! Deixe de infantilidades agora. – Lara reclamou enquanto pulava o teto.

               - Estou sendo sincero. – ele continuou a seguindo.

               - Você sabe como agradar uma mulher – Lara pulou os escombros e caminhou até a porta que levava ao escritório de Ishyros.

               - Na verdade eu sei, só que existem mulheres que não gostam de serem agradadas.

               - Acho melhor nos separarmos. Você vê o quarto e eu o escritório. – Lara disse impaciente.

               - Foi como eu disse – Dante reclamou enquanto procurava a porta do quarto de Ishyros. – Mulheres...

                 A busca foi longa. Lara revirou todo o escritório de Ishyros e não encontrou nada que pudesse levá-lo até Vergil. Encontrou Dante ainda revirando o quarto do demônio.

               - Não teve sucesso?

               - Não. Vou ver os outros cômodos.

               - Espere! Olhe o que achei...

               Lara olhou na mão de Dante, ele segurava um pequeno papel com diversas datas e descrições médicas.

               “Anotações sobre paciente III: apresentou melhores consideráveis nos últimos dias, após um período de coma de duas semanas. O homem não se lembra quem seja (é preciso trabalho redobrado). Obs: paciente perigoso, apesar de ainda não apresentar traços demoníacos.                  - Será que é seu irmão?

               - Sem maiores informações úteis.

               - Você encontrou isso aonde?

               - Nessa caixinha, sem cadeado nem nada.

               - Vamos continuar procurando.

               Lara entrou na suíte e sem muita cerimônia jogou todo o lixo no piso. A lixeira estava vazia, exceto por um pequeno pedaço de papel amassado com uma caligrafia muito bonita.

               “Encontre-me no Lago Lumsk”

               - Dante, só encontrei isso. Você sabe onde fica esse lago?

               - Sim... é cercado por um condomínio fechado. Coisa de milionário.

               - Uhn... Só temo isso, por enquanto. Ele deve ter alguma casa lá.

               - Espere, eu tenho certeza que vamos encontrar alguma coisa mais certa.                - Certo.

               Lara saiu do quarto. Enquanto Dante procurava desesperadamente alguma pista, depois de olhar pela terceira vez o armário encontrou no chão um alçapão. Abriu com um soco e tirou de lá uma caixa de metal.

               - Agora está ficando quente. Dante abriu a tranca com pouco esforço e pensou que aquele demônio queria viver mesmo como humano. Usava até os truques de seguranças dos mesmos. De dentro da caixa tirou diversos documentos, coisa sem utilidade para o momento. O último papel, no entanto, era de extremo valor. Era um pequeno recado.

               “Sua mansão no lago Lumsk é o local perfeito para um refúgio, foi construído da maneira ideal. Longe de qualquer tipo de inconveniente da cidade.” Dante levantou-se e encontrou uma Lara agachada na sala, procurando informações em uma peça e madeira antiga.

    - Lara? Acho que o lago Lumsk é o local.

               - Como eu disse?

               - É... Como você disse. – Dante falou contrariado entregando o papel que tinha encontrado.

               - Então, temos apenas esse nome. Precisamos arriscar.

               Lara entregou o papel para Dante e começou a caminhar para fora da cobertura.                - Você ainda acha que foi um erro?

               Lara parou abruptamente e encarou Dante.

               - Do que você está falando?

               - Eu precisava te perguntar isso, estava entalado na minha garganta.                Lara entendeu a pergunta de Dante, só não sabia o porquê dela nesse momento.                - Dante, agora não.

               - Me responda logo Lara, eu preciso saber e eu não falo mais disso.                Lara suspirou profundamente e disse escolhendo bem as palavras.

               - Sim, aquilo não deveria ter acontecido. Não porque eu achei que foi uma perda de tempo, mas porque eu não quero me machucar de novo e negar o que fizemos vai ser o melhor jeito. Desculpe Dante, mas as coisas foram para um caminho que eu não queria que fossem.

               - Não era o que eu queria ouvir – suspirou – Vamos logo atrás dessa mansão. – Dante completou tomando a frente.

               Lara ficou um tempo parada, infelizmente fora necessário ter dito aquilo.

 


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