-Lynn! Acorda que hoje vai ser demais!- ouvi minha amiga falar quando abri meus olhos. – Vamos sua preguiçosa! Hoje sua irmã me disse que vamos ao cinema.Levanta!- então eu decidir me sentar, ainda um pouco zonza perguntei:

- Que horas são?

- Onze horas, acorda logo pra a gente almoçar e ir logo! – ela puxou meu cobertor e me deu um peteleco na cabeça.

- Ai – exclamei enquanto colocava a mão sob o local que ela tinha me agredido. – Já to indo.- fui como um zumbi em direção ao banheiro. Ainda com os olhos fechados tirei minha roupa e entrei no chuveiro. Depois de 10 minutos, que pareceram segundos, Poline bateu na porta impaciente.

-Amber, chega! Vai acabar com a água do planeta. – Desliguei e me sequei. Lembrei de ter me encontrado com o Harry ontem,mas parecia que tudo aquilo fora um sonho.  Tinha passado a noite inteira em claro pensando no que eu devia ter falado. Quando deram quatro horas da manhã me convenci que eu tinha dado uma resposta boa e consegui dormir. Vesti uma roupa mais arrumadinha e desci as escadas com Tracy em meu encalce.

- Finalmente ela acordou! – minha mãe disse me abraçando. – O almoço já esta servido! – então todos nos sentamos na mesa. Não comi quase nada, tinha acabado de acordar e estava sem um pingo de fome, sabia que a tarde eu atacaria uma pipoca no cinema. Então brinquei um pouco com a comida até todo mundo terminar.

- BORA LOGO! SE NÃO VAMOS PERDER O FILME!- minha irmã disse quando olhou para o relógio. Fiquei grata a ela, pois queria ir logo ver o filme assim minha tarde passaria rápido. Só que o que eu mais temia aconteceu. Quando estávamos na porta prestes a sair minha mãe me perguntou:

- Sabe quem esta na cidade? – ela parecia cuidadosa, medindo cada palavra. Eu assenti com a cabeça e a dei um olhar fulminante para parar por ali. Não queria ela comentando do Harry perto da Tracy. Me apressei e desci as escadas em direção ao carro. Quando todas estávamos dentro minha amiga disse:

-Porque a gente vai de carro? As coisas são tão perto por aqui. – era verdade. O cinema era apenas dez minutos andando, mas eu não podia correr o risco de trombar com o Harry pela rua de novo.

- Poline disse que estávamos atrasadas... Então de carro é mais rápido. – inventei uma desculpa rápida, mas que serviu.

- Eu tava mentindo... o filme é só daqui a 40 minutos. – ela falou dando risadinhas e vendo qual seria a minha reação. Fiquei com vontade de beija-la, ela tinha me salvado de ir andando e de ficar mais tempo em casa.

- Agora já estamos no carro e vamos chegar em dois minutos. – falei prestando atenção na rua.

-Na velocidade que você ta a gente só vai chegar amanhã. – Poline me zombou, mas era verdade eu estava andando a 50 km/h.

- É questão de segurança, tem muita criança na rua. – expliquei e decidi ficar calada pelo resto do caminho. Quando chegamos o estacionamento estava cheio, então colocamos o carro um pouco longe da entrada, mas nada demais. Fomos andando até  o shopping que parecia estar lotado.

- Estranho o shopping ta lotado. - minha irmã disse quando entramos na praça de alimentação.

- Muito estranho... - digo desconfiada olhando para todos os lados.

- Só não se... AI MEU DEUS. ELE TA AQUI!- Minha irmã gritou correndo em direção a uma multidão de pessoas amontoadas na frente de um dos fast foods.

- Ele quem? – Tracy perguntou confusa.

- Harry- eu sussurrei e dei um longo suspiro.

-STYLES? HARRY STYLES TA AQUI? – eu assenti com a cabeça e minha amiga me puxou pelo braço para a multidão. Tentei me desvencilhar, mas ela parecia estar com as unhas encravadas em meu braço. Quando chegamos lá vi uma cena que nunca vou esquecer. Poline tinha pulado em cima de Harry e estava o abraçando com as pernas envolvidas em seu corpo. – Sua irmã? O que ela ta fazendo?- Tracy parecia estar horrorizada.

- Poline! Quantas saudades! – ele falou e a colocou no chão. Quando levantou a cabeça me viu no meio da multidão provavelmente estática. Ele não sorriu, apenas me encarou.

- Ele ta olhando pra cá, Lynn! – Tracy começou a dar gritinho e pular de alegria. Harry entrelaçou a mão de Poline na dele e atravessou a multidão.

- Pessoal, amanhã eu prometo que a gente marca para eu dar autografo pra todo mundo, mas agora eu vou passar um tempo com minha cunhadinha. – COMO É QUE É? ELE CHAMOU MINHA IRMÃ DE CUNHADINHA? QUEM ELE PENSA QUE É? POLINE NÃO É MAIS CUNHADA DELE TEM UM BOM TEMPO. Parece que eu não fui a única a perceber. Tracy de confusa passou para surpresa e ficou me encarando, mas eu não consegui olhar para ela.

- Como assim cunhada? – ela perguntou como se quisesse confirmar alguma suposição.Eu não a respondi, mas Harry e Poline já estavam vindo em nossa direção e a multidão se esvaindo.

- Amber, porque não me contou que ele estava aqui? – minha irmã disse colocando a mão livre da cintura.

- Eu... não achei que fosse necessário. – falei com desdém, até parece que eu devia satisfação a ela.

- Bom, mas era. Eu e Harry somos amigos até hoje. Sempre nos falamos... – para tudo. O Harry e minha irmã? Olhei para Tracy que ainda parecia confusa, mas não conseguia disfarçar a admiração por meu ex. – Tracy? Você ta legal? Fala alguma coisa...

- Vamos embora. – eu disse pegando no braço de minha irmã e a outra mão o braço de Tracy.

- Acabamos de chegar! – Poline exclamou se desvencilhando de mim.

- Então vocês duas vão no cinema e quando acabar me ligam. Eu vou embora. – eu disse me virando e quase indo correndo em direção a saída. Quando entrei  no carro senti as lagrimas escorem pelo meu rosto. Como ele pode? Depois de tudo isso ainda continua falando com minha irmã? Dei partida, mas percebi o tamanho da besteira que faria se dirigisse assim e resolvi voltar andando. Para falar a verdade eu fui correndo, com lagrimas molhando todo meu rosto. Estava entrando no meu quarteirão quando tropecei na calçada e cai no chão. Comecei a chorar mais ainda. Meu joelho latejava e fiquei com medo de abrir os olhos e ver o tamanho do estrago e fiquei lá deitada no chão com os olhos fechados. Devo ter ficado por uns três minutos até que ouvi.

- Amber? – a voz de Celine parecia ser protetora e ela se agachou do meu lado. –  O que aconteceu? –  minha melhor amiga, finalmente ao meu lado, se importando comigo. Ela percebeu que eu não tinha condição de falar e me colocou dentro de seu carro e me levou para sua casa. Quando chegamos lá eu já estava mais calma, mas ainda soluçava. Tudo estava do jeitinho que eu tinha deixado. Ela me levou até a cozinha onde fez um curativo no machucado do joelho. Me deu um copo de água e finalmente perguntou:

- Pode me dizer agora? – os grandes olhos verdes me encaravam exatamente do mesmo jeito que faziam há quatro anos.

- O de sempre. – eu falei assim como eu teria falado quando éramos amigas. Problemas com Harry eram sempre o porquê de eu estar chorando. Ela levantou as sobrancelhas e deu um sorrisinho.

- Ainda? – ela disse se encostando na bancada.

- É que ele me tira do sério. Acredita que todos esses anos ele estava em contato com minha irmã? – falei indignada.

- Amb, isso já tem muito tempo... Já nem tem como explicar. – ela disse meu apelido, ai meu deus, o que ta acontecendo aqui?

- Cel, por causa dele eu me distanciei de todo mundo. – falei com os olhos em lagrimas. Iria chorar de novo.

- Para de ser chorona- ela disse vindo até mim e passando o dedo nas lagrimas que escorriam. Eu dei risada e disse:

-Eu sinto sua falta.

- Eu também. Até hoje não me perdoou por ter estragado tudo com você – ela diz me surpreendendo.

- Estragou? A única culpada fui eu! Dei mais importância a um menino idiota do que a você.- ela pareceu pensar a respeito, mas retrucou:

- É. Só que era meu dever estar ao seu lado sempre. Ontem quando te vi com aquela menina fiquei com tanto ciúmes que você não tem noção. – Eu sorri e a abracei.

- Promete sempre estar aqui? – digo a apertando.

-Prometo. – ela falou, quando nos distanciamos ela estava com os olhos cheios d’água. Coisa rara para Celine.

- Eu vou pra casa... Minha irmã deve ter ligado para minha mãe e não quero deixa-la preocupada.- eu disse indo em direção a saída.

- Certo, eu te ligo para a gente fazer algo mais tarde.

- Meu número é...

 -Eu sei o numero de sua casa de cabeça até hoje. –ela disse abrindo a porta para mim.