Sue estava na cozinha, preparando o que eu pude deduzir que seriam rosquinhas. Senti que o cheiro da Leah estava presente ali, mesmo ela não estando em casa, mas o cheiro do Seth estava quase desaparecendo. Sinal de que ele não vinha ali há algum tempo, Sue não me diria onde o Seth estava mesmo que eu perguntasse, então fui até a uma árvore próxima à janela dele e pulei em seu quarto. Tudo estava na mais perfeita ordem, mais um sinal de que o Seth não passava por ali mesmo.

Fui em direção de seu computador e o liguei. Mexi em suas pastas, em alguns arquivos, mas não encontrei nada. Já iria desistir até que em um pequeno rascunho do Windows, li o seguinte texto:

“É sábio saber se afastar daquilo que se ama e deixar que este seja feliz, mesmo que não seja com você. Amar é saber abrir mão, porém acima de tudo, amar é saber levar, não deixando que o alvo sofra com as suas atitudes.”

Nunca pensei que o Seth pudesse pensar desta forma. E afinal de contas, Quem é a pessoa que ele ama? Por Deus! O que houve com o garoto legal que levava tudo numa boa e nunca se abalava? Bom, pelo visto, acho que ele cresceu.

Por mais que eu queira procurar o Seth, ajudá-lo, dizer que tudo ficará bem, não posso fazer isto. Por um motivo explicito, ele quer ficar sozinho. Ele quer esquecer sabe- se lá Deus quem, mas quer esquecer sozinho. Se tem uma coisa que eu sei a respeito do Seth é que nada que ele faça será por uma razão qualquer. Absolutamente tudo que ele faz tem uma razão. E se ele partiu sem se despedir de mim ou sequer me dizer para onde é que ele iria, o mais correto com ele a se fazer será esperar. Deixar que ele fique só, já que é isto que ele quer. E então quando ele estiver pronto para voltar e me dizer o que houve com ele, eu vou estar aqui para escutar. Como sempre.

Pude ouvir que a Sue estava subindo as escadas então em velocidade vampírica, deixei tudo da forma que eu havia encontrado. Pulei a janela e me escondi nas árvores.

–Nossa que estranho, jurava que tinha deixado esta janela fechada. – Sue falou de dentro do quarto do Seth. Ela maneou a cabeça, fechou a janela e saiu do quarto.

Coloquei meus pensamentos em ordem e fui em direção á casa do Charlie. Seguiria em frente já que se tornou o mais correto a se fazer.

****

A rua conhecida de Charlie logo tomou conta do cenário. Eu estava realmente com muitas saudades dele. A última vez que o vi, eu aparentava ter uns dezesseis ou dezessete anos, por ai. Como será que ele ficaria a me ver? Bati duas vezes na porta e logo um homem de meia idade atendeu.

–Meu Deus! Nessie é você minha pequena? – Charlie perguntou surpreso.

–Oi Vovô – Respondi.

–Nessie minha querida! - Charlie disse me dando um forte abraço – Que saudades de você!

–Eu também estava com saudades vovô.

–Venha, vamos entrar. – Ele disse. Passei pelo batente da porta e me dirigi até a sala. – Sue chaga daqui alguns minutos, e Billy também provavelmente. Hoje tem jogo. Ri da sua expressão animada. – Leah está no banheiro desce daqui alguns minutos.

–Obrigada vovô.

Logo Leah desceu. E me lançou um olhar carregado de preocupação e alívio.

–Vovô, estou no quintal com a Lee! – Disse.

–Tudo bem. Quando o almoço estiver pronto, chamo vocês. –
Vovô gritou da cozinha.

Leah e eu nos dirigimos até o quintal e quando a floresta já estava próxima eu finalmente abri a boca.

–Pode chingar à vontade. – disse

–Não tudo bem. Eu sei onde você estava.

–Sabe? Como?

–Eu tinha ido ao mercado pra minha mãe àquela hora, então quando eu voltei senti o seu cheiro no quarto d Seth. Me desculpe Nessie, mas eu realmente não posso falar. – Leah disse num suspiro pesado.

–Ok. Eu estou bem. Acho que já percebi que ele quer ficar sozinho, então eu vou respeitar isso. Sinto muito por ele Lee. Eu sei que apesar das brigas, você o ama de mais. – Falei. Ela endireitou a cabeça e falou

– Tudo bem Ness, eu sei que ele volta. – Dei um riso compreensivo e a abracei.

–MENINAS! A SUE CHEGOU! – Charlie gritou de novo.

–Coitado do Charlie, se ele soubesse que até um sussurro nós somos capazes de captar, ele ficaria meio sem graça por ficar se esgoelando toda hora. – Leah falou amenizando o ambiente.

–Vem logo, vamos ajudar a sua mãe. – Falei puxando ela comigo para dentro da casa.

***

Duas batidas na porta, e fizeram ouvir melhor quem estaria do lado de fora. Um coração batia numa velocidade mais rápida do que um humano.

–Oi Jake! – Vovô disse

–Oi Charlie!- Jake disse e pude ouvir que ele pegou meu avô num abraço de urso, ou melhor, de lobo.

–Como você está? – Charlie disse.

–Muito bem, e com fome. – Ele disse fazendo meu avô, Leah e eu rirmos.

–Desabrigado – Leah sussurrou. Dei um tapa no seu ombro e ela ficou quieta.

–A Nessie está? – Ele perguntou.

–Tá na cozinha. Vai lá. O almoço vai ficar pronto logo, logo.

–Valeu.

Jake chegou bem animado na cozinha, mas logo isso mudou quando ele viu que eu não estava sozinha na cozinha, ou seja, nada de beijo agora.

– Oi Sue. – Ele disse meio muxoxo, o que me fez segurar o riso.

–Oi Jake. Quais são as novas?

–Bem, logo, logo vocês vão saber. –Ele disse já se animando.

–Hmmm mistério... – Ela disse e depois deu uma gargalhada. – Vai lá cortar aqueles pimentões pra mim. Mas lava a mão antes! – Sue disse.

–Tudo bem.

–Ai droga, esqueci o tempero no carro. Leah fica de olho na panela enquanto eu vou buscar. – Sue falou.

Assim que ela virou as costas, Jake veio em minha direção e me beijou. Eu subi a minha mão pelo seu peito e comecei a mexer nos seus cabelos, enquanto ele colava ainda mais os
nossos corpos, suas mãos subiam e desciam pelas minhas costas. Ele estava tão quente, tão irresistível... Mas eu me lembrei de que estávamos na casa do Charlie! Que ele tinha uma arma e que eu era neta dele! Parei de beijá-lo e separei nossos lábios, verificando se ninguém havia visto, depois sussurrei.

–Você ficou louco?! E a Sue ou o Charlie visse? – Ele estava sorrindo, tão lindo! Eu amava aquele sorriso.

–Desculpe, mas eu não aguentei! Você é irresistível de mais... – Ele sussurrou de volta me fazendo rir.

–Está bem. – Eu respondi lhe dando um selinho – Eu também não resisti. – Confessei o fazendo gargalhar. Pude ouvir a porta se abrindo e Billy entrando na sala. Nos separamos rapidinho, mas Jake ficou do meu lado.

–A gente vai contar né? –Ele me perguntou.

–Eu to com medo. – Disse

–Medo? De que? – Ele perguntou incrédulo. Ele me conhecia e sabia que eu não era de ter ataques de medo.

–Medo de que você leve um tiro, ou que seu pai não goste nada, nada disso. – Falei.

–Nessie meu amor, não se preocupa. O meu pai adora você! E quanto ao tiro... Bem, digamos que eu sou resistente. – Ele disse.

–Jake, o seu pai pode não gostar de ver o filho dele, namorar com alguém que tem uma parte de si, que é de um... Um frio. – Falei.

–Meu anjo! Você mudou a forma do meu pai ver tudo isto. Ele sempre diz que o que diferencia um homem bom de um ruim, é o caráter. Ele disse que você não tem o caráter de um frio. Ele vai adorar! – Jake disse.

–se você diz...

–eu tenho certeza meu amor - ele disse envolvendo minha cintura. - É impossível alguém não gostar de você.

Depois do almoço, Fui para o sofá e meu lobinho se sentou ao meu lado. Quando todos se acomodaram, ele sussurrou no meu ouvido “Lembre-se de respirar”.

–Pessoal, eu queria falar uma coisa com vocês.

Charlie se virou para o Jake, assim como todos que estavam na sala.

–É que eu queria que vocês soubessem o motivo da minha alegria. – Jake falou sorrindo – Charlie pense direito no que você vai fazer, e pense um pouco que eu estou mais feliz do que nunca.

–Você se meteu em alguma enrascada Jake? – Vovô perguntou estreitando os olhos.

–Acho que enrascada você pode considerar a pessoa que será meu sogro. – Jake disse rindo.

–O que? Quer dizer que você se arranjou Jake? – Charlie disse sorrindo.

–É.

–Mas que beleza! Pois então, quem é a sortuda? – Vovô falou.

–É ai que esta Charlie, o sortudo foi eu, por que... Bem, a Nessie e eu estamos namorando. – Jake terminou.

Sue deu um grande sorriso, e eu poderia jurar que Billy teria um treco! Os olhos dele se
iluminara de uma forma tão impressionante que eu nunca achei possível. Ele abriu um sorriso enorme, enquanto meu avô estava olhando para o nada em estado de choque.

–Sério filho? Você e a Ness? – Billy perguntou.

–É pai. A gente tá namorando. – Jake disse.

–estou orgulhoso de você filho! Vem aqui e dá um braço nesse seu velho pai. – Jake ficou tão feliz! Foi abraçar o pai dele com tanto entusiasmo- Ela vai te dar trabalho, é tão linda – Billy disse me fazendo rir.

–É eu sei- Jake falou contente.

Enquanto todos comemoravam, eu não conseguia tirar os olhos do meu avô. Ele não moveu um músculo sequer todo este tempo.

–Vovô, você esta bem? – Eu perguntei estalando os dedos na frente dele. Todos ficaram mudos. Charlie piscou algumas vezes e abriu a boca, mas não saiu nada. Quando ele finalmente encontrou a voz, disse:

–Você e o Jake? – Ele me perguntou

–É. – Eu respondi.

–Mas... Você sabe o que ele pode ser quando chega à lua cheia? – Vovô perguntou. Eu segurei o riso, mas Leah não se aguentou e começou a rir, assim como o Billy.

–É eu sei. – Respondi.

–E o que você acha disso? – Vovô perguntou.

–Pra falar a verdade... Eu acho muito fofo. – Ai que Leah começou a chorar de rir, junto com o Jake.

–Fofo?! Você já viu o tamanho daquele cachorro? E aqueles dentes... – Vovô disse parecendo se lembrar de algo nada agradável.

–Vovô, eu amo ele e ele me ama. Então o que tem demais em a gente ser feliz juntos? – Perguntei do meu famoso estilo cachorro sem dono. Vovô suspirou, olhou para mim e para o Jake e suspirou de novo. Logo depois, chamou o Jake pra um abraço.

–Parece que eu não tenho escolha não é mesmo? Você é oficialmente da família Jake. – Charlie disse fazendo com que todos rissem.

Mais tarde, Sue, Leah e eu fomos fazer um café. Os homens ficaram na sala. Agucei meus ouvidos para escutar a conversa de lá.

–Quem diria hein Billy? A minha neta com o seu filho! – Charlie falou.

–É as coisas ficaram bem inusitadas de uns tempos pra cá. – Billy respondeu.

–Eu pensei em como fazer a Nessie desistir disso, ai falei do cachorrão. – Charlie falou fazendo Leah e eu gargalharmos.

–Você esta louco? Querendo me tirar a nora dos sonhos? Que amigo você é hein Charlie! – Billy falou indignado. Pude ouvir Jake rir.

– Nora dos sonhos? – Charlie perguntou sem entender

–É. Ela sabe cozinhar, faz meu filho feliz e não grita por causa de baratas. A nora que qualquer um quer ter! – Billy respondeu. Não pude deixar de rir com isso. - Eu não sei se você percebeu mas eu nunca vi o Jake tão feliz! É só ele ver a Ness que os olhos dele brilham! – Charlie suspirou como quem desiste.

–É eu não posso culpá-lo de todo. A Nessie está linda! Viu aquilo? – Charlie disse.

–Eu to falando, esse garoto ainda me mata de orgulho Charlie. – Billy falou

Fui fazer outra coisa, porque eu já estava ficando mais corada que não sei o que com aquela conversa.

–Parabéns! – Leah me disse sorrindo.

–eu achei que você não aprovasse. – Falei

–Está brincando? Eu nunca vi você e o Jake tão felizes! Eu só não gosto da melação. – Ela disse fazendo careta.

–Obrigada. – falei rindo.

– Vocês formam um lindo casal Nessie, perfeitos um para o outro – Sue falou.

–É, até porque o Jake é muito fofo né Nessie?! – Leah disse me provocando.

–Há, há. Ele é sim, mas é MEU fofo. MEU. Eu não quero saber de ver você chamando ele assim. Estamos conversadas? – Falei fingindo nervosismo e segurando o riso, enquanto Lee fazia o mesmo.

–Pode deixar não me meto mais com você! Uuuuu que medo dela. – Ela falou. Nós rimos. Típico da Leah, me provocar.