My Dear Devil escrita por ana_christie


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Oi, minna! Desculpem a demora, mas minhas duas últimas semanas foram atribuladas... Estou me preparando para uma viagem internacional, além de que foram dias estressantes no trabalho. Mas aqui está mais um ótimo capítulo escrito com todo carinho por nossa querida Naonix! Espero que gostem!



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Quando acordei, minha cabeça fervia, meus olhos doíam de tanto chorar e também por culpa da febre.

Ohhh minha cabeça...

Mas a única coisa que eu tinha em mente era Mando-chan.

Mal consegui dormir à noite pensando no que poderia ter acontecido com ele.

Kami-sama...

Mando é uma excelente pessoa... e pensar que esse tipo de coisa aconteceu com ele faz meus olhos se encherem de lágrimas.

Mando sempre foi meu amigo... meu companheiro... sempre esteve ao meu lado quando mais precisei...

Ele... não merece isso...

Levantei cambaleando da cama e tomei um banho extremamente quente.

Quando desci as escadas, mama estava sentada na cadeira, e em seu olhar havia preocupação também.

- Keiko-san passou a noite inteira no hospital... - ela murmurou quando me viu.

- Eu estou indo para lá... - falei colocando mais um agasalho.

Brrr... que frio...

- Como está sua febre? - mama se levantou e tocou minha testa.

Não posso dizer para ela...

- Eu estou melhor hoje...

- Você está quente... - seus olhos me olharam desconfiados.

- Ah... eu tomei um banho muito quente... é por isso... - afastei sua mão gentilmente e caminhei para a porta de entrada.

- Estou preparando café...

- Iie... eu não quero... estou saindo... - calcei meus sapatos.

- Leve uma sombrinha... ainda está chovendo muito lá fora...

- Hai... hai... - abri um sorriso. - Tô indo...

Fechei a porta atrás de mim e suspirei, tentando me concentrar para onde eu estava indo.

Que tontura...

########

Droga...

Esta febre não vai me vencer...

Cheguei em frente à portaria e pedi informações. Falaram que eu fosse ao 3º andar.

E aqui eu estava, subindo no elevador...

Fiquei apoiada na parede, enquanto ele subia.

Kami... dê-me forças...

Não consigo ao menos abrir os olhos...

O sinal soou para o 3º andar, e saí do elevador.

Olhei para os lados... havia umas enfermeiras por ali.

- Usagi! - ouvi a voz de alguém, procurei e encontrei a mãe de Mando-chan.

- Keiko-san! - falei e corri em sua direção.

Ela tinha enormes olheiras, e seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar.

- Como está Mando-chan? - seu rosto estava pálido.

- Os médicos disseram pouca coisa... – ela pegou um lenço e limpou seus olhos. - Quando chegou, ele estava num estado crítico... - voltou a chorar.

Iie...

- Disseram-me que ele apanhou muito... – ela chorou mais uma vez, e não pude me conter, chorei também. - Demando não é de briga... é claro que gosta de provocar e enfrentar... mas ele sabe os seus limites...

- Mas quem fez isso com ele?

- Não sabem... ninguém sabe... e não foi só um... foram vários... - ela soluçou mais algumas vezes. - Deixaram meu filho nessa situação...

Tentei confortá-la, mas me senti incapaz. Não acreditava que alguém poderia ter feito isso.

Mando-chan...

- Ele está inconsciente... e aquelas máquinas... Oh Kami... pobre do meu filho...

Nos abraçamos e consolamos por algum tempo.

- Você está queimando! - ela falou entre dois soluços, e seus olhos me olharam preocupados.

- E-eu vim correndo... - murmurei.

Seus olhos azuis baixaram, e ela começou a apertar o lenço em suas mãos.

- Oh... parece que tudo está desabando sobre nós... – fechou os olhos inchados.

- Keiko-san?

- Estamos falidos, Usagi-chan,.. a empresa de Chiba comprou todas as nossas companhias... estamos arruinados... - ela mordeu o lábio inferior, e eu tremi.

- Com-como?

- Foi da noite para o dia... quando acordamos, não tínhamos mais nada... Demando, que já estava irritado... saiu apressado de casa para resolver a situação, e horas depois o hospital me telefona com ele nesse estado... Oh, querida Usagi, o que terá acontecido?

O chão pareceu sumir sob meus pés.

Kami-sama...

Mando... para onde Mando-chan teria ido...

- Matsukaze-san? - ouvimos uma voz e nos viramos para ver um médico logo ali.

- Hai... - Keiko-san segurou firme a minha mão.

- Seu filho acabou de acordar... gostaria de vê-lo?

- Sim, sim é claro! - ela se afastou de mim e acompanhou o médico.

Sentei em uma cadeira ali, tentando descansar um pouco.

Onegai, Kami-sama...

Que Mando melhore...

Mais lágrimas vieram aos meus olhos.

Como se fosse um filme, me recordei de muitos momentos que passei ao lado de Demando...

Desde quando crianças...

Os momentos em que ele me protegia dos outros meninos...

Sorri ao me lembrar...

Houve um tempo em que minha família sempre ia à casa da família dos Matsukaze para visitá-los. Principalmente após perder meu pai. Eu tinha uns sete anos naquela época, e fazia um ano que meu papa falecera. Cada vez que eu chegava à casa dos Matsukaze, Mando-chan vinha ao meu encontro, dizendo sempre que estaria comigo para me proteger.

E eu acreditava que ele era o meu príncipe, por isso iria me proteger.

Naquele tempo, estudávamos na mesma escola, embora em classes diferentes, e cada vez que Mando-chan estava ao meu lado, ele não permitia que nenhum outro garoto me tocasse, além dele.

Ele não gostava quando eu falava com outros meninos, dizendo que somente era com ele que eu deveria conversar. E eu acreditava em suas palavras.

Pensando bem... nunca tive muitos amigos naquele tempo, porque Mando-chan não permitia...

Mas... para mim...

Era ótimo ter somente Mando-chan por perto...

Nós nos divertíamos.

Então começamos a andar de mãos dadas na escola...

Havia uns meninos que riam de Demando por ele estar comigo, por ele ser mais velho que eu, além de eu ser uma garota... e, certas vezes, Mando batia em quem falasse alguma coisa sobre isso.

Ele começou a ter vergonha... e pedia para que somente ficássemos de mãos dadas quando estivéssemos sozinhos...

Hum... sorri.

Foi num dia desses em que estava sozinha com Demando que ele me deu meu primeiro beijo na testa...

Meu coração tinha batido violentamente por ele...

Eu percebi, naquela época, que tinha me apaixonado pela primeira vez.

Tantas recordações...

Eu sinto falta daqueles dias... pois eu achava que sabia quem era essa pessoa, eu sabia o que ele sentia... e conhecia os meus próprios sentimentos por ele.

E agora...

Eu não sei mais.

Coloquei minhas mãos no rosto.

Eu gosto tanto do Mando...

Realmente não sei o que pensar... se esse sentimento é amor...

Quantas vezes já disse que o amava enquanto estava sozinha... quantas vezes disse em meus sonhos..

E não posso dizer mais...

Porque...

Mamoru mudou esses sentimentos...

Deixando-me completamente confusa...

- Usagi... – me levantei na hora e olhei para Keiko-san, que estava na porta do quarto. - Demando quer ver você...

Meu coração acelerou.

Kami-sama...

Andei com passos pesados, com medo, e fui guiada até a cama.

Me assustei quando vi Mando-chan naquelas condições.

Lágrimas vieram aos meus olhos, mas eu as contive.

Não podia chorar na frente dele...

Seu rosto estava todo enfaixado.

Ele parecia tão frágil...

- Man-Mando-chan... - sussurrei. Ele não se mexeu, mas vi seu olho virar para mim... o outro estava por baixo das faixas.

Ele tentou dizer algo, mas eu me aproximei dele, balançando a cabeça pedindo para que não falasse nada.

Ele respirou com dificuldade, e mordi meus lábios.

Mando-chan...

- Gomen... por você está assim... – murmurei. - O que fizeram com você...? - eu quis tocar nele, mas tive medo de machucá-lo.

Ele piscou devagar e continuou me olhando.

- Que-quem fez isso... - mordi meus lábios para evitar chorar.

Ele tentou dizer alguma coisa, mas sua voz não saía... ele estava muito fraco.

Aproximei-me dele para tentar ouvi-lo...

E congelei ao ouvir sua única palavra.

O médico apareceu na porta e pediu para eu me retirar, mas minhas pernas não se moviam...

E, por mais que eu não quisesse acreditar...

A palavra que eu ouvi foi...

Chiba.

######

Eu corri.

Corri assustada debaixo daquela chuva.

Eu tinha abandonado meu guarda-chuva em algum lugar, e sentia a chuva bater contra meu corpo, e era como se ela me furasse a cada gota que caía...

Minhas lágrimas se misturavam às gotas de chuva, e eu mal conseguia enxergar.

Meu corpo estava fraco... quente... frio...

E meus pés me levavam em direção à escola.

Eu precisava ir para lá...

Só pensar que fora Chiba Mamoru que fizera aquilo com Mando fazia minha mente gritar...

Já deveria saber...

Mando deveria estar tão nervoso... e com tanta raiva pelo que Mamoru fizera com sua família... que deve ter ido atrás dele para tirar satisfações.

E...

Kami-sama...

Agora ele se encontra naquele estado...

Chorei mais um pouco.

Por que Mamoru age desta maneira?

Por que ele gosta de fazer os outros sofrerem...?

Ele não pode ficar satisfeito com o dinheiro que ele já tem? Mesmo sabendo das condições do pai de Mando... ele tirou a coisa mais importante dos Matsukaze!

Eu me lembro do quanto o pai de Mando batalhou para erguer sua empresa... custou muito... e custou também sua saúde.

Corri pelo estacionamento e parei na entrada.

Chovia tanto...

Eu estava ensopada...

Estou tão tonta... que nem sei que caminho seguir...

Parecia ser a hora do recreio, pois vi um grupo de meninas lanchando perto dali, e, quando me viram, elas começaram a rir do meu estado.

Ignorei-as e voltei a correr, indo em uma direção qualquer.

Sorte minha que não encontrei nenhum inspetor... ou professor.

Passei por mais algumas meninas e parei no refeitório.

A maioria dos estudantes estava ali, alguns olhavam para mim e riam.

Não consigo enxergar...

Onde ele estava...?

Onde Mamoru estava...?

As lágrimas saiam tão naturalmente...

Toquei no ombro de um menino que passava perto de mim.

- Onde está Chiba?!

O menino me olhou torto e puxou seu ombro, afastando-se de minha mão.

- Cai fora, menina... - e continuou seu caminho.

- Você sabe onde está Chiba? - perguntei para umas meninas, mas elas só riram da minha cara.

- Como se ele quisesse falar com você... – uma falou, me olhando com desprezo.

- Se enxerga, menina... - disse outra.

Kami-sama...

Estou muito tonta...

Voltei a correr, procurando-o.

Mas simplesmente eu não conseguia encontrá-lo.

Onde você está, Mamoru...?

Voltei a chorar novamente, de raiva.

Os corredores pareciam tão longos...

Ouvi risadas...

E eu as conhecia...

Pareciam dos amigos de Mamoru...

Olhei para o lado onde havia uma quadra e vi quatro rapazes jogando basquete. Estava tudo ficando fora do foco agora, me segurei na porta de entrada.

Estava tão obstinada a falar com Mamoru...

Caminhei lentamente na direção deles, não conseguindo enxergar direito. Meus olhos ardiam...

- On-onde está Chiba? - minha voz soou tão fraca que eles realmente não me ouviram.

Puxei fôlego.

- ONDE ESTÁ CHIBA? - ouvi a bola de basquete parar de quicar, e os quatro rapazes se voltaram para mim.

Não consigo ao menos identificá-los...

- Estou na sua frente, odango... - ouvi a voz macia de Mamoru, e logo notei que havia cinco rapazes ali, não quatro. Tentei focar Chiba e vi seus olhos azuis intrigados. Ele me olhou dos pés à cabeça. - Por que está toda molhada? - sua mão veio ao meu alcance, mas me afastei, não permitindo que me tocasse.

- Por quê? – falei, quase não aguentando mais ficar em pé.

Droga...

Continuei firme, olhando diretamente em seus olhos.

- Hum?

- Por que você fez isso? - fechei meus olhos com raiva. Lágrimas começaram a sair por baixo de minhas pálpebras.

- Do que está-

- Como foi capaz de falir os Matsukaze? - precisava ouvir primeiro...

Ele me olhou por algum tempo, liberou o ar de seus pulmões e voltou a quicar a bola no chão.

- São negócios, Tsukino-san... eu me aproveitei da falha deles... - disse simplesmente.

- Quer parar de bater essa bola! - pisei forte no chão. Ele parou e voltou a me olhar. - Você sabia das condições do pai do Demando e mesmo assim... você teve a capacidade de deixá-los cair daquela maneira?

Ele suspirou como estivesse pouco interessado.

- Como eu disse, são negócios... ou era uma das minhas empresas ou a deles... tive que ser racional, huh? - voltou a bater a bola e me olhou dos pés à cabeça. - Pensei que não vinha para a escola hoje...

E fiquei mais irritada ainda.

Arranjei um pouco mais de força e bati na bola, afastando-a de sua mão e a jogando para longe.

- Eu estou falando com você... - o olhei nos olhos. Ele ficou sério dessa vez, percebendo minha ira, os seus amigos não faziam nenhum barulho. - Por que você fez aquilo com Demando? - seus olhos se entrecerraram e suas sobrancelhas franziram, num olhar que sugeria que ele não estava entendendo o que eu estava falando. - Você se acha muito valente, não é? Principalmente quando está com o seu grupo... acha que pode fazer tudo...

- Do que ela está falando, Ma... - acho que o de cabelos castanhos iria falar algo, mas Mamoru ergueu a mão, o interrompendo.

Ele fitava todo meu rosto.

- Você não tem o direito de machucar ninguém... – espetei meu dedo em seu peito, com raiva. Droga, minha visão...

- O você est...

- Por causa do que você fez... por sua culpa... Mando está agora no hospital... - falei enquanto as lágrimas caíam, mas eu não me preocuparia com elas. A minha raiva por Mamoru era grande... maior até do que eu sentia por ele. - Para você... não basta surrar uma pessoa, você precisa chegar ao ponto em que ela perca a própria consciência!

Seus olhos não mudavam...

E, por causa disso, percebi que ele entendera.

- Você... é um covarde... - o olhei com desprezo. - Bateu em Demando... até ele não poder mais! Como pôde?! Ele estava sozinho!

Ele não demonstrava nenhum sentimento?

Como pode não demonstrar nenhum sentimento...?

E ainda não dizia nada...

- POR QUE NÃO DIZ NADA! - gritei desta vez, mas Mamoru continuava sério, fitando-me diretamente, sem mesmo piscar.

Kami...

Parece que seus olhos estão penetrando em mim...

- Ele chegou inconsciente ao hospital... acordou agora pouco... - as lágrimas me atrapalharam mais uma vez. - Por que você tem que agir desta maneira... o que há de divertido nisso?

Nada ainda...

Ele realmente fez tudo aquilo, não?

Se não tivesse feito... tentaria se defender...

- Se Matsukaze se encontra na situação em que você diz... é por que mereceu estar assim - sua voz soou fria e arrogante.

Ergui minha mão e o acertei com toda a força, tanta que o barulho do tapa soou pela quadra de basquete.

Droga...

Agora que finalmente descobri o que sinto por esse infeliz... ele faz isso...

Mas eu deveria saber...

Deveria saber...

- Eu te odeio... - as palavras soaram secas... e vieram do meu coração.

Jamais imaginei que odiaria uma pessoa dessa maneira...

Seus olhos se voltaram para mim.

- Mando-chan é meu amigo... e não vou permitir que uma pessoa como você volte a fazer qualquer mal a ele...

- Hmm... acredito que não vai precisar disso... tenho certeza que agora ele vai pensar duas vezes antes de atravessar meu caminho... - sua voz era cínica.

Meu corpo tremia de raiva...

Ele é ridículo por falar isso... completamente ridículo...

- Você é desprezível... - murmurei sem desviar meus olhos dos dele. - Eu já sabia disso... eu já sabia...

- Se era tão óbvio assim... por que veio perguntar para mim? - seus olhos me fitavam. - Ficou com saudades?

Meus nervos pularam.

- IDIOTA! - empurrei com minhas duas mãos o peito dele, apesar de minha força, ele nem se moveu. Ergui minha cabeça, fitando seus olhos azuis escuros. - Você é um completo idiota, Chiba... – comecei a me virar para ir embora, mas sua mão segurou meu braço. - ME SOLTA! - tentei me afastar, mas seu aperto era firme.

- Você... - sua voz soou suave, e seus dedos acariciaram minha pele... provocando calafrios. – Você está quente...

Ouvi seus amigos rirem.

- Bunny-chan é quente, Mamoru... - disse Josh, e novamente tudo aquilo pareceu insuportavelmente irritante.

- SOLTA! - puxei com mais força o meu braço, e Mamoru me largou.

E...

Ah...

Eu não aguento mais...

Tudo começou a ficar escuro à minha volta.

As minhas forças foram aos poucos sumindo...

E o chão pareceu se aproximar de mim...

Continua...


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Notas finais do capítulo

Até o próximo, e, please, comentem!
Bjs da Ana