Já fazia algum bom tempo que eu andava. Minha barriga roncava pela 50ª vez, mas eu me mantinha firme.

Era só apenas não pensar em comida e continuar em frente.

Observei algumas vitrines em meu caminho e parei em uma em especial.

Havia joias e mais joias ali que custavam os olhos da cara! Mas meu olhar parou onde estava aquele lindo colar em especial. Desde a primeira vez que passei aqui me apaixonei. Nunca vi tamanha beleza num pequeno objeto. A corrente brilhava junto com o pingente, que tinha o formato de uma meia lua com um pequeno coelho que estava com suas duas patinhas em cima da lua, como se estivesse se segurando para não cair. E em seus olhos havia dois diamantes que brilhavam. Ele era banhado inteiramente em prata.

Não pude deixar de sorrir, era tão fofinho o coelhinho, mas o preço não era muito encantador.

Suspirei. Jamais poderia comprá-lo. Não tinha dinheiro nem para comprar comida pra mim, como poderia comprar um lindo colar desses!? A minha única alegria era passar por ali e admirá-lo de longe.

Ai ai, alegria de pobre é assim.

 - Eu poderia comprar qualquer um deles, se você me pedisse - uma voz veio do meu lado. Lentamente fitei o rapaz que estava ali, e prendi minha respiração.

- Boa tarde, Usa - percebi o sorriso em seus lábios, e meu coração se acelerou.

- De-Demando!! – falei, finalmente encontrando minha voz.

Demando.

Iie...

Mando-chan. O único rapaz que fazia meu coração bater com tanto carinho.

Desde pequena eu fui apaixonada por Mando-chan. Ele foi meu tutor e meu único amigo quando mais precisei.

Ele estudava numa faculdade um tanto longe da minha escola, porém, futuramente, eu pretendia estudar lá assim que terminasse o ensino médio em BlackMoor. Não vejo a hora. Assim poderia ficar perto dele...

- Jamais permitiria que você comprasse algo assim pra mim, Mando-chan! - sorri, voltando a andar, e percebi pelo canto do olho que ele começara a me seguir.

É.

Eu o amava em segredo.

Tinha medo do que ele podia falar se eu contasse a ele tudo o que sentia.

 - Sabe que faço qualquer coisa por você, Usa - senti seus dedos encostarem gentilmente em minha mão, como se a puxasse para ele, e lentamente nossas mãos se uniram.

Apertei meus lábios segurando meu sorriso.

Eu adorava cada vez que ele se aproximava de mim dessa maneira. Ele era o único que me chamava de Usa, uma forma carinhosa de dizer meu nome, e só ouvi-lo fazia meu coração bater mais forte.

Porém...

Não sabia o que ele realmente sentia por mim...

Às vezes ele demonstrava tanto carinho, a ponto de me deixar sem fôlego, e, em outras vezes... ele parecia tão distante, como se eu não existisse. Mando-chan me deixava completamente confusa com as suas ações.

- O que está fazendo por aqui, Mando-chan? Você não deveria estar no trabalho? - falei o olhando de lado, observando seu rosto. Ele tinha um sorriso em seus lábios, e seus olhos verdes claros brilharam quando voltaram para mim. Senti seus dedos apertarem minha mão.

 - Estava a caminho do trabalho quando vi você. Não poderia simplesmente deixar essa chance passar, já que faz um mês que não nos vemos - meu coração bateu mais forte e eu voltei para frente, fitando o chão à minha frente.

Uahh...

E ficamos em silêncio. Nossas mãos ainda estavam unidas, e minha vontade era de cruzar nossos dedos.

 - Está indo para o balé? - a voz dele saiu num sussurro, e eu sorri novamente.

Kami, como eu me sinto bem ao lado dele.

- Hai! - mostrei o meu melhor sorriso. – e... se não for te atrapalhar.. gostaria de ir comigo?

Olhei para seus olhos e em seguida para sua boca.

- Seria um prazer - seus lábios se mexeram num sorriso.

E voltamos a andar.

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Estava aqui pensando...

Sabe... Chiba nunca seria como Mando-chan! Nunca seria gentil como Mando-chan era, e nunca me faria sentir dessa maneira!

Feliz e completa!

Quem se importava se Chiba Mamoru (blé) tinha aquele charme, aquele sorriso (aquele perfeito sorriso em seus lábios) e aqueles olhos.

Ele não era igual a Mando-chan!

Mando-chan era perfeito!

Era o perfeito homem que qualquer garota gostaria de ter.

Era o perfeito homem para se casar!

Olhei para ele...

E ele era lindo... adorava o jeito como o cabelo dele caía em cima de seus olhos...

Suspirei...

E aquele Chiba.. Argh!

Ele era apenas um cara diabólico!

Talvez você o ache sexy pelo que ele aparenta, mas... nãããooo... você não o conhece. Apenas nesses dias ele estava um tanto diferente, mas não se engane... Chiba tinha muitas faces.

Eu não sei o que ele estava planejando ultimamente, mas... ele...

- Gostaria de saber no que você tanto pensa... - ouvi Mando-chan e percebi que ele olhava para frente com um sorriso.

- Hum?

- Você não mudou nada, Usa. Continua fazendo caretas enquanto está concentrada - senti minhas bochechas arderem e abaixei minha cabeça.

- E-eu deveria parar com isso!! Um dia vou passar vergonha!

- Espero que não... - novamente meu coração acelerou em meu peito. - Acho você bonitinha quando faz isso - dessa vez não pude encará-lo, porque senti meu rosto esquentar cada vez mais. Ele riu, e encostou seu ombro no meu. - Não se envergonhe, Usa, é verdade - voltei para ele com um sorriso, e ele me fitava de uma forma, como se eu fosse a pessoa mais especial no mundo.

- Arigatou - murmurei.

Vi a enorme placa do estúdio e paramos em frente. Infelizmente tive que soltar a mão dele.

Caminhei para frente da porta e voltei para ele.

- E... é aqui que eu fico... – falei apertando a bolsa em minhas mãos e o fitando.

- Está entregue, então... – disse com um sorriso, porém não se moveu, continuou parado ali, me fitando.

- Hmmm... Sei que precisa ir trabalhar, Mando-chan, mas... mas gostaria de assistir o nosso ensaio? – uah... essas palavras tinham estado presas em minha boca. Meu coração parecia que ia explodir! Seus olhos verdes não desviaram nenhum segundo de mim.

- Hmmm... – ele mordeu os lábios pensando. - Acredito que algumas horas não vão matar ninguém... – e sorriu novamente. Sorri de felicidade e assenti.

- Hahah sugoi! Vamos então... – apontei para a porta e ele assentiu, me seguindo.

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Coloquei minha calça de ginástica preta e, em seguida, uma camisa preta em cima da blusa branca de alças que usava por baixo. Sentei num banco e calmamente coloquei as sapatilhas. Arrumei meu cabelo num coque bem acima da minha cabeça.

Vi algumas garotas entrando, e pareciam extremamente animadas.

- Konnichi wa!! - cumprimentei as garotas com um sorriso enquanto passava, e elas me retribuíram acenando também.

Voltei para o salão, e várias outras garotas já se alongavam nas barras. Meus olhos vagaram pelo salão e pararam onde estava Mando-chan, sentado em um banco confortável, olhando tudo ao seu redor. Não pude deixar de sorrir enquanto o fitava. Caminhei lentamente para onde ele estava e fiquei à sua frente.

- Espero que esteja confortável, pois vai demorar - consegui receber a atenção dele, e sorri fitando seus olhos.

- Estarei te esperando mesmo assim - ele sorriu me olhando de cima a baixo. Não pude deixar de corar.

- Na-não me olha assim, Mando-chan! - soquei-o no ombro e coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, fitando-o de lado.

- Gomen, Usa, mas você está linda assim - minhas pernas amoleceram por um segundo e, para disfarçar, me segurei num outro banco ao lado dele.

- Arigatou.. – minhas bochechas deveriam estar vermelhas agora!! UAH!

Voltei para trás e vi que a professora já chegava.

- Ah! Preciso ir - sorri e me afastei, caminhando em direção onde estavam todas.

Kami-sama... por favor... que eu não erre nenhum passo hoje.

Por favor...

Não na frente de Mando-chan..

Aproximei-me das outras garotas. E logo a professora começou a dar as instruções do dia.

Começamos nossos alongamentos, e fiquei ao lado de uma barra colocando a minha perna sobre ela, começando a fazer alguns exercícios que eram solicitados.

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- Hotaru!! Isso são horas de chegar? - disse a professora num tom de irritação, e eu sorri. Fazia tempo que eu não falava com Hotaru... Ela era a única menina com quem eu falava de verdade ali. E era minha amiga, apesar de raramente nos encontrarmos.

Hotaru sempre estivera sozinha, quieta pelos "cantos", eu que me aproximei dela! Fora um tanto difícil no começo pelo seu terrível gênio (ha-ha), mas logo nos tornamos boas amigas. Nenhuma garota se atrevia a chegar perto dela.

Eu sorri, virando para trás, e a vi ali parada na porta de entrada.

Ela tinha a expressão irritada e cansada.

- Gomenassai, sensei! - ela começou a falar, e vi uma pessoa aparecer ao seu lado. Meus olhos se arregalaram ao perceber quem era. Mas-

- A culpa foi toda minha, Komaki-san - disse ele com aquela voz de conquistador. E eu rapidamente voltei para frente, ficando de costas para onde ele estava. Pude perceber todas as garotas pararem e olharem para a figura. - Se eu não estivesse em um compromisso urgente, Hotaru já estaria aqui há horas! - e pude sentir que ele sorriu, pois nos olhos de cada garota ali no salão pareceu que se formaram corações, como nos animes.

Droga, droga, droga!!

O que ele fazia ali?

E foi então que me toquei.

O que ele fazia ali com Hotaru?

- A-ah..- ouvi a professora gaguejar - ... e-está tudo bem, Chiba-san... su-sua irmã pode chegar a qualquer hora que ela quiser...

Irmã?

Como assim, irmã?

O que eu sempre soubera era que o infeliz... era "o único herdeiro da família Chiba"... e Hotaru jamais mencionara isso...

E, pensando bem... eu jamais perguntei seu sobrenome... Hotaru insistia que eu soubesse apenas o seu primeiro nome...

- Não, eu não posso chegar a qualquer hora, não... – ouvi dessa vez Hotaru falar. - Eu deveria ter chegado no horário! Vamos, pode me punir! – todas ficaram em silêncio. – Vamos, sensei! A senhora já puniu outras garotas que chegaram atrasadas. Você não vai me punir?

- Ma-mas, pe-pensando bem, Hotaru-san, você não está atrasada. OH! Veja a hora!!! Eu que comecei cedo demais!! – a professora riu nervosamente.

- Chega disso, Hotaru. Vá logo se vestir... – dessa vez foi Chiba.

- Não!! Eu quero que ela me puna!! Por que tem que ser sempre diferente comigo?? Só por que eu tenho dinheiro? – a voz dela alterou-se.

- Hotaru... – Chiba parecia impaciente. - Não comece...

- Não, Mamoru, eu quero saber agora!! – Hotaru era tão teimosa... - Na última vez que me lembro você deixou Usagi... – EI! De onde eu surgi nisso tudo? - ...limpar o salão inteiro sozinha, quando terminou a aula! E com um pequeno pano! Só por que ela chegou cinco minutos atrasada!! Cinco minutos! E agora eu, que cheguei... – silêncio... Ela devia ter olhado o relógio - ...15 minutos atrasada... você vai deixar passar assim? - Isso é verdade. Fora uma longa tarde... e eu estava morrendo de fome, mas tive que limpar inteirinho o salão. Hotaru tentou me ajudar, mas a professora não permitiu...

- Ah... – a professora ficou sem dizer absolutamente nada.

- Não é verdade, USAGI? - eu apertei meus olhos fortemente.

Droga, Hotaru... por que você teve que se dirigir a mim? Eu estava tentando passar despercebida ali... em outras palavras, eu não queria encarar Chiba!

- USAGI!!! – ela falou novamente, e eu encolhi meus ombros. Hotaru, por que você está fazendo isso comigooo...

Lentamente me virei, vi Mando-chan sentado me olhando um tanto sério. Deslizei meu olhar para frente e percebi Chiba me olhar surpreso... Ignorei-o e olhei para Hotaru, que tinha o cenho franzido e as duas mãos na cintura...

Percebendo agora... ela era realmente a cara de Chiba ..

Todos me olhavam naquela hora... e o nervosismo correu por meu corpo...

- Ha-haii... – murmurei, assentindo, e mordi meu lábio, olhando para o lado.

- PUNA-ME da mesma maneira! – ela falou mais alto dessa vez, fitando perigosamente a professora. A pobre mulher parecia que não sabia o que fazer, ela olhava para a menina e então para Chiba, procurando uma resposta.

Tentei fitar Hotaru para chamar sua atenção para mim... para ela deixar isso de lado, mas acabei encontrando os olhos de Chiba, que me fitavam silenciosamente.

Meu coração não parava de pular em meu peito...

Traidor...

- Você sabe o quanto Usagi ficou machucada depois daquele dia? – Hotaru continuava, insistente. Ela não sabia que aquilo não valia a pena. - ...ela poderia ter se machucado sério e nunca mais poderia fazer balé!

- Taru-chan... – falei um pouco baixo a olhando. E mesmo assim ela pareceu me ouvir, pois seus olhos me fitaram rapidamente. Apenas neguei com a cabeça, e ela se calou.

- E-eu vou me vestir... – disse ela com amargura e caminhou pisando forte até o vestiário.

A professora soltou o ar de seus pulmões e ajeitou os óculos, que já estavam caindo. Percebi Chiba me olhar com um sorriso de lado... mas dei-lhe as costas.

Uahhh... uahh..

Minhas pernas estão tremendo...

Voltei a me erguer para fazer o alongamento.

Não demorou muito e vi Hotaru sair do vestiário e ir em direção a Chiba. Pude ouvir um "você já pode ir embora..."

- Não, eu vou ficar. Quero ver como você está indo... – ouvi Chiba dizer e senti meu sangue congelar.

- Hã? – o salão estava em pleno silêncio, por isso podíamos ouvi-los.

- Vai lá, Hotaru, que seu onii-chan aqui vai te observar... – tudo ficou em silêncio depois disso, e logo Hotaru apareceu ao meu lado, começando a se alongar.

- Oiie, Taru-chan... – murmurei e pude vê-la sorrir.

E foi assim nossa aula, cada vez que Komaki-sensei se aproximava de nós, ficava nervosa... e eu e Hotaru segurávamos nosso riso.

Logo chegou a minha parte preferida da aula... a professora ligou um aparelho de som, colocou uma música clássica, e eu fechei meus olhos enquanto começava a sentir a música invadir meu corpo. Fiquei nas pontas dos pés, dançando com todo meu coração...

Não ouvia o que a professora dizia... era apenas a música em meus ouvidos... e agora que eu começara a dançar.. nada poderia me parar...

A sensação de voar...

...como se eu estivesse nas nuvens...

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- Usagi-chan... é sugoi... – abri meus olhos e me encontrei com duas esferas púrpuras me fitando com tamanho carinho. E eu sorri.

- Taru-chan também é sugoi... – voltei a colocar meu outro sapato.

- Mas não sou como você, Usagi-chan... eu acho incrível cada vez que você dança... Seus gestos são tão delicados... e parece que você flutua a cada passo... – sorri novamente e sentei direito, olhando para ela.

- Taru-chan também me surpreende... a sua dança é perfeita...

- Mas não tenho a mesma dedicação e amor que você sente quando dança Usagi-chan... – Hotaru olhou para baixo, pensativa. Não pude deixar de sorrir... Acho que Hotaru era alguns anos mais nova que eu... Ela aparentava ter apenas 12 anos... (já eu, 16)

- Você só precisa encontrar um motivo, Taru-chan... um motivo pelo qual você deseje dançar...

- Eis aí o meu motivo... eu não gosto de dançar... – pisquei várias vezes.

- O que você está falando?

- Eu já poderia ter desistido disso há muito tempo... mas.. – ela calou-se, e seus olhos se voltaram para mim... brilhavam tanto - ...eu não pude...

- O que quer dizer? - ela sorriu e se levantou do banco, tomando minha mão na sua.

- Vamos, Usagi-chan! – me puxou... e eu agarrei rapidamente minha mala e bolsa.

Saímos do vestiário, e vi Chiba cercado pelas garotas do balé. Apenas revirei meus olhos. Hotaru continuou a me puxar em direção a ele. Tentei mudar a direção, mas ela era tão forte! Chiba parou imediatamente de sorrir para as garotas e me olhou diretamente nos olhos.

Droga de olhos... não olhe para ele, Usagi.. não olhe...

- Desculpe por nunca lhe dizer o meu sobrenome... – Hotaru falou, me olhando, e voltei para ela. - É que... é que eu tive medo de você ser como elas, e ser minha amiga somente para chegar perto de meu irmão... – pude ver no tom de Hotaru um pouco de chateação. – Mas, se você quiser... eu apresento você a ele... – eu parei no meio do caminho e segurei Hotaru antes que nos aproximássemos do rapaz em questão. Fitei-a diretamente nos olhos.

- Não, Taru-chan, eu não faria isso com você! E está tudo bem de você não falar o seu sobrenome... é claro que fiquei um pouco surpresa no início, mas nada vai mudar. Eu gosto muito de você, Taru-chan, e... – olhei para o lado - e desculpe... ma-mas... e-eu não gosto... – senti uma grande tensão enquanto Hotaru me olhava penetrantemente - ...d-do Chiba ...e se você não ficar braba comigo... e-eu preferia que você não me apresentasse a ele... – Hotaru piscou algumas vezes e logo um enorme sorriso formou-se em seu rosto.

- Tudo bem! – disse contente. - Para você saber também... – ela se aproximou bem do meu ouvido, sussurrando - ...Mamoru, às vezes, me deixar com tanta raiva que nem quero vê-lo na minha frente... – e ela riu. Não pude deixar de rir também.

Olhei para o lado e vi Chiba já se aproximando e parando a nossa frente.

- Você foi incrível, Hotaru – a voz dele estava suave e gentil, enquanto olhava a menina. E eu engoli seco o observando.

- É a primeira vez que você vem me assistir, Mamoru!! Voc- uahhhh... como ele podia ser tão bonito assim de perto!?!

Ele vestia uma calça social preta e tinha as duas mãos nos bolsos. A blusa social branca estava com alguns botões abertos mostrando um colar prateado. O pingente do colar era um anel prateado repousando sobre seu peitoral (estranho... um anel como pingente?). Ele sorria de lado, e seus olhos estavam mais azuis do que naquela manhã... depois daquele "encontro" no corredor. Percebi o brinco dessa vez em sua orelha; era uma pequena argola prateada.

Seus olhos se voltaram para mim e o chão sumiu sob meus pés...

O que ele estava fazendo comigo?

Olhei para o lado, evitando olhá-lo.

- Você quer dar uma carona para sua amiga? – voltei para ele, e Chiba continuava a me fitar intensamente, como se tentasse me desvendar. Não conseguia mais respirar nesse momento.

- AH! Seria ótimo, Usagi-chan! – Hotaru apertou minha mão, e voltei para ela... sorri tristemente...

- Gomen, Taru-chan, mas... eu já vim acompanhada... – GRAÇAS A DEUS! O que eu faria se tivesse que entrar no mesmo carro onde estava Chiba? EU MORRERIA!

- Ahhh... – ela disse tristemente. Mesmo que isso deixasse Hotaru assim... eu não poderia...

- É uma pena... – pude ouvir Chiba murmurar, e lá estavam seus olhos me fitando tão intensamente. Droga, droga, droga... pare com isso, seu idiota! – ...mas se você preferir podemos levar sua companhia também... - você por acaso tem algum problema? Ou realmente não entendeu as minhas palavras?

EU NÃO QUER-

- Sempre tão gentil, Chiba... – olhei para o lado ao ouvir a voz - mas Tsukino-san veio comigo... – pude jurar que vi Mando-chan com uma armadura prateada enquanto se aproximava.

- Matsukaze... - Chiba olhou para Mando-chan com um sorriso de lado - O que faz por aqui? – virou-se ficando frente a frente. – Não deveria estar cuidado das empresas de seu pai? Se continuar se dispersando por aí pode acabar perdendo mais dinheiro... – vi Mando-chan sorrir com raiva, com seus olhos semicerrados.

- O que faço com a minha vida não lhe vem ao caso, Chiba – Mando-chan aproximou-se de mim e segurou minha mão com força. Desta vez não corei... ao perceber que Chiba  já nos olhava. Mando-chan pegou minha pasta e a segurou para mim.

Os olhos de Chiba fitaram nossas mãos e se voltaram para Mando-chan.

- Aliás, como vai o velho Matsukaze? Ouvi notícias de que sua saúde não anda muito bem... – Chiba continuou o fitando com aquele ar tranquilo. Senti Mando-chan apertar minha mão levemente.

- Ele está em boas mãos, Chiba. Não precisa se preocupar com isso, ele não terá o mesmo destino que os seus tiveram... – pude ver um estranho ar se formar entre nós e olhei para o lado ao ver Hotaru se aproximar de Mamoru com um olhar triste.

Olhei para Chiba...

Suas sobrancelhas se franziram com raiva, ele mordeu de lado seu lábio, e sua respiração se acelerou.

- Mamoru... – Hotaru falou baixinho, segurando-o pelo braço, como se temesse que ele fizesse algo. Ele piscou ao ouvir a voz de Taru-chan e sorriu, olhando-a.

- Diga para seu pai que desejo melhoras... – Chiba falou com aquele mesmo sorriso calmo em seus lábios.

Mando-chan apenas assentiu, olhando-o perigosamente, e me puxou para segui-lo. O fitei surpresa, mas voltei para Hotaru com um sorriso.

- Ah... Taru-chan... até outro dia... – acenei para ela, e pude perceber seu olhar triste enquanto também acenava. Ao passar por Chiba, meu corpo se arrepiou, e continuei com meu olhar para abaixo... não me atreveria a olhá-lo por nada desse mundo.

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Mando-chan me puxou mais uma vez, e eu apressei meus passos para ficar ao seu lado.

- Pelo que vejo, você já o conhece – murmurei olhando para baixo. Mando-chan apenas sorriu de lado, me fitando.

- Infelizmente – voltei para frente olhando para o chão, lembrando-me de quando Mando-chan falava com Chiba. E, de certa forma, Mando-chan havia falado algo que mexera com ele.

Porque o jeito confiante e metido de Chiba mudou completamente em questão de segundos, ele pareceu ficar cheio de raiva e dor... porém, quando Taru-chan segurou-se nele... ele voltou ao jeito babaca de antes.

Não sei ao certo o que aconteceu com a família Chiba, mas acredito que Mando-chan não deveria ter dito aquilo.

- Aonde você vai agora? – Mando-chan falou, me tirando dos meus pensamentos.

- Para casa, eu preciso fazer minha lição – pude ver os olhos de Mando-chan se arregalarem como se aquilo fosse algo incrível de acontecer. – É... eu sei... – ri um pouco - mas eu preciso fazer! Não posso começar as aulas assim, com preguiça, e, além do mais, eu quero comer – coloquei uma mão na minha barriga, sentindo-a roncar. Mando-chan riu e apertou mais minha mão.

- Não quer almoçar comigo em algum restaurante?

- Não, Mando-chan, imagina! Eu já te atrasei demais por um só dia. Você tem que ir trabalhar!

- Certo... – ele sorriu tão bonito, e voltou para frente. Seguimos o caminho em direção a minha casa.

##########

- TADAIIMAAAAIII!!! – falei alto, e voltei para Mando-chan. – Chegamos... obrigada por me acompanhar até aqui..

- Imagina... – ele sorriu novamente e me entregou a mala.

- Arigatou... – sorri.

- Ah...  sua mãe não está em casa? – ele falou olhando para dentro. Eu voltei para trás e ouvi apenas o silêncio.

- Acredito que não... mama deve já ter ido trabalhar..

- Hmmm... – ele pareceu pensar em algo ao olhar para o chão, mas logo voltou seus olhos verdes para mim. - Você vai ficar bem sozinha? – vi em sua face preocupação, e não pude deixar de sorrir.

- Já estou acostumada, Mando-chan. Eu vou ficar bem... já sou bem grandinha! – ergui meu braço com a mão fechada para que ele acreditasse em mim. Mando só riu baixinho e deu um passo na minha direção, se aproximando.

Minha respiração parou na mesma hora.

Senti o calor dele. E vi que seus olhos estavam semi-abertos.

Um pequeno sorriso formou-se em seus lábios.

Kami-sama... como Mando-chan é alto, e seus cabelos louros,que chegavam até a serem brancos, quase cobriam seus olhos.

E eu não sei por que... mas adorava observar seu maxilar bem definido... mostrando aquela masculinidade, sabe? Bobeira, eu sei... mas aaahhnn... Mando-chan era... tão...

- Cuide-se então, Usa... – ele fechou os olhos e se aproximou calmamente de minha testa, encostando seus lábios úmidos em minha pele.

Uah...

Minhas pernas tremeram com o contato e eu fechei meus olhos também...

...para apreciar o momento.

E logo ele se afastou, levando consigo todo o seu calor e perfume. Fazendo com que minhas pernas perdessem o chão... mas eu me segurei na porta antes que caísse em seu peito.

Havia ainda um sorriso em seu rosto enquanto ele me dava as costas, caminhando para fora do portão de casa.

- Bye bye... – murmurei sonhadora acenando para ele.

Fechei a porta.

OhmeuDeus!

Mando-chan... sabe mesmo como mexer comigo!

Sorri tocando minha testa...

É tão quente...

Saí correndo subindo as escadas indo direto para o meu quarto.

Joguei-me na cama rindo como uma maluca, e abracei meu coelhinho de pelúcia com toda a força... Eu preciso dizer para Mando-chan que eu gosto dele...

Eu preciso dizer para ele...

Eu preciso dizer...

- ...eu te amo, Mando-chan..

continua